26 de dez. de 2008

Mundo tecnoestressado


Tinha prometido a mim mesmo que não iria postar nada nesses dias ou mesmo entrar na internet. Explicação: descolei uns dias de folga e vim passar o Natal com meus pais, aqui no Guarujá, no litoral paulista.

Mas cá estou eu, deitado na cama do hotel, usando o notebook de minha mãe, com meus pais/irmão roncando ao meu lado. E não estou usando Wi-Fi não: papis comprou um plano 3G para usarmos especialmente nesses dias.

Pois é, somos uma família tecnoestressada. Acreditem: todos nós quatro trouxemos nossos computadores portáteis. Minha mãe o usa para pagar umas contas e, vai lá, usar a internet. Meu pai checa seus e-mails e confere as notícias. Meu irmão faz a social no Orkut e no Messenger. E eu? Bem, eu trouxe meu notebook com o seguinte propósito: baixei a 3ª temporada de Entourage e usaria o micro como minha TV portátil.

Minha família fica no mesmo hotel há uma década. É um lugar simples, até meio fuleiro, mas os hospedes sempre foram o diferencial do lugar. Fazia uns três anos que não viajava com a minha família para essas bandas, e esse ano quis o destino que isso acontecesse.

E já vejo claramente a mudança tecnológica que abateu os meus familiares (e os próprios hóspedes) durante esse tempo.

Nós nunca ficávamos no quarto, a não ser, dã, para dormir. Sempre tinha alguém para jogar bola, baralho, ping-pong, sinuca ou conversa fora mesmo. Agora só vejo crianças fazendo isso. A lan house do hotel bomba: adolescentes ou jovens dos 20 e poucos anos ficam direto por lá. Eu passo, olho, e me sinto um ancião me dirigindo à piscina com um livro debaixo do braço.

Como está chovendo, minha família está ainda mais tecnoestressada. Meu pai fica o tempo inteiro com dois celulares na mão. Ele descobriu o Nextel e brinca de walkie talkie com a parentaiada de São Paulo. Meu irmão não sai do MSN por nada. Já minha mãe fica tomando um cacete do iTunes para jogar músicas em seu iPod. Claro, todos estão trancafiados no quarto.

Eu sei que isso parece texto de gente velha e ultrapassada. E, gente, eu realmente sou daqueles defensores de que a tecnologia não afasta e ensimesma as pessoas. Mas, agora, tendo isso na pele, confesso que fico meio cabreira. Quando chovia, rolava um baralho, as pessoas se reuniam para ver televisão ou apenas deitavam no sofá e fitavam o teto. Agora cada um pega o seu gadget e entra em uma bolha.

Pior que isso influencia. Eu deveria estar “leno” o meu livro, "conversano" com alguém ou até mesmo "dormino". Mas estou “blogano” às 3h da manhã!

24 de dez. de 2008

Perfume

Outro dia, eu e as meninas do trabalho estávamos falando sobre cheiros. Uma delas falou que todo pai/mãe sabe o cheiro do seu filho. É uma coisa de pegar o bebê recém-nascido, dar uma cafungada nele e tirar dali um odor de DNA para o resto da vida. Outra diz saber de cor a fragrância da casa de seus pais. Já uma, mais engraçada, comentou que seu irmão cheira à lavanderia: é só abrir a porta do armário dele para sentir o 5 à Sec.

Confesso que não sou muito de odores, mas de sabores. Porém, há dois cheiros que jamais esqueci, e que tento reproduzi-los ao máximo desde que saí da casa de meus familiares. São cheiros associados as minhas avós, duas loucas por limpeza e faxina: Antonia e Madalena.

Primeiro, uma confissão. Olha, eu não sabia lavar roupa até um mês atrás. Nunca tinha usado uma máquina de lavar ou encarado um tanque. Admito mesmo. No máximo, havia passado uma água em minhas cuecas e sungas no chuveiro. Então, quando lavei a minha primeira peça de roupa, o mundo foi pequeno demais para a minha felicidade.

Tirei a camiseta da máquina, pendurei-a no varal, fiz todo o ritual padrão. No dia seguinte, fui pegá-la. Estava uma beleza - era daquelas camisas de corrida, que não amassam, o que facilitou muito.

Mas, ao pôr a peça em direção à minha narina, logo a minha alegria foi embora. Não era o cheiro que estou há anos acostumado a sentir: o cheiro de roupa lavada pela vovó Antonia.

Eu sei que isso parece coisa de gente mimada, mas, dizaê, cheiro de roupa lavada, com aquela mistura equilibrada de sabão em pó com amaciante, não é uma delícia? Eu não consigo de jeito algum reproduzir essa fragrância. Sem sacanagem: as minhas roupas sempre cheiraram tão bem, que no primeiro da faculdade teve uma menina, sentada na carteira atrás de mim, que encostou a cabeça em minhas costas e revelou:

- Que gostoso esse cheiro de roupa lavada com carinho, com amor... É o que mais sinto falta desde que mudei para a república das garotas...

Já liguei várias vezes para a minha avó materna a fim de saber o que fazer para deixar a roupa tão cheirosa. A resposta do outro lado é sempre meio vaga. Afinal, sabe como são as avós...

- Traz aqui que eu lavo, vai!

Juro, eu escuto a minha nona sorrindo quando ela diz essa frase.

O outro cheiro, esse da avó Madalena, remete a minha infância em Tupã. Nunca gostei muito de ficar na casa de meus avós paternos, pois ela não era um lugar muito divertido, apesar da piscina. Mas se tinha algo que me fascinava naquele ambiente era o seu cheiro. No caso, do banheiro de visitas. Dava para sentir a fragrância de limpeza do corredor. Sério!

Minha avó dizia que o lugar mais pessoal da casa era o banheiro, então ele devia ser um cartão de visitas. Acho que ela o limpava todas as manhãs, bem cedinho, pois nunca a vi abaixada passando um pano na privada ou coisa do tipo. Também não tenho a mínima idéia dos produtos que ela usava. O cheiro era tão maravilhoso, que por várias vezes eu pegava uma revista e passava um tempão lendo sentado no trono, mesmo sem estar apertado ou coisa do tipo.

(Não tem gente que gosta de "abrir os pulmões" e sentir o cheiro da natureza? Eu fazia isso no banheiro de vistias da vó Madalena.)

Hoje, ela não está mais aqui. Mas, como bom alquimista que tento ser, em minhas experiências já passei Veja Multi-Uso no assoalho, água sanitária nos azulejos, Pato Purific na privada... E não consigo chegar aos pés do que era o banheiro da casa da minha avó de Tupã.

23 de dez. de 2008

O amor em tempos 2.O


Eles são nerds. Assumidos. Mas nerds apaixonados, cujo maior hobby é passar as tardes em casa jogando "Guitar Hero" no Nintendo Wii. O casal Márcia Carmo, de 24 anos, e Leandro Ferreira, de 22 anos, levaram a paixão pela tecnologia ao extremo ao montarem o blog Nerds in Love, que conta os preparativos do casamento da dupla.

Noivos desde o final de agosto, a arquiteta de informação e o desenvolvedor usam, além do blog, várias ferramentas hi-tech para compartilhar com o mundo a história deles. A dupla aceitou ser entrevistada, mas com uma condição: a conversa não poderia ser pelo "tradicional" telefone. Só por e-mail, MSN ou, no máximo, via Skype. Escolhi a primeira opção.

De quem foi a idéia do blog? Vocês se inspiraram em algum site ou blog?
A idéia surgiu no dia seguinte ao noivado, em uma conversa no Gtalk. O Leandro disse: "antes de mais nada precisamos fazer uma coisa: criar um blog". Fizemos um brainstorm e em pouco tempo surgiu o nome: Nerds in Love. A princípio era pra ser um lugar privado, só para nós dois mesmo, onde pudéssemos guardar tudo o que a gente encontrasse pra fazer um casamento legal e também usar o espaço para decidir coisas relacionadas e mostrar para as famílias. Até então não imaginávamos que existiam vários blogs, e até fóruns, sobre casamentos! As noivas, principalmente, se unem muito e compartilham conhecimentos, é incrível! Mas decidimos deixar público pensando em nossos amigos e em outros noivos. Em especial, nerds. No primeiro dia de Nerds in Love tivemos mais de mil visitas, pois um amigo nosso linkou o blog no Blue Bus. Isso nos assustou, mas com tantas mensagens positivas que recebemos, percebemos que seria uma coisa legal a se fazer.

Qual o objetivo da página?
Somos apenas um casal de nerds que vai casar e resolveu compartilhar tudo o que aprender sobre planejamento de casamento. Então, além de aprender e ensinar como escolher a decoração, o buffet, vestido, convite, bolo e outras coisas comuns em um casamento, vamos pensar em idéias nerds e aproveitar as dicas que recebemos dos visitantes, que nos ajudam muito!

