26 de dez. de 2007

Todo blogueiro que se preze está fazendo uma listinha de melhores do ano: cantor, cantora, CD, filme, programa de TV... Não vejo nada de errado nisso, ao contrário, até estou me segurando aqui na cadeira para não fazer algo parecido hehe

Mas serei diferente. Passei o dia inteiro matutando e matutando, tentando bolar uma lista com os melhores videoclipes no ano. Videoclipes? Sim, ué! Não é porque a MTV Brasil acabou que não haja artistas por aí se aventurando no mundo dos vídeos musicais. Isso lá fora, infelizmente. Aqui são raros os exemplos de bandas, como o Pato Fu, que lançou em 2007 um DVD com videoclipes para as 13 faixas do penúltimo CD da banda, Toda Cura Para Todo Mal. Material fino e digno de colecionador.

Acabemos com o papo e vamos para os Top 10: (OBS: O Pitchfork fez uma lista com os 50 videoclipes do ano - cinco deles estão em minha humilde listinha).

1) Arcade Fire: Neon Bible

É o primeiro clipe interativo da história. Só dá para ver o rosto do vocalista Win Butler, o resto é um cenário preto. Conforme o mouse é manejado, o cantor faz mágicas, como sumir com uma maçã, criar feixes de luz e até chover! Clique aqui para vê-lo (não rola embed)

2) Justice: D.A.N.C.E

Exibir as letras da música no videoclipe não é nenhuma novidade – Bob Dylan fez isso em 1965, com Subterranean Homesick Blues. Mas o Justice inovou: as letras surgem nas camisetas e criam várias estampas, uma mais legal que a outra.

3) Feist: 1234

Clipes com coreografias bacanas são cada vez mais raros. E quem fez a dancinha mais legal do ano não foi nenhum artista pop, mas a indie Feist. Os passos de 1234 nem são complexos e muitos são até toscos – porém, divertidíssimos. Fico imaginando quanto tempo levou para acertar essa dança toda, já que o clipe é em plano-seqüência

4) Rihanna: Umbrella

Excelente música chiclete, com um clipe pop, que não traz nada de inovador, mas soube usar muito bem de referências clássicas para deixar a já dançante canção ainda mais com clima de pista de dança. Colocar a cantora com sapatilhas de bailarina ficou ótimo, assim como a bela coreografia dela lutando contra a água.

5) Arctic Monkeys: Fluorescent Adolescent

Surreal. Essa é a primeira coisa que vem em mente ao ver uma gangue formada por palhaços fanfarrões. O melhor é quando o palhaço principal arremessa um oponente no rio. Dá muito para ver que o que foi jogado é um boneco. Casseta & Planeta total!

6) Chemical Brothers: Salmon Dance

Usar peixes em animação digital já está meio batido. Mas o que é esse baiacu inchando e desinchando seguindo a batida da música? Os cavalos-marinhos dançantes também são sensacionais.

7) Barenaked Ladies: Sound of Your Voice

George Michael inovou nos anos 90, quando convocou um estelar time de top models para cantar em Freedom ‘90. A banda canadense usou da mesma idéia, só chamando celebridades virtuais, como o cara de Evolution of Dance e o gordinho Numa Numa.

8) LCD Soundsystem: All My Friends

O.K, o James Murphy está a cara do Pablo, com este rosto pintado. Mas a música é duca, melhor do ano disparada. Só isto já basta.

9) Interpol: Heinrich Maneuver

O que eu gosto neste clipe é o seu ineditismo, já que a cada frame algo dele vai se desvendando. No começo é confuso, paradão, até chato, pois eis um exemplo de vídeo musical que não tem nada a ver com a música. Mas depois o quebra-cabeça vai juntando as suas peças, e o final é surpreendente.

10) Autoramas: Mundo Moderno

Acho que toda a verba para fazer esse clipe foi gasta apenas com a viagem da banda para Londres. Na verdade, esse vídeo é bem bobo: apenas mostra os integrantes fingindo tocar alguma coisa. Na TV não funcionaria, mas é a cara da internet.


11) Gui Boratto: Beautiful Life

Ué, não eram 10? Sim, mas eu não podia deixar esse clipe de fora. Meu irmão quem me mostrou pela primeira vez, e a idéia do vídeo é muito bacana e tocante. É o que eu sempre falo: para ter uma boa sacada não é preciso milhões de dinheiro, e o videoclipe está cada vez mais seguindo essa nova filosofia do audiovisual.


*Arcade Fire: My Body is a Cage (Menção Honrosa)

Quando eu vi esse videoclipe o meu queixo caiu. De quem foi a brilhante idéia de colocar essa música (que toda vez que eu ouço me dá um arrepio) com as imagens do clássico western Era Uma Vez no Oeste (1968), de Sergio Leone? A resposta: um internauta. Sim, esse clipe nem é oficial, o que o deixa ainda mais genial.

24 de dez. de 2007

Shows no seu PC
Pô, impressão minha ou só eu não conhecia esse site Liveroom TV? Tipo, ele só passa shows ao vivo, com exclusividade, de bandas novatas ou artistas que não têm contrato com nenhuma gravadora.

É muito bacana. Dos shows que dá para ver na página – todos com imagem e som muito bons -, eu recomendo o da Kate Nash, que é ótimo. É super animado e fofo ao mesmo tempo, confesso que me surpreendi, apesar do CD de estréia dela ser muito bacana.

Também vale a pena dar uma conferida nos shows de Magic Numbers e Good Shoes. Até o casal brasileiro Tetine está por lá. Bem legal!

*A banda da foto é o Lesbians on Ectasy. São quatro garotas de Montreal que tocam um metal com eletrônico. O som é interessante, mas só coloquei a imagem delas porque o nome do grupo é sensacional.
No meu aniversário (9/8), eu me dei o Darth Tater


De Natal, os três mimos abaixo:













Estou pobre, mas estou feliz! =)

15 de dez. de 2007

Entre Franz Ferdinand, David Bowie e Guilherme & Santiago

Na lista dos melhores CDs do ano, não posso deixar de fora o ótimo Radio 1 Established 1967, uma coletânea que a BBC fez para comemorar os 40 anos da Radio 1. A idéia é simples e funcional: chamar artistas do momento para interpretar grandes singles das últimas quatro décadas.

A grande diversão em escutar o CD é tantar adivinhar quem é o verdadeiro interprete de tal música. Acertei várias, algumas não fazia idéia, mas uma, em especial, deixou este blogueiro com insônia por várias noites: Sound and Vision, com o Franz Ferdinand.

"Hummm... essa melodia não me é estranha, e eu gosto muito dela! Pior, eu acho a versão original muito legal!", ficava matutando. Todo mundo sabe o que é essa ótima sensação: não lembrar quem canta tal música.

Mas, como sou cabeça-dura, consegui resisitir a dar uma procurada básica no Google ou perguntar para alguém. Vasculhei CDs empoeirados, tentei a sorte no iPod... nada. Quase duas semanas depois, já um pouco esquecido do fato, acabei finlamente ouvindo a verdadeira Sound and Vision. Foi ao acaso, ouvindo no ônibus um CD do David Bowie.

Pô, fiquei assustado! Não sou um grande conhecedor do Camaleão, gosto muito de umas 10 músicas do cara, e Sound and Vision nunca entrou nessa lista. Fiquei nervoso por alguns minutos, até me senti um pouco um bom entendedor de música, afinal, lembrar de uma canção do David Bowie é melhor do que, sei lá, saber o repertório musical inteiro do Claudinho e Buchecha (o que eu sei, cóf, cóf).

Porém, o meu lado brega falou mais alto na semana passada. Estava eu, andando pela rua, quando escuto de um radinho de pilha: "Sobre a luz do seu olhar se esconde um mistério/ Eu falo Sério!" Arrepiei. Era daí que eu adorava Sound and Vision! A música ganhou uma roupagem sertaneja sensacional, chamada Magia e Mistério. Na verdade, ela nem é uma versão - apenas o refrão da música caipira se utiliza da melodia do riff de Sound and Vision. Aí sim utilizei do Google para descobrir a quem é a dupla caipira que originalmente fez a versão, mas tem uma penca de autores: Guilherme & Santiago, João Bosco & Vinícius, Cesar Menotti & Fabiano... Quem souber, dá um toque, mas isso nem importa muito.

