27 de fev. de 2005

Pitacos para o Oscar



Este Oscar já começou com o pé esquerdo no dia das indicações. Comecemos por uma das minhas categorias prediletas: melhor canção. Gente, é um estupro não aparecer "Blower's Daughter" do Damien Rice, tema de Perto Demais. Impossível não escutar tal música e ficar com os olhos marejados. Primeira cagada do pessoal da Academia.

A segunda, e principal, é ter deixado de fora o melhor filme do ano passado: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Baita sacanagem! Em um ano, onde o óbvio predomina, esquecer de uma película original e que foge do comum, foi demais. Ao menos, Charlie Kaufman está no páreo de roteiro original - além de Kate Winslet, como melhor atriz. Mesmo assim é muito pouco para o filme de Michel Gondry.

O que me motiva é a torcida por Menina de Ouro. Filmaço; sensível e tocante. Após o também tocante Sobre Meninos e Lobos, tio Clint se superou. Tudo no filme é bonito - desde a fotografia à música. Os atores estão no auge da interpretação, Hilary Swank - que eu não gosto muito - está formidável, interpretando uma Macabéa do século 21 (créditos a Irena), que luta a vida inteira à procura de seu momento.

Lutar, aliás, é o que define Maggie Fitzgerald (Swank). Como disse o seu pai, a menina nasceu para ser uma lutadora. Nada na vida dela é fácil: desde o nascimento prematuro até a conquista de seu sonho. Parece utópico uma garçonete, que se alimenta de restos de alimentos deixado pelos clientes, conseguir o seu lugar ao sol. Clint Eastwood joga na tela, de forma sutil, as cicatrizes do passado de cada personagem (o seu rosto, quando iluminado em um fundo escuro, chega a ser uma analogia). Morgan Freeman também está intocável.

É um filme de ouro, como já cheguei a ler por aí.

24 de fev. de 2005

Ô, Dumbo!


Irmão é craque em pôr apelido. É uma habilidade fraternal, digamos. Sempre zoei o meu mano pelo fato dele ter sido muito gordinho e desajeitado. "Ô, Nhonho!". Ele ficava uma arara, enchia-me de bifas. Eu era mais fraco, porém era mais rápido.

Eu também tive lá as minhas graciosas alcunhas. Quando eu nasci, minhas orelhas eram enormes. Grandes mesmo. Imagino os amigos e parentes de meus pais, querendo saber quem é o filhote do sortudo naquele berçário cheio de indivíduos iguais. "O Dumbo lá no fundo, tá vendo?", devia ser a resposta de papai na época. Aliás, Dumbo foi um apelido que me marcou. Quando eu corria, meu irmão já vinha com: "Toma cuidado pra não voar, ô, Dumbo!".

Mamãe dizia que conforme eu fosse crescendo, a cabeça aumentaria, as orelhas não. Psicologia materna é o que há - e deu certo. Hoje, as minhas orelhas estão de um tamanho até que legal. Não ser chamado de Alfafa (o do Batutinhas) é uma dádiva. Mas não é que eu ainda me recordo dos tempos de orelhudo?

Estava a ler a coluna do José Simão e leio o melhor apelido para um ser orelhudo. Não sei se é velho, mas, confesso: estou a rir até agora. O colunista da Folha falou que a Natália, do BBB, parece um Fusca com as portas abertas!

E eu achando que o meu irmão foi maldoso...

21 de fev. de 2005

Somente as pequenas coisas

São pequenas coisas que me deixam feliz. Neste momento, estou feliz. O motivo? Digamos que eu terminei de passar a limpo três folhas de uma matéria chamada "Línguas e Linguagem". Estou feliz por ver que são quase 19 horas e não movo um pé desta cadeira, pois decido que estou muito cansado para ir à academia.