Quem entra no blog? Amigos? Mulheres? Noivas?
Nossos amigos estão sempre acompanhando as novidades pelo blog. É um jeito gostoso de fazer com que todos participem, mesmo os mais distantes. No blog entram também muitos noivos, mas em sua maioria mulheres. E, lógico, nerds interessados pelo assunto! Na verdade, qualquer pessoa é sempre bem-vinda, pois com freqüência pedimos a opinião dos leitores sobre determinada escolha que precisamos tomar.

Eu vi que vocês querem fazer do blog quase uma rede social. Usam o Twitter e outros sites da web 2.0, postam fotos no Flickr. E sempre falando do casório. Por que pôr na internet algo tão íntimo, como os preparativos de um casamento?
Na verdade, nós estamos sempre no Twitter, Blip.fm, Flickr e outros sites. Dessa forma se torna inevitável não tocar no assunto nesses lugares. Mas uma conversa que tivemos logo no início do Nerds in Love foi de não torná-lo um "diário". O objetivo é compartilhar o que aprendemos e dar dicas a partir desse conhecimento adquirido. Lógico que às vezes soltamos um detalhe ou outro do nosso casamento, já que o conteúdo do blog está totalmente relacionado ao que estamos pesquisando no momento, mas nada muito íntimo.

Planejam algo nerd para o casamento?
Ah, com certeza! Essa vai ser a parte mais divertida! Não temos muita coisa definida ainda, mas já adiantamos: (internet sem fio) Wi-Fi e livestream (ferramenta de transmissão de vídeos ao vivo pela web) serão essenciais na festa!

Por que vocês se consideram um casal nerd? Só por gostarem de tecnologia? O que os diferencia de outros casais que conhecem?
Nós não apenas gostamos de tecnologia, somos apaixonados! Trabalhamos com isso dia inteiro, e quando chegamos em casa vamos relaxar no computador... Conhecemos vários casais que são parecidos, a diferença é que tivemos essa idéia de montar o blog, então esse nosso jeito fica bem em evidência pra muitos leitores do nosso blog.

É verdade que o primeiro presente que o Leandro lhe deu foi um joystick do Wii, para vocês jogarem o videogame a dois? O que é um passeio legal para vocês dois?
(Risos) Já trocamos vários presentes nerds: conta Pro (paga) do flickr, muitos livros, jogos e acessórios para Wii e outras coisas. Mas não são sempre nerds, gostamos de nos presentear também com coisas mais comuns. Sobre passeios e momentos nerds, adoramos passar a tarde inteira jogando "Guitar Hero" no Wii, ir à palestras e encontros de tecnologia, blogs e geeks em geral.

Alguém já ajudou financeiramente vocês no blog? Por que colocarar essa opção de doação na página?
Já recebemos algumas doações sim e em todas anunciamos no blog. O Nerds in Love surgiu de uma forma bem despretenciosa, apenas pra compartilhar as nossas descobertas nesse momento tão bonito da nossa vida. Essa opção de doação foi uma sugestão de alguns amigos nossos para que fizéssemos o "cofrinho do casamento", já que tudo é muito caro. Aceitamos qualquer valor e por menor que seja, essa é uma forma de ajudar um casal de nerds a ser feliz :)

PS: Entrevista publicada no IG.

10 Discos de 2008: 7) Adele - 19


2008 foi um ano em que escutei ótimos trabalhos de cantoras - britânicas. Matutando assim, rapidamente, vem-me à cabeça vários nomes. Gostei muito dos discos de estréia da Duffy e da Laura Marling, por exemplo. Mas se eu tivesse que escolher um para entrar aqui, nessa nobre lista, não poderia deixar de fora a Adele.

O som dela não segue as fórmulas que Amy Winehouse, Lily Allen ou até mesmo Joss Stone estabeleceram há alguns anos e serviram de modelo para vários clones. Inspirada por Ella Fitzgerald e Etta James, Adele é uma grande jazz singer, de voz deliciosa, daquelas que nem precisam de acompanhamento musical.

19, o seu primeiro disco (o título faz referência a sua idade), é uma jóia. Não há uma, eu disse UMA, faixa ruim! Daydreamer, que abre o disco, já logo diz de cara porque Adele merece a audição. Com apenas um violão sendo dedilhado ao fundo, ela atinge notas incríveis e mostra ter uma dicção perfeita. A próxima, Best for Last, segue a mesma toada, mas agora só se ouve um contra-baixo. Chasing Pavements é o hit do álbum, uma das 5 melhores do ano, e é o tipo de música que Mariah Carey morreria para ter em algum de seus discos. Cold Shoulder, outro single de sucesso, tem batida rápida e uma orquestra de cordas poderosa. Right As Rain parece uma bossa-nova meio Los Hermanos (isso é bom!). Hometown Glory é uma balada grandiosa, que fecha com brilho o disco.

O CD é meio fossa, parece trilha do Dawson's Creek. As letras são pessoais e falam, em sua maioria, sobre um amor que foi embora. A própria Adele diz que seu estilo é "heartbreak soul". Por isso não é um som que agrada a galera facilmente. 19 não tem uma Rehab ou uma Mercy, e isso é bom dizer. 19 é um disco de momento, para se ouvir sozinho (a dois nem a pau!).

Já o ouvi pegando uma estrada e recomendo a experiência fácil, fácil.

21 de dez. de 2008

Guia do mochileiro da web 2.0

Há um ano, o maranhense Claudiomar Rolim Filho, de 24 anos, acabava de se formar em relações internacionais pela Universidade de Brasília. Sem emprego fixo, ele decidiu que 2008 seria o seu ano sabático. Com algumas roupas, um notebook e uma câmera digital na mala, ele resolveu dar a volta ao mundo. Foram 32 países conhecidos e milhares de histórias incríveis. Todas compartilhadas em seu blog, O Mundo Numa Mochila. Por cada país ou cidade que passou, Claudio se hospedou de graça na casa de um estranho que conheceu por meio do CouchSurfing, um serviço de hospedagem em forma de rede social muito popular entre os mochileiros.


De volta ao Brasil, Claudiomar me contou como foi a sua viagem. "Passei 40% do meu tempo na internet. Fui a primeira pessoa a fazer uma volta ao mundo testando hotspots!"


Como começou a viagem?

Assim que eu terminei minha graduação, queria fazer uma viagem de despedida. Queria ir para a Inglaterra fazer um curso e depois ir para África, fazer trabalho voluntário. Ao pesquisar na internet, conheci a passagem da Star Alliance. É uma aliança entre várias empresas aéreas, que dá o direito de você fazer uma viagem de volta ao mundo com 15 paradas. Você paga por milha. Eu paguei uma taxa de até 34 mil milhas com uma rota que eles fornecem no próprio site. O que me fez ir atrás disso mesmo foi quando descobri o CouchSurfing. Gastei US$ 3.700 na passagem. O dólar na época era R$ 1,70.


E qual foi a sua rota?
Minha primeira parada foi Los Angeles (EUA). Depois, Honolulu (Havaí), Seul (Coréia do Sul), Bangkok (Tailândia), Nova Deli (Índia), Estocolmo (Suécia), Varsóvia (Polônia), Istambul (Turquia), Liubliana (Eslovênia), Viena (Áustria), Cairo (Egito), Zurique (Suíça), Barcelona (Espanha), Lisboa (Portugal) e, por fim, Brasília. Essas foram as 15 paradas que a companhia aérea me deu direito. Fora isso, eu viajei de trem, ônibus, carro... Foram 32 países ao todo: EUA, Coréia do Sul, Hong Kong, Macau, Tailândia, Malásia, Indonésia, Camboja, Vietnã, Índia, Nepal, Suécia, Polônia, Lituânia, Letônia, República Checa, Alemanha, Turquia, Síria, Líbano, Eslovênia, Itália, Vaticano, Áustria, Hungria, Eslováquia, Egito, Israel, Jordânia, Suíça, Espanha e Portugal.


Como funciona o CouchSurfing?

É como um Orkut. O principal motivo de ter um perfil nele é se conectar com seus amigos, levar o intercâmbio de diferentes culturas. Volto para São Luís nesse final de semana e já receberei duas austríacas. No final do ano virão duas alemãs! Quando você não está viajando, você fornece a sua casa. Existem três maneiras de identificar se uma pessoa é confiável ou não. A primeira, e mais simples, é ver se ela não é um fake: ler suas informações, checar se tem fotos. A outra é o cadeado. O site pede seu nome completo e o número do cartão de crédito. Daí eles checam se você não está usando um nome falso. A terceira maneira, que não é obrigatória, é pagando. Você dá um dinheiro para o site e enviam para sua casa uma carta com uma senha para ser ativada. Ao ativar, isso mostra que você realmente tem um endereço fixo. Virar referência entre os outros usuários também é muito importante.


E como você descobria um novo lugar para se hospedar? Foi tudo planejado ou na hora mesmo?

No começo não planejava nada, porque na Ásia é tudo muito barato. Eu ficava duas semanas em um país, nada tinha tempo. Fiquei um mês na Índia. Isso mudou quando fui para a Europa, que é bem mais cara. Em algumas cidades, como Budapeste, que não tinhada nada para fazer, ficava só duas noites. Quando queria ir para balada, como na Eslováquia, ia no final de semana. Gastei muito pouco. Vendi tudo o que tinha no Brasil: móveis, computador, bicicleta... Só gastei com alimentação.



