31 de ago. de 2009

RIP AM

Esqueci de comentar aqui a morte do DJ AM. Não conhecia nada do cara até saber daquela história em que ele e o Travis Baker (baterista do Blink 182) sobreviveram a um desastre aéreo. Meio louco isso do cara escapar dessa e depois morrer de (suposta) overdose, não? Pós-trauma dos infernos.

Mas não é disso que quero falar. Quando estive na Califórnia, há um mês, várias pessoas diziam o quão incrível era o projeto musical que os dois estavam apresentando nos últimos anos pelos EUA. Daí fui pesquisar no YouTube e achei wow. Sente só:



Foda, né? O DJ soltava tudo quanto é som na vitrola e o Travis o acompanhava na batera. Na E3 deste ano eles se apresentaram na festa da Activision para o DJ Hero.

Um pena.

Tem ziriguidum no novo 'V'


Tudo bem que o revival da década de 80 foi há alguns anos, mas isso parece não importar para a rede americana ABC. Uma das grandes apostas da emissora para este ano é o seriado de ficção científica V, remake de V - A Batalha Final, minissérie que passou na Globo e no SBT há duas décadas (e continua no ar na TV fechada, no TCM). A versão repaginada chega ao País entre o final de outubro e começo de novembro, pelo Warner Channel.

Entre os nomes que compõem o elenco, destacam-se duas figuras conhecidas do mundo das séries: Elizabeth Mitchell, que até pouco tempo fazia a Juliet, de Lost, e Scott Wolf, de Party of Five. Mas, para nós brasileiros, vale mesmo ficar de olho na bela Morena Baccarin.

A carioca será Anna, a líder de um grupo de alienígenas que espalha suas naves extraterrestres por diversas capitais do mundo – teoricamente, em uma missão pacífica. Na verdade, os aliens são lagartos carnívoros disfarçados de seres humanos, que estão por aqui a fim de conquistar o planeta Terra.

"É o mesmo conceito, baseado no original, mas é uma versão atualizada, com mais efeitos especiais", ri Morena, em entrevista ao Estado durante o evento Comic-Con, em San Diego, Califórnia. "É similar, mas não é o mesmo", enfatiza.

A atriz deixou o Brasil aos 7 anos de idade para morar com a família em Nova York, onde estudou artes cênicas na Julliard. Seu rosto é conhecido entre os fãs de programas de sci-fi – ela estrelou as séries Firefly e Stargate SG-1, além de participar dos seriados The O.C. e How I Met Your Mother.

"Lembro que assistia V - A Batalha Final em minha casa, no Brasil. Eu achavam bem assustador", brinca. "Volto o tempo todo para lá, minha família é do Rio. É um lugar maravilhoso para viver, sinto muita falta", diz. Morena diz estar preparada para as comparações que terá de lidar com a produção original do passado, que tem um séquito de fãs fiéis. "A ideia é não ignorar o original, mas haverá algumas surpresas", adianta.

Ela diz que não assiste a nada da televisão brasileira há muito tempo, mas revela um sonho. "Adoraria fazer filmes brasileiros e novelas! Pena que elas são um pouco longas".

* Entrevista feita para o Estadon

27 de ago. de 2009

Dos palcos para a internet


O teatro brasileiro vem usando com sucesso a internet como uma ferramenta de divulgação. Que o diga os onipresentes espetáculos de stand-up, verdadeira febre no YouTube, bares e casas de espetáculos nacionais. Então se essa combinação dá certo, por que não um teatro virtual?

Esse é o paulistano Teatro para Alguém, idealizado há nove meses pela atriz e diretora Renata Jesion. O projeto exibe peças teatrais na internet, algumas ao vivo, outras não, e atrai artistas de todas as áreas dispostos a experimentar essa nova linguagem. Desde jovens recém-formados em artes até escritores, diretores e dramaturgos tarimbados, como Lourenço Mutarelli, Mário Bortolotto, Antônio Prata e José Mojica Marins.

Conversei com Renata por telefone, que contou como é encenar uma peça pela internet.

O nome do projeto já explica tudo, não?
Para alguém que queira ver. A gente vai até alguém. No começo, nosso pensamento era esse: bastava que alguém estivesse em frente ao computador para nos ver. Foi assim até a primeira parte. Na segunda, descobrimos quem é que nos assiste ao vivo, quem vê nossos espetáculos. E a brincadeira toma gosto.

