29 de abr. de 2008

42

Podem zoar à vontade, mas um dos meus filmes prediletos de todos os tempos é As Patricinhas de Beverly Hills (Clueless), de 1995.

Tinha dez anos quando o longa estreou. Não cheguei a vê-lo no cinema, mas, em compensação, quando sua fita VHS chegou na locadora perto de casa, fazia questão de alugá-la sempre. Tipo, sempre que eu tinha uma folga eu alugava novamente o filme.

A película estreou acho que dois anos depois no Telecine, e a vi mais algumas inúmeras vezes. Na Fox também perdi as contas e na Globo nem se fala.

Todo mundo quando recorda desse filme logo lembra da Alicia Silverstone, a loirinha cheinha de sorriso torto, que já tinha encantado toda a geração MTV com a série de três videoclipes que fizera para o Aerosmith.

Bem, eu gostava mesmo daquela amiga dela mulata, de cabelo meio Milly & Vanili, com uns olhos verdes de suspirar. O nome dela? Stacey Dash.

Lembrei dela hoje, meio que ao acaso. Vi que ela é a capa de junho da King, uma revista gringa de cultura black, que sempre mostra uns ensaios de umas latinas e afro-descendentes bem gostosonas – tanto que a revista é conhecida lá fora por "The Black Maxim", uma referência àquela magazine que só põe mulheres fornidas na capa, com trajes sumários e posições que desafiam às leis da física.

Dash, como vocês podem atestar, continua com tudo em cima, além de ser mãe de dois filhos - tremenda MILF! Ela já tinha feito um ensaio para a Playboy há dois anos comprovando isso. Mas, gente, fiquei de queixo caído mesmo quando vi que a mina – senhora, no caso – tem 42 aninhos de vida.

QUARENTA E DOIS ANOS!

Fazendo as contas aqui, ela tinha 29 anos quando fez uma adolescente em Patricinhas de Beverly Hills. Alicia Silverstone e Brittany Murphy, as coleguinhas dela, possuíam 19 e 18 anos em 1995, respectivamente.

Alguém suspeitava dessa?

27 de abr. de 2008

Inagaki, o pensador
Sim, eu sei que hoje é domingo, mas irei postar agora o "Entrevista de Sábado". O convidado desta semana é outro blogueiro: Alexandre Inagaki, do famosão Pensar Enlouquece, Pense Nisso, onde bate o cartão desde 2001. Esse jornalista de 34 anos é muito respeitado entre os "blogueiros das antigas" e os da "nova geração". Ele é meio que um Jorge Ben Jor da blogosfera, que era um dos poucos músicos que podia circular livremente entre a Bossa Nova e a Jovem Guarda.

Há hoje uma rixa entre os blogueiros mais antigos e os mais novos?
Eu não acho que esteja havendo esse conflito. Sou totalmente integrado a geração que começou a escrever em 2001 e com essa galera que participa de BlocCamp, curte monetização e esses outros papos modorrentos. Do meu lado não vejo nóia. A evolução que teve mesmo nesses anps foi a profissionalização dos blogs no Brasil, o fato que agora você realmente consegue ganhar dinheiro diretamente com blogs. Eu escrevi um FAC basicão sobre isso há uns anos e via nisso algo totalmente utópico. Para mim, acho que a grande forma de monetização são as oportunidades que você consegue através dos blogs. A Daniela Abade, que era blogueira, estava procurando uma editora para publicar um livro, e quem o editou foi outra blogueira, a Alessandra Félix, que possuia uma editora. Há sim um embate de quem diz que o blog perdeu sua natureza de publicar o que dá na telha, mas hoje eu ainda escrevo com a mesma periodicidade e da mesma maneira de sempre.

E o que o seu blog já lhe deu?
Peguei muita mulher com o blog (risos) e emprego. Comecei a trabalhar com publicidade após um leitor me chamar para ser um consultor de sua empresa. Ele queria saber trabalhar com a internet e acabei virando um RP dele.