Você deve ter passada a viagem inteira conectado. Como avalia a internet dos países por onde passou?

Meus amigos brincam que fui a primeira pessoa a fazer uma volta ao mundo testando hotspots. Gastei 40% da minha viagem só na internet. Minha primeira parada foi nos Estados Unidos, onde trabalhei em Santa Barbara como recepcionista de um hotel por quatro meses para juntar dinheiro em dólar. Foi perfeito porque eu trabalhava das 7 da noite às 11 da manhã e não tinha ninguém para fazer check-in! Ficava o tempo todo na internet, pesquisando por lugares para viajar, couchsurfing e abasteci meu blog. Eu pude me conectar em todos os lugares, do Camboja aos Estados Unidos. Era mais fácil achar umhotspot nesses lugares do que em São Luís ou Brasília! (risos) Usei Wi-Fi em todos os McDonald's. Ficava impressionado! Eu estava o tempo todo procurando lugar para ficar e respondendo e-mails. Sempre usava o Skype absurdamente para remarcar passagens. Comprava crédito e ligava.


A comunidade do CouchSurfing é muito grande?

As cidades têm comunidades no site, então eu postava que queria sair para tomar uma cerveja, que estaria em tal lugar e 20 pessoas apareciam! Quem viaja por CouchSurfing vai em grupo, então sempre tinha gente. Isso é mais interessante que a hospedagem.


Ficou hospedado na casa de alguém bem estranho?

No Egito, quem me recebeu foi um australiano que lecionava na Escola Britânica de Cairo. Ele recebia o salário de um professor de Londres, que é umas cidades mais caras do mundo, para viver em Cairo. Era como ganhar R$ 10 mil e só gastar R$ 500. Comi e bebi tudo o que podia na casa dele!


E agora, quais são os seus planos?
Quero fazer disso um livro e estou procurando emprego. Cara, a principal meta do blog agora é conseguir chegar a uma entrevista com o Jô. Com certeza é um grande sonho que eu tenho e vários leitores estão nessa campanha há algum tempo!

PS: Entrevista publicada no IG.

20 de dez. de 2008

No Estadon

Então, esqueci de falar. No domingo passado saiu a entrevista que fiz com o Paulo Tiefenthaler, do Larica Total. Eu já tinha comentado desse ótimo programa do Canal Brasil por essas bandas. A matéria pode ser lida aqui: "Não sofram com a geladeira vazia".

Antes da conversa, Paulo pediu para eu entrar na comunidade que a atração tem no Orkut para que eu visse o fanatismo do pessoal. Dei uma boa olhada e realmente é muito legal. Principalmente a compilação das melhores pérolas desse grande filósofo da baixa gastronomia brasileira.

Selecionei algumas imperdíveis. Anotem aí:

- "O sal é uma descoberta do homem, que depois transformou tudo em comida"

- "Engasgar é humano"

- "A salsicha, eu não sei se ela tá pronta, porque, por fora, ela tá mais do que pronta e, por dentro... Por dentro é uma incógnita, é um mistério... É que nem quando você vai no médico: por fora tá ótimo, de repente por dentro você já nem existe mais"

- "Toca na comida ! Não tem problema, toca nela!"

- "Acordou, escova o dente e corta o alho! É treino, rapá!"

- "Olhar é bom, mas fechar a tampa do forno é melhor"

- "Bom, essa aqui não é faca ideal pra cortar cebola... Maaaaaas, é a faca que tem!"

- "Não luta contra!" (chorando e descascando a cebola)

- "É bonito, é choroso, é uma cor baunilha" (sobre o queijo coalho)

- "Se não fosse o forno você não estaria aqui!"

- "Não é sopa de tomate, é apenas pra dar um XABLAU"

E a melhor de todas: (vou até dar um bold na criança!)

- "Você acorda de madrugada com fome, você vai perder tempo pra ficar limpando cozinha? E se você passar mal, e se você nao se agüentar em pé e desmaiar e morrer, que que aquela louçazinha que você acabou de lavar, que você fez questão de lavar, vai te ajudar?? Então você esquece essa coisa de louça!"

19 de dez. de 2008

10 Discos de 2008: 8) Rockz - Disco '08

2008 não foi um bom ano para o rock nacional. Pelo menos no sentido de descobrir novos sons. Se nos últimos dois anos pingou um Superguidis daqui, um Vanguart acolá, um Los Porongas e um Supercordas comendo pelas beiradas, esse ano foi bem fraco. Punha fé no novo disco do Moptop, mas eles pararam de escutar Strokes e foram beber na fonte do Snow Patrol. Daí viu a meleca...

Felizmente, um dos discos que eu estava mais a fim de ouvir nesse ano não me decepcionou: Disco '08, do Rockz. Após um EP muito bom lançado em 2006, a banda não precisava de muito esforço para soltar um discaço. Era só manter o mesmo pique do EP e de suas sete primeiras músicas, que deixavam essa banda quase um Franz Ferdinand carioca.

Riffs espertos, guitarras ligeiras, batidas aceleradas. Letras que fogem de relacionamentos e chifres e falam sobre festas, álcool, sociedade, sexo e, lógico, amor. Mas de um jeito que não é piegas, sem rimá-lo com dor.

É pop acima de tudo e não entendo como essa banda, em que alguns integrantes tocaram com Lobão e Planet Hemp, ainda não estourou. Disco '08 abre com Colorbar, uma cacetada daquelas de pôr o som no talo. Essa Mulher tocaria fácil na Jovem Pan (e isso não é ruim, acreditem) e Confesso que Errei é um hit instantâneo.

Infelizmente, um dos grandes trunfos do Rockz saiu da banda: o vocalista Diogo Brandão. A voz dele lembra os bons tempos de Dinho Ouro Preto (sem a afetação "vamos lá, moçada!" atual) e caía como uma luva no rock cheio de ginga carioca da banda

Ouvi no MySpace as novas faixas com o guitarrista Gabriel Muzak nos vocais e achei tudo bem chatinho, além das letras terem piorado bastante.

Isso é apenas mais um motivo para apreciar Disco '08, que pode ser baixado "de grátis" no Trama Virtual.

18 de dez. de 2008

10 Discos de 2008: 9) Black Kids - Partie Traumatic


Tenho uma grande simpatia por bandas familiares (vocês verão isso quando chegarmos ao número desse Top 10). E a novata que eu mais curti nesse ano foi Black Kids, dos irmãos afro-americanos (pescou o nome? pescou?) Reggie e Ali Youngblood. Os dois dividem os vocais e tocam guitarra e teclado no quinteto, respectivamente.

O grupo, para variar, estourou primeiro na internet e logo foi tratado como melhor banda da última semana, com um apanhado de boas músicas que logo caíram no gosto da geração MySpace. Mesmo sem "CD oficial", eles sairam em turnê, gravaram videoclipes e tinham seus singles dissecados por DJs. O som do grupo é aquele indie básico do século 21: guitarras rápidas e batidas espertas, com alguns dedos do pé na eletrônica e nos sintetizadores dos anos 1980. São músicas gostosas de cantar (a voz de Reggie, à la Robert Smith, sempre faz uma tabelinha legal com a de sua irmã) e com refrões bem pegajosos.

Com o primeiro disco produzido pelo ex-Suede Bernard Butler, as críticas em relação a Partie Traumatic foram bem divididas. Eu gostei bastante, apesar da letra ridícula de Hit The Heartbrakes - alguém me explica o que é esse "Knock, knock. Who's there? Call the ghost in your underwear. Call the ghost in your underwear who?"

Cuecas a parte, o CD de estréia dessa banda multiracial é um pop muito legal. O hit I'm Not Gonna Teach Your Boyfriend How To Dance With You é uma das melhores do ano (a melhor, se considerarmos o remix incrível do The Twelves), Love Me Already é aquela faixa gostosinha de cantar e Partie Traumatic também poderia ser fácil a faixa que abre o disco. É um disco regular, que não perde o pique e reserva ao seu final as ótimas I Wanna Be Your Limousine e Look At Me (When I Rock Too).

É um som de fórmula conhecida, OK, mas nem todo mundo precisa ser um Radiohead da vida.

13 de dez. de 2008

Memória afetiva


Não tenho muitos ídolos, ídolos. Então nunca tinha passado pela situação de entrevistar alguém de quem sou realmente fã. Isso até a semana passada, quando passei 15 minutos conversando com o Mauricio de Sousa. Tudo bem, foi por telefone. Ao vivo acho que seria bem mais foda.

Para vocês entenderem a histeria. A primeira palavra que falei foi "Monca". Segundo a minha mãe, nesse momento eu tava no penico, com o gibi da Mônica nas mãos - todo contente! Mauricio também foi o responsável por me levar ao mundo das letras. Comprava tudo o que ele lançava, até o gibi do Pelezinho! Ainda me pego dando umas risadas do Chico Bento quando vou ao cabeleireiro. A cuecada "lendo" Vip, Playboy e Men's Wealth. E eu rindo do Zé Lelé!