E na internet existe alguém mesmo?
É uma situação que todo artista já viu. Às vezes tem 800 pessoas na plateia; outras, ninguém. Então, após 18 anos vivendo isso, pensei: "se é para fazer para ninguém, que seja ninguém na sala da minha casa". Mas o ator, o autor, precisa de testemunhas. Então estamos aí agora, para alguém.

O Teatro para Alguém diz ser uma casa, com vários cômodos, onde cada sala é um palco. Como cada uma delas funciona?
Cada sala tem uma característica. O sótão foi pensado para escritores e dramaturgos. Uma vez por mês, passamos uma peça ao vivo de 30, 50 minutos, o tempo que for. Depois ela vai para o site, dividida em atos de 10 minutos. Trabalhamos com conteúdo em alta definição e esse é o limite do YouTube, fazemos questão de pôr as peças lá também. Daí você desce um andar e estamos na sala de estar, dos autores literários e dos cronistas. Convidamos pessoas dessas áreas para que elas nos escrevam algo para encenarmos. Também acontece uma vez por mês, ao vivo. O outro andar é a sala exclusiva do Lourenço Mutarelli. Ali não é ao vivo, porque seu trabalho tem formato de seriado, é uma antinovela. Toda terça e quinta-feira temos um episódio novo de Corpo Estranho. Já no porão ficam as peças antigas.

Quantas peças já foram encenadas virtualmente?
Considero cada episódio de Corpo Estranho uma produção. A segunda temporada tem 20 episódios, assim, quando ela chegar ao final, teremos 46 produções ao todo. Somos malucos, o Teatro para Alguém exige uma energia e um dinheiro que não temos. É grana do nosso bolso. Mais dois meses assim não dá, já pedi até empréstimo. Todo mundo é generoso com o projeto, quer desbravar essa nova mídia com a gente. Fornecemos um cachê simbólico para os nossos convidados, para não dizer que é de graça, apesar de ser. Precisamos de dinheiro para crescer, para melhorar nossa infraestrutura e também remunerar os artistas. E trazemos uns putas artistas! Se o link de uma produção ao vivo ultrapassar 1.000 espectadores, ele cai. Isso já aconteceu. Lotamos um (teatro) Sérgio Cardoso por dia (risos). Levávamos 6 meses para uma peça atingir até 50 mil acessos, hoje conseguimos isso num mês. É muita gente vendo algo cultural na íntegra.


É muito complicado conseguir patrocinadores para um projeto como esse?
Por incrível que pareça, depois de nove meses agora são os patrocinadores que batem na nossa porta. Sempre foi o contrário: eu apresentava o conceito e eles não entendiam como tirar proveito dessa nova mídia. Estamos em conversa com duas, três empresas, que estão chegando.

O Teatro para Alguém é um espaço para revelar novos talentos da dramaturgia?
O projeto é totalmente democrático por ser gratuito e chegar a lugares onde o teatro não comercial não chega. Trazemos conhecidos e desconhecidos, resgatamos autores parados e apresentamos o novo que está acontecendo. Um núcleo de 12 dramaturgos formados no SESI nos procurou e o resultado será 12 peças diferentes. Já estamos no 10º autor. Por que não revelá-los? Tem cinco, seis peças ali que são um primor.

Afinal, o Teatro para Alguém é teatro, é cinema... O que ele é?
No começo, diziam que não era teatro, porque não existia um público ali pulsando. Olha, os atores passam de um a dois meses ensaiando, a câmera é estática. Tudo é feito em plano sequência, sem cortes. É um hibrido de cinema e teatro, nosso discurso é a busca de uma nova linguagem. Não achamos um rótulo para o que estamos fazendo, e estamos longe de achar. (risos)

* Matéria publicada no Virgula

16 de ago. de 2009

Entrevista com os vampiros



LOS ANGELES - "Nosso show é mais real o que os outros. Olha, acho que se Los Angeles fosse invadida agora mesmo por vampiros, eles seriam assim. Se é que isso faz algum sentido": a atriz Rutina Wesley profere a frase e solta uma gostosa gargalhada para resumir a um grupo de jornalistas (que inclui este, do Estado) o que o elenco de True Blood passa.