O blogueiro brasileiro tem alguma peculiaridade?
Eu sentia muita diferença da blogosfera brasileira para a de Portugal. Lá o blog surgiu um ano depois daqui, e, curiosamente, os blogs foram mais bem recebidos pela mídia tradicional de lá do que aqui. Teve um deputado de lá que criou um blog que fez com que todos os jornais e revistas escrevessem sobre ele. Lá a coisa foi levada a sério primeiro, haviam encontros universitarios, estudos acadêmicos. Aqui, só de três anos para cá que isso aconteceu aqui. O boom daqui aconteceu com a publicidade de posts pagos e a utilização dos blogs para gerarem marketings virais.

Falta ambição para a gente?

Eu concordo com o fato de que os blogs no Brasil não têm muita ambição. O único blog de política no Brasil que teve alguma repercussão e não era de jornalista foi o Vizinho do Jeférson. Eu tenho a impressão que os blogueiros necessitam de algumas lições de jornalismo: como pegar uma fonte, como apurar informações, como fazer uma entrevista. Assim como todo jornalista deveria ter umas aulas de como blogar. Se eu pego os blogs de grandes portais, ele só linkam os blogs uns dos outros. Eu acho que há esse defeito. O blog tá se transformando em um lago meio estanque, você não consegue navegar pelo restante da blogosfera. Acho que os jornais ainda não entenderam a natureza da blogosfera.

Mas isso não rola também entre os blogueiros? Muitos trocam links apenas por interesses do tipo: fulano tem muito acesso e, se eu linkar o blog dele, vai render mais visitas para mim
Isso é meio retrato de uma geração. As pessoas estão sem ideologia e são individualistas. Muitos blogueiros não linkam alguém sem um interesse por tras. Importa se ele vai me render mais visitas, não se ele é interessante. Isso é totalmente de uma geração que prefere votar nulo e tem orgulho de dizer que não se interessa por politica. Blogosfera é muito variado. Cito 6 ou 7 casos de blogueiros que vão no contramão dessa tendência. Esses blogs rcentes de humor e de entretenimento são os mais acessados, mas se você quiser ler algo mais denso você encontra na blogosfera. Isos sempre teve, desde os seus primórdios. Sempre houve blogs descompromissados e gente mais politizada. Com o aumento da internet no Brasil você encontra mais esses blogs mercantilistas, mas sempre haverá a variedade.

Você é um dos sócios da Blog Content, uma agência de consultoria para grandes empresas e marcas que desejam trabalhar com blogs. Com que ela funciona? O site de vocês não tem informação alguma.
A Blog Content surgiu devido à tremenda demanda que agências, empresas e grandes portais. que não sabem o que fazer com essa nova mídia. Pelo fato de eu e meus sócios já termos esse traquejo, de blogueiros que levam a sério o blog até com ambições profissionais e conhecemos profundamento a blogosfera desde os seus primóridos, a gente consegue fazer esse trânsito entre a molecada e o que o mercado quer. Não tá dando tempo de atualizar a página e nem estamos correndo atrás de cliente, tamanho o número de pessoas que nos consulta. É desde como criar um blog corporativo, como criar uma campanha receita que funcione sem recorrer a post pagos..

Como diria o Mr.Manson, já chegou a hora do blog virar mídia?
Olha, não sei como ficará a economia mundial com essa iminente quebra dos EUA, mas o fato é que a internet já conquistou uma certa fatia da audiência, as novas gerações já nascem conectadas. A tendência a curto e médio prazo é que cada vez mais as verbas publicitrias migrem para a internet. Mas se o blog vai ser a mídia? Temos videocasta e podcasts que ja substituem em parte o papel do blog atualmente.

22 de abr. de 2008

Pornibon

Falando no homem, Rafael Madeira, o Cersibon, criou mais um blog um fã criou um outro blog para as suas tirinhas: o Pornibon.

Como vocês devem imaginar, é como o bom e velho Cersibon de sempre - agora, com temática pornô.

Essa tirinha abaixo é a minha predileta. Tô rindo até agora!


21 de abr. de 2008

No Estadon...

- O jeito certo de escrever errado na internet
(matéria sobre tiopês, alechat e outras maneiras que os internautas brasileiros estão se utilizando para escreverem errado na web + entrevista com o Cersibon)

- 'O bom de trabalhar com a internet é que ela não dá varizes'
(entrevista com a chef de cozinha Rita Lobo, diretora do site Panelinha)

*Foto: Marcos D'Paula/AE

19 de abr. de 2008

'Meu blog é uma loja de conveniência 24 horas'

A primeira pessoa a aparecer aqui no “Entrevista de Sábado” é a multimídia Rosana Hermann, apresentadora do programa Atualíssima e blogueira do Querido Leitor.