Quando eu soube da revista da Turma da Mônica Jovem, fiquei bem puto com a Mônica magra e piriguete, com o Cebolinha falando certo, com o Cascão tomando banho e com a Magali fazendo dieta. Resumindo, todos os personagens perderam seus "defeitos" e estão de acordo com o que a sociedade prega.

Mas depois de ouvir a opinião de umas crianças sobre a revista, confesso que aceitei um pouco (bem pouco!) essas mudanças. E também confesso que achei bem fofo o beijo da Mônica e do Cebolinha. Vejam esse clipezinho abaixo, ele resume bem o que senti na hora na ler o gibi em forma de mangá. Minha memória afetiva pegou forte.



Foi nesse clima piegas que entrevistei Mauricio. Pelo celular, enquanto ele pegava um táxi em direção a Rua do Curtume.

Você esperava um sucesso tão grande com a revista da Turma da Mônica Jovem? Quantos exemplares já vendeu a edição do beijo, Mauricio?
Tá bombando agora no resto do pais, primeiro foi em SP e no Rio. Já estamos em 405 mil exemplares. Como é uma revista em continuação, a maioria das pessoas quer a coleção toda. A Panini teve de voltar a gráfica mais três vezes com a primeira edição e agora com a dois e a três também. Devemos ir para 500 mil exemplares brincando. Eu conversei bastante com o pessoal da editora que a gente atingiria três faixas de público. Então eles teriam de levar isso em consideração na hora de lançar a revista. A primeira edição teve 80 mil exemplares iniciais e no segundo dia já tinha vendido metade. É o maior fenômeno editorial do Brasil de todos os tempos.

E dessas três faixas de público, como que cada um está respondendo às mudanças?
Para minha surpresa, as crianças estão respondendo um pouco mais que todo o restante, e estão amando! O adulto quer saber o que fizeram com seus ídolos de infância (e geralmente não gostam das mudanças); o jovem quer conferir se estamos mesmo falando a vida deles mesmo. Recebemos muitas críticas. Críticas no sentido de sugerir coisas. A maioria está com críticas construtivas e estamos ouvindo e alterando em cima de algumas delas. Isso é possível, hoje, por causa da internet. Você tem uma reação instantânea, está online com o público. Isso é bom e mal. Bom porque você pode redirecionar uma história em quadrinhos como essa rapidamente para o que o público está esperando. Mal porque você leva piabas em cima do que acontece (risos). Também estamos vendo um fenômeno interessante: nós tínhamos receio de que houvesse canibalismo, que essa revista roubasse o espaço das outras. E a tendência é justamente o contrário: a gente vê um aumento dos outros títulos, porque a criança vai na banca comprar a revista jovem, que não tem, e compra outra nossa.

Falando em internet, você parece ser uma pessoa que está sempre de olho no que o pessoal comenta em blogs e comunidades do orkut. Você já leu alguma fanfic feita por fãs? Existem várias que surgiram após o tal beijo.
No orkut está cheio de comunidades de fanfics. Olha, é tudo uma aprendizagem. É como se eu ampliasse a minha sala de visitas para caber milhares de pessoas falando a nossa mesma língua. É delicioso, porque realmente fica uma criação coletiva, praticamente. Os leitores que fizeram mudar o nome do Anjinho. Era Céuboy e o pessoal caiu matando (Nota do blogueiro: agora é Ângelo). Também acharam que era um desaforo tratar o vilão Capitão Feio de tal jeito. Novela não acontece isso, de personagem aparecer e rouba ra cena? Nós podemos fazer isso agora. Me sinto de volta ao status dos tempos de fazer tiras de jornal. Hoje, com a velocidade da internet, eu posso fazer alterações.

As próximas edições terão mais alterações?
Como o pessoal reclamou que havia muita fantasia, história estranha, vem um número agora, atendendo a pedidos, em que eles (os personagens) vão voltar a viver no Bairro do Limoeiro. Mas em seguida virá outra série com bastante ação, aventura e fantasia interplanetária. Estamos criando histórias para daqui dez meses.

Você tinha noção de que o beijo fosse ter uma repercussão tão grande?
Foi o beijo mais comentado pela mídia no ano, realmente. Nesse caso eu não esperava. Virou caso de pós, de graduação, pesquisas, estudos, de levar para a banca examinadora... Algumas estações de rádio ficaram duas horas comentando a cena!

Como é ver seus personagens, que pareciam ter 7 anos de idade para sempre, adolescentes?
Não é muito estranho para mim, porque tenho dez filhos e um é de 10 anos, rapaz! (risos) Estou acostumado a ver, brigar, monitorar comportamento, senão não estaria tirando de letra algo assim. Logicamente, nem todo o mundo é igual. Então eu freqüento muito a internet, entro muito nos orkuts e blogs da vida. De vez em quando eu invado, comento e explico algo. Sempre levam um susto e tentam provocar a minha permanência nisso ou naquela comunidade, mas eu não posso fazer isso porque não tenho tempo nem condições de atender a todo mundo.

A criançada de hoje quer ler o quê?
Essa criançada de 8, 10 anos, já está acostumada com história do tipo mangá. Meu filho de dez anos, o Marcelinho, sabe tudo de Naruto. Eu estava vendo que um dia ele iria chegar para mim e dizer: "Papai, depois eu leio Turma da Mônica, deixa eu ler Naruto primeiro". Foi a gota d'água ele me fazer ir na banca todo dia para saber se o novo Naruto já tinha chegado. Aí falei para ele me contar o que era a história e ouvi tudo detalhado. Pensei: "Me-u De-us! A criançada já está noutra. Ele falava que fulano morreu violentamente!" Esse foi o grande fator que me levou a montar esse projeto no estilo mangá.

A Turma da Mônica Jovem vai virar uma animação no Cartoon Network?
Estão discutindo o projeto em Atlanta, fazendo o contrato. Em janeiro chega aqui uma comitiva do maior estúdio de animação do mundo, da China. Eles querem trabalhar conosco. Eles fazem um filme por semana, é uma coisa louca!

Por que o Chico Bento não apareceu na revista?
Eu não quero nem mexer no Chico Bento enquanto ainda estou achando o caminho da Turma da Mônica Jovem. Chico Bento tem de ser toda uma coisa totalmente linda e maravilhosa.

12 de dez. de 2008

10 Discos de 2008: 10) Mallu Magalhães - Homônimo

Começo a minha lista dos dez melhores discos do ano com um polêmico: o da Mallu Magalhães. Olha, não me interessa se ela parece o Rain Man quando dá entrevistas, se ela dança dentro de si mesma ou quem ela tá pegando. Mas o seu som. E aí, meus queridos, ela mostra que todo o burburinho em torno do seu nome (e idade) não é à toa.

Tive uma grata surpresa ao ouvir o "CD oficial" e notar que ela agüentou bem a pressão de não considerada fogo de palha e apenas uma invenção da mídia. Confesso que gosto mais do EP que ela jogou no MySpace, já que o som era mais intimista e agora está todo produzidão. Mas, ei, isso era esperado.

Com a a assinatura de Mario Caldato Jr., o som de Mallu não perdeu sua origem folk e ganhou mais peso. Adoro, principalmente, o piano que foi acrescentado em J1 e Have You Ever, e a guitarra de blues em Town of Rock'n'Roll. Também gostei das novas músicas de Mallu. Em especial, de You Know You've Got que, para mim é a melhor que ela já escreveu e mostra a maturidade que seu som sofreu nos últimos meses. Her Day Will Come é outra delícia.

Os hits pop Get to Denmark e Tchubaruba também estão lá, claro.

O CD tem, sim, os seus momentos chatos. O Preço da Flor é Los Hermanos demais e o trio final Dry Freezing Tongue, It Takes Two To Tango e Noil parece ter sido tirado de um disco da Jewel!

O resultado final é um disco nota 7. Talvez não fosse uma nota suficiente para entrar nessa lista, mas Mallu abriu a porta pela grande sacolejada que deu no modorrento cenário pop brasileiro. O.K, só se fala de sua vida pessoal, ela não deveria dar tantas entrevistas...

Num conselho de gente mais velha: toma cuidado com quem andas, Mallu!

No Estadon (desta semana)

(Já pode ser vista na web a bela animação brasileira
criada por alunos leigos em 3D)

- 11 horas de 15 anos de trapalhadas
( Caixa de 3 DVDs traz as melhores esquetes do programa da Globo 'Os Trapalhões')

- Oversode no amor e trabalho em baixa
(Quarta temporada de 'The Office' traz vários romances e situações que fogem do escritório)

9 de dez. de 2008

No Estadon (da semana passada)



-
Tricolor gay na pinta na web. Só TV não vê
(Cena de 'A Favorita' que é hit na internet indica que espaço virtual virou a 'rua do século 21')

- Os avós do Casseta & Planeta
(Cansados da pirataria que rola no YouTube, o Monty Python criou um canal oficial no site)

6 de dez. de 2008

Os videoclipes de 2008

Entonces, finalmente solto a lista dos clipes musicais mais legais deste nobre ano. Como sempre, não faço a seleção apenas tendo como olhar um vídeo surpreendente, cult e artístico. Escolhi os que acho bom e pronto. Já imagino que nos comentários desse post terá neguindo dizendo: "E Pork & Beans, do Weezer, cadê?"