Estou feliz por que, daqui a pouquinho, vovó vai pedir, com aquele carinho que só ela tem: "Gu, posso pôr a janta?". Estou feliz porque planejo pegar a fraldinha à milanesa, colocar no pão francês - esquentado no forninho - e fazer um gostoso sanduíche, enquanto assisto um pouco de televisão.

Estou feliz por ter feito compras boas (viva o capitalismo!). CD lindo e maravilhoso do The Thrills, adquirido lá na Rua Augusta, numa loja repleta de álbuns raros e cheiro de relíquia. Abro um tímido sorriso, imaginando minha nega abraçadinha comigo, dividindo um fone de ouvido em plena Livraria Cultura, cantarolando bem baixinho uma dengosa canção da Adriana Calcanhoto.

Estou feliz por termos comprado um bolo Floresta Negra no Pão de Açúcar, que além de barato, estava muito gostoso. Estou feliz por saber que verei o Billy no final de semana, e que mal vejo a hora de entrar no banho e tomar uma ducha bem quente, imaginando coisas pequenas da vida, enquanto ensabôo meu corpo e faço um penteado moicano com o cabelo cheio de xampu.

É tão bom dar risada do nada, já repararam? Recordar um momento com seus amigos (o Guilhem roubando o azeite do bar) ou lembrar daquela piada contada no final do ano, na praia, em que você até engasgou com o Guaraná, tamanha a gargalhada dada.

18 de fev. de 2005

As grandes ditadoras

Alguém sabe o que é Dinâmica em Grupo? Não faz a mínima idéia? O tio aqui irá explicar: Dinâmica em Grupo, a popular D.G, é coisa do diabo. Grandes empresas e agências fazem essas maldades com seres humanos à procura de trabalho ou estágio. Põe-se, numa pequena sala, mais de dez pessoas e dois psicólogos. Está pegando? Tais psicólogos são contratados, e irão avaliar o comportamento de cada candidato ao trampo, que passarão por provas e testes - pagando mico ou não.

No início de fevereiro, eu participei de uma D.G, do Banco Santander. Não tenho a mínima idéia de como me chamaram. Só sei que o meu celular tocou e uma voz feminina me disse: "Quarta-feira, perto da Estação São Bento, às 9 horas da manhã". E fui. Uma baita chuva me esperava. Correria. Por se tratar de um banco, resolvo ir na estica. Ponho uns jeans bacana, uma camisa social bonitona, passo um mousse estranho no cabelo e até faço a barba - os pêlos, para ser sincero. Vou arrasar, acredito.

Chego a sede do banco, atrasado. A recepcionista fala para eu me dirigir ao oitavo andar. Vou lá. Entro uma sala minúscula, e uma morena de olhos claros, avalia-me da ponta do dedão até o último fio de cabelo. "Pois não?", pergunta. "Oi! Sou o Luiz Gustavo, desculpe o atraso", respondo. Ela olha uma folha de anotações, procura pelo meu nome e, apontando para o fundo da sala, manda-me sentar em uma das cadeiras. Gente, juro por tudo quanto é santo. Só tinha neguinho de terno e mulher de tailleur. Fodeu, filosofo. Cá estou eu, de jeans e camisa azul-calcinha, ao lado de pessoas que parecem ter saído do programa do Justus.

A tal morena de olhos claros é umas das psicólogas. A outra "ser do mal" está sentada atrás dela, anotando algo num caderninho e maneando a cabeça a cada frase de sua colega. A morena fala como uma tagarela. "Por que no banco é isso e aquilo...". Fico olhando para o teto. Após meia-hora de lorota, ela pede para que cada pessoa vá até a frente da sala e se apresente. Uma menina, tímida que dói, é a primeira. "O-oi! So-sou a Ju-Juliana. Fa-faço economia...". A psicóloga, que não faz porra alguma, não pára de fazer anotações. A outra dizia "ah" e "hummm". Medo. Outros candidatos são chamados, e só tomam pau.