Então fica aqui a lição para Seu Jorge e Nenhum de Nós: aprendam abaixo como "traduzir" uma música de Bowie com catiguria:

8 de dez. de 2007

Eu não entendo...

Quando eu assisti há um mês o ótimo show de stand-up Comedia em Pé, no Rio, no final da apresentação rolou uma brincadeira entre os comediantes. Foi um lance de improviso, meio Whose Line Is It Anyway. Cada um dos humoristas devia dizer algo que começasse assim: “Eu não entendo...”

Se eu estivesse no palco naquele dia, eu diria: “Eu não entendo as capas da revista Caras”.

Não, não estou falando de bizarrices do tipo Cid Moreira na banheira, mas dessa onda freqüente de fazer montagens que desafiam as leis da fotografia.

Assim: há algumas semanas, chamou-me à atenção a capa de Caras sobre o Grammy Latino. Ela mostrava, em primeiro plano, a cantora Ivete Sangalo com seu novo namorado bósnio, ou coisa do tipo. No meio de tanto artistas e shows, isso foi o que a magazine resolveu pinçar de melhor do evento musical.

Porém, estava na cara que a foto do casal foi tirada na entrada do evento, provavelmente no tapete vermelho, com aquele manjado biombo (sei lá o nome) atrás, que mostra o logo de todos os patrocinadores da festa. Colocar uma imagem assim na capa não dá, não é?

Mas aí, descobre-se que quem também se destacou no evento foi a Daniela Mercury, que se cantou ao vivo. Não tem nenhuma foto dela com a Ivete? Ora, dá-se um jeito. Pega-se uma imagem da Daniela cantando no palco e a deixa de fundo, colocando em primeiro plano a foto de Ivete com seu macho. A idéia é que o casal posou enquanto assistia a apresentação de Daniela. Pescaram?

Mas agora vamos falar um pouquinho de ótica: como que uma foto dessas saiu com foco bom no fundo e na frente? O certo seria a cantora baiana (Daniela, não Ivete), estar desfocada, já que a cantora baiana (Ivete, não Daniela) e seu namorado ucraniano ou coisa do tipo eram o objeto em foco. É um fotógrafo ninja ou não é?

Acho que só eu fiquei impressionado com essa montagem, já que a edição desta semana se utiliza da mesma trucagem: agora, uns cinco artistas estão no lugar que seria de Ivete, e Sting toma a posição de Daniela. Essa foto é ainda mais grotesca.

Veja abaixo como é a feita essa barbárie do design:




Você escolhe duas imagens que não têm nada a ver uma com a outra. Depois você pega as duas e cria a idéia de que elas foram feitas ao mesmo tempo




Pronto! Nasce uma capa bizonha!

OBS: Reparam que na foto original dos artistas há seis pessoas? Bem, como uma delas não é famosa, ela foi limada da foto que saiu na capa. O problema é que esse penetra estava abraçando a última mulher, vejam só. Daí, o jeito foi arrancar o braço do cara e inverter a imagem daTotia Meireles. Coisa fina. Lenin, o pai da trucagem, ficaria orgulhoso.

4 de dez. de 2007

O presente

Uma das coisas que mais me irritam quando eu vou assistir a um filme brasileiro, é ter de ver na tela todos os milhares de patrocinadores da película. Lei do Audiovisual, Ancine (Agência Nacional do Cinema), Petrobras, alguma operadora de celular... Quando eu vi Tropa de Elite no cinema (pois é, no cinema), sem sacanagem: acho que foram mais de 5 minutos apenas com esse merchandising. Um cara lá do fundão até soltou um "Porra!", o que fez todo mundo cair na risada antes do pára-pá-pára-pá-páran-pan-pan.

Mas, enfim. Ontem eu assisti O Passado, e confesso que fazia tempo que eu não saia tão irritado do cinema. Não foi nem pelo filme – história legal, mas roteiro confuso - que eu fiquei bravo. Foi porque antes do filme começar, adivinhem só o que apareceu no telão? Pois é, isso mesmo que vocês estão pensando. Depois, em letras garrafais, surgiu "esse filme foi escolhido pelo Programa Petrobras Cultural".

Legal, beleza, nada contra. Tirando o fato que o filme é em espanhol e rodado em Buenos Aires (eles fazem questão de dizer que é uma produção brasileira e dos hermanos). Mas... não tem nada de brasileiro nele? É... tem sim. O diretor argentino Héctor Babenco é naturalizado brasileiro. O.K. Ah, Paulo Autran também faz uma pequena participação, mas falando francês! Certo. O único momento de algo tupiniquim meeeesmo é quando o tradutor interpretado por Gael García Bernal vem a São Paulo. Tipo, a cena não demora nem dois minutos, e um vendedor ambulante o ensina, em bom português, como comprar um óculos escuro paraguaio. Fino. Não acrescenta nada a história.

Se você for entrar no site do Petrobras Cultural, Ancine, Ancinav e o caramba a quatro, você vai achar tudo de um ufanismo absurdo. Tudo é feito para "contemplar a cultura brasileira em toda a sua diversidade étnica e regional". Ah, foi mal! Agora entendi porque O Passado entrou nessa história: Buenos Aires é hoje o que foi a Disney para os brasileiros há 10 anos. Está muito barato ir para lá, baita cidade legal e cultural. Melhor roteiro que o Nordeste, dizem alguns.

É dose...

Olha, desde que o grupo canadense Cirque de Soleil conseguiu incentivos fiscais para se apresentar no País, via Lei Rounanet (realmente, esse circo não tem grana e não se sustenta sozinho) achei que nada poderia ser mais tão cara de pau.

Achei.

21 de nov. de 2007

Os pervertidos que se cuidem

No trabalho, o pessoal está testando o sinal da TV Digital. Duas TVs LCD full HD, vários conversores e o escambau. Cara, a imagem é impressionante, e a vontade que dá é a de atirar a TV de tubo prédio abaixo. Tipo, eu consegui ver as marcas de acne do rosto da Paula Toller, tamanha a nitidez exibida na tela de 42 polegadas.

Mas o que mais me chamou a atenção mesmo é a lerdeza para mudar de funções, como trocar de canais. Você clica e demora uns cinco segundos para ir da Globo para a MTV, por exemplo. Meio que rola um loading. Não sei se isso vai acontecer mesmo, mas, se rolar, vai mudar e muito a cultura do zapping.

Com o passar dos anos, eu fui ficando habilidoso com o controle remoto. Às vezes até brincava de ver quanto tempo eu demorava para ir do canal 1 ao 70. Era muito rápido. Minha tia sempre tira sarro de mim, porque eu sento no sofá, ligo a TV, e fico zapeando, vendo em menos de um segundo o que está passando em cada lugar. É coisa de um minuto. Daí eu levanto, ligo e computador e reclamo. "Não tem nada de bom para ver na TV..."

Com a NET Digital – quem tem sabe disso – essa brincadeira acabou. Para mudar de canal demora um bocado, tipo uns dois segundos. Isso acontece porque é preciso mostrar na tela que canal é aquele, que programa está sendo exibido naquele momento e qual será o próximo. Até o sinal configurar isso demora.

Vendo o pessoal mudar de canal com a TV Digital, eu brinquei. "Nossa, nunca mais alguém vai dizer: 'Fulano, liga agora no Faustão para ver o que está passando'". É sério, com essa demora de cinco segundos a cena já foi exibida e saiu do ar.

O Filipe aproveitou a onda e deu uma de mestre. "Pô, imagina o moleque que vê Sexytime com a porta fechada? Se alguém entrar no quarto ele está ferrado."

Realmente, tem uma molecada que vai sofrer bonito com essa tal TV Digital.

16 de nov. de 2007

Que time é teu?