Então... No ano passado, o Barenaked Ladies já teve a mesma idéia de reunir celebridades do YouTube no clipe de Sound of Your Voice. Então não vou pôr a cópia da turma do Rivers Cuomo, combinado?

Lá vai...


10) Radiohead - House of Cards (Dir: James Frost)

O quê? O chocrível-vanguardista-fodástico clipe de House of Cards apenas na 10ª posição? Sim, pois é. De fato, a tecnologia do vídeo é bem legal: para gravá-lo não houve câmeras ou iluminação e sim um tal de Google Code, que, a partir de sensores laser colocados no corpo do Thom Yorke, captou as informações na linguagem holográfica e transformou tudo em 3D. Não entendeu nada? Eu também. Mas, enfim, o que importa é o visual viajandão e diferente.



9) Beyoncé - Single Ladies (Dir: Jake Nava)

Já cansei de dizer por aqui que adoro clipes de dança. Principalmente aqueles que trazem coreografias novas e não seguem o bê-a-bá que Jacko deixou lá nos anos 80. Single Ladies foge desse lugar comum. Beyoncé e duas dançarinas, todas trajadas de maiô escuro e se equilibrando num baita salto alto, requebram, descem até o chão e fazem joguinhos com as mãos numa energia incrível! Eu me sinto cansado só de vê-lo... A fotografia do clipe também é ótima, um p&b que não soa batido, e pouco se vê os seus cortes da edição, o que dá a impressão de plano seqüência. Só não gostei desse lance Robocop, de deixar a Beyoncè meio ciborgue. Não precisava, né?



8) Arcade Fire - Black Mirror (Dir: Olivier Groulx & Tracy Maurice)

No ano passado, o Arcade Fire surpreendeu com o clipe interativo de Neon Bible: com alguns comandos no teclado, o internauta é quem fazia acontecer a ação do vídeo. Em Black Mirror, a experiência é repetida. Agora, os números do teclado podem mudar a velocidade da faixa, tirar o som de algum instrumento... Curioso. O chato é que cansa depois da terceira vez...



7) 3 Na Massa - Certeza (Dir: Marcela Lordy)

Nunca senti algo pela Leandra Leal. Sempre a achei chata, metida a intelectualóide e chineluda (quem mandou ser casada com o líder do Cordel do Fogo Encantado?). Nem o filme Nome Próprio, em que ela pratica nudismo indoor em 90% das cenas, provocou-me. Mas, amiguinhos, o que é ela nesse clipe? Encarnando uma femme fatale, Leandra esquenta a tela do monitor fácil, fácil. São apenas 1min 22 dela sussurrando em francês e fazendo caras e bocas para a câmera. Cabelo, maquiagem, iluminação... Não mudaria nada, com Certeza (não consegui evitar o trocadalho!).



6) Justice - Stress (Dir: Romain Gravas)

Dá safra das novas bandas atuais, o Justice felizmente é uma das poucas que se preocupa com a estética de seus videoclipes. Após dois clipes cheios de referências pop, para a atormentada Stress a dupla francesa escolheu a dedo Romain Gravas, que filmou um curta de 7 minutos intencionado a mostrar a tensão socio-racial que existe na França. Se não bastasse a música já ser bem desconfortante, Gravas deixa tudo ainda pior ao seguir os passos de uma "gangue de excluídos" que promove uma quebra-quebra pelas ruas de Paris. Achei tosca toda a polêmica em torno do trabalho, "que ele glamouriza a violência..." Também é um exagero chamá-lo de "Laranja Mecânica do século 21".



5) Mariah Carey - Touch My Body (Dir: Brett Retner)

Vou perder alguns leitores com essa, mas dane-se. Eu amo o clipe de Touch My Body. Além da música já ser um um pop grudento dos bons, ela ficou ainda melhor após o seu clipe. Para mim, é isso que faz um videoclipe ser foda. É cada vez mais raro assistir a um clipe engraçado e nesse eu ri o tempo todo. Não estou falando do "momento unicórnio da Mariah", mas de Jack McBrayer (30 Rock), que mata a pau como o técnico de informática da CompuNerd. Os momentos dele jogando Laser Shot e Guitar Hero com a diva são impagáveis, mas a minha cena predileta é quando ele a vê na porta da casa e diz, engasgando e imitando o agudinho clássico da cantora: "Mariah? Mariah Careyouuááá!"




4) Hot Chip - Ready For the Floor (Dir: Nima Nourizadeh)

Nima é o meu novo diretor de videoclipes predileto. Nos últimos três anos, ele tem feito uma penca de trabalhos admirável, sempre com sua assinatura característica: o visual colorido, fantasioso e onírico que transborda a tela e me lembra demais Michel Gondry (acho que é por isso que gosto tanto de seu estilo, plasticamente incrível). Escolhi para o Top 10 Ready for the Floor, do Hot Chip - banda que, para mim, melhor trabalha com Nima (vide Over and Over). Adorei a idéia de dividir tudo pela metade: o vocalista fantasiado de metade Coringa, as dançarinas com roupas metade sombra, metade luz...




3) Kraak and Smaak - Squeeze Me (Dir: Andre Maat & Superelectric)

Eu sou um grande fã de flipbooks. E por isso adorei o clipe Squeeze Me, dos holandeses Kraak and Smaak. As imagens do vídeo, sempre estáticas, só ganham movimento quando uma mão que segura um flipbook entra em primeiro-plano e começa a virar suas páginas. A ação pode ser um balão subindo até a parede ou mesmo um homem descendo as escadas. Idéia muito divertida e criativa.



2) Gnarls Barkley - Who's Gonna Save My Soul (Dir: Chris Milk)

Taí o clipe que mais me impressionou nesse ano. Quando o vi pela primeira vez, lembro que fiquei alguns segundos pensando na vida após acabá-lo. E foi um tiro para logo dar play e assisti-lo novamente por mais algumas vezes. Na história, um casal conversa em uma lanchonete e a garota está terminando com o rapaz. Ela começa com aquele papo" não é você, sou eu" e, do nada, ele pede um prato extra, enfia uma faca no peito, arranca o seu coração e o entrega para ela. O diálogo que segue essa cena é incrível e traduz toda a metáfora de se sentir "hearthless".



1) BPA (feat. David Byrne & Dizzee Rascal) - Toe Jam (Dir: Keith Schofield)

Fatboy Slim sempre teve videoclipes ótimos, então com seu projeto musical Brighton Port Authority não poderia ser diferente. O clipe é genial: em uma casa, diversos amigos começam a tirar suas roupas, dando a idéia de uma suruba pela frente. Mas, ei, aqui não rola sexo nem nudez: seios e até gestos mal-educados são censurados por uma tarja preta. A grande sacada do diretor foi brincar e criar coreografias com essas tarjas - meu momento predileto é quando as pessoas "jogam" Pong. É um vídeo que faz sucesso em qualquer mídia (quando ele estreou, logo virou um imenso viral e até surgiu um hoax na internet comentando que ele teria uma versão sem as tarjas). Pura besteira.



* Lykke Li - I'm Good I'm Gone (Menção Honrosa)

Muito bacana a atitude do Pitchfork, que em sua tradicional lista de melhores clipes do ano colocou desta vez alguns vídeos que não são clipes. Isso me inspirou a deixar aqui uma ótima performance acústica de I'm Good I'm Gone, da Lykke Li (eu estava louco para colocar algo dela nessa lista). Cheia de energia, Lykke faz uma tremenda jam com a cantora Robyn e outros músicos. Contagiante!

3 de dez. de 2008

Slow blogger

Àqueles que reclamam da ausência de atualizações deste nobre espaço, explico: aderi ao movimento slow blogging.

Tá, é mentira. Apesar que sempre tive esse pensamento, então sou trendsetter?

A verdade é que tô meio atrapalhado. Acabei de mudar de casa e também estou quebrando a cabeça para fazer aqui uma seleção dos 10 álbuns e videoclipes mais legais do ano. Achei que seria fácil, mas tá complicado. Teve muita coisa boa em 2008, embora eu não achasse isso não...

Não vou fazer de músicas, mas se tivesse que escolher uma, iria de Mario Kart Love Song. Cara, essa canção me conquistou, de tão bonitinha. Prestem atenção na letra: baita declaração de amor, dizaê!

28 de nov. de 2008

Rádio táxi


Daí estava eu xeretando por vídeos da Lykke Li no YouTube, quando encontro um momento bizarro: ela cantando I'm Good I'm Gone dentro de um táxi londrino em movimento. Achei a idéia bem divertida e "descobri" que a parada não foi isolada, mas é de um projeto chamado Black Cab Sessions.