Noto um pouco de sadismo nas psicólogas; elas se acham a rainha da cocada preta. Vem-me à cabeça aquela cena de um filme do Chaplin (O Grande Ditador), em que os dois ditadores ficam elevando a cadeira, sabe? A metáfora de que, estando-se num patamar mais alto, o respeito e o poder aumentam. Pois é. Para mim, a psicóloga subia um pouco a poltrona a cada interjeição que dava, fazendo as pessoas se sentirem cada vez mais minúsculas.

De sacho cheio, sou o último a me "apresentar". A morena, querendo ser engraçada, pede: "O menino de jeans, por favor?". Vou com a menor vontade do mundo, e falo rápido. Em 15 segundos de "apresentação" termino. A morena me fita e diz, com uma cara de cu doce incrível:

- Não tem mais nada a acrescentar?
-Não.
-Certeza?
-Sim.
-Alguma curiosidade que você queira nos contar?
- Posso mesmo?
- Por favor...
- Bem, eu odeio psicólogos.
- Como?
- Isso mesmo.
- Mas por quê? (cara de cu doce maior ainda)
- "Como posso querer que meus amigos entendam as coisas loucas que passam pela minha cabeça, se eu mesmo, não entendo?" (Salvador Dali)
- Ah, tá... (queria saber o que a outra anta anotou depois dessa)

Os "aprendizes" deram risada, as psicólogas, ficaram atordoadas. Depois da agradável experiência, elas pediram para eu fazer umas planilhas no Excel (?). A morena falou que me ligava, dizendo como fui na D.G.

Ela ainda não ligou...

16 de fev. de 2005

Wear Yellow


Pois é, que atire a pulseira amarela quem nunca viu uma pessoa com a famosa pulseira Live Strong pendurada no braço. Está na moda, tem uma idéia legal por trás dela. É do Lance Armstrong, conhecem? Um baita ciclista americano, recordista de vitórias na maior maratona de ciclismo, o Tour de France. Na competição, o vencedor de cada etapa (são várias) orna uma jaqueta amarela (daí veio a cor da pulseira).

Lance teve câncer nos bagos, perdendo um dos rapazes. Muitos homens pulariam da janela, colocariam barbitúrico na própria comida. Lance, não. O sujeito, que já era campeão antes do infortúnio, mostrou uma garra da porra após a cirurgia. Seu nome é sinônimo de luta, de volta por cima. Mesmo com uma bola a menos, o rapazote vem traçando ninguém menos que a Sheryl Crow.

Quem compra a pulseira da Nike (patrocinadora do ciclista) está ajudando ao combate do Câncer. Todo o dinheiro arrecadado com as pulseiras de silicone vai para instituições de combate à doença - o próprio Lance tem uma fundação. A Nike também lançou outras cores. Na Europa, por exemplo, jogadores de futebol usam pulseiras brancas e pretas. É uma maneira de protestar contra o racismo que existe - e muito - nos campos europeus. Em alguns estádios, jogadores negros são chamados de macacos.

Acho sensacional a idéia da pulseira, mas me perturba a idéia dela ser virado moda. Aposto que muitos não sabem o que ela representa. Numa roda de patricinhas e mauricinhos é comum ver todos com a pulseira nos pulsos. Outro dia eu perguntei para um atendente de uma locadora onde ele havia comprado o acessório. Ele disse: "Minha irmã trouxe dos EUA. Todas as celebridades usam por lá".
Já há, inclusive, falsificações da Live Strong.

14 de fev. de 2005

Florzinha ou borboleta?


Eu não gosto do MSN Messenger. Ponto. Ele é chato, feio, e só suporta, no máximo, 150 amigos. Eu prefiro o ICQ. Não é coisa de saudosista - prefiro as coisas bem feitinhas. O ICQ tem cheirinho de vintage, e nele dá para ficar invisível. O MSN faz isso?