Fiz essa rápida entrevista para a matéria sobre 10 anos de blogs em português. Infelizmente eu acabei não utilizando nenhuma frase dela. Não que tenha saído nada de interessante de sua boca ­­– ao contrário: foi pura falta de espaço mesmo.

Como você avalia esses 10 anos de blogs em português? Não fale apenas os aspectos positivos, mas os negativos também, né?

A primeira grande mudança foi a percepção dos blogs pelo público em geral. De diários narcisistas de anônimos desinteressantes, os blogs passaram a ser percebidos como fontes de informação, referência e opinião de cidadãos de todos os pontos do mundo. A segunda mudança foi a dos blogs em si. De relatos corriqueiros da vida de cada indivíduos eles passaram a oferecer opções variadas como resenhas culturais e de tecnologia, jornalismo cidadão, informações e visões pessoais de jornais online e jornalistas em geral. Numa terceira etapa, os blogs passaram a ser vistos também como uma ferramenta de comunicação e relacionamento de pessoas jurídicas com o público consumidor e como meio de divulgação de produtos e serviços.

Para você, quais são as peculiaridades da blogosfera brasileira?

O Brasil tem fome de expressão. O brasileiro tem sede de opinião. Acho a blogosfera brasileira intensa, competitiva, com os traços bons e ruins da personalidade dita verde e amarela, ou seja, com temperos bons e ruins como genialidade, maldade, esperteza, oportunismo, crueldade, maledicência e inteligência, tudo ao mesmo tempo. A blogosfera brasileira é, enfim, o verdadeiro "caldeirão cultural" da vida nacional. Aliás, "blog" parece onomatopéia de uma batata caindo num caldo grosso na panela. Blog.

O que você espera do Querido Leitor? Qual é o papel dele?

Meu blog tem sido ao longo dos anos um espaço estável de relacionamento e informação, uma espécie de mesa redonda permanente de assuntos do cotidiano comum. Quando vejo esses programas longos que discutem futebol sem parar, penso que o blog é mais ou menos assim. Sempre tem assuntos novos, sempre tem comentaristas, sempre tem leitores passando. Nunca entrei no meu próprio blog sem encontrar alguém lá. Para quem procura novidades o Querido Leitor funciona como uma espécie de "loja de conveniência": está aberto 24 horas e, embora não tenha toda a variedade de prateleiras como um hipermercado, sempre tem um pouco de cada coisa. Dá pra matar a fome de relacionamento e a sede de informação, com satisfação.

*Foto: Paulo Pinto/AE

18 de abr. de 2008

Tá muito caro tudo isso

Não sou um grande fã de McDonald’s. Gosto do lanche, acho um tremendo quebra-galho, e é a melhor opção naquela hora do aperto, de "preciso comer algo aqui e agora".

O que mais gosto na lanchonete do tio Ronald é o sundae de chocolate. Não fico duas semanas sem não comer um. É vício mesmo. Aquela massa branca (creme o cacete!) que fica uma maravilha na calda de chocolate. Hum...

Daí, né, ontem de madrugada me deu vontade de tomar sorvete. Estava na casa da Bem-Amada e, sem querer ser maldoso, lá não costuma ter comida – doce, em especial. Queimei a língua e achei um sorvete escondido no congelador. Abri o isopor e vi uma massa laranja, meio dura. "Vou experimentar", pensei.

Cavouquei a colher e puxei a massa para cima, tomando o cuidado de não entortar o talher, já que tenho uma certa facilidade para isso. Às vezes me sinto um Uri Geller, de boa.

Coloquei o sorvete na boca e, eca, era bizarro. Parecia uma manga azeda, enfim, não era sorvete. Chamei a Bem-Amada, calçamos os chinelos, ligamos o carro e fomos até o drive-thru do Mac na Henrique Schaumann com a Avenida Rebouças, ali perto.