Idealizado por Chris Pattinson, o lance é assim: ele convida músicos do cenário independente para tocarem apenas uma música dentro de um táxi preto, enquanto esse roda por Londres. O resultado é bem legal porque as bandas realmente se sentem a vontade de tirar um som enquanto o carro dá voltas pelo quarteirão, por avenidas ou até mesmo na estrada. Na sacolejante jam do The New Pornographers, os músicos tiveram de tocar em uma estrada fuleira, bem esburacada.

São vários os artistas que toparam participar do projeto. Muitos deles eu nunca ouvi falar. Mas dá para encontrar ali nomes não tão alternativos assim, como Futureheads, The Kooks, Dead Cab for Cutie, The Raveonettes, Spoon, The National, Cold War Kids ou a adorável Emmy the Great. Até o beach boy Brian Wilson já deu o ar de sua graça no banco traseiro do táxi preto, em um dia pra lá de ensolarado.



Notei que as corridas de táxi têm sempre cerca de 3 minutos de duração. Nessa entrevista, Pattinson diz que planeja fazer um tour pelos EUA com o Black Cab Sessions e também soltar um documentário sobre o projeto no ano que vem.

São tantos vídeos que foi difícil selecionar outro para embedar por aqui. Acabei escolhendo uma "versão havaiana" de Creep, do Radiohead, na voz de Amanda Palmer (Dresden Dolls).



Dica: Para quem gostou dessa idéia de bandas tocando em ambientes inusitados, vale uma passada no brasileiro (e também muito bom) Música de Bolso.

27 de nov. de 2008

No Estadinhon

A verdadeira escola do rock

Os primos Lucas Tasso, de 13 anos, Carolina Matteuzzi, também de 13, e Júlia Matteuzzi, de 10, já sabem tocar instrumentos musicais. O primeiro, bateria e guitarra. Carol, piano. Já sua irmã caçula, teclado. Apesar de tudo conspirar a favor, eles não são uma banda. Quer dizer, quase. Eles até chegam a ensaiar juntos aos finais de semana... Mas é no videogame!

É assim: Júlia pega a guitarra de plástico, Lucas assume a bateria de mentirinha e Carolina empunha o microfone. Logo em seguida eles estão "tocando" a música Dani California, do Red Hot Chili Peppers, no jogo musical Rock Band. Rock Band é um game bem divertido. Ele não tem joystick, mas uma guitarra de plástico, uma bateria e um microfone. Ele não tem fases, mas disputas musicais, em que o jogador deverá tentar tocar várias músicas rock e pop bem famosas. Quanto mais craque você estiver, mais difícil o jogo pode ficar.

Rock Band é cria de Guitar Hero, outro game musical que virou febre. Os dois funcionam de maneira parecida (GH só tinha a guitarra) e além de serem muito divertidos e um baita entretenimento, estão ensinando um novo jeito de se ouvir e consumir música. E, ainda mais importante, estimulando a criançada a aprender a tocar um instrumento musical. "A procura aumentou muito graças aos jogos. Os alunos que entram por causa dos games querem tocar na guitarra de verdade a mesma música que sabem tocar na de brinquedo", explica Mônica Lima, diretora da Escola de Música e Tecnologia (EMT).

Nessa escola, há até uma sala exclusiva para os alunos jogarem Guitar Hero e Rock Band. "Isso ajudou muito algumas crianças que não se dedicavam aos estudos. Hoje elas se interessam muito mais por música. E esses games desenvolvem muito o ritmo e ninguém toca um instrumento se não tiver isso", diz Mônica. O trio de músicos mirins concorda. "Eu fiquei bem melhor e me dedico mais à música", admite Júlia. "Agora quero tocar bateria também", completa sua irmã Carolina. Já Lucas usa os games para atrair novos músicos. "Um dos meus melhores amigos agora faz aulas de guitarra comigo", sorri.

Músicos mirins testam Wii Music

O Nintendo Wii lança em dezembro Wii Music, o primeiro jogo musical que usa todo o potencial de seu divertido joystick, o Wiimote. Diferentemente de Guitar Hero e Rock Band, todos os instrumentos de Wii Music se concentram em um único controle. E são mais de 60: violão, baixo, bateria, guitarra, trompete, violino, saxofone, castanhola, piano, harpa... Para usar tudo isso é preciso empunhar o Wiimote, como se realmente estivesse tocando algo. E não é preciso seguir as notas para tocar. Pode-se (e deve-se) improvisar muito.

Como o Estadinho não é egoista, convidamos, para jogar o Wii Music, três alunos da escola de música Souza Lima. Victoria Cristina da Silva Eduardo, de 9 anos, Samuel Nunes Marques dos Santos, de 8, e Rafael Pescuma Rodrigues da Silva, de 7. No começo, cada um escolheu o instrumento que sabe tocar. Victoria pegou o piano e Samuel, a bateria. Já o flautista Rafael preferiu o violão. Tocaram Brilha Brilha Estrelinha várias vezes. "É bem legal, vai ajudar outras crianças a querer aprender música", comentou Victoria. "Dá para tocar vários ritmos, é viciante", concordou Rafael, todo suado.

Já Samuel aprontou uma para os seus pais. "Quanto custa? Quero de Natal".

Você vai virar fã do Kiss

Além de estimularem o aprendizado de um instrumento, os games musicais são uma verdadeira escola do rock'n'roll. Muitas das canções deles são clássicos roqueiros, cheios de riffs de guitarra e viradas de bateria. Isso não existe mais! Nunca que o Paramore ou o NX Zero farão um poderoso solo de guitarra de cinco minutos!

Então é bem comum, para quem brinca com esses games, virar fã de grupos "do tempo dos nossos pais". Lucas curtiu o Metallica após tocar a pedreira One, do Guitar Hero 3. "Para o professor de música é muito legal. As crianças antes não queriam mais aprender a tocar os clássicos do rock", explica Mônica Lima, da Escola de Música e Tecnologia.

Bandas ganham jogos exclusivos

Quando o primeiro Guitar Hero foi lançado, lá em 2005, para o videogame PlayStation 2, ele foi uma revolução. Todo mundo queria experimentar o game, que com um joystick no formato de guitarra permitia a qualquer pessoa virar uma estrela do rock. Afinal, era só apertar alguns botões para "tocar" I Wanna Be Sedated, do Ramones. As bandas ficaram atentas a esse sucesso e começaram a oferecer suas músicas originais para os jogos. Antes, os criadores do Guitar Hero as regravavam, como covers.Outra aposta foi a de vender canções bônus na internet. Os fãs, claro, adoraram! Assim, os músicos acharam um caminho bem legal para ganhar um dinheirinho extra, numa época em que já não se vende tanto CD porque muitos preferem baixar música de graça na web.

A nova moda é ganhar um game musical exclusivo. Nesse ano, o grupo Aerosmith, que surgiu lááá em 1970, ganhou um Guitar Hero com vários hits da banda, como Walk This Way. Mas é no ano que vem que virá o jogo pelo qual todos estão babando. Desenvolvido pelos criadores de Rock Band, 2009 promete um game musical dos Beatles! Imagine tocar Help no videogame? Nem o seu avô vai resistir!

E vem mais novidades por aí

Má notícia para os pais: neste Natal, dois novos jogos musicais disputam vaga na lista de presentes do Papai Noel. O primeiro é Guitar Hero World Tour. Assim como Rock Band, o jogo agora também tem microfone e bateria.Aliás, a bateria dele é show, pois tem dois timbaus, os pratos (de mentira, lógico!). Outro destaque é que agora dá para criar suas próprias músicas. Imagina só montar uma banda com seus amigos, sendo que ninguém toca um instrumento musical?! O jogo será lançado para o Wii, PlayStation 2 e 3 e Xbox 360.

Falando no Xbox 360, o console vai lançar Lips, seu game de karaokê. Ele pode ser conectado ao iPod, então vai dar para soltar o gogó no game em todas as músicas que você tiver no seu MP3 player. De babar!

*Fotos: SERGIO NEVES/AE e JONNE RORIZ/AE

25 de nov. de 2008

O canudo com gambiarra

Na época do cursinho, lá em 2003, havia uma menina muito legal que sentava na carteira atrás de mim: a Maura. Além de simpática e divertida, eu gostava da Maura porque ela era uma das poucas pessoas da sala que não queria prestar Engenharia, Medicina, Direito, Administração ou Arquitetura. Em suma, profissões típicas de estudantes de cursinho. Ela queria fazer Desenho Industrial.

Foi a primeira vez que ouvi sobre tal profissão. E toda vez que vejo a nova embalagem de um produto, como a horrível latinha modernete do Nescau, eu lembro da Maura.

Escrevo esse blog em homenagem a essa garota, pois hoje me deparei com uma obra-prima dos desenhistas industriais: o canudo da caixinha de 200 ml do chá verde Fell Good.