O pessoal da Microsoft conquistou o mercado dos Instant Messenger. Agora está em voga pedir o MSN de fulano ou sicrano. Ok, o MSN tem as suas vantagens. Para começar que ele aponta quantos emails há em sua caixa postal. Opa, mas é o Hotmail, o Hotmail! Sim, mas o ICQ faz isso? Além do mais, o programa do tio Bill permite webcam e exibição de fotos. Como já diz a propaganda: "É mais fácil com a borboleta".

Ah, mas do que adianta tais ferramentas? Repito novamente: no MSN é possível ficar invisível? Porra! Por que não resolvem isso? Eu adorava o ICQ por tal geringonça. Agora é dose, todo mundo sabe quando tu entras. O meu chefe vive me cobrando matérias para o maldito site de futebol. Eu minto, digo que não peguei a mensagem, pois esqueci o programa ligado, ou meu irmão foi checar seus emails e abriu o MSN. É complicado...

Entre a florzinha e a borboleta, repito novamente: gosto mais do ICQ. Eu adorava ler o info do pessoal; as menininhas punham declarações de amor clichês. Quer coisa mais manjada do que as letras de "Iris" do Goo Goo Dolls ou "Can't Stop Loving You" do Van Halen? Toda menina já escreveu isso (ou teve vontade). As mais revoltadas - e dignas de um pé na bunda - punham um trecho de 10 Coisas que eu Odeio em Você. Garota rebelde, amor platônico, era assim: "Odeio o seu jeito de falar e seu cabelo sem-corte, odeio como dirige meu carro...".

Voltemos ao ICQ, rapaziada! Saudades do tempo em que um "toc-toc-toc" era sinal de amigo online à vista. Saudades daquele riff de guitarra de "Parabéns Pra Você", anunciando o aniversário de alguém da sua lista.

10 de fev. de 2005

Te pego na saída
Se tu foste criança, meninote, lá pelos oito ou dez anos, com certeza já ouviu: "Te pego na saída!". As causas para tal frase eram várias. Roubo, xingo à mãe alheia, mexer com a irmã mais nova do valentão da sala, rixa de futebol... Enfim, coisas de guri brejeiros e arruaceiros.

Os mais velhos dizem que só se torna um homem após a primeira briga. Eu, até hoje, só briguei com uma pessoa: o meu irmão. Foram paus homéricos, verdadeiros arranca-rabos. Já quebrei três dedos dele; uma vez chegamos a derrubar a televisão de estimação de meu pai. Ficou puto e apanhamos de cinta. Baita amor fraternal.

Na escola, eu recordo da quinta-série. Bruno era o nome do sujeito. O sujeito era burro como uma porta, mas zoava de mim por não saber falar inglês (o pai dele era piloto da Varig, e o Bruno viajava sempre pra Disney). Xingo daqui, ameaça de lá, até que ele me chamou de "tonhão". Não gostei, e fui muito maldoso: "E você é disléxico! Sua mãe contou pra minha! Disléxico!".

Eu nem sabia o que era dislexia, mas sabia que era uma palavra feia. O Bruno ficou uma fera, e chamou o Marcos para bater em mim. O Marcos era um magrelo vara-tripa, que só por ser bom de bola, achava-se o rei do pedaço. Veio tirar satisfações comigo, empurrou-me em direção à parede. Com o indicador em riste, dizia que ia me esmurrar. Não sabendo o que fazer, xinguei-o de epilético. A Juliana, loira carioca de quem eu gostava, deu risada. O Marcos não gostou, e disse a famigerada: "Te pego na saída".

Também não imaginava o que fosse epilepsia. Li uma vez em um livro de mamãe e achei engraçado. Acabei não o vendo na saída, pois a mãe dele era paciente da minha. Quando ele veio me "quebrar", nossas matriarcas trocavam figurinhas do lado de fora da escola. Escapei por pouco.