Devido ao "esforço", achei que merecia um Top Sundae, aquele mesmo, com cobertura extra, que as atendentes do caixa sempre tentam lhe empurrar se você desembolsar mais R$ 1 quando for comprar um sundae normal. Cheguei ao local, ajeitei o automóvel e pedi:

- Oi, quero três Top Sundaes! Um de chocolate, outro de caramelo e mais um de morango. Mas esse sem farofa, tá?

(Nota do blogueiro: É óbvio que eu não ia tomar os três, pô! Era um para mim, outro para a namorada e o terceiro para a irmã dela – sim, todos gostamos de tomar sorvete às 2h30 da manhã).

Feito o pedido, me dirigi até o caixa. Daí veio a novidade.

- Deu R$ 15

(Nota do blogueiro: Porra!)

- Desculpa, acho que tá errado, hein!
- Não, senhor, todo o nosso cardápio teve o seu preço alterado.

Daí eu olhei para um painel. Tipo, um sundae normal, aquele pequeno, agora custa R$ 4,25. O top, como vocês devem imaginar, pulou para R$ 5. Um Big Mac, pasmen, tá 12 conto!

Fiquei pensando: porque eu pagaria R$ 5 num sorvete do McDonald’s se com R$ 7 eu posso tomar uma bola na Hägen-Dazs? Entre a massa-branca-sem-gosto-de-creme e uma bola generosa de doce de leite ou chocolate belga, não pensaria duas vezes.

E o lanche? Por R$ 12 eu pego um hambúrguer no The Fifties, que é bem mais saboroso. Com um refrigerante, mais os 10%, gastaria um total de R$ 14 lá, por aí.

Tudo bem que esses dois lugares não costumam ser 24 horas, como o McDonald’s, mas não compensa pagar R$ 2 a mais por um produto de melhor qualidade?

15 de abr. de 2008

O golaço da AJ TV

Ignorem o fato de este blogueiro ser um são-paulino roxo, mas o que o querido AJ, da AJ TV, conseguiu ontem foi um tremendo golaço.

Antes de falar qual foi o tento, vou aqui explicar o que é a tal AJ TV: ela é um canal de televisão online, que apenas retransmite os jogos do tricolor paulista. É pirataria? Sim, porque AJ apenas joga para um canal do Sopcast o sinal que pega do seu Premiere Futebol Clube. Mas o trabalho desse cara é impressionante: ele próprio chega a narrar às partidas, prepara uma espécie de "show do intervalo" bem divertida, analisando o prélio e respondendo aos vários e-mails, mensagens SMS e recados do MSN que recebe durante as transmissões.

No ano passado eu fui até a casa do AJ e conferi o trabalho da AJ TV.

Mas, voltando ao mérito da questão, AJ deu ontem uma bela rasteira nos principais jornalistas esportivos do País. Enquanto todo mundo fica discutindo à vera o gol de manchete do Adriano contra o Palmeiras, AJ achou no mesmo lance um pênalti que o "Imperador" recebeu de Diego Souza. Quando Jorge Wagner alçou a bola, o palestrino puxou a camisa do atleta tricolor, vejam só:


Com esse leve puxão, possivelmente se explica porque Adriano não chegou a tempo de cabecear a bola, que acabou batendo em sua mão. Ou seja: antes da raquetada houve uma penalidade máxima. E ninguém tinha notado isso!

"Eu já tinha tido a impressão na hora do jogo, durante a narração. Depois, quando eu tava gravando o ‘Bobo Esporte’, como sempre faço, mostraram a câmera lenta da jogada e aí eu tive certeza", me contou o AJ. "Na hora de editar o vídeo eu aumentei o zoom e diminuí ainda mais a velocidade do lance. Deu pra ver direitinho o pênalti."

Os jornalistas Juca e André Kfouri divulgaram em suas páginas a descoberta de AJ – o diário esportivo Lance! também deu um destaque bacana ao feito, inclusive creditando o site Sempre Tricolor, de AJ.

Ah, a internet!