Jornalista é um bicho maldoso, adora deixar piadinhas sublimares em textos ou fotos. O Lance! é especialista nisso, e seu auge aconteceu no começo desse ano, quando o time do São Paulo perdeu o primeiro jogo das semifinais do Campeonato Paulista para o São Caetano.

A partida foi 1 a 0 para o time do ABC, com um gol contra de Richarlyson. Ah, o diário esportivo não deixou barato. Pegou uma foto do jogador são-paulino cabeceando contra o seu próprio gol e escreveu em letras garrafais: "Richarlyson, que time é teu?"

Como diria meu pai, "essa é mais velha que andar pra trás".

Lembrei dessa história ontem, ao ler uma matéria sobre, adivinhem, o Richarlyson. Estava no site do Estadão, e o atlteta falava que deseja permanecer no São Paulo até o final do ano que vem. Legal, beleza, mas olhem a foto que o sítio resolveu pôr para ilustrar a reportagem:

Maldade pura.

13 de nov. de 2007

Quanto vale o post?

Eu não sou um blogueiro famoso. Nunca fui de colocar no ar 10 posts por dia, e tampouco adotei o modelo de ficar divulgando minha página pessoal entre outros blogueiros.

Estou falando isso porque está cada vez mais difícil ler um blog brasileiro hoje em dia, que é famosinho e tals, e não se deparar com uma droga de propaganda escondida. O Jesus, me Chicoteia!, que eu leio desde o começo, entrou nessa onda. O cara me fez um post relembrando o hilariante episódio do "cabelo de beterraba", que foi publicado no ótimo livro Balde de Gelo, escrito por ele e pela jornalista Daniela Macedo.

Poxa, estou lendo a historieta hoje, dou risada, e leio no final: "Por que lembrei dessa história? Oras, por quê! Porque surgiu a oportunidade de ganhar uns caraminguás com esse assunto. A Dove está com uma promoção nova, com prêmios e não sei mais o quê. Para participar, basta clicar no selinho ao lado e responder a pergunta 'Qual foi a maior loucura que você já fez para tratar os cabelos?"

Caramba, eu fiquei puto! Perdi dois minutos do meu tempo lendo uma propaganda! Pelo menos o Marco teve a honestidade de colocar no final do merchandising "Pronto, ganhei um dinheirim. Estou feliz". Legal, cara, mas estou me sentindo enganado da mesma forma.

Deixo claro que não tenho nada contra blogueiro ganhar uns trocados com a sua página. Quer colocar um banner do Submarino ou um AdSense do Google no site? Meu, vai em frente. Recentemente o seriado Gossip Girl, que está estreando no Warner Channel, criou um Twitter para falar da série. Sua forma de divulgação foi colocar um banner nos blogs mais famosos do País. Durante todo o dia, o Twitter do seriado fica escrevendo microposts de fofocas sobre esses blogueiros. Até isso eu relevei, apesar de achar patética tal estratégia de marketing.

Porém, tem blog que era muito bom e agora virou um outdoor. É um tal de "veja esse vídeo, que é sensacional". Aí você clica no link, cai no YouTube, e se depara com um marketing viral (antes era assim, hoje nem se esconde mais que é propaganda). Tem uns blogs que, de cada cinco posts, um é para vender o peixe de determinada empresa. Mas e aí, onde que fica a qualidade do conteúdo? Vale a pena ganhar uns trocados e perder alguns leitores – cativos, em sua maioria? Afinal, creio que não seja só eu que reclamo desse fato e depois deixa de ler tal página.

Está foda, de verdade. Depois o Estadão faz uma propaganda satirizando os blogs e esse mesmo pessoal fica bravinho.

12 de nov. de 2007

Solta o frango!

Já viram o novo comercial do iPod Touch? O.K., eu sei que essa notícia é tããão semana passada, mas só agora deu para escrever sobre isso, ora!

Então, a música que toca na publicidade é Music is My Hot Hot Sex, uma das mais legais do Cansei de Ser Sexy, vulgo CSS. Legal, né? O mais bacana é que a peça publicitária é inspirada em um vídeo amador, feito por um fã da banda e do tocador da Apple: Nick Haley. Pô, o resultado "profissa" é igualzinho ao caseiro, nem sei por que não usaram o mesmo trabalho do moleque de 18 anos. O NY Times deu uma matéria legal sobre a história em torno do pirralho, veja aqui.

Mas comercial mais legal é o do Nokia 5700, já viram? Passa na TV direto, fácil. Como trilha sonora, os caras tiveram a manha de colocar Solta o Frango, do Bonde do Rolê. Sen-sa-cio-nal! Só toca a parte do "Rolê, rolê, solta o frango e vem com a gente."

Juro que toda vez que eu vejo a publicidade eu torço para escutar aquela parte do "Antes de eu dar o edi eu jurava que era crente". Mas nunca dá certo, hehe.

6 de nov. de 2007

Acabo de voltar da Argentina (to chique, benhê!) com uma gripe desgraçada. Preferi ficar um pouco por fora do que estava acontecendo por aqui e, ao chegar, leio duas notícias que merecem um post.

1) - Brasil vai sediar a Copa de 2014

É... Tipo, alguém não sabia? Há algumas semanas e realizei o sonho de ver um jogo do Flamengo no Maracanã, e na entrada do estádio tinha um outdoor assim: “Novo Maracanã, futuro palco da final da Copa de 2014”. Beleza, né?

E, realmente, o Estádio Mário Filho está bem bonito e apresentável. Eu assisti à partida das numeradas inferiores, onde antes ficava a Geral, com aqueles torcedores bizarros e que iam fantasiados para aparecer na Globo. Agora, meu amigo, lá tem cadeiras de plástico, com encosto, uma maravilha. Mas de nada adianta fazer isso, se o torcedor brasileiro ainda se comporta como se estivesse na arquibancada de cimento. Com a reforma do Maracanã, o campo foi meio que rebaixado, então dá para ver legal o jogo de qualquer lugar que você estiver – mesmo sentado. Falta explicar isso para a galera, que insistia em ver a peleja de pé, em cima das cadeiras!

Além de desconfortável, é apertado, mas ninguém parecia se importar com isso. Tive de ver a partida em pé, na escadaria. É mole?

2) - Marido de Susana Vieira pode perder o dedo

O.K., a Susana Vieira e seu marido só geram notícia bizarra. Primeiro, o cara pega uma garota de programa, leva para o motel, arrepende-se e quebra o quarto. Depois fala que teve um surto psicótico e não lembra de nada. Nessa, a Susana posa de coitada na Caras, enquanto o maridon está na rehab. Aí ele é liberado e sabe o que faz para reatar o casório? Tatua o rosto da esposa na barriga! E toca todas as revistas de celebridades mostrando o casal bonito na praia: ele exibindo um rosto bizarro na pança e ela exibindo seu abdômen lipoaspirado, cujo umbigo já está na traquéia.

E você acha que não poderia ficar mais tosco? Nãããõoo. O pastor-alemão dos dois é atropelado, ele vai salvar o coitado, leva uma mordida e deve perder um dedo da mão.

Pô, isso que eu chamo de macumba das bravas. O cara traiu a mulher e, sei lá, podia ficar brocha. Agora, perder o cachorro e, ainda por cima, um dedo, é muita sacanagem...

30 de out. de 2007

Over and over...

Olha, eu tenho uma certa birra por festivais de música realizados no Brasil, mas, juro, nunca vi algo parecido com o Tim Festival de domingo.

O The Killers deveria entrar à 1h da manhã, mas subiram no palco às 4 horas da manhã. Eu não vi isso, lógico, pois nessa hora já estava em casa, dormindo. Também não assisti ao Arctic Monkeys. Sai do Anhembi assim que Juliette and the Licks encerrou sua última música. Às duas horas da manhã. Não assisti justamente as apresentações que eu mais queria ver. O cansaço – e o mau-humor – foram mais fortes. Ninguém trabalha ou tem aula na segunda-feira de manhã, sabe como é.