Sabe, desenhar um canudo esquema é difícil. Existem bebidas que simplesmente não funcionam com tal adereço. Quem toma H2O sabe: qualquer canudo que você enfiar lá vai afundar. A garrafa não foi desenhada para tal propósito. Outro clássico é o milkshake de Ovomaltine do Bob's. Foram anos desenvolvendo um canudo que desse conta de sugar aquela massaroca de sorvete com flocos de chocolate sem provocar um aneurisma cerebral. Até que um dia a rede de fast-food apresentou aquele canudo que é um verdadeiro cano de PVC. É horrível, grosso demais. Mas funciona!

Numa época em que todo mundo é freak por higiene, os canudos são cada vez mais necessários. Na latinha de refrigerante? Lá estão eles. Na garrafinha de água? Também (aliás, existe algo mais ridículo do que beber água de canudinho?). Até os próprios canudos de hoje são embalados individualmente. Culpa da síndrome da higiene.

Uma bebida que eu aderi ao meu menu desde o ano passado foi o chá verde. Eu adoro o chá verde da Feel Good e desde então mantenho sempre uma caixa disso em minha geladeira. Porém, minha avó começou a encher o meu saco porque eu deixava o chá aberto por mais de três dias sem terminá-lo. Daí ela o jogava fora, alegando que estava estragado, e a gente brigava. A solução foi comprar a caixinha de 200 ml, que eu mato num só gole.


Quando vi esse produto com um canudinho plastificado em sua superfície, ri. Afinal, como beber o chá com um canudinho menor que sua embalagem? Na hora que eu enfiá-lo lá dentro ele vai afundar e já elvis.

Ah, mas é para isso que existem os desenhistas industriais. Os caras tiveram a manha de criar uma gambiarra, uma extensão que deixa o canudo bem maior. Observem.

Muito bom, né? Daí você pode enterrar o bichinho na embalagem sem medo de engoli-lo depois.


Realmente de aplaudir. Pena que tomar chá verde de canudinho é ridículo, convenhamos.

22 de nov. de 2008

Culinária de guerrilha

Apesar de mal saber fritar um hambúrguer (depois que descobri a linha Sadia Hot Pocket eu parei com isso), adoro ver quem sabe cozinhar. Por isso que sou um grande fã dos programas de culinária. Quem me levou para esse caminho foi a minha avó Antônia. Sempre assistia com ela a aqueles programas vespertinos da Ana Maria Braga, Cátia Fonseca e companhia limitada. Depois, na TV a cabo, fui eu quem apresentei para ela o Jamie Oliver e a Nigella. Mas vou admitir que a gente gostava mesmo era da Viviane Romanelli, do Shoptime, que errava todas receitas e pedia pro coitado do apresentador do programa de ginástica experimentá-las.

Por eu gostar desse formato de programa televisivo e, principalmente de humor trash, vou falar para vocês qual é o melhor programa de culinária da TV brasileira! Não, não é A Cozinha do Away, do Hermes & Renato (esse é o segundo he-he). O nome da criança é Larica Total, meus amiguinhos.

Apresentado por Paulo Tiefenthaler no Canal Brasil, o programete de 15 minutos vai ao ar todas às sextas-feiras de madrugada, à meia-noite em ponto. O show é um programa de culinária para os solteiros, que moram sozinho e têm de se virar com aquilo que existe em suas geladeiras. Ou seja, nada.

A sinopse da atração já é ótima por si própria. Mas o filé dela (pescou? pescou?) é o Paulo. O cara é um baita ator, que domina a câmera como ninguém e que solta geniais filosofias de bar enquanto mostra suas receitas, como a do "Frango Total Flex" ou do "Yakisobra". Aliás, as receitas são sempre simples e rápidas. Às vezes até demais - vide quando ele ensinou a "arte de flambar" apenas com uma das bocas do fogão.

O programa é feito na própria casa do Paulo, tem fotografia bem amadora, e isso lhe dá uma identidade muito legal. Ali, meus amigos, é tudo roots, papo reto. Paulo pede para tocar e cheirar a comida, não tem frescura. É o dia-a-dia do brasileiro, a culinária de guerrilha. Não tem essa de comida light que não engorda. O esquema é encher a pança e se sentir nutrido.

Assim como o 15 Minutos, da MTV - mas sem todo o seu bafafá -, é na internet que o Larica Total faz sucesso mesmo. O programa tem um site muito legal, em que Paulo comenta os bastidores das receitas e pede para o público sugerir novos experimentos. Um fã da atração, o evaldofilho1982, disponibiliza no YouTube todas as edições que já foram ao ar, e o chef amador diz adorar essa interação.

Anotem: Larica Total terá ao todo 24 episódios em sua primeira temporada do Canal Brasil.

Abaixo, deixo a receita de Paulo que mais me instigou a copiá-la: o misto quente gratinado. Na verdade é um bom e velho croc monsieur - mas de macho, que não exige biquinho na hora de pronunciá-lo.

14 de nov. de 2008

Você emprestaria o seu celular por 24 horas?


Você conseguiria ficar um dia inteiro sem o seu celular? Bem, quando o meu foi para a assistência técnica, há mais ou menos um mês, eu consegui passar duas semanas sem ele. E digo para vocês: não fez falta alguma.

No começo eu estranhei, lógico. Ficava passando a mão no bolso do jeans o tempo todo à procura dele, e também sentia falta de seu uso como relógio - talvez a função que meu celular mais tenha. Nos dois primeiros dias também foi estranho não passar pelo ritual de acordar, ligá-lo e checar se alguém havia me deixado alguma mensagem. Do resto, foi uma maravilha.

Tive uma sensação de liberdade. Do tipo "tô indo ali na esquina e não tô levando celular". Ninguém podia me achar e isso era ótimo. Óbvio que minha mãe ficou uma arara com essa brincadeira, assim como meus amigos, que não sabiam como me contactar para sairmos durante os finais de semana. Pior foi quando me atrasei para o plantão das eleições e ninguém sabia onde eu estava!

Os únicos momentos em que realmente senti falta de não ter um telefóne móvel por perto foram em "situações emergênciais": tipo estava com vontade de ligar para alguém e contar uma grande novidade ou estar na dúvida sobre algo e ligar para sicrano à procura de uma opinião qualquer.

Foi desintoxicante, admito.

Cometo esse nariz de cera para falar de A Day Without a Mobile Phone, uma curiosa instalação artística de luz e som que está sendo exibida até essa sexta-feira em São Paulo. A obra das estonianas Eve Arpo e Rinn Kranna-Rõõs funciona assim: elas construíram uma árvore na saída da estação de metrô São Bento. Quem passar por lá pode "emprestar" seu celular por 24 horas, para que elas o pendurem nos galhos da árvore. Quem passar pelo local poderá ligar para os números dos aparelhos e criar uma sinfonia de ringtones.

Achei bem legal a proposta e bati um papo com a Eve na última quinta-feira, horas antes da performance da dupla começar.

Como funciona a instalação de vocês?
Nós construímos a árvore e deixamos que o público espalhe as informações. Quem for ver a instalação poderá dar os seus celulares para serem pendurados nos galhos por 24 horas. É claro que nós vamos pegar os contatos dessas pessoas, seus aparelhos estarão seguros. No dia seguinte é só voltar ao local e pegá-lo de volta. Nós vamos pôr placas que exibirão os números dos telefones pendurados. Daí quem passar pelo local poderá fazer quantas ligações quiser para esses aparelhos. O resultado é uma verdadeira sinfonia! (risos)

Por quantos países a instalação já passou? Há diferenças de reações por parte do público?
O Brasil é o terceiro país. Antes passamos pelo Canadá e pela própria Estônia. Cada lugar tem uma reação própria, mas a sensação que existe é a mesma: as pessoas não sabem viver sem os seus celulares. Na Estônia a resposta foi incrível, tivemos mais de 50 celulares pendurados. Já no Canadá nós construímos uma rede. Cidades são um ótimo playground.

Qual a reflexão que vocês querem trazer com A Day Without a Mobile Phone?
Nós usamos celulares há mais de uma década e hoje eles se tornaram parte da sociedade. Foi uma mudança enorme! Ainda mais agora, quando se pode navegar na internet e ler e-mails nele. Nós não queremos mostrar que ficar um dia sem celular seja bom ou ruim. Queremos estimular uma discussão, que as pessoas realmente sintam essa mudança.

E é possível passar um dia celular?
Eu já passei vários, inclusive nos países por onde a instalação passou. Agora mesmo eu estou sem!

10 de nov. de 2008

O burguer perfeito

Sou um apaixonado por sanduíches. Daqueles que passaria o resto da vida comendo lanche no almoço e na janta. Hambúrguer, então, nem se fala. Sou um fã incondicional do bom e velho X-salada. Fiquei ainda mais viciado por esse tipo de culinária após me mudar para São Paulo e descobrir suas infinitas variações e combinações. É o sundae do Joakin's. O molho de tomate do Seu Osvaldo. Os bolinhos de arroz do Ritz. O pão francês redondo da Lanchonete da Cidade. A simplicidade do Hobby's. A maionese temperada (ou verdinha) do Fiftie's. A torta de maçã à la Vovó Donalda do Saint Louis.