14 de abr. de 2008

No Estadon... (e novidades)

Hoje, nas bancas:

- Organize a bagunça que é a sua vida 2.0
(teste de agregadores sociais de LifeStream, como FriendFeed e Iminta)

... e na semana passada:

- Uma década de blogs: e agora?
(enorme reportagem sobre os 10 anos de blogs em português)

Novidades:

Então, a partir de hoje eu quero colocar duas seções fixas neste blog: o "CD da semana" (que eu sempre ponho o encarte aqui ao lado, e só. Agora eu pretendo fazer uma pequena resenha do disco) e a "Entrevista de sábado". Como eu faço muitas entrevistas interessantes para o jornal e muitas vezes eu só utilizo uma aspa ou outra delas, agora, todos os sábados, eu vou pôr uma entrevista bacana que eu fiz recentemente ou há um bom tempo.

Parece que eu estou profissionalizando o DPL! e daqui a pouco farei post pago, mas não é nada disso. Nas últimas semanas eu estou postando mais e, em razão disso, as visitas estão aumentando significantemente. Essas medidas foram tomadas para agradar aos novos leitores e aos meus restritos e fiéis seguidores de tantos anos.

12 de abr. de 2008

'Thats what she said'

Ontem a melhor série do mundo retornou, após um tempão fora do ar em razão da greve dos roteiristas

Lost?

Heroes?

My Name is Earl? (Ok, forcei)

Não, caras-pálidas: The Office!

Michael Scott ainda é rei, não adianta

*Nota do blogueiro: Serão deletados os comentários dizendo que a versão original, a inglesa, é bem melhor. E tenho dito!

11 de abr. de 2008

Mallu (quase) mulher

Então, após dar uma leve cacetada na menina há dez posts abaixo, hoje eu entrevistei a Mallu Magalhães. Fui até a casa dela, uma bela mansão de três andares no Morumbi, para uma matéria que sairá daqui duas semanas.

Confesso que estava com uns pré-conceitos em relação à garota. Depois de assistir as suas entrevistas no Altas Horas e no Programa do Jô, achei-a infantil demais, com uns trejeitos meio forçados e parecendo querer chamar a atenção muito mais para a sua figura "de excepcional", do tipo que dá nomes a instrumentos musicais, do que para a sua música.

Quando Mallu atendeu o porteiro eletrônico e ouvi aquela voz infantil, pensei: "Ai, lá vem". Mas bastou ela abrir a porta e dizer um "oi" apressado para os poucos ir tirando a imagem preconceituosa que eu tinha de sua pessoa.

Mallu parece ter saído de um roteiro da Diablo Cody e talvez por isso ela pareça ser meio "estranha". Ela te abraça forte como se o conhecesse há décadas, olha a sua camiseta e realmente demonstra interesse pela estampa dela e pergunta onde você comprou o seu All Stars sem cadarço. Aí, num gesto ligeiro, pede para pôr os seus óculos e diz que, apesar não ser míope, gosta de usá-los, pois com eles vê o mundo de outra maneira, como se ele ganhasse uma moldura.

- Você tirou isso do Janela da Alma, hein!
- É, esse documentário não é o máximo?

O grande problema que eu vejo nas entrevistas feitas com ela é que a tratam como um geniozinho, um fenômeno. Os entrevistados falam como se ela tivesse 5 anos. Aí ela parece se comportar mesmo como tal. Mas se você tirar toda a aura que a envolve e todo esse burburinho exagerado, ela aos poucos se solta e conversa de igual a igual para você. Mallu é uma menina muito legal e que fala muito abertamente das coisas – e tem uma cabeça diferenciada, é fato.

Ela não se acha um geniozinho, apenas acha que assusta os outros de sua classe por já saber o que quer de sua vida: trabalhar com música. E a coitada tá tomando bordoada muito cedo. Já mudou de escola porque o pessoal a perseguia, perdeu amizades, conheceu um monte de papagaios de pirata... Porra, ela só tem 15 anos. Isso é que é foda.

Sim, ela é carismática para caramba e, sim, ela meio que vive no seu mundinho da lua. Sem querer ser maldoso (mas já sendo), ela é um pouco Forrest Gump, do tipo que conta uma história imensa, cheia de digressões, e um tiquinho de Rain Man. Ela conversa enquanto afina o violão, desenha... Sempre de cabeça baixa. Às vezes também é exagerada demais, mas isso me parece ser afetação de adolescente, nada demais.

Ela é meio que aquela menina feinha e boa de papo da classe que todo garoto já teve e nunca deu muita bola. Aquela menina que nunca foi popular porque não se encaixava nos padrões, afinal, é magrela, se veste estranhamente e tem cabelo meio de menino.