Olha, eu já cansei de reclamar do preço abusivo dos shows musicais no País, da falta de estrutura de se montar algo grandioso, da roda de maconheiros que sempre fica ao meu lado, do som que é sempre uma merda, do cachorro-quente de R$ 8 e até do copo de guaraná a R$ 4 – aliás, não deixam mais você levar alimentos ou qualquer tipo de bebida. Fique 10h30 em pé tomando copinho de cerveja por 5 conto.

Caramba, quem organizou esse último Tim Festival?

Pôr Björk (showzaço, por sinal) e uma cacetada de bons nomes da música no mesmo dia foi genial, mas será que ninguém pensou que só para montar a parafernália do cenário da cantora islandesa vai 1h30 para montar mais o mesmo tempo para desmontar? Por que não finalizar o festival com ela?

Por que não criar dois palcos, um em cada ponta do estacionamento, para facilitar a transição entre as bandas? Ah, mas aí não faria sentido ter um chiqueirinho VIP em que se paga R$ 400 para ficar um pouco mais próximo do palco, não é mesmo?

O som desta vez estava bom – até o show da Bjork. Depois passou da meia-noite, o Psiu! entra em vigor e o som fica baixo. Não adianta gritar "aumenta!". Por que não começar o evento à tarde, à luz do dia, para não cansar tanto? Por que somente no Brasil há a cultura que show só deve ser feito à noite?

Festivais, nunca mais. Cansei. Pode vir Radiohead, Muse, Led Zeppelin, ressucitar o Freddie Mercury... Chega! Eu sempre saio desses lugares me sentindo um otário, mas desta vez foi demais.

22 de out. de 2007

Acabei de voltar hoje do Rio. Estou com umas idéias legais para colocar no blog. Para dar um gostinho do que eu fiz por lá, deixo abaixo, na íntegra, a entrevista que eu fiz com o cineasta José Padilha, o diretor de Tropa de Elite.

A entrevista também ganhou um vídeo no site do Estadão. Cliquem aqui para ver a cara inchada do escriba que vos fala.

***

José Padilha está cansado, quase pedindo para sair – de férias. Está cansado de dar tantas entrevistas, cansado de estar a cada dia em um lugar diferente do País para promover o filme brasileiro mais falado do ano – quem sabe, da história do cinema nacional. Entrevistar o diretor de Tropa de Elite não é fácil. No começo ele está arredio, não topa fazer uma foto exibindo o boneco que um internauta criou do idolatrado Capitão Nascimento. Prefere fazer um retrato sentado no sofá, exibindo as suas olheiras de várias noites mal-dormidas. Aos poucos se mostra mais simpático, adora uma boa conversa e topa, por mais uma vez, falar de seu filme, do fenômeno que foi o seu vazamento. Mas também aproveita a conversa para pedir uma reflexão maior sobre a questão dos direitos autorais no Brasil.

O que explica o fenômeno Tropa de Elite?
Não sei. Uma pesquisa do Ibope mostrou que mais ou menos 11, 5 milhões de pessoas viram a cópia pirata, e ontem (dia 18) nós chegamos a marca de 1 milhão de telespectadores no cinema. Isso é um fenômeno que está relacionado à demanda do público. Primeiro, eu não acho que existe uma resposta única para o fenômeno, acho que surgiu o interesse do público em ver o filme antes dele estrear. Essa pergunta se subdivide em várias. Eu acho que passa pela percepção da população que, de fato, a polícia faz parte do problema da violência urbana, e que você não consegue resolver os problemas sem lidar com os problemas internos da corporação policial. Tropa de Elite é um filme que mostra isso com clareza e pela primeira vez no Brasil. E, por último, acho que talvez a gente tenha feito um filme legal (risos)

Um dos motivos que explicam o sucesso do filme é o fato dele mostrar a realidade, aquilo é o Rio de Janeiro. O Ônibus 174 também mostrou isso, mas o sucesso não se repetiu com o público. Por quê? O brasileiro não gosta de documentário?
São filmes diferentes. O filme é construído do ponto de vista do seqüestrador, do marginal. Isso não é novo no cinema brasileiro, porque o Cidade de Deus fala da violência urbana vista pelos traficantes, Pixote conta a história de um bandido, Carandiru é um diário dos presos. Tropa de Elite rompe essa tradição porque aborda o mesmo tempo, mas visto por uma pessoa que entre aspas não é considerada marginalizada, é justamente o algoz, o policial. A gente aprendeu que isso interessa.

Você disse que nessa quinta-feira passada, o filme atingiu 1 milhão de espectadores no cinema. Quando ele vazou, você achou que isso afetaria a bilheteria?
O Ibope fez uma pesquisa formal: 33% das pessoas que viram o pirata se disponibilizaram a ir ao cinema, e 66% disse que não. Então claramente há uma perda aí, independente da bilheteria. O filme pirata não é igual e a experiência de ver um filme no cinema é totalmente diferente: o som está editado, a imagem é excelente, é outra experiência. Grande parte de quem assistiu a versão pirata entendeu isso e foi para o cinema. Eu falo para os distribuidores que, querendo ou não, a pirataria afetou o filme, mas não foi toda a parcela do público que deixou de ir ao cinema. Eu queria que se fizesse uma pesquisa que mostrasse que tipo de pessoa voltou ao cinema e quem não voltou. Aí haveria uma diferenciação e a gente poderia aprender com esse fenômeno inédito.

Você disse que não gostou do filme vazar. Pelo viés artístico isso é compreensível, mas pelo lado financeiro não foi interessante e acabou sendo uma baita estratégia de marketing?
Eu nunca vou saber como seria o lançamento do filme sem ele ser vazado. Mas aí tem quatro questões que eu vou separar: uma delas é o retorno financeiro do filme pelos seus distribuidores e produtores, que tem a ver com o número de títulos vendidos para o cinema e tem a ver com o número de DVDs comercializados. Eu não gostei do filme vazar porque é um furto, você tem um objeto seu roubado. Depois, o filme que vazou não é o original, é um rascunho. Isso me deixou chateado, pois quem apenas viu Tropa de Elite na versão pirata não tem uma avaliação completa do meu trabalho. O terceiro motivo é que a pirataria não é boa, ela envolve sonegação fiscal, as pessoas que vendem piratas não pagam impostos e isso atrapalha muito quem abre uma loja de DVDs normal. A pirataria também aumenta o preço do produto que não é pirata. O cara que não é pirata vende menos, então ele vai ter se subir o preço da mercadoria para poder pagar os custos. A quarta coisa é a corrupção policial. No Rio tem a Guarda Municipal, e o que se vê é que essa estrutura é corrompida pelos vendedores piratas. Tendo dito tudo isso, digo que sou favorável à redução do valor do ticket do cinema, da redução do preço dos DVDs e acho que essas atitudes vão aumentar o consumo.

O Fernando Meirelles brincou, há algumas semanas, que espera que Blindness (filme que ele está dirigindo) também comece a ser vendido nos camelôs, pois foi uma grande jogada de marketing. Você acha que todo filme brasileiro vai conseguir repetir esse feito?
Não. Tem um milhão de filmes sendo pirateados e ninguém compra. Eu briguei o tempo inteiro para o filme não vazar mais e não consegui vencer. O público demandou o filme e não estava disposto a esperar pelo lançamento final, ninguém conseguiu parar a pirataria. Se alguém for pensar em vazar o filme de propósito, vai precisar saber qual será sua demanda. O mais provável é que você dê o DVD pro camelô e ninguém o compre. Com o Fernando, não, ele é um dos maiores diretores do Brasil, se não o maior. Quando ele fez esse comentário brincando, eu também brinquei: “Dá uma cópia do seu filme que eu o entrego para um camelô”.