Há duas semanas, eu me senti de volta à quinta-série. Mandei um scrap para uma garota que não via há muito tempo. "Oi, como anda sua vida?", coisas assim. A menina morava perto de casa, e nunca deu certo de nos vermos (eu sempre fui frouxo, mas isso fica para outro post). Deixei um abraço e esperava uma resposta - o que aconteceu. Ela me reconheceu, perguntou como estava, e disse que ria de nossos "encontros falhos". Beleza, ficou nessa. Coisas que só o Orkut faz às nossas vidas, não é mesmo?

No dia seguinte, ao entrar em minhas mensagens, noto que o scrap dela sumira. Cliquei no profile dela e meu scrap também desapareceu. Estranho. Eis que leio uma mensagem no espaço que eu escrevera anteriormente: "VIU O GUSTAVO TROXA.. VEM FAZE UMA VISITINHA PRA MIM... IMBECIL.. VEM AKE PRA CONVERSA COMIGO... TROXA.. PRESTA ATENÇAO O IDIOTA... MEXEU COM O CARA ERRADO....ESPERE".

A "ameaça de morte" é do namorado da guria, o Maurinho. O Maurinho é um sujeito gordo, que paga de lutador de jiu-jitsu. Seu hobby é apagar mensagens enviadas por amigos à sua namorada. Ele sempre responde, pagando uma de namorado ciumento. No mínimo deve ser broxa - além de ter um português impecável.

Estou seriamente pensando em responder uma mensagem para o rapazote. Tenho um pouco de medo, pois ele tem uma índia tatuada no ombro e é fortinho - leia-se, gordo. Mandarei um scrap, vou provar que não fujo da raia, mostrar que meus bagos são roxos...
Vou xingá-lo de disléxico e epilético!

7 de fev. de 2005

Mania de Peitão

Rapaz, que as mulheres andam mandando bala no silicone, isso já é censo senso comum. As pioneiras já "turbinavam" há um tempinho: Luiza Brunet, Monique Evans e, ela, Luma de Oliveira, exibem as tufas de plástico há quase uma década. Punham um pouquinho, diziam que eram insatisfeitas com o tamanho pequerrucho. "Mania de peitão", já cantarolou Seu Jorge.

Vendo as fotos da Bandida na Sexy, exclamei: "Bendita peitchola!". Logo depois a ouvi no Pânico: "Calibrei com 400ml", comentou com o Emílio Surita. Abro um parêntese: Porra, 400ml? Isso dá mais de uma latinha de refrigerante em cada seio! E, se pelas fotos já fica estranho, imagina ao vivo! São duas bolas de futsal no tórax da guria! E o namorado? Quando apalpa aquilo, deve se sentir numa feira. "Opa, hoje está maduro!".

Não sou tarado, ou coisa parecida, mas, sempre que posso, dou uma olhadela na Playboy ou Sexy do mês. Gente, é moda ter peito torto? Aquela Adriana Bombom é de assustar! Fica um mamilo apontando pra a lua e o outro para escanteio! A Solange Gomes, Renata Banhara e outras inúmeras "modelos" seguem a mesma regra: o peito torto e estranho. Até a Globeleza aderiu à onda. Até ela!

Na academia, outro dia, uma baita loira fazia abdominais, com uma macacão vermelho justíssimo, naquela bola terapêutica. Visto de longe, enxergava-se três bolas vermelhas e uma cabeleira oxigenada. A cada intervalo de exercício ela ajeitava a sua comissão de frente, que insistia em dar o ar da graça, escapulindo para fora. Apenas os olhares bem treinados percebem que, no meio daquelas colinas de plástico, há um humilde aparelho celular. Escondidinho.

Querem ver um fake boob bonito? Reparem na esplêndida Ana Hickmann. Mal se dá para notar, ficou lindo! A modelo e apresentadora afirmou que siliconou (até virou verbo!) apenas para deixar o corpo mais harmônico. Colocou pouquinho e serve de exemplo para a mulherada. Quer turbinar? Que seja um trabalho de bom gosto, bonito e, obviamente, com um cirurgião capacitado. E que fique com aparência mais natural possível, por favor.