Fiquei feliz de tê-la conhecido. Fiquei com a impressão que ela tem a cabeça no lugar e os pés no chão, assim como os pais dela, que não a impedem de fazer suas vontades, mas que impõem os seus limites. Ela não faz shows durante a semana para não atrapalhar os estudos e, na semana que vem, não falará com a mídia porque terá provas todos os dias.

Espero que ela não vire um mero sucesso de verão e que sua fama não vá embora tão rapidamente como chegou. Talento musical ela tem e espero que Mallu veja que, no fundo, é isso que importa mesmo.

10 de abr. de 2008

Atitude

Um colega do jornal, que senta ao meu lado, está fazendo uma matéria sobre música no celular. Ele está falando com alguns artistas – a Pitty é um deles.

A baiana parece que deu umas respostas bacanas e ele perguntou se ela não toparia fazer uma foto para ilustrar a reportagem. Pitty disse que não, pois está grávida e não quer sair assim em nenhuma foto.

Resumindo: ela está mais cheinha e não quer que isso atrapalhe sua imagem de, cóf, cóf, "sex symbol".

Quem te viu, quem te vê, hein Pitty! Parafraseando uma de suas milhares de músicas de auto-ajuda, "o importante é ser você, mesmo que seja bizarro, bizarro, bizarro"


7 de abr. de 2008

Já elvis?

A notícia mais foda da semana passada foi o lance de que a loja que mais vende música nos Estados Unidos é o iTunes, da Apple. Uma loja di-gi-tal. Louco, né?

Ou não: alguém ainda compra CDs? Eu comprava até o ano passado – e um monte. Mas aí, após adquirir mais de 30 CDs em 12 meses, me toquei de que o que eu faço hoje é comprar um CD apenas para colocá-lo na minha coleção pessoal. Eu nem escuto ele. Chego em casa, abro o plastiquinho, olho o encarte (cada vez mais pobre, por sinal), tiro o disco e o coloco no computador. Transfiro as faixas para o iTunes e depois as passo para o meu iPod. Pronto.

Tem uma penca de CDs empoeirados no meu quarto que eu nunca peguei para escutar. Sabe pegar o disco e colocá-lo na bandeja do aparelho de som? Neca. Hoje eu pego o iPod, um plug banana, e ligo uma ponta do cabo no meu tocador portátil e a outra na entrada auxiliar do aparelho de som. É assim que eu escuto música na minha casa.

Por isso não compro mais CD.

Outro dia eu me toquei de outra coisa: ainda existem locadoras de games? Poxa, há uns 10 anos esse tipo de comércio bombava. Com todo mundo destravando o seu PlayStation, as lojas alugavam disquinhos gravados por uma pechincha. Você ficava semanas com o game – piratão - em casa. E depois devolvia.

Hoje a molecada compra no camelô. Alugar para quê? Por R$ 10 o jogo é seu. Outra opção, para quem tem uma internet boa, é baixá-lo pelo Torrent, que é o que eu faço quando quero jogar alguma coisa diferente no meu PS2. Novamente: o jogo é seu.

Música eu não compro mais: baixo. TV eu vejo muito mais pela internet – Lost eu só assisti a primeira temporada pela televisão. Games? Baixo também – comprar é a ultima opção, mas no mercado ilegal. A única coisa que eu ainda sou old school é para ver filmes: o trouxa aqui adora locadora e não dispensa o escurinho do cinema – apesar de ambos serem hobbys cada vez menores, pois pagar R$ 8 para alugar um filme e R$ 20 numa sessão de cinema são dose.

E só faço isso porque eu tenho o maldito hábito de assistir a quase tudo com legenda em português – até filme brasileiro. Depois de 18 anos acompanhando filmes e seriados desse jeito, não consigo prestar atenção direito naquilo que é exibido na tela sem eu ler aquelas letrinhas amarelas. E olha que acho meu inglês bom!

Mas daqui a pouco os internautas brasileiros legendam filmes poucas horas depois de sua estréia na gringa, e aí já era. Se já fazem isso com um seriado de 1 hora, não duvido de nada.