Você acha que a política do direito autoral no Brasil, que pune quem baixa o filme para assistir em casa da mesma maneira que aquele que faz o download para depois comercializá-lo na rua merece uma reflexão?
Eu acho que a questão do direito autoral merece uma reflexão. Eu nunca vi um caso de alguém baixar um filme para assistir em casa e ser punido. É uma punição teórica, virtual, está escrita na lei, no Brasil eu nunca vi. É teórico isso, assim como é teórico a legalização das drogas. O consumo de drogas vai continuar acontecendo de qualquer jeito no mundo real. O que deve acontecer é que as pessoas que mexem com os direitos autorais precisam refletir sobre os mecanismos de distribuição desses direitos, principalmente de produtos digitais, que são facilmente copiáveis, e devem estudar uma estratégia de baixar o preço desses produtos e torná-los mais acessíveis. Por outro lado, quem pirateia deve saber que esse produto vai conseguir zero reais de receita e não vai existir. Se todo mundo começar a piratear e não consumir o produto no mercado normal, a empresa que o distribui quebra e daqui a cinco anos só haverá o público do pirata. O cara que consome a mercadoria ilegal está financiando a pirataria.

Você baixa filmes na internet ou vê vídeos online? E música? Tem iPod, baixa MP3?
Cara, eu sou antigo. Não tenho iPod e a única coisa que eu baixo da internet são palestras de mestres budas, que eu assino via Podcast. Nunca baixei música pela internet e não tenho nada contra. Você pode muito bem fazer o download e pagar. Se eu baixasse, compraria. Baixo softwares de escrever roteiros, audiobooks, tudo comprando. Compro CDs, que tem uma qualidade melhor que o MP3, que tem uma alta taxa de compressão. O mesmo acontece com os filmes: a compressão da internet não tem a mesma qualidade que um DVD. Eu acho que no futuro os filmes na web chegarão à qualidade do cinema e aí sim eu vou baixar e comprar.

Você está acompanhando o mundo paralelo de Tropa de Elite na internet? O Capitão Nascimento já virou blogueiro e tem um boneco, no Orkut você vê várias trilhas sonoras feitas por fãs e no YouTube há dublagens do filme.
Alguns filmes, que não são muitos, viram um objeto cultural, modificam hábitos e costumes. Cidade de Deus fez isso, tem a famosa frase do Dadinho. Com o Tropa de Elite também: “O1”, “02”, “aspira”, “pede pra sair”. Isso acontece no dia-a-dia e na internet também. Eu não freqüento Orkut, mas vejo bastante o YouTube e tem muitas coisas engraçadas. Há uma dublagem chamada Tropa de Sofredores, que satiriza o Botafogo, e eu morri de rir com aquilo. É divertido, é interessante, vejo tudo como uma forma de humor. Tem gente que leva a sério, a Torcida Jovem, do Botafogo, falou que vai matar quem fez esse vídeo, dizem que quem está nas comunidades do Capitão Nascimento vai sair torturando todo mundo nas ruas... Isso é besteira, a gente tem de entender que as pessoas fazem piadas sobre tudo. Há um fenômeno cultural em torno do filme, e internet reflete isso.

Por que o Capitão Nascimento virou um ídolo? Por que ele é tão carismático e faz tanto sucesso na internet?
A sua pergunta é muito boa, pois você pergunta por que ele é um ídolo, e não um herói, como a maioria das pessoas. Isso é equivocado: o cara tortura, o cara mata, engana, tem Síndrome do Pânico... Isso está estampado. Ele virou um ídolo, porque há de se reconhecer que o ator (Wagner Moura) tem um carisma que faz a diferença e interpretou o Capitão brilhantemente. O Nascimento é um personagem interessante, ele tem um discurso completamente monolítico, fechado, agressivo e equivocado. Ele acha que a violência se combate com a violência e, dentro desse discurso, incorpora elementos que a população quer. Por exemplo: ele pega um policial corrupto e espanca. Ninguém agüenta mais corrupção. Aí você pega um personagem que é contra isso e as pessoas esquecem qual é o seu primeiro plano: ele tortura e mata. Os políticos deviam pensar por que o Capitão Nascimento é um ídolo.

Hoje se vê que a web é cada vez mais necessária para o sucesso de algo, seja no cinema ou na música. O Radiohead teve recentemente uma idéia maluca – ou genial – de colocar o último deles para download em seu site, e o internauta decidia se valia a pena pagar pelo download ou não. Você pensa em criar algum projeto para o futuro usando a internet como ferramenta?
Aconteceu isso com o meu filme: eu recebi um e-mail de um cara do Rio Grande do Sul que disse: “Vi o pirata e gostei do filme. Mande a sua conta bancária que amanhã eu deposito o valor do ingresso”. Primeiro: a proposta do Radiohead é genial, pois essa é a regra do jogo. A banda disse: “Eu, como proprietário do direito autoral, quero fazer tal coisa”. Eu penso em fazer isso, mas no caso do meu filme eu não sou o proprietário dele. Sou proprietário do direito autoral, não o de distribuição. O filme não é do José Padilha, é de quem o financiou. Eu acho que a internet está sendo cada vez mais importante para o lançamento de qualquer produto, sobretudo quando ele se destina às classes que tem acesso à rede. Todo mundo sabe que isso é uma minoria no Brasil, mas é muito importante, pois essa pequena parcela é formadora de opinião. Cada vez mais tem de se pensar em trabalhar não só com a internet, mas com todas as novas mídias, como o celular. Tudo isso é importante – para o cinema também.

18 de out. de 2007

Calor que provoca arrepio

Começo hoje o diário de bordo do DPL, diretamente do Rio de Janeiro. Estarei na Cidade Maravilhosa por cinco dias, e fico até segunda-feira de manhã. Nunca estive por essas bandas antes, então estou tentando conhecer o máximo do Rio que eu conseguir – conciliando tudo com o trabalho, já que vim aqui para fazer umas pautas (essa foi para agradar a chefia, vai que ele lê isso!).

Então vamos lá ao diarinho:

- O avião que eu peguei foi da Tam. Medo. A poltrona em que eu sentei estava zoada. Manja aquela mesinha que fica presa na parte de trás da poltrona que fica na sua frente? Aquela em que você puxa e pode usá-la como apoio para ler o jornal ou comer um horrível risoto de palmito? Então, a trava que a segurava estava quebrada e a mesinha ficava armada o tempo todo. Isso nem seria um grande problema até eu ouvir a aeromoça orientar que durante a decolagem e a aterrissagem a mesa deveria ficar presa. Eu levantei a mão e falei que no meu caso isso não era possível. Ouvi que isso é obrigatório, pois durante esses dois procedimentos de vôo a tal mesa de flutuação, se estiver aberta, pode influenciar e atrapalhar o ar que circula dentro do avião. Não entendeu nada? Nem eu. Mas o medo de fazer o avião cair me fez ficar pressionando a mesinha por uns 20 minutos.

- Impressionante como o táxi aqui custa barato (ou em São Paulo que é caro?). No Rio, um trajeto de 15 minutos custa R$ 10. Na capital paulista custaria o dobro. À noite, com bandeira 2, o preço ainda é muito baixo. Também é incrível a quantidade desses carrinhos amarelos por aqui. O.K., é cidade turística, mas eu acho que existem mais táxis do que moradores no Rio.

- Aqui ninguém fala que pegou o ônibus "Maracanã", mas o 44 (estou chutando o número). Se o caso do ônibus 174 tivesse rolado em São Paulo, o nome do documentário seria Central-Gávea! Nossa, essa foi horrível, hein! Mas, enfim, eu entendi porque isso acontece por essas bandas. No vidro traseiro dos busões do Rio há escrito o número da linha. Isso é genial, porque dá para ver se aquele é o ônibus que você deve pegar ou não mesmo com ele de costas. Ou seja, isso faz você decorar o número da linha do seu busum. Se em São Paulo isso existisse seria ótimo. Cansei de contar às vezes em que vi o vulto de um ônibus laranja passando pela Avenida Paulista. Aí o jeito é sempre dar um puta pique para poder ler o letreiro que fica na parte da frente do automóvel. Depois, todo esbaforido, eu sempre descubro que o sonhado Parque Continental é um maldito Barra Funda.

- Da janela do meu quarto dá para ver o Cristo Redentor. Mas só de dia. Durante o resto do dia uma nuvem feladaputa fica em cima dele.

- Perto do meu hotel tem um KFC. Poxa, eu achava que essa lanchonete dos frangos nojentos nem existia mais no Brasil. Acho que amanhã eu vou encontrar um Arby’s.

12 de out. de 2007

Sapinhooo!

Pô, estava vendo agora pouco o Vídeo Show (estou de folga no trabalho, cóf cóf!), e rolou um especial sobre a última temporada de Malhação. Daí passou uma espécie de best of dos últimos capítulos e, cara, quanta tragédia!

Uma menina bateu o seu carro, o irmão que estava com ela morreu. Não entendi porque, mas parece que ela mentiu depois, falando que o mano falecido era quem estava dirigindo. Dramalhão mexicano total.

Também fiquei espantado com os atores da novelinha global. Aquele xarope que fica falando "prieeeeego" continua lá, o ator que pega garota de programa e depois de 40 minutos (!!) descobre que ela (e) é trava também. Até o Chatô está lá!

Olha, bons tempos em que Malhação era apenas uma academia onde o Cláudio Henrich dava uns pegas na Nívea Stelmann em pleno almoxarifado.

8 de out. de 2007

Gustavo, pede pra sair

Ontem eu vi Tropa de Elite. No cinema, pela primeira vez. Paguei R$ 9 pela meia-entrada e o filme demorou nada menos que 30 minutos para começar a ser exibido.

Explico: no bilhete estava escrito que o horário do filme era às 21h30. O telão realmente já estava ligado nesse horário, mas aí, entre uma animação gigantesca do Cinemark ensinando como jogar pipoca no lixo, dez milhões de filmes publicitários e somente dois trailers, o filme, o filme mesmo, só começou às 22 horas!!!

Poxa, é dose. Se eu quero ver um filme numa tela bacana, com um som caprichado, eu tenho de desembolsar quase 10 conto para ficar morfando meia-hora na poltrona até o longa começar. Pelo mesmo valor eu podia comprar um DVD no camelô e ver o filme em minha casa, sem ter de ficar vendo publicidade por 30 minutos. Ah, na versão “alternativa” também não aparece aquela famosa lista completa dos patrocinadores que fazem questão de darem o ar de sua graça antes de um filme nacional começar. Em Tropa de Elite, e eu contei isso, foram dois minutos de Petrobrás, Claro, Prefeitura da Cidade do Rio, e por aí vai.

Alguém no cinema até gritou um "porra" nesse momento.

Quando o DVD surgiu, lá nos anos 90, um barato é que não tinha trailler. Você enfiava o disco no aparelho, aparecia aquela mensagem padrão de “atenção” e logo se caia no menu. Hoje, os trailers invadiram os DVDs e, pior, não tem como você fugir deles. Você tenta correr, mudar o capítulo, entrar no menu... Não funciona. Aí toma Pousada do Sandi e aquele comercial com montagem de videoclipe que te “ensina” que comprar um DVD pirata é a mesma coisa que colar na escola.

Vale a pena passar por tudo isso apenas para ver um filme original?

OBS: O melhor blog de todos os tempos da última semana é o www.capitaonascimento.wordpress.com. Foi lá que eu fiz esse teste acima, que mostra que eu sou o Capitão Nascimento. Vão lá e façam o teste também, seus fanfarrões!

16 de set. de 2007


Estava eu agora pouco, na cozinha da casa aqui de Sorocaba, atacando um pedaço de pizza gelada, que tinha sobrado do jantar. Aliás, tem coisa mais gostosa nessa vida do que comer pizza gelada em plena madrugada?

Mas, enfim, estava fazendo a festa na cozinha quando escuto meu pai aumentando o volume da TV para poder escutar o cantor Leonardo “dando uma palhinha” no programa Altas Horas.

Ele começa a cantar Um Sonhador. Eu também. “Eu não sei pra onde vou/Posso até ficar sozinho/Minha vida segue o sol/No horizonte dessa estrada”.

Minha mãe chega na cozinha e olha seu filho lascando o gogó de boca cheia e batendo o pé no chão. "Bonito, hein, caipirão!".

Óbvio que eu engasguei e soltei um tímido muxoxo. Depois, já no quarto e comendo outro pedaço de pizza (hehe), comecei mentalmente a cantar só o "besto of" de Leandro & Leonardo: Eu Juro; Desculpe, Mas Eu Vou Chorar; Entre Tapas e Beijos; Não Aprendi a Dizer Adeus; Pense em Mim; Festa de Rodeio e aquela do "então esfrega, requebra e acende o fogo da comadre", que é genial.

Daí eu fui mais fundo em minha memória e lembrei que quando pirralho, na minha infância em Tupã, eu adorava comprar os gibis do Leandro & Leonardo.

Cacetada, como eu já fui brega!

OBS: Sensacional esta minha montagem feita no Paint, hein! Photoshop é para fracos.

12 de set. de 2007

O videoclipe não acabou; já a MTV...

Não sei vocês, mas estou com medo de como será o VMB deste ano. Sério, alguém viu o VMAs domingo? Eu sei que hoje é quarta de madrugada e o assunto está datado, mas eu nunca vi uma edição dessa premiação da MTV americana ser tão ruim na história.

Primeiro: eu não conhecia quase ninguém que estava concorrendo. Olha, eu juro que eu tento me manter atualizado, e vez ou outra até confiro o que está na parada do TRL. Mas dos concorrentes, grande maioria era de novatos que "cantam" hip-hop. E o som de TODOS era péssimo, do tipo que nem a Jovem Pan consegue pôr no ar.

Segundo: os shows. VMAs sempre foi sinônimo de shows do tipo "arregaça". Neste ano, não teve um decente. Não vou nem citar aqui o que foi a Britney Spears fazendo aquele dois-pra-lá-dois-pra-cá patético, porque isso já é chutar cachorro morto.

Meus caros, a estética da MTV já era. Com a crise do mercado fonográfico, a MTV perdeu o seu ponto de apoio e não sabe o que fazer para reverter isso. No Brasil isso já estava claro, mas fiquei surpreendido ao ver como a crise está escancarada até na sede americana.

Por que isso acontece? Vamos lá. A MTV trabalha com a idéia do pop, do que está nas paradas. Esse é um formato que funcionava até cinco anos atrás, quando CD ainda era algo que existia e gravadora ainda era uma palavra que se encontrava no dicionário. Hoje, com a internet, MySpace da vida e o escambau, não precisamos mais da MTV nos empurrando seus ídolos pré-fabricados. Nós escolhemos aquilo que queremos escutar e o que desejamos assistir.

Por isso que a tal música pop está num momento tão ruim. Virou um produto desgastado, que precisa ser reformulado. O que a MTV deveria ter feito é colocar ali no palco a nova geração, uma Lily Allen da vida, uma Amy Winehouse trêbada, um Arctic Monkeys ou algo do tipo. Não seriam shows performáticos, do tipo 40 dançarinos fazendo uma coreografia que foi ensaiada o ano inteiro, mas seriam apresentações honestas.

O grande exemplo de como tudo mudou foi o show do Chris Brown. O garoto fez tudo o que se espera de um show de VMAs: teatralização (ele encarnou o Charles Chaplin), dança (ele é muito ágil, mas nada que Michael Jackson não tenha feito há 20 anos – inclusive ele dançou Beat It), e a participação de um outro cantor no meio da música – Rihanna, que foi mal aproveitada e de todos os artistas do VMAs era a única que tinha um excelente single pop e com um videoclipe sensacional: Umbrella, no caso.

As músicas que Brown apresentou, em um playback que mal tentou disfarçar, eram muito ruins, nem a batida prestava. Há pouco tempo atrás o N’Sync fez um show parecido, e foi um arraso. Em um ano eles eram marionetes que desciam do teto do palco, em outro chamaram o Michael Jackson para encerrar a apresentação. Hoje, esse tipo de performance não tem mais graça. Assim como não tem mais graça ver a Britney Spears manquitolando para tentar ser a mesma garota do ano 2000, que fez um strip ao som de Satisfaction.

Britney Spears é uma metáfora perfeita para a MTV de hoje (não resisti).

A coisa foi tão sofrível que nem Justin Timberlake, que já fez o favor de salvar os últimos sete VMAs, foi bem. Pelo menos ela deu uma dentro, ao pedir para a MTV passar mais videoclipes e parar com essas baboseiras juvenis. Aliás, aqui entra a principal questão da MTV estar em crise: por que ela não passa os videoclipes que vemos no YouTube e não aqueles que ela recebe via gravadora e insiste em pôr no Overdrive? Por que em vez de um Fall Out Boy, não toca um Klaxons ou, chutando o balde, um Cansei de Ser Sexy? Tudo bem que nenhum deles é americano, mas sei lá!

Olha, se o VMAs foi uma droga, temo pelo o que vai ser esse VMB, que está tentando dar uma de moderno neste ano, criando até uma categoria para o “hit da web”?

Veremos no que isso vai dar...

4 de set. de 2007

Vida e obra de Katylene Beezmarcky



Em uma época em que blogueiro só pensa em descobrir uma forma de ganhar dinheiro sem sair de casa, achar um blog viciante e com uma proposta ousada é cada vez mais raro. Quando eu comecei a conhecer os blogs, lá por volta de 2003, eu pude conhecer aquilo que considero a nata da blogosfera nacional. Hoje a maioria dessa geração já desencanou de ser blogueiro. Um ou outro ainda se tenta manter o pé, mas aquilo lá foi um tempo bom que não volta nunca mais.

Quando eu descobri Katylene Beezmarcky, do agora falecido Papel Pobre, ter um blog novamente fez sentido para mim. De um humor genial, que consistia em escrachar celebridades brasileiras e gringas, Katy conquistou um público fiel na internet (cerca de 100 mil acessos diários), muito além da high society GLS, que era seu público inicial.

Pode-se dizer, sem sombra de dúvidas, que Katylene foi o melhor blog que surgiu nos últimos anos. E, potencialmente, com toda a condição de estourar e estar ali ao lado de um Kibe Loco. Para se ter uma idéia do sucesso, não são raros os casos de leitores que ficavam apertando F5 o dia inteiro na página (já 10 posts em poucas horas).

Pena que a fama gerou inveja, descobriram quem era Katy (s, pois eram duas pessoas, um rapaz e uma menina), e o blog acabou prematuramente. As gírias e o jeito peculiar de escrever desse travesti de Xerém (RJ) vão deixar saudades. Não sei mais o que serei do meu cotidiano sem as seções "umidificação do dia" e "momento ego" ou de ler pérolas como "rehab is the new black".

Especula-se que as Katys foram contratas pelo pessoal do Pânico; que Daniel, um dos autores, mora em Brasília e é filho de um importante chanceler, mas isso não importa. Não se pode acabar com um blog genial, ainda mais em um momento que blogueiro no Brasil está virando sinônimo de merchandising gratuito.

Volta, Katy, por favor!!

OBS: Está rolando um tremendo movimento pela volta do Papel Pobre. Esse blog, inclusive, conta toda a curta trajetória de Katylene Beezmarcky. Já esse é uma espécie de filhote, e tenta assumir o lugar deixado por Katy. Pena que é uma cópia...

24 de ago. de 2007

Estou ficando velho?

Está todo mundo falando desse tal de Twitter. O Ronald, antenado que é, diz que todo moderninho tem um. É o novo Second Life.

Fiquei curioso, fui ver o que é.

Vamos lá: é um diarinho virtual, ponto. Microblog o cacete, é um diarinho virtual. Parece que você tem de dizer, em textos de até 140 caracteres, o que você está fazendo naquele exato momento. "18h40: fui ao banheiro"; "20h: cortando as unhas do pé". Achei bem idiota, mais uma modinha. Parece que também dá para postar pelo celular e, tipo, você paga por isso (?).

"Uma maneira de deixar todo mundo conectado". Piff... Talvez eu esteja ficando velho, mas, para mim, Twitter é igual ao blog da Rosana Hermann.

OBS: Se jornalista ficou chateado por que a Luana Piovani parou de escrever no seu blog, uma boa notícia para quem quer caçar pauta idiota: o Twitter dela está prometendo.

18 de ago. de 2007

O primeiro playback a gente nunca esquece

Estava vendo na tevê algumas cenas do Criança Esperança, que aconteceu no final de semana passada. Pelo pouco que eu pude ver, destaco a participação do Natiruts. Primeiro, pelo espetáculo visual, já que a Globo criou para a apresentação da banda um efeito especial de gosto duvidoso: o público virou um mar, tipo daqueles que os carnavalescos adoram fazer, manja? Bizarro.

Depois eu destaco o playback tosco do vocalista Alexandre, que mal abriu a boca para fingir que estava cantando e, quando resolvia abri-la, cantava no tempo errado. Por final, cito o baterista. Gente, a maior sacanagem para um baterista é tocar playback. Para quem toca instrumento de corda, como guitarra ou contrabaixo, é só dedilhar, sei lá. Ninguém fica reparando e reclamando: "Ei, cadê o cabo ligado na caixa de som?".

Com o baterista, não. O cara tem de ficar em pé para tocar apenas uma caixa e um prato, que é o que acontece na maioria das vezes. É doloroso de se ver. No caso do batera do Natiruts, até que ele se saiu bem, dando uma reboladinha ao ritmo da música. Menos sorte teve Clééééston, percussionista do Detonautas, que teve de se virar com um mísero pandeiro meia-lua.

Apesar de eu não saber tocar nenhum instrumento musical, já tive de fazer playback uma vez na vida. Foi na sexta-série, em 1997, para algum trabalho especial de Educação Artística. A professora Berta (olha o nome) queria fazer uma brincadeira com nossos pais no final do ano. Era um esquema "vamos fazer uma apresentação no anfiteatro da escola e pagar um belo mico".

A turma foi separada em grupos pela professora e cada um deles tinha de pensar em algo que durasse até 10 minutos. Eu me ferrei na hora da divisão, pois cai com o moleque mais mala de todos: o Renan. O Renan era um gordinho metido a besta que se achava gostoso só porque tocava guitarra e tirava notas altas. Além do mais, ele se achava bom entendedor de futebol e Oasis, dois assuntos que eu também adorava.

No meu grupo só tinha menina paga pau dele. Por isso, quando ele veio com a idéia da gente dublar alguma música do Acústico MTV dos Titãs, o must da época, elas logo acharam o máximo e toparam. Do total de 10 pessoas, só eu votei contra. Para piorar, o Renan olhou para a minha cara e falou que eu seria o Sérgio Britto, justo o mais banana dos Titãs.

Ficou combinado que a gente iria "tocar" e "cantar" duas músicas: Televisão e Pra Dizer Adeus. Além do mais, todos teríamos de estar caracterizados. Eu, no caso, tive de comprar uma camiseta pólo listrada e usar um óculo escuro e um boné virado para trás. Resumindo: eu era o Joselito.

Ensaiamos alguns dias na escola mesmo. O meu teclado era a carteira, mas na hora do show o Renan garantiu que iria me trazer seu teclado. Sim, o Renan era foda e ia trazer dois microfones, um violão, um baixo, um teclado e um pandeiro meia-lua para o baterista (rá!).

No dia da tal apresentação, meus pais felizmente não compareceram, mas o anfiteatro estava lotaaaaado. Meu grupo seria o terceiro da tarde, antes de uma menina, cujo nome me fugiu agora, que faria o Xou da Xuxa. Estávamos lá, atrás do palco, e o Renan chegou com os instrumentos. Ele deu o teclado para mim e disse que já voltava, porque iria passar o esquema do jogo de luz para o tio que fazia a iluminação do palco (falei que ele se achava).

Todos nos posicionamos, cada um com seu instrumento. O Renan pegou um violão e um banquinho e sentou na frente de todos nós. Eu tinha sido jogado quase para trás da cortina. Ele pegou o microfone e anunciou para a platéia: "Olá, boa tarde! Eu vou cantar Ideologia, do Cazuza".

Ficamos pasmos. Um olhou para a cara do outro, sem saber o que significa aquilo. Aí o Renan ajeitou a viola contra sua barriga, tocou uns acordes e cantaralou: "Meu partido é um coração partido...". Assim mesmo. E nós nove, ali ao fundo, não sabíamos o que fazer. Daí eu levantei os ombros, como se falasse "foda-se", e comecei a espancar o teclado à la Little Richard. O resto quis "tocar" bonitinho e duas meninas até fingiam abrir a boca para simularem um backing vocal. Patético.

Depois ele tocou Pais e Filhos e em nenhum momento olhou para trás de seus ombros, como se nos ignorasse. A platéia não parecia se importar. Pais empunhavam suas filmadoras, as mães balançavam as cabeças e a professora Berta tinha os olhos brilhando. Tudo porque o Renan era foda.

O show acabou, a gente largou os instrumentos no palco e todo mundo - menos a gente - foi cumprimentá-lo. Lembro do irmão do Renan chegar e falar: "Onde você arranjou aquele tecladista?!".

No final tiramos nota 10, a melhor entre todos os grupos. Sabem por quê? Ora, porque o Renan era foda.

13 de ago. de 2007

O rock não acabou

Dessa nova safra de bandas brasileiras que vêm surgindo no cenário do rock alternativo, como Moptop, Los Porongas e Rockz, ninguém é atualmente melhor que os gaúchos do Superguidis. Após estrearem no ano passado com o disco "Superguidis", que já abria de cara com a ótima Malevolosidade e não deixava a peteca cair durante o CD inteiro, cheio de letras bem sacadas e riffs de guitarras bens inspiradas, a banda, com "A Amarga Sinfonia do Superstar", supera a famigerada crise do segundo disco facinho, facinho.

Peguei para escutar o novo trabalho há três semanas e confesso: está sendo difícil deixar de escutar a gauchada. É impressionante, não tem uma música ruim em todo o álbum. Parte Boa, faixa que abre o disco, é um ótimo tira-gosto. Com uma melodia que lembra muito o som de Ryan Adams em "Rock’n’Roll" e uma linha de baixo à la Joy Division, Parte Boa é a música mais legal que eu ouvi até agora nesse ano – em português.

Continuando a audição, outro fator que chama a atenção são as letras mais maduras. No primeiro trabalho deles ainda havia aquele ranço do típico humor gaúcho, cheio de brincadeirinhas internas, que não é todo mundo que digere. Para se ter uma idéia, olha essa rima de Coraçãozinho: "O meu manancial e paz cresceu/Muito mais que o PIB da China em 2003".

Parece até que eles não queriam ser levados a sério na época. Mas o que se vê agora são letras honestas para caramba, que captam muito bem o que passa pela cabeça da juventude que, como aparece em Os Erros Que Ainda Irei Cometer, são anos que voam sem parar. Veja só: "Pelas ruas podres de sujeira/Penso nos erros que ainda irei cometer/Uma lata de alumínio que aparece no caminho/É o bastante pra me lembrar dos tropeços que posso evitar".

O produtor Philipe Seabra (Plebe Rude) parece ter pego a molecada de jeito e deu as eles uma cara indie-pop inteligente, que não precisa de letras engraçadinhas para chamar a atenção. Por Entre as Mãos, umas das melhores do disco, diz: "O teu dom de esconder de mim/Só é menor que o meu de não te achar/Odeio não me irritar com as coisas que, eu sei, me irritam em você/Mas tudo escapa entre os dedos/Tudo escapa entre as mãos/Você é o meu melhor naufrágio".

Já o som característico desses garotos de Guaíba se mantém. O ritmo vai oscilando, de repente fica mais animado, depois dá uma moleza... Aí o riff sobe, a bateria pega mais forte e o ótimo vocal de Andrio Maquenzi se destaca. Mais Do Que Isso talvez seja o grande exemplo dessa montanha-russa sonora – essa música, aliás, tem um refrão grudento pra caramba: "Eu quero fazer tudo que você faz/Mais do que isso eu sei que não sou capaz". Mais chiclete ainda é 6 Anos, que tem o bonitinho "Mas você me ganhou/Quando sorriu pra mim".

Ao todo são 11 ótimas faixas. Assim como no primeiro disco, "A Amarga Sinfonia do Superstar" é distribuído pela Senhor F. Fiquem atentos ao final de 6 anos, faixa que encerra o CD, pois nela há uma canção escondida: Riffs, justamente a primeira música que escutei da banda, quando eles ainda nem tinham lançado o primeiro álbum.

Se o Moptop fez sucesso com O Rock Acabou, o Superguidis dá o troco à altura com essa música escondida, que diz : "Por isso eu acredito nos riffs/ Eles me farão mais feliz".

Acreditemos.


*Escute "A Amarga Sinfonia do Superstar" aqui.


12 de ago. de 2007

Cultura Futebol Clube


Confesso que sou uma pessoa promiscua quando o assunto é essas megastores que vendem livros, DVDs e CDs. No começo do século, eu era Saraiva Futebol Clube. Sempre que estava em São Paulo eu enchia a paciência de meus pais ou tios para me levarem até a unidade que fica no Morumbi Shopping. Era batata: sempre saia de lá com uma sacolinha amarela a tiracolo (CD, na maioria dos casos).

Quando a francesa Fnac veio ao Brasil e se instalou naquele prédio enorme de três andares em Pinheiros, que antigamente era o Ática Shopping Cultural, virei de casaca bonito. Mas desde que me mudei para São Paulo, em 2004, venho arrastando as minhas asinhas para a Livraria Cultura. E, depois do que aconteceu ontem, posso dizer que sou Cultura Futebol Clube desde criancinha.

A livraria de Pedro Hertz tem a fama de só ter funcionários craques. A Veja S.Paulo uma vez deu um ótimo exemplo disso: a megastore tem vendedores tão competentes que eles procuram no sistema um livro do Dostoievski sem precisar perguntar como é que é que escreve esse trem. Isso não é brincadeira.

Voltando ao começo do texto, ontem eu estava no Shopping Market Place junto da Bem-Amada. Ela ainda não sabia o que me dar de aniversário, então sugeri uma passada na Livraria Cultura do lugar. Lá dentro, tentei de todas as maneiras lembrar o nome de um livro que me chamou a atenção nessa semana que passou. Era um livro sobre a história do futebol, feita por um professor de História Medieval e escrito com um viés todo sociológico. Até aí, tudo bem – acontece que eu não sabia o nome do autor, do livro, e nem como a capa dele era. Só lembrava que tinha saído uma resenha dele no Estadão há alguns dias.

Toda essa "capacidade" fez eu ficar que nem uma barata tonta procurando a obra na seção de lançamentos ou de esportes. Nada. Xeretei nas araras, pilhas... Niente. Depois de quase meia-hora nesse tremendo esconde-esconde, a namorada falou: "Pergunta de uma vez para o vendedor, senão vamos ficar aqui até amanhã tentando achar esse maldito livro!".

Fiz uma piada. "Ah, falou! O cara vai me mandar tomar naquele lugar. Imagina o sujeito procurando no computador: 'livro-futebol-sociologia-história-medieval''. Ri sozinho, pois ela, para variar, não achou graça, e insistiu em sua sugestão.

Bem, não tinha nada a perder mesmo. Assim que avistei a primeira pessoa com aparência de vendedor, fui até ela. "Errr... Oi, tudo bem? Olha, não me mate. Eu estou atrás de um livro sobre futebol, mas eu acho que é de sociologia, escrito por um professor de História Medieval e que saiu essa semana no Estadão... Você tem?'.

O cara me interrompeu e respondeu na lata. "A Dança dos Deuses, de Hilário Franco Júnior? Pô, lógico que tenho! Comecei a ler agora, estou na página 110, é animal. Para você ter uma idéia, o livro fala que uma das possíveis origens do futebol foi há mil anos na China. Após as lutas, os guerreiros chutavam a cabeça de seus oponentes!".

Mal tive tempo de processar a informação e o sujeito já me aparece com um livro de capa verde embaixo dos braços. Não adianta: a Cultura é fo...