A produção da HBO, que está na 2ª temporada e é hit de audiência na televisão (e na web), segue a moda de trazer livros de sucesso sobre esses seres sobrenaturais para as telas – seja do cinema ou da TV. Além do fenômeno teen Crepúsculo, em novembro chega ao Warner Channel o seriado Vampire Diaries.

A comparação é inevitável e rende comentários pouco ortodoxos. "True Blood é mais f.., para os adultos. Crepúsculo é para minha irmãzinha", alfineta o ator Nelsan Ellis, o "discreto" Lafayette.

Na história criada pela escritora Charlaine Harris e adaptada por Alan Ball (leia mais aqui), japoneses criam a bebida Tru Blood, que simula o sabor do sangue. Assim, os vampiros não precisam mais sair à noite atrás das jugulares alheias. Poucos aderem à novidade – caso de Bill (Stephen Moyer), um elegante "sugador" centenário que se apaixona pela garçonete Sookie (Anna Paquin). Ela se interessa pelo imortal por um motivo: é telepata e sempre sofreu com esse dom. Mas não consegue ler a mente dele. Afinal, ele está morto!

True Blood não é mais uma história sobre o relacionamento de um vampiro com um ser humano. É um drama com piadas de humor negro, que faz da inserção dos vampiros na sociedade uma metáfora para falar sobre os preconceitos sociais e morais que existem nos EUA.

O seriado caiu no gosto do público e da crítica, que deu a Anna o Globo de Ouro de melhor atriz. Mas quem rouba as cenas são os coadjuvantes. "O show não é apenas sobre Sookie e Bill brincando na cama", ri Anna. "Aqui não tem a presença do personagem principal. Você vê 12 histórias diferentes que se conectam", completa Rutina, a elétrica Tara.

PROTETOR SOLAR FATOR 50

A série é rodada durante seis meses em New Orleans, Luisiana. Sua produção tem várias curiosidades. Para ficarem com a aparência pálida, os vampiros não se submetem apenas a muito pó de arroz. "Não vou à praia e uso protetor solar número 50", ri Alexander Skarsgård, que faz o vampiro/xerife Eric. As olheiras também não são fruto de pura maquiagem.

"Agora a gente grava muitas cenas em estúdios, mas no primeiro ano eu sofri. Só tinha cena externa, à noite, porque não podemos sair ao sol", explica Moyer que, ao lado de Skarsgård, provoca os instintos mais primitivos das telespectadoras. "Senhoras pedem para tirar foto comigo na rua. Daí viram o pescoço e pedem: ‘me morde?’", ri ele, que teoriza sobre o sucesso. "Os vampiros são seres de outro tempo, têm aquela aparência gótica e são românticos. Isso é muito atraente", diz. "Além do mais, somos fortes, poderosos e com uma energia sexual incrível!"

Mas o assunto que mais rende entre os atores é o sabor do sangue fictício, mistura de xarope com corantes. Skarsgård gosta, diz que é doce. Já Anna... "No primeiro dia perguntaram se queria o sangue com açúcar ou sem. Tomo refrigerante diet, então já viu... É horrível e tem gosto de bunda", resume.

Nota: agora, o sangue que ela bebe é xarope de morango.

Entrevista com Alan Ball: "VAMPIRISMO É PURO SEXO"

O nome de Alan Ball foi citado durante toda a entrevista com o elenco de True Blood. Um show assinado pelo criador de Six Feet Under, roteirista ganhador de Oscar (Beleza Americana, 2000), foi o motivo que mais pesou na hora de convencer os atores a fazerem testes para a série – além de ser uma produção da HBO, claro. Antes de ser paparicado pelo elenco, Ball falou ao Estado.

Por que hoje temos tantas produções sobre vampiros?
Faço uma piada que é porque nós tivemos, aqui na América, nos últimos oito anos, um vampiro presidente que nos sugou até nos deixar secos (risos). Honestamente, não sei dizer por quê. Os vampiros sempre foram seres atemporais.

Por quê?
Eu acho que existe essa tensão sexual, desde o Drácula de Bram Stocker e da Era Vitoriana. Sexo era algo escondido, essas histórias eram uma boa metáfora para falar de sexualidade. Se você pensar, o ato do vampirismo, de peles penetradas e fluidos corporais sendo trocados, é totalmente sexo.

O show usa a inserção dos vampiros na sociedade como uma metáfora para falar do racismo e do fanatismo religioso na sociedade americana. Como você criou essa abordagem?
Isso já estava nos livros e foi um dos motivos que me fizeram gostar tanto deles. Porque parece fresco. Comprei o primeiro livro da série por impulso: estava 20 minutos adiantado para uma consulta no dentista, então dei um pulo na Barnes & Noble. Algo me disse "compre". Se fosse uma história tradicional de vampiros, eu não teria gostado. O jeito com que ela (Charlaine) trata as questões sociais e faz do vampiro uma metáfora para isso, como o culto e a fantasia de se transar com um, de beber seu sangue, ou mesmo a perseguição religiosa, foram sacadas que transformam a obra num entretenimento legal, sexy e assustador.

Por que na série temos mais personagens afro-americanos do que na obra original?
Bem, estamos falando de uma Luisiana, então como não ter grandes personagens afro-americanos? O único que existe nos livros, de real importância, é o Lafayette. Já a Tara é só uma amiga da Sookie e eu não quis que ela fosse mais uma caucasiana bonitinha.

'True Blood' e 'Six Feet Under' estão relacionados com a morte, de certa forma. Esse é um assunto que o fascina?
Passei cinco anos num show que trabalhava com o fato de que todos vamos morrer um dia. Pensei: "O.K., acabei com esse lado pesado." E o livro me pegou por ser engraçado! True Blood não mostra a realidade da morte, é um cartoon, não é o vilão de Six Feet Under. Por causa do acidente de minha irmã (ele a viu morrer em um acidente de carro), tenho outra percepção da morte, é algo que me fascina. Recentemente perdi um cão e realmente fiquei de luto. Mas é um assunto que não me assusta mais: agora fico em frente a um túmulo, choro por quatro minutos e sigo em frente. Quando perde-se alguém que ama, você a homenageia com sua dor, mas depois deve entrar em paz.

* Matéria publicada no Estadão

12 de ago. de 2009

Comic-Con, a verdadeira vingança dos nerds

Durante as últimas duas semanas, estive nos EUA, meio que trabalhando, meio que de férias. Em relação à primeira parte, fui cobrir a Comic-Con, um antigo sonho.

Para quem caiu de paraquedas, a Comic-Con é o maior evento de cultura pop (ou nerd) do mundo. Nasceu há 40 anos, para celebrizar a cultura dos quadrinhos e estreitar a relação entre artista e fã. Com o passar dos anos foi crescendo, e hoje abriga filmes, seriados de TV, games, mangás... E HQs, lógico.

Durante os 4 dias em que estive no evento, encontrei pessoas de todas as idades que, ao primeiro olhar, parecem serem nerds, daquele tipo que a gente imagina ter saindo de um filme dos anos 80 que é exibido exaustivamente nas sessões da tarde. Mas, na verdade, são bem diferentes. Pois não são nerds sociais, que não vivem enclausurados, dentro de uma bolha. O grande exemplo é a relação desse público com a tecnologia: eles gostam do digital pelo o seu elemento puramente social.

Na Comic-Con, os freqüentadores são grandes admiradores de gadgets. Se gostam de uma filmadora, ela não precisa ser top de linha, com disco rígido interno ou fazer filmetes em HD. Serve a Flip, aquela pequena, de bolso, que filma em qualidade razoável mas passa os vídeos diretamente para o YouTube. Videogame portátil era jogado em rede, via Wi-Fi. O iPhone, cuja câmera está aquém da os seus concorrentes, era figurinha fácil no evento graças a sua facilidade de navegação na internet. As pessoas usavam o celular da Apple para tirar fotos dos famosos e das pessoas fantasiadas. Em segundos essas imagens estavam no Twitter. Comic-Con, aliás, foi a #hashtag líder dos trending-topics do microblog nos dias do evento.

Esse tipo de comportamento é o que a indústria do entretenimento tanto procura. O nerd é hoje o grande consumidor a ser atingido. Por isso que a Comic-Con traz em primeira mão os grandes lançamentos da cultura pop, que cada vez mais pode ser chamada de cultura digital.

Nos cinemas, só deu filme em 3D – que o diga o sucesso tremendo da exibição de Avatar, de James Cameron. Em relação aos quadrinhos, o mestre Stan Lee apresentou uma HQ multimídia, Time Jumper, para o iTunes e celulares. A produção de conteúdos televisivos para a internet roubou a cena. Do lado de fora do Convention Center, a cada dois passos se recebia um flyer sobre uma nova websérie. Lá dentro, Lost punha no ar um site que promete ser seu mais novo game de realidade alternativa (ARG). Grande novidade da edição 40, as sessões de How To ("Saiba Como") ficaram marcadas pelas aulas que ensinavam como criar games para celular ou quadrinhos para o iPhone.

Mas o que tem o nerd de tão especial?

Ora, ele é o consumidor perfeito. Que, quando se identifica com um produto, venera-o imensamente. Veja uma serie de TV. Esse novo espectador a assiste primeiro pela internet, pega a reprise na televisão fechada, na aberta, e compra o box da temporada em DVD. Também é um formador de opinião, que vai usar sites, blogs e microblogs para gerar um buzz em torno da atração.

É um poder tão grande que pode evitar que um programa de baixa audiência não seja cancelado. Um exemplo é Chuck, cujos fãs criaram um movimento gigantesco na internet para a série ser renovada – até patrocínio conseguiram! Zachary Levy, o protagonista da atração, participou intensamente da campanha. "Tenho certeza que a gente não teria uma terceira temporada se não fosse o nosso público", contou.

Também em entrevista, Chuck Lorre, criador das éeries Two and a Half Men e The Big Bang Theory, definiu bem o papel do nerd atual. “É o novo super-heroi, a pessoa que vai salvar o nosso futuro”.

Quando diz “nosso futuro”, ele não está se referindo à indústria do entretenimento. Mas a nós, cidadãos comuns.

* Gostou das imagens que ilustram este post? Fiz um álbum no Flickr com o melhor do que foi registrado pela minha câmera. Vai lá!

11 de ago. de 2009

MotionPlus deixa a jogabilidade do Wii ainda mais revolucionária


Quando o Wii foi lançado, em 2006, o mundo parou para admirar a jogabilidade revolucionária do console da Nintendo. Um joystick sem fio, para ser segurado na vertical, tinha um sensor de movimentos que reproduzia na tela de TV os gestos feitos pelo gamer. O vídeo do desenvolvedor Shigeru Miyamoto e do cineasta Steven Spielberg disputando uma partida de tênis no jogo Wii Sports, durante a feira de games E3, varreu a internet.

Três anos depois, e novamente na E3, a Nintendo anunciou o Wii MotionPlus, um periférico do tamanho de uma caixa de fósforos a ser acoplado ao controle. Em tese, ele dá uma precisão ainda maior ao sistema de reconhecimento de movimentos em 3D. A leitura é exibida na tela de forma mais idêntica e em tempo real. Um tempo de resposta 1:1, prometem.

O acessório, à venda por US$ 25 nos EUA desde o mês passado, é um fenômeno de vendas. Mas consegui descolar um durante minha última viagem aos EUA.

A primeira impressão é a de que a jogabilidade do Wii ficou ainda mais revolucionária. Dois games foram testados com o Wii MotionPlus: Wii Sports Resort, que acompanha o periférico em um pacote de US$ 50, e Grand Slam Tennis, desenvolvido para ser jogado com o acessório.

Resort é uma versão praieira de Wii Sports. São disputas de arco e flecha, canoagem, frisbee, ping-pong, golfe, dentre outros, que exigem do gamer um bom manejo do joystick. Logo de cara dá para notar como o MotionPlus deixa a jogabilidade mais sensível. É preciso fazer muito mais esforço para acertar a flecha no alvo ou não bater a bolinha de golfe para muito longe. A mudança no quesito "força" é impressionante.

Porém, não houve grandes alterações ao compararmos o jogo de ping-pong do Resort com o de tênis do Wii Sports. Para poder mudar a direção da bola ainda é preciso fazer um certo movimento brusco. Não é algo muito real.


RAQUETE VIRTUAL

Foi nos testes com o jogo Grand Slam Tennis que o Wii MotionPlus brilhou. O lançamento da Electronic Arts é o melhor game de tênis para o Wii já lançado, apesar dos gráficos razoáveis. Jogamos primeiro sem o periférico e a análise foi que o jogo é difícil. Conseguir ganhar um set foi algo possível apenas na terceira partida. A velocidade da bola não é alterada conforme se bate na bolinha. Dá para tirar o seu peso e levantá-la apertando os botões B e A, respectivamente.

Já com o uso do acessório isso muda. Grand Slam ficou ainda mais difícil e foi preciso suar (literalmente) para faturar um único game. O jeito de jogar com o joystick faz toda a diferença, não basta apenas movimentá-lo. Para quem é destro, por exemplo, ao fazer um gesto mais suave de esquerda, o Wii MotionPlus interpreta isso como um Slice. Ao rebater mais forte, sai um Backhand. Com o tempo dá para aprender como bater na paralela e na diagonal - assim como jogar a bola rente à rede, com força.

Não fique desanimado se no começo você mandar várias bolas para fora. Demora para pegar o jeito, pois o joystick fica muito mais sensível com o Wii MotionPlus. Um acessório que, conforme os jogos aptos para sua tecnologia forem sendo lançados, será um elemento essencial para os fãs do Nintendo Wii.

* Texto publicado no Virgula

8 de ago. de 2009

Top 5: Filmes de John Hughes (1950-2009)

Uma homenagem ao diretor que alegrou a minha infância com seus clássicos da 'Sessão da Tarde', o rei dos filmes de Adolescentes, e que também mostrou ao mundo que os nerds podem ser heróis - tipo pegar a menina mais bonitinha do colégio (nem que seja uma artificial, como a criada pelo computador de 'Mulher 1.000').

1) Curtindo a Vida Adoidado (direção)



2) Esqueceram de Mim (roteiro)


3) Mulher Nota 1.000 (direção)


4) Clube dos Cinco (direção)


5) Beethoven (roteiro)




3 de ago. de 2009

Currículo.com

Quando a atriz Liana Naomi, de 25 anos, começou a atuar na websérie Mina & Lisa, uma produção independente na internet que acumulou mais de 500 mil acessos em 24 episódios, nem imaginava os sustos que teria pela frente. O primeiro deles foi quando o diretor Jayme Monjardim viu o trabalho, gostou, e a convidou para uma ponta na minissérie da Globo, Maysa - Quando Fala o Coração. O segundo veio da atriz e produtora de elenco Cecília Homem de Mello, outra admiradora do seriado online. O apreço resultou em mais um convite - Liana é a Emília de Som & Fúria.

"Mina & Lisa foi um jeito de exercer minha profissão, atuar. Não tinha ideia de que a viriam tanto, é totalmente inacreditável", revela. "Quando cheguei no Projac, a recepcionista logo me reconheceu, eu era 'menina da internet'", brinca.

Este é o exemplo mais recente de uma prática que tem se confirmado como tendência na TV brasileira: a contratação de pessoas que despontam na internet. É o ator que usa a rede para criar produções próprias, o comediante que cria esquetes no YouTube, a menina que faz sucesso no álbum virtual, o blogueiro de humor ácido...

Esse tipo de internauta não atrai os profissionais da televisão apenas pela fama virtual. É pelo talento mesmo. Se no passado um ator requisitado era aquele que também sabia dançar e cantar, o de hoje é aquele escreve um roteiro, dirige e edita um vídeo. "A internet serve para mostrar o seu trabalho, mas principalmente faz você aprender tudo sozinho. Não sabe algo? Busque um tutorial. Quer saber qual é a qualidade do seu trabalho? As críticas e elogios vêm como uma avalanche. É uma puta experiência", diz MariMoon, a colorida garota dos fotologs que é VJ da MTV desde 2008.

Para o ator Felipe Reis, de 25 anos, esse é o "profissional pensante". Ele surgiu na mídia com a websérie Conversas de Elevador. Desde o começo do ano ele virou repórter e apresentador do programa Nossa Língua, da TV Cultura."O ator é um criador acima de tudo. Como eu escrevia, dirigia e atuava no Conversas, tenho uma visão mais ampla do processo", conta. "No programa eu posso palpitar, falar de maneira construtiva sem ser chato. O ator pensante acrescenta à obra."Solange Martins, diretora do Nossa Língua, comenta que o fato de Reis ter uma produção na internet não foi crucial para sua aprovação, afinal, ele tinha de mostrar que, de fato, era bom. Mas admite que sua experiência na web o credenciou para um fator-chave: a habilidade de falar com o público jovem, conectado, espectador almejado por nove entre dez emissoras.


"A internet tem essa visão de ser algo 'mais pra frente', o que conta muito", comenta Lynn Court, de 24 anos, apresentadora da TV Globinho desde este mês. Ela, que comandava antes um programa de cinema no site de uma operadora de celular, explica outro benefício de ser uma artista 2.0. "Ganhei um portfólio em vídeo, de acesso muito mais fácil. Emissoras e produtoras puderam ver minha desenvoltura, como eu interagia com o público. Eu nunca fui chamada pra nada pela Globo quando eu fazia teatro e só ficava mandando foto", ri.

SITE DA MTV SERVE DE ESCOLA

A MTV tem em seu site, o www.mtv.com.br, uma escola de formação de VJs. A página costuma abrir espaço para parcerias com vários blogueiros famosos e produtoras independentes, que têm grandes chances de irem para a TV. É um laboratório para o canal", costuma repetir Mauro Bedaque, gerente de Conteúdo do Portal MTV."A bagagem da web dá segurança na hora de ir para a TV. Traz um know-how da comunicação com o público. Não adianta apenas bombar na rede, pois a audiência na TV é muito maior", explica.

Um bom exemplo é Didi Ferreira, repórter do Furo MTV. Conhecido na web como um dos colaboradores do blog Te Dou um Dado?, ele primeiro ganhou um blog dentro do site do canal. Em seguida, um programete online. Daí até cavar um espaço na televisão foi quase um ano."Fui ficando mais à vontade. Minha linguagem teve de ser adaptada, pois TV é mais popular, enquanto a internet fala de um jeito mais moderno, que atinge um público novo, mais formador de opinião", conta.

Segundo Bedaque, as parcerias são um processo natural. "A internet é uma rede social, feita para descobrir novidades. Pode ser uma nova namorada, um novo apresentador ou roteirista", exemplifica. O termo "processo natural" foi muito usado durante as entrevistas para esta reportagem. Possivelmente ninguém pode afirmá-la melhor que o publicitário Antônio Tabet, mais conhecido pela alcunha de Kibe Loco. Há quatro anos ele é roteirista do Caldeirão do Huck, na Globo.

"Na internet cada um é editor de si mesmo. Eu já trabalhava com redação, o blog só deixou meu trabalho mais visado, o que ajudou na minha contratação", diz. Para ele, a migração de profissionais da web para a TV põe fim a um mito. "Acaba com aquele papo de que a internet vai acabar com a televisão. São duas mídias que convergem muito bem".

10 ANOS DE VÍDEOS ONLINE


Pioneiro na produção de vídeos online, Rafinha Bastos é do tempo em que não existia YouTube nem internet banda larga. Na Página do Rafinha, há 10 anos ele filmava suas esquetes, paródias e imitações. Quem fosse assistir tinha de fazer o download - um vídeo de 3 minutos levava um dia inteiro para ser baixado!

Tempos depois, ele se tornou um dos comediantes mais famosos do YouTube, graças aos seus vídeos de stand-up. Desde 2008 ele é um dos âncoras do jornalístico-humorístico CQC, da Band. E avisa: "essa separação entre internet e televisão vai acabar".

Por que vai acabar?
Os veículos estão cada vez mais se encontrando. Tem vídeo do CQC que bomba mais na internet, tem vídeo da internet que bomba mais no CQC. Vai acabar essa curiosidade em relação à internet, de ela ser um modelo alternativo. As esquetes do (espetáculo teatral) Improvável têm mais audiência no YouTube do que na televisão. O Twitter tem mais visibilidade que TV. O.K, exagerei.

Como você vê a migração de talentos da internet para a TV?
É uma convergência natural. O pessoal que produz vídeos na internet tem mais conhecimento sobre o processo, pois tem de fazer tudo sozinho. Por isso é que dali saem os trabalhos diferenciados. Na internet não existe um Boninho por trás do seu trabalho.


Apesar de estar na Band há um ano, você continua a criar vídeos para a internet. Por quê?
Cara, tenho tesão de interagir com o meu público. Isso parece fala de gente idiota que quer ganhar ibope, mas eu me divirto muito em fazer coisas da minha própria cabeça, sem receber a influência de ninguém e ter um feedback. Descobrir essa conexão direta com o público me viciou! Tem pessoas que me seguem na internet há dez, cinco anos. É muito legal o público ver o meu amadurecimento profissional - há vídeos que fiz vestido de mulher há 8 anos (risos). É um orgulho!

*Matéria publicada no Estadon