Fico aqui pensando: nos EUA, com a crise da indústria cultural, elas estão sabendo se virar com as ferramentas digitais. Mas e aqui no Brasil, onde a pirataria é quase regra? Locadoras de games não existem mais; as de filmes estão mal das pernas – mesmo as grandes cadeias, como a Blockbuster, que é obrigada a vender bonecos e chocolates das Lojas Americanas em suas unidades. Lojas de discos? Só nas megastores, que também comercializam livros e outros eletrônicos. Lojas exclusivas de músicas sobrevivem fazendo baciadas de CDs por R$ 14, 90, o que é curioso, pois agora um CD só começa a ser vendido mesmo no Brasil passados um ou dois anos de seu lançamento.

Há alguns meses, no TOP 5 de vendas da seção de música da Fnac da Av.Paulista estavam 4 CDs da Marisa Monte – dois da década de 90 e o duplo que ela lançou em 2006. Eles custavam cerca de R$ 16 cada.

Resumindo: no Brasil, ou barateia tudo ou já era?

5 de abr. de 2008

A casquinha da vovó

Uma das especialidades de dona Antonia, vulgo minha avó, é o seu bife à milanesa. E, desde que me conheço por gente, sei que minha nona segue religiosamente um cardápio elaborado por ela durante a semana.

Segunda-feira é dia de bife à milanesa, arroz, feijão e batata com ovo; terça é dia carne ao molho e bolinho de arroz; quarta é macarronada com tutu de feijão; quinta é dia de lanche e sexta é o único dia sem um menu pré-definido.

Quando eu passava as minhas férias escolares na casa dela, eu juro que até fica ansioso pelas segundas-feiras. Eu acordava, ia até a cozinha e escutava, mesmo com a porta fechada, aquele barulho de fritura pulando pela panela.

- Oba, hoje tem bifealinamesa!

Enquanto eu prepara o copo de Nescau gelado, reparava no ritual da velha: ela pegava um naco de carne bem fininho e logo depois o pousava em uma vasilha cheia de farinha. Ela virava o pedaço de patinho de um lado para o outro, como aquelas crianças brejeiras, que bastam pôr o primeiro pé na praia para ficarem brincando de croquete na areia. Depois, ela jogava o bife, agora todo branco, na panela. Tssssss, era o barulho das bolinhas de gordura fervendo.

Algumas horas depois eu comia feliz da vida o bife à milanesa com arroz e feijão. Eu preferia partir a carne primeiro, no maior número de pedaços possíveis. Isso fazia a casquinha do bife se soltar - e a casquinha era o mais gostoso. Um dos melhores sabores de minha infância é a casquinha do bife à milanesa de minha avó.

Desde que eu moro com ela há 4 anos, faço questão de não almoçar ou jantar fora na segunda-feira. Tudo pelo bifealinamesa. E ela sabe que eu o adoro - tanto, que quando chego do trabalho ela deixa três pedações para mim no jantar.

Nos últimos tempos reparei que a casquinha estava a cada semana mais tímida. Aos poucos, nem mais se descolava da carne. Fiquei chateado, mas resolvi ficar quieto para não magoá-la. Quer ver um neto acabar com a sua avó? É só ele reclamar da comida dela.

Porém, há duas semanas juntei coragem e disse:

- Vó, você sabe que eu adoro seu bife à milanesa, né? Mas deixa eu perguntar: por que ele não tem mais tanta casquinha?
- Porque as pessoas reclamam que é muita fritura, faz mal para a saúde. Antes eu passava o bife duas vezes na farinha de rosca, agora só uma.

Pô, fiquei indignado! Se já não bastasse o mundo inteiro querer me enfiar goela abaixo alimentos light, bebidas zero e as temidas barrinhas de cereais, agora a minha avó também entrou nessa de ser saudável? Imagino os netos de amanhã que, quando suas avós forem fazer um bolo (ou não, já que hoje todo mundo compra isso pronto), serão impedidos de pedir para a nona, antes de ela pôr a massa no forno.

- Vó, deixa eu lamber a colher com que você bateu o bolo?
- Não, engorda.

E aí, paf, a velha joga fora para dentro da pia toda aquela delícia de massa cremosa, cheia de chocolate, creme - e açúcar.

NOTA DO BLOGUEIRO: As casquinhas do bife à milanesa de dona Antonia voltaram. Estamos de olho!