Pois peito estrábico, ninguém merece!

4 de fev. de 2005

Quatro sisos e um paciente - Vol. II



Sorocaba, 20 de janeiro de 2005

- Gustavo, pode entrar.
Três segundos e já ouço do dentista:
- Que raios é este diskman em suas mãos?
Respondo:
- Ah, nem a pau que vou ouvir tu serrar os meus dentes!
Ele ri:
- Gente, vou até anotar isso. Nunca vi alguém fazer essa coisa!

Pois é, amigos leitores. Eu levei um diskman para a poltrona do dentista. Pensei nisso enquanto tentava dormir. "Pô, genial!". Escolhi um CD com trilhas sonoras orquestradas. Algo bem relaxante. Percebo que o Jango só ri, não acreditando em seu paciente, todo nervoso, ouvindo música.

Recebo as primeiras aplicações de anestesia. Duas ampolas cheias, que maravilha (foram oito no total). "Quando você não sentir o seu queixo é que ela pegou", ouço. Uns dez minutos depois eu toco a minha boca. Não sinto nada. Passa pela minha cabeça colocar um piercing no lábio (sei lá o motivo). Ele anuncia: "Vamos começar".

Enquanto ele pede para eu abrir a boca, aperto o play do aparelho. O som é aquela linda entrada de piano de Central do Brasil. Fecho os olhos e imagino o Josué de mãos dadas com a Fernanda Montenegro, que tenta dar uma cantada no caminhoneiro. Enquanto minha gengiva é aberta, parece que estou em outra dimensão (olha a anestesia dando uns baratos!).

Não ouço nenhum som externo, apenas a música. Duas faixas depois vêm um barulho de arrepiar. "Tsuiiiin". Abro o olho-direito e só vejo uns pontinhos de sangue no avental do Jango. Sai uma pequena fumaça, que medo! Em um "momento Tarantino", algumas esguichadas de meu sangue jorram nas lentes dos óculos do dentista. Sensacional é a trilha que envolve o meu primeiro siso a ser extraído: aquela musiquinha do E.T, a da famosa cena da bicicleta e da lua. Estou lá, deitado e sangrando às pampas, e aquela música tão amorosa...

Com um tipo de alicate ele me mostra o objeto. "Vai ter rabo assim no inferno! Olha o tamanho da porra!". É genial ter um dentista com um linguajar tão coloquial. Vejo uma coisinha pequena, branca, envolta de sangue. Sinto um carinho pelo meu dente, algo maternal, sabe? O segundo siso arrancado, apesar de todas as complicações em torno dele, não era tão bonito quanto (também ele foi quebrado em trocentos pedaços). Eu só pensava no meu primeiro siso, meu primeiro filhote. Queria levá-lo para casa, pôr num vidrinho de formol ou fazer um chaveiro com ele. Seria o meu amuleto.

Tudo correu muito bem, e rápido demais. Quatro sisos arrancados em uma hora, espetacular! Como alegria de pobre dura pouco, as pilhas não agüentaram o baque e acabaram. Mas eis, que do nada, a assistente Luciana traz novas pilhas. Tento abrir um sorriso, mas a minha boca está mole, não sinto patavina. A língua nem se fala. Vira- e- mexe eu engasgava.

O terceiro siso, que estava deitado, foi um sofrimento. O engraçado era que, no exato momento que ele estava para sair, tocava a trilha do Forrest Gump. Mentalmente eu incentivava-o. "Vai dentinho, vai!". E o som de violinos ao fundo, ditando o ritmo, enquanto mais sangue era esguichado.