Por isso fiquei bem empolgado quando soube da chegada do PJ Clarke's à cidade. Para os desavisados, essa é a casa daquele que dizem ser o melhor hambúrguer de Nova York. Um restaurante-bar centenário, icônico, do qual Frank Sinatra tinha uma mesa cativa. A filial brasileira (primeira que existe fora de Manhattan) chegou a São Paulo na sexta-feira. E não esperei dois dias para passar por lá.

O lugar é muito bonito. Apesar de nunca ter ido ao PJ de NY, dizem que a versão paulistana tem o layout idêntico. Estão lá a construção de tijolos vermelhos, os lustres antigos, a iluminação amarelada, as toalhas quadriculadas, o piso de madeira "original", os retratos de grandes estrelas de Hollywood e músicos e esportistas americanos espalhados pelas paredes... O teto tem uns detalhes em gesso bem bonitos também.

Repito: jamais fui ao restaurante lá da gringa, mas creio que ao adentrar nele você se sente parte da história. Aqui no Brasil, não. A sensação é de estar em uma lanchonete temática. Algo que já existe de montão em São Paulo, diga-se.

Mas vamos ao que interessa: comida. Como não podia deixar de ser, fui de X-Salada, com queijo emental. O hambúrguer chegou à mesa e logo percebi que a carne é realmente farta. O lanche é alto, mas não chega a ser grande. Como todo sanduíche bem-diagramado, não se deve comê-lo com garfo e faca. Cabe fácil na mão e tampouco precisa arregaçar a mandíbula para dá-lo uma bela mordida. Ignorei as fatias de cebola crua que estavam escondidas abaixo dele, assim como a tira de picles que servia de enfeite. E nhac!

Análise: o hambúrguer é bom, muito bom. A carne é suculenta, bem temperada; você a sente derreter na língua. O pão é fofinho, leve. Dá para dar aquele apertão gostoso nele com os dedos numa nice. A salada também não é exagerada, vide o tomate discreto. Ali é tudo muito bem distribuído, harmonioso. Infelizmente não achei no menu a opção de pedi-lo com maionese, algo que os americanos odeiam. Por isso o achei meio seco.

Realmente é um grande burguer. Mas não é o melhor que já comi. Ele não me fez suspirar ou sentir a gula de pedir outro. Além do mais, é caro. O básico pão e carne sai por R$ 19,90.

Vivo atrás do hambúrguer perfeito. Igual ao que comi em 1996, aos 10 anos de idade, em Miami. Ia rolar um jantar chique em Coconut Grove e eu, muito enjoado que era, pedi para minha mãe comprar um lanche. Ela parou numa humilde lanchonete hispânica e pediu um simples pão e carne. Sinto até hoje o gosto daquela carne cheia de salsa - um tempero que continua inigualável ao meu paladar. Infelizmente eu o devorei num ônibus e não pude voltar para trás, senão pediria mais um dois. Sem exageros, ele era impressionante.

Mas sou esperançoso. Um dia vou dar uma mordida num X-Salada e ter a sensação de parar no tempo e voltar ao passado. Igual a que o crítico gastronômico Anton Ego, da animação Ratatouille, teve ao provar o prato que o lembrava de sua querida infância.

1 de nov. de 2008

'Apenas fazemos legendas'

Na matéria que eu fiz abaixo, minha grande fonte foi a Tata, a administradora do site Legendas.TV, o principal portal brasileiro de legendas de internet para seriados e filmes. Tata também toca o Psicopatas, grupo de legendagem que rendeu um post bem comentado há algumas semanas.

A conversa que eu tive com essa carioca de 33 anos foi tão boa que durou um bocado de horas. Pena que o espaço no jornal é muito enxuto e não pude mostrar todo o conhecimento da moça. Por isso a escolhi para ser a "Entrevista de Sábado" desta vez.

Então Tata, fala um pouco do grupo. Qual seu cargo, quanto tempo ele tem...
A equipe tem quase dois anos. Começamos a legendar Dexter, após o site Lost Brasil ter problemas com a ADEPI (Associação de Defesa da Propriedade IntelectuaL). Nos reunimos em uma comunidade no Orkut. Nesse tempo, muita gente passou pela equipe, mas hoje ela tem basicamente seis membros fixos. Legendamos Lost, Dexter e Frango Robô. Dizem que eu sou a "chefe" porque organizo quem vai ajudar em cada episódio, faço a "chamada" para ver quem vai legendar o próximo episódio, organizo os trabalhos durante a legenda. Além disso, traduzo, ajusto sincronia e faço a revisão. No legendas.tv é regra que não exista duas equipes legendando a mesma série. Falando como administradora do site, todas as equipes têm a mesma importância, porque todas as séries têm fãs. Não podemos fazer distinção de uma equipe que traduz monstros de downloads, como Lost e Heroes, da equipe que traduz uma série com 30 downloads. Não é justo para quem traduz, pois o trabalho em legendar é exatamente o mesmo.

E como você avalia a importância do trabalho de vocês?
A maioria das pessoas que faz uso das nossas legendas não conseguiria acompanhar a série sem legendas em português. Através do nosso trabalho a gente proporciona que um grande número de pessoas possa assistir a série ao mesmo tempo que é exibida nos States. Além disso, acredito que as pessoas confiam realmente no que está escrito, porque com o tempo e com todo o trabalho que temos, ganhamos respeito e credibilidade por quem assiste a série e também na própria scene de legenders. A gente se diverte um bocado fazendo as legendas, mesmo sendo MUITO estressante pela cobrança em postar cada vez mais com rapidez.

E você considera suas legendas melhores do que as oficiais?
Considero melhor, sim. As duas têm erros, mas, por exemplo: Lost é postada em média cinco horas depois da exibição nos States e Dexter em média 36 horas após a exibição. Fazemos a sincronia do zero, começamos a traduzir do áudio e muitas vezes somente após o lançamento que é feita a revisão com legendas em inglês (no caso de Lost). Quem faz legenda "profissional/oficial", além de ter formação específica possui um tempo infinitamente superior para fazer as legendas. A obrigação da legenda dita oficial seria a perfeição, o que para nós, embora seja um objetivo, sabemos que sempre haverá algum detalhe que acaba passando pela revisão.

A legenda de vocês é mais fiel é ao roteiro original? Pegando como caso a Deb, de Dexter: vocês realmente devem ter trabalho na hora de traduzir os palavrões dela, assim como as piadas cheias de referências culturais do Sawyer (Lost)
Acredito que sim, porque não precisamos censurar e medir o que está sendo escrito como acontece na TV. O intuito é ser fiel ao personagem e não descaracterizar o mesmo. A Debra é desbocada e isso faz parte da personagem que ela interpreta. Editar o que ela diz para que crianças possam assistir não é nosso objetivo. Nosso objetivo é ser fiel o máximo que der, mesmo quando precisamos adaptar alguma piada ou termo para o português. O Sawyer também é complicado de legendar, primeiro pelo sotaque do sul e segundo pelos inúmeros apelidos e piadinhas que ele faz. Mas acredito que, também com esse personagem, alcançamos o objetivo de ser fiel ao que é dito.

Uma curiosidade que eu vejo bastante em legendas de internet. Às vezes um personagem fala: "Quero tomar um bloody marry", daí vocês colocam do lado do nome do drink um "suco de tomate". Por que fazem isso?
Sempre que é possível trazer para o português, fazemos a adaptação. Nesse último episódio de Dexter, o Miguel Prado o convida para comer um medianoche. Colocar isso na legenda é deixar um vácuo para que as pessoas não entendessem que, na verdade, medianoche é um sanduíche típico cubano, similar ao nosso misto quente. Ao mesmo tempo, na legenda do primeiro episódio dessa temporada a Debra pede um suco de cranberry, que embora possua tradução no Brasil (oxicoco), preferimos deixar o termo original por ser mais difundido e de mais fácil assimilação.

E como é tomada essa decisão? Vide o impagável "bocetuda" de Dexter
A decisão é feita entre os revisores do que seria mais fiel ao que realmente é dito procurando adaptar sem distorcer o significado concreto. O bocetuda foi uma brincadeira da Tieli que surgiu durante a revisão e que acabamos por concordar em deixar na legenda por caber tão bem no diálogo entre os personagens.

Pergunta clássica: você considera pirataria o trabalho de vocês?
Pessoalmente, acredito que não. É difícil falar sobre isso, porque não sei realmente se as legendas amadoras prejudicam os canais originais, canais fechados no Brasil e quem vende os DVDs originais. Sei que nossa intenção não é prejudicar ninguém, muito pelo contrário. Além disso, tem lugar pra todo mundo. Não é porque alguém faz download de legendas que deixará de assinar um canal pago. E hoje em dia só compra DVD e CD quem é MUITO fã, principalmente por causa do preço. A única certeza que tenho é: ninguém da scene e do legendas.tv ganha R$ 1 com as legendas que são feitas. Não comercializamos DVDs. Apenas fazemos as legendas.