14 de nov. de 2008

Você emprestaria o seu celular por 24 horas?


Você conseguiria ficar um dia inteiro sem o seu celular? Bem, quando o meu foi para a assistência técnica, há mais ou menos um mês, eu consegui passar duas semanas sem ele. E digo para vocês: não fez falta alguma.

No começo eu estranhei, lógico. Ficava passando a mão no bolso do jeans o tempo todo à procura dele, e também sentia falta de seu uso como relógio - talvez a função que meu celular mais tenha. Nos dois primeiros dias também foi estranho não passar pelo ritual de acordar, ligá-lo e checar se alguém havia me deixado alguma mensagem. Do resto, foi uma maravilha.

Tive uma sensação de liberdade. Do tipo "tô indo ali na esquina e não tô levando celular". Ninguém podia me achar e isso era ótimo. Óbvio que minha mãe ficou uma arara com essa brincadeira, assim como meus amigos, que não sabiam como me contactar para sairmos durante os finais de semana. Pior foi quando me atrasei para o plantão das eleições e ninguém sabia onde eu estava!

Os únicos momentos em que realmente senti falta de não ter um telefóne móvel por perto foram em "situações emergênciais": tipo estava com vontade de ligar para alguém e contar uma grande novidade ou estar na dúvida sobre algo e ligar para sicrano à procura de uma opinião qualquer.

Foi desintoxicante, admito.

Cometo esse nariz de cera para falar de A Day Without a Mobile Phone, uma curiosa instalação artística de luz e som que está sendo exibida até essa sexta-feira em São Paulo. A obra das estonianas Eve Arpo e Rinn Kranna-Rõõs funciona assim: elas construíram uma árvore na saída da estação de metrô São Bento. Quem passar por lá pode "emprestar" seu celular por 24 horas, para que elas o pendurem nos galhos da árvore. Quem passar pelo local poderá ligar para os números dos aparelhos e criar uma sinfonia de ringtones.

Achei bem legal a proposta e bati um papo com a Eve na última quinta-feira, horas antes da performance da dupla começar.

Como funciona a instalação de vocês?
Nós construímos a árvore e deixamos que o público espalhe as informações. Quem for ver a instalação poderá dar os seus celulares para serem pendurados nos galhos por 24 horas. É claro que nós vamos pegar os contatos dessas pessoas, seus aparelhos estarão seguros. No dia seguinte é só voltar ao local e pegá-lo de volta. Nós vamos pôr placas que exibirão os números dos telefones pendurados. Daí quem passar pelo local poderá fazer quantas ligações quiser para esses aparelhos. O resultado é uma verdadeira sinfonia! (risos)

Por quantos países a instalação já passou? Há diferenças de reações por parte do público?
O Brasil é o terceiro país. Antes passamos pelo Canadá e pela própria Estônia. Cada lugar tem uma reação própria, mas a sensação que existe é a mesma: as pessoas não sabem viver sem os seus celulares. Na Estônia a resposta foi incrível, tivemos mais de 50 celulares pendurados. Já no Canadá nós construímos uma rede. Cidades são um ótimo playground.

Qual a reflexão que vocês querem trazer com A Day Without a Mobile Phone?
Nós usamos celulares há mais de uma década e hoje eles se tornaram parte da sociedade. Foi uma mudança enorme! Ainda mais agora, quando se pode navegar na internet e ler e-mails nele. Nós não queremos mostrar que ficar um dia sem celular seja bom ou ruim. Queremos estimular uma discussão, que as pessoas realmente sintam essa mudança.

E é possível passar um dia celular?
Eu já passei vários, inclusive nos países por onde a instalação passou. Agora mesmo eu estou sem!

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