Após a operação, eu fiquei com a cara muito inchada, cuspia sangue pra caramba! Meu rosto ficou enorme, parecia o Fofão. Entupi a cara de sorvete, fiquei dias sem dormir direito.

O que mais me entristece foi o sumiço do primeiro siso, o meu filhote. A empregada viu uma trouxinha em cima da mesa de jantar (sim, eu realmente iria fazer um chaveiro com ele) e jogou-a no lixo. Tadinho, ele era tão bonito, grandão, mostrava opulência.

Já tinha até nome: Josué.

2 de fev. de 2005

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Pois é, rapaziada! Finalmente uma cara nova para este pequeno ser. Com a ajuda milagrosa da Bruna, e com os maravilhosos pitacos do entendedor de html, Ronald Rios, o Daqui pra Lá! está com cara nova. Ficou bonitão, né?
Vou postar meus contos "tarantinescos", à la "Kill Bill". Escrevi dois volumes para a saga envolvendo os meus sisos.

No primeiro volume há muito diálogo e romantismo, tal qual "Kill Bill 2"". Já o segundo volume da história tem sangue para todos os lados, e muita ação - Kill Bill 1".

Simbora!


Quatro sisos e um paciente - Vol. I



Sorocaba, julho de 2004.

Tudo começou há seis meses. Ao fazer uma rápida limpeza nos meus dentes (tirar tártaro, passar flúor...), meu dentista, ao cutucar a minha gengiva, deu um muxoxo:
- Hummm...
Tocava-a novamente e dava um sorriso sarcástico. Aflito, perguntei:
- Que foi, Jango?
Ele deu risada.
- Suas gengivas estão grávidas!
Não entendi.
- Hein?
Riu novamente.
- Teus sisos estão para nascer.

Alerta de pânico, gota de suor descendo da nuca, passando pelas costas, arrepio gostoso - morra de inveja, Maryeva. Passo a língua no fundo de minhas gengivas; não acho nenhum sinal delas estarem prenhas. Medo. Odeio anestesia, sangue, poltrona de dentista, aquele sugador de baba que faz um barulho estranho. Fito-o. Ele pergunta:
- Então, quando vamos tirar os rapazes?

Para que, meu deus, tirar os "rapazes". Estão tão bem em minha boca, num lugar escondido e quentinho. Por que incomodá-los? Abrir a gengiva, extraí-los, deixar um rombo em minha boca, ficar com a cara toda inchada, tal qual o Rocky após levar uma sova do Apollo.

Em suma, tiro uma tal de radiografia panorâmica. Resultado? Meus dentes estão, como disse meu pai, "encavalados". Os sisos empurram os dentes conforme eles vão nascendo. Sabe aquela idéia de dominó? Empurra a ultima fileira, que vai derrubando um por um? Então, digamos que os meus sisos são os da última fileira. Estão batendo contra meus dentes, diminuindo os espaços deles. Ou seja, ficarão tortos. Arranco os "rapazes" ou decido ficar igual o cantor do Molejo. Andrézinho, sabe a brincadeira que eu mais gosto?. Ai...

Sorocaba, dezembro de 2004.

- Aí, Jango! Trouxe a tal da radiografia panorâmica.
- Você só tirou ela agora?
- Não, dã! Tirei assim que você pediu.
- Mas por que não me trouxe em julho?
- Ah, esqueci...
- Esqueceu?
- Não quero tirar os sisos...
- Tá bom!
- Sério?
- Fica com a boca torta, fica!
- Ah, tá bom...
- Então, tiremos?
- ...
- Então, tiremos?
- Calma, pô! Estou pensando!
- Pensando no que, filho de Deus?
- No cantor do Molejão, o da "Dança da Vassoura".
- Por quê?
- Nada não...
- Posso marcar pra janeiro?
- Pode, vai...
- Que tal dia 20?
- Cai quando?
- Numa quinta.
- Beleza...
- Ok, nos vemos no dia 20. Vá preparando o psicológico!