26 de dez. de 2009

Borracharia fashion hi-tech

Não entendo nada de editorial de moda, presto atenção apenas nas modelos. Fato. Mas impossível ignorar a genialidade do fotógrafo Steven Meisel, para a Vogue Italia de dezembro.

Ele reuniu 20 top models para um ensaio bem criativo, inspirado no TwitPic, aquele álbum de fotografias virtual integrado ao Twitter. Elas tiraram fotos de si mesmas e as enviaram para o Twitter do fotógrafo. O layout das páginas ficou muito bacana, como se fossem os perfis das meninas.

Sente só o Meisel Pic: Resort 2010.








Formspring, o caderno de enquetes virtual

Lembra daquele caderno de enquetes, que circulava pela sala de aula com um monte de perguntas, para que cada um dos alunos respondesse? Então, voltou com tudo - na internet. Desde a semana passada, virou moda no Twitter divulgar o Formspring, um formulário social cuja ideia é a seguinte: perguntar qualquer coisa para quem tiver um perfil dentro do serviço. Assim, simples mesmo. Nem precisa ter registro ali, pode ser anônimo.

Para o cadastro, é só fazer aquela beabá de sempre - deixar um e-mail, criar um apelido e, claro, divulgar sua vida 2.0: endereço de blog, integrá-lo com Twitter e Facebook... Feito isso, o URL ganha um endereço pessoal - www.formspring.me/seunome. Isso torna bem fácil a sua divulgação. Fale para seus amigos, libere o endereço na internet. Afinal, a graça do Formspring é receber as perguntas e respondê-las. Só assim ele funciona, não faz muito sentido deixá-lo ali parado.

Sempre que alguém enviar uma questão para seu perfil, um aviso será enviado por e-mail. Quem for cadastrado pode perguntar se identificando - ou não. Prepara-se para ouvir aquelas perguntas cheias de trocadilhos, além de reparar que as pessoas são bem curiosas em relação a sua vida e opção sexual. "Engole ou cospe?" é praticamente um must dentro da rede social. As perguntas só entram no seu perfil após respondidas. Não gostou? Apague e pronto - quem fez a pergunta não pode editá-la mais tarde.

Para aqueles que buscam uma maior privacidade, existe a opção de permitir apenas perguntas de quem estiver logado dentro da página. É um bom filtro para evitar chateações - mas o divertido do site é justamente as questões idiotas, vindas daqueles que não querem se identificar para sacaneá-lo. O anonimato é totalmente aceito dentro aqui.

É possível seguir perfis no Formspring. Acha que fulano dá respostas engraçadas ou inteligentes? Dê um follow. O conteúdo vem organizado depois, da mesma maneira que o Twitter. Essa é uma boa sacada, mas o serviço é bem primário: não dá para saber quem o segue, por exemplo. A ferramenta de buscas também é bem simplória.

Infelizmente, o Formspring parece que nasceu com o prazo de validade quase expirado. Bastam algumas horas de uso para ficar enjoado. As perguntas costumam se repetir bastante e devia existir um filtro para isso. Se as questões ali levantadas não forem pertinentes e instigantes, a brincadeira logo fica cansativa - isso porque a ferramenta é uma tremenda massagem para o ego. Ao se receber várias perguntas, logo se pensa: "ei, eu sou uma pessoa interessante, que posso ter algo a dizer".

Não tem como não se sentir uma celebridade. Ponto.

Como as pessoas são voyeurs, o Formspring é mais uma dessas redes sociais feitas para a auto-exposição. No Twitter, você responde o que ninguém perguntou – aqui, pelo menos, não se fala com as paredes.

PS: Foto surrupiada lá do Trash it Up!


24 de dez. de 2009

Filmadora de bolso da Kodak grava vídeos em alta definição

Febre ao redor do mundo há alguns anos, as filmadoras de bolso começam a chegar a Brasil neste Natal. Pequenas e gordinhas, com potencial para gravarem em alta definição, elas são uma ótima dica para essa geração que já troca as fotos digitais pelos vídeos online. Por aqui, a maior representante dessa turma ainda não chegou - a Flip. Mas uma de suas principais concorrentes já está à venda: a Zx1 da Kodak.

O Virgula recebeu uma para testes e saiu por aí com ela na mão. Confira o resultado logo abaixo.

A Zx1 chama a atenção logo pela aparência. Seu corpo é todo emborrachado, o que a protege contra chuva e areia, por exemplo. Uma ótima ideia. Ela também é bastante leve (100 gramas) e um bocado robusta. Cabe na mão facilmente, mas no bolso faz um certo volume. Em sua lateral há uma entrada para cartões de memória SD, S-Vídeo e HDMI (cabos inclusos). A lente da câmera fica na parte de trás e, infelizmente, não tem uma capinha de proteção. Em alguns minutos de uso ela já ficou suja.

O gadget funciona com pilhas AAA recarregáveis (o carregador vem junto) e tem quatro modos disponíveis de filmagem: VGA, HD, HD 30 e HD 60 (esses números fazem referência aos frames por segundo), com zoom digital de 2x. Ela também fotografa em 3 megapixels. A Zx1 tem apenas 128 MB de memória interna. Não dá para fazer quase nada com isso - 1 minuto de vídeo no modo VGA, e meros 30 segundos em qualquer opção em HD. Justamente por isso, ela suporta cartões de memória de até 32 GB. É uma pena que a filmadora da Kodak não tenha uma memória interna maior, como a Flip, que tem modelos com 8GB, por exemplo.

APONTE E FILME

Para usá-la é bem simples: é só ligar, apontar e filmar. Para escolher o modo, basta apertar nas setas laterais que ficam ao lado da microtelinha (um dos pontos negativos da câmera). Até aí é fácil. O problema está na hora de acessar o menu: é muito difícil. Os botões disponíveis no painel não são nada intuitivos e muito menos têm algum símbolo que identifiquem o seu uso. Após muitos erros chega-se a descobrir como ver galerias, apagar as pastas e etc. Mas esse é um fator bem desagradável em um aparelho que tem, justamente como grande aliado, a praticidade.







Em ambientes muito iluminados, ou com pouca luz, a Zx1 se saiu muito bem mesmo no modo VGA, de resolução inferior. Em ambientes escuros o seu uso é nulo. A diferença da qualidade de imagens produzidas nela, em relação ao HD, chegam a ser quase imperceptíveis em telas menores. O que não acontece ao ver as gravações em tela cheia - daí sim o HD faz toda a diferença.

Filmar em alta definição exige vários cuidados. Para começar, o jeito como se segura a filmadora. Fique com ela firme e evite movimentá-la. Caso contrário, a gravação fica horrível, com imagens tremidas. Pega-se o jeito rapidinho e o resultado é muito legal. De noite a filmagem não fica lá grande coisa, mas o resultado não é decepcionante, muito pelo contrário. Também surprendeu a qualidade do áudio - no vídeo abaixo, feito no 13º andar de um prédio, é possível ouvir pessoas conversando na rua e os pássaros cantando nas árvores da calçada.

O grande lance da Zx1 é que ela tem um software de edição que sobe os vídeos automaticamente para o YouTube ou Vimeo. É muito prático e funciona direitinho. O programa, inclusive, diminui o tamanho do arquivo, o que torna ainda mais rápido o seu upload.

Na análise final, a Zx1 é um ótimo gadget. Peca pela tela muito pequena, pela falta de uma memória interna mais robusta e pelo menu sofrível. Mas ganha pontos pela sua ótima qualidade de imagem e pela praticidade de subir o material para portais de vídeo como o YouTube. Ela está disponível em três cores, preta, vermelha e pink. Um impasse é o seu preço oficial: R$ 699 - mas ela pode ser encontrada promocionalmente por R$ 499, ou seja, pesquisa bastante.

* Matéria publicada no Virgula



16 de dez. de 2009

Ale Rocha: "o blog é a minha terapia ocupacional, não um trabalho"

Ale Rocha é um exemplo. Não apenas no jornalismo, por coordenar um dos principais blogs brasileiros sobre TV, o Poltrona, mas também na vida. Ele sofre de uma rara doença há 3 anos, a hipertensão pulmonar primária, que exige dele repouso absoluto. Mas Rocha, de 33 anos, luta contra prognósticos e, sempre perto do computador e do iPod Touch (futuramente, será um netbook), diretamente de sua casa em Mogi das Cruzes, região metropolitana de São Paulo, solta furos, notícias em primeira mão e faz a alegria daqueles que curtem os bastidores da televisão.

Em uma semana em que teve uma das piores crises desde o diagnóstico da doença, Rocha está sem postar nada de novo no premiado Poltrona. Muito gentil, ele aceitou o convite do Virgula de contar um pouco a sua história. "Hoje, olhando para trás, vejo que a doença proporcionou coisas bacanas. Tive um filho após o diagnóstico. Criei algo, o Poltrona, e fui reconhecido por isso. Claro que preferia tudo isso sem a doença. Talvez estivesse melhor sem ela, mas não posso dizer que tenho uma vida ruim".

Anotaram?

Você sempre morou em Mogi das Cruzes?
Então, sou paulistano. Morei na capital até o começo da adolescência. Meu pai foi transferido e morei em Mogi durante a adolescência. Voltei para São Paulo para estudar, trabalhar, casar e ter meu filho. Veio o diagnóstico da doença e acabei retornando para Mogi, pois procurava uma cidade mais tranquila, mas que fosse próxima a São Paulo, por causa de meu tratamento no Incor (Instituto do Coração). Entrei na faculdade em 1996. Meu objetivo era ser jornalista esportivo. Durante o curso, consegui um estágio no recém-lançado Lance!. Fiquei lá por dois anos, entre estágio e freelancer. A experiência foi boa, mas observei que o jornalismo esportivo não era minha área. Logo depois conheci a comunicação institucional e minha carreira seguiu este rumo.

E a TV, onde que entrou nessa história?
Trabalhei durante cinco anos no terceiro setor, em uma ONG que estimulava o investimento de empresas na área social. