29 de ago. de 2005

Mais uma vez eu escrevi para o Jornal Contraponto, lá da faculdade. Foi uma crônica, tirando um sarrinho da CPI e toda a glamourização que anda ocorrendo. Coisas assim. Minha avó, pela primeira vez, foi citada em um texto meu (não dos que eu publico por aqui). Ela adorou, e até recomendou que eu escreva em como a Malhação está violenta hoje em dia.

Vou pensar, nona. Prometo.

O BBB do Planalto
Como resisitir a não dar uma espiadinha com o que acontece no Big Brother Brasília?

Amiguinhos, o reality show da temporada, que deixa qualquer O Aprendiz no chinelo, que gera discussões em rodas de botequins e faz as donas-de-casa roerem as unhas, é o BBB do Planalto, o Big Brother Brasília. Trancafiados quase 24 horas em uma sala do Congresso Nacional, deputados, secretárias, senadores e até ex-esposas depõem a CPMI, seja dos Correios ou do Mensalão. Nesse jogo, todos lutam pelo grande prêmio: tirar o seu da reta.

Ao contrário dos outros reality shows, o BBB do Planalto não tem o dinheiro como prêmio a ser almejado - foi justamente o excesso do mesmo que levou todos aqueles engravatados a participarem da trama. Aliás, os participantes são um show à parte, como qualquer outro programa do gênero. O Roberto Jefferson é grande candidato a ídolo nacional. Seu talento para a interpretação, sua habilidade para mentir e os seus dotes musicais fazem desse Macunaíma do Século 21 o queridinho dos telespectadores. O Marcos Valério, com aquela aparência meio Lex Luthor, é visto como um ser do mal, e deve enfrentar o paredão o mais rápido possível.

Há até uma secretária ruiva e de aparência grotesca que almeja ser capa de revista masculina. "Só libero a perseguida por dois milhões", ela bradou aos sete cantos. Se no BBB do Planalto houvesse uma piscina - sorte a nossa de que não há - com certeza veríamos a Fernanda Karina Somaggio se exibindo de biquíni. Quem sabe ela não arranjaria um par amoroso, a fim ser uma jogadora mais forte? Aposto no Delcídio Amaral, o Antônio Fagundes do Cerrado. Atrás dos seus 15 minutinhos de fama, Fernanda Karina faz de tudo para "alavancar a sua futura carreira política".

O pessoal da TV Senado, antigamente conhecida por "tevê traço", símbolo da falta de audiência, está em festa. Brasileiros e mais brasileiros não desligam do canal por nada. Outro dia, a minha avó perdeu um capítulo de Malhação porque o Jefferson estava depondo, por exemplo. Até os programas de fofoca já se renderam ao BBB do Planalto. O Ronaldo Ésper já anda alfinetando o modo de se vestir do pessoal de Brasília, inclusive. Coitada da senadora Heloísa Helena, que só anda de jeans e camisa branca.

A mídia está afoita por algum outro escândalo, já repararam? Se o filho do ex-tesoureiro Delúbio Soares roubou jogando bafo na escola, no dia seguinte aparece no jornal: "Filho de Delúbio aprende as artimanhas do papai". Tudo feito e construído para que a peteca (a crise) não caia. Chegou a um ponto que já encheu os picuás abrir o jornal ou assistir ao telejornal, pois é sempre a mesma coisa todo santo dia! E basta alguém estar na frente de uma câmera para se achar o articulista político. Até a Hebe dá os seus pitacos sobre a crise política nacional! (detalhe: com a Heloísa Helena sentadinha naquele famoso sofá branco).

Mas, me pergunto: quando acaba esse reality show? O tempo é incerto, não se sabe quantas edições o Big Brother Brasília pode ter. A torcida tupiniquim reza para que o prêmio final do BBB do Planalto não seja aquela tradicional rodada de pizza.

23 de ago. de 2005

Priééégo!


Quando estou sem fazer nada à tarde - o que, digamos, é bem comum - sento no sofá, ao lado da vovó, e fico a apreciar os seus peculiares gostos televisivos. É um sarro! Isso acontece há muito tempo, desde quando eu passava as minhas férias em sua casa, e brigávamos quando passava um programa, o Super Market, e ela sabia de cor e salteado os preços dos produtos dos supermercados, e eu errava todos. Bom mesmo mesmo era Super Vicky. Aquilo era demais!

Levei a velha para o mau caminho, fazendo ela ficar viciada em Malhação. Eu sei, é terrível, mas eu tinha 10 anos, ora bolas! E que atire a primeira pedra quem não dava risada com o Dado, o Mocotó e toda aquela trupe da academia. Hoje não, é essa escola chata, onde todos pedem mais uma rodada de suco natural na lanchonete. Eca! Sou mais os dilemas amorosos da Fernanda Rodrigues, enquanto ao fundo tocava: "Quem sabe eu ainda sou uma garotinha...". E o que dizer do Claudio Heinrich, que pegava todas as menininhas no almoxarifado? Eu queria muito ser o Dado quando ele dava umas catracadas na Nivea Stelmann.

E vendo os atores atuais, confesso que um me tira do sério, tamanho a raiva que tenho por ele. Não, não é aquela Jaqueline, a Cicarellinha; muito menos aquela cantora de cabelo espetado e ruivo, que canta umas músicas de corno e agora toca na Jovem Pan. É o namorado dela, um tal de João, que é o exemplo perfeito do carioca escroto a partir de uma visão paulistana. Entrei no site da trama e aqui diz que ele é um pitboy, todo do mal e tals.

Assim: aquele magricela de luzes no cabelo não parece valentão e nem um exemplo de surfista pegador e galinha. Ele interpreta muito mal (só perde para aquela grandão e bobo, um tal de Marcão). E, irritantemente, tem a mania de chamar os outros de "prego". Cara, eu nunca ouvi ninguém chamar alguém de prego, porca, ventoinha, martelo ou coisa parecida. Isso só deve existir nas cacholas dos redatores da novelinha matinal.

E ele ainda fala "priééégo". Se eu estiver realmente errado, e existir algum carioca magricelo, metido a surfista, de luzes no cabelo, que não pega nem vento e ainda chama os outros de "priégo", juro, meus amiguinhos: esse mundo realmente está perdido.

20 de ago. de 2005

Pior que o Justus


Faz mais ou menos um ano que eu comecei a ser entrevistado para ofertas de estágios. Já vi de tudo um pouco. Situações engraçadas, como as famigeradas "dinâmicas em grupo", até uma mulher que ficou criticando a postura da minha faculdade antes de eu meu apresentar e sentar na cadeira!

Esse último acontecimento, na verdade, foi disparado o mais bizarro. O lugar era uma assessoria de imprensa, cujos principais clientes se resumiam a decoradores e gastrônomos. A empresa era uma casinha na Vila Olímpia. Chego lá, só mulheres no recinto - e bonitas! "Sente-se, Gustavo, que a sicrana já vai lhe atender". Esperei. Nisso, um cachorro Dachshund, o famoso "salsichinha", começa a pular na minha perna, pedindo carinho. "Deve ser parte do processo, só falta", matuto comigo mesmo. Dei umas três passadas de mão no pelo do bichano e voltei a ler uma revista.

E aí, tal como um filme pastelão, o danado começou a me encoxar. Aquele treco de meio metro começou a se engraçar com a barra da minha calça. Olhei para os lados, vi que ninguém estava olhando, e dei um "Pedala, Robinho" no salsicha. E não é que ele ficou com mais vigor ainda? Batia com o jornal nele, sacudia a minha perna... Nada. Raivoso, empurrei-o para longe. Como o piso era frio, o Dachshund saiu rodopiando e escorregando, indo bater sua bunda grande na porta ao final do corredor.

Após o estrondo, a porta abre.

- Mon Cherry! Como você veio parar aqui?

"Que nome horrível e de viado!", minha mente gritou. A dona do "au-au", uma socialite, aproveitou o incidente para pedir que eu entrasse na sala. Chegando lá, a mulher começou a fazer perguntas deveras estranhas.

- Então, onde você milita?, perguntou
- Eu? Em lugar nenhum... , respondi assustado
- Sério mesmo? Nem no MST?
- Tipo, marchar não é algo que eu aprecie...
- Porque eu já entrevistei quatro garotas da PUC, e todas elas são militantes.
- Sério? Hummm... é... Bom pra elas! Eu acho.
- Você também não gosta da Veja?
- Oi?
- Da revista!
- Ah... Ela manipula algumas coisas, tem as suas visões políticas descaradas e camufladas, mas há muitas matérias interessantes.
- Então você também deve gostar do Hugo Chaves?

Juro, foi pior que sentar na frente do Roberto Justus. Só digo que eu não fiquei com a vaga, e saí de lá o mais rápido possível.

16 de ago. de 2005

Patéticos, mas machos

Há coisas na vida que uma mulher jamais irá saber o que significa no imaginário masculino. Um grande exemplo é quando o macho compra uma Playboy na banca de revista. Homem que é homem não compra Playboy na padaria; compra na banca de revistas. Podem perceber. Estou para ver a pessoa que se sujeita a passar a revista do tio Hefner na caixa registradora e ouvir da atendente feminina do outro lado do balcão: "São 10 reais e tantos centavos, senhor".

Homem que é homem já sabe o preço de uma Playboy, por isso só a compramos em banca de jornal. Não queremos ouvir nada, apenas um assentimento feito com a cabeça pelo vendedor. E ele sempre dá uma sacolinha de plástico, você jamais vai precisar pedir uma. Pois homem que é homem sabe qual é a sensação da Playboy recém adquirida. E isso nenhum ser de cromossomo X duplicado irá poder saber como é. Desculpem, mas é verdade, meninas.

Semana passada eu comprei a edição da Grazi. Escolhi-a na estante, dirigi-me ao caixa, paguei a quantia e recebi prontamente a compra, escondida em uma sacolinha de plástico. Nada mais, do jeito que deve ser. E jamais iremos abri-la em público. Enquanto estava com a Irena no ponto de ônibus, ela tentou me persuadir:

- Abre aí, Gu! Estou curiosa.
- Não.
- Por que não?
- Não, ué!
- Mas pode explicar o porquê?
- Não. Você nunca iria entender.
- Tonto!

Viram? Isso foi um diálogo exemplar, um homem teria o mesmo comportamento que eu tive. Pois homem que é homem só abre o plástico de uma Playboy quando está sozinho, em casa, em cima da cama, com a porta fechada. Sim, nos comportamos da mesma maneira que um garoto de 14 anos ao adquirir a sua primeira revista de mulher pelada. Esse é o barato do negócio. Como diria um amigo meu, não há nada mais único do que o cheiro de uma Playboy novinha. Depois ela perde a graça, levamos para a escola e mostramos numa roda de amiguinhos.

E outro sentimento compartilhado exclusivamente entre os homens é o de uma Playboy frustrante, e isso eu tive com as fotos da Grazi. Homem que é homem não se preocupa com fotos artísticas ou produzidas pelo Photoshop. A gente quer ver, desculpem a grosseria, close da perseguida, mulher com cara de desavergonhada. Dedinho na boca, aquelas coisas. Se colocar beijando outra garota... Vixe santa!

Homem que é homem é um ser patético a vida inteira. E com orgulho!

13 de ago. de 2005

Na mesma praça...

Coisa melhor do que ler no banheiro não há. Aliás, já falei sobre esse assunto por aqui, pois adoro ler ou folhear qualquer coisa enquanto estou sentado no trono. O Luis Fernando Veríssimo é outro fã assumido. Certa vez, ele disse que lê até bula de remédio. Confesso que não chego a tanto.

Mas, deixo cá uma dica: um ótimo magazine para aquele momento é a Seleções, também conhecida por Reader's Digest. Assim, o conteúdo literário não é grande coisa, mas ela é um ótimo passatempo. Vira-e-mexe sai alguma matéria legal, ou um caso de algum senhor americano que teve câncer nos testículos, no reto e nos pulmões, teve a filha morta atropelada e a tartaruga comida pelo cachorro, mas mesmo assim não desistiu da vida. A cada edição há uma história assim.

O pior mesmo é a seção das piadas. Uma mais velha que a outra. São do naipe assim: "O que o tijolo disse para a lajota? Há um ciumento entre nós!". Broxante, certo? Errado, eu choro de rir com isso. Outro dia, estava eu no toalete, lendo as piadas e cascando o bico. Minha avó, assustada, perguntou-me depois qual o motivo de tamanha graça.

Não resisti:

- Vó, sabe como você faz para levar um chokito?
- Não, como?
- Basta enfiar o dedito na tomadita!!

10 de ago. de 2005

Crônica dos 20 anos


Agradeço desde já pelas congratulações recebidas. Dezenas de amigos e conhecidos lembraram de ontem, uma data tão especial para este guri aqui, que completou 20 anos de idade. Ah, se não existisse o Orkut, pois ninguém ia lembrar, hein! Brincadeira...

Engraçado notar como as pessoas dizem saber como eu sou. "Gu, comprei isso aqui porque achei que era a sua cara!". Abro o embrulho e me deparo com um livro de quadrinhos pornô. Aliás, tenho livro para ler até as próximas férias. Ganhei várias camisetas, e todas são verde-claras, azul-calcinha... Falam que as cores são alegres por eu ser uma pessoa alegre. Que bonito!

Há dez anos eu fiz uma baita festança para celebrar a minha primeira década de vida. Até apareceu parente que eu não conhecia. Foi o primeiro (e único) momento que eu vi a minha família inteira reunida. "Fazer dez anos é especial", disse um primo distante. Achei naquela época a frase meio boba, e hoje entendo como ela faz sentido. Pulei e brinquei naquele dia até me esgotar. Pedi ao Papai lá de riba que me desse um aniversário desses todos os anos. Foi tão maravilhoso que a minha tia Noêmia não me deu cuecas ou meias.

Com 20 anos nas costas, não sei dizer como sou nesse momento. Sempre achei que ter essa idade fosse sinônimo de ser barbudo e correr bastante no futebol. Começar a namorar as menininhas, fumar um cigarro com os amigos e tomar cerveja em todo boteco de esquina. Aliás, eu nunca tomei um porre e nem traguei tabaco. Será que eu sou careta? Não tenho essa aura de juventude transgressora, que lê On the Road e já pensa em cruzar o país de carona. Eu achei o livro do Jack Kerouac um pé no saco, vejam só!

Escuto histórias de pessoas mais velhas que fariam de tudo para ter 20 anos de novo. Quando se fuma o primeiro baseado e se transa sem pudores... Ouço e fico na minha. Prefiro não demonstrar a minha opinião contrária. Eu gosto de ter uma Bem-Amada, e ter a certeza de que só ela basta. Eu sei o quanto já sou bem bobo naturalmente, e que não preciso enfiar uma bola alucinógena para baixo da garganta para poder me sentir mais feliz. Eu ainda me acho uma criançona, acima de tudo.

Tanto que o presente que eu mais gostei foi um Patrick de pelúcia dado pela Nenoca (igualzinho o de cima). Eu sou um amendo-bobo!

8 de ago. de 2005

A rosca pela maçã

Lembrei de um caso engraçado nessas últimas férias. Das milhares de novas comunidades do Orkut que eu achei - e que quase me fizeram molhar a calça de tanto rir - a posição de "Comunidade mais Engraçada do Orkut" vai para...

"Meu Cu por um Ipod"

É genial. Só tem um membro, a fundadora. Melhor que o nome da comunidade, só as duas mensagens trocadas no fórum, entre um rapaz, dono de Ipod, e a moderadora. Vejam a seguir:

Rapaz: Eu tenhoum ipod vc vai mi da seu cu por ele????
Moderadora: O ipod é de qtos gb?

4 de ago. de 2005

I saw you saying

Estava eu e a Irena, terça-feira, quatro horas da tarde, na entrada do cinema para a sessão do Sin City. Ela sai para comprar uma água, eu fico esperando, olhando os cartazes dos futuros filmes a entrarem em cartaz. Olho para a bilheteria e vejo o Rodolfo, ex-vocalista do Raimundos, Rodox e por aí vai.

Irena volta.

- Você viu quem tá aqui?
- Não, quem?
- O Rodolfo...
- Hein?
- Olha para trás e seja discreta.
(ela vira o pescoço, como se fosse olhar alguma sujeira embaixo de sua sandália)
- Ah, táááá...

Já dentro do cinema.

- Ele não virou crente ou coisa parecida?
- Igreja Sara Nossa Terra, não é isso?
- Renascer, sei lá... Uma dessas.
- Você viu a mulher que estava com ele?
- De cabelo vermelho e magrela?
- Isso. Tipo, ela é a Yoko Ono do Raimundos. Ela que levou ele para o "mau caminho".
- Hummm...
-Daí ele falou que não daria para cantar as letras do Raimundos, porque não condiziam com o momento espiritual dele. Que tosco!

Rodolfo e Yoko começam a subir os degraus e sentam a algumas poltronas atrás de nós. De repente, silêncio por alguns intermináveis segundos. Interrompo:

- Aposto que você está cantando alguma música do Raimundos!
- Ahahaha. "I Saw You Saying", e você?
- Aquela: "No parque de diversões que ela virou mulher...".

2 de ago. de 2005

De volta a São Paulo

- Gu, você quer sanduíche do quê?
- Hummm... Tem o que de frios?
- Peru e queijo.
- OK. Eu faço depois, pode deixar.
- Deixa que eu faço!
- Não precisa...
...
...
- Você quer ele quente ou frio?
- Como assim?
- Quer que eu esquente no forninho?
- Não precisa, por favor...
-...
-...
- Queijo prato?
- Qualquer um...
- Peito de peru normal ou blanquette de peru?
- Sei lá, tanto faz!
...
...
- Maionese ou requeijão?
- Requeijão.
- Light?
- Pode ser qualquer um!
...
- Vou arrumar a cama, põe cobertor?
- Sim...
- Um ou dois?
- Um!
- Tá frio, vou pôr o outro no pé da cama.
- Tudo bem, não precisa, por favor!
- Pijama curto ou de frio?
- Caramba! Deixa que isso eu sei fazer!
- Vou separar os dois, daí você escolhe.
...
...
- Pega o garrafão* para mim?
- Já pego, espera aí!
(15 segundos depois...)
- Gu, você é distraído! Você vai pegar o garrafão ou não?
- AHHH!!
- Ai! Como você estressa com qualquer coisinha...

OBS: Cada um tem a avó que merece.

*Galão de água de 10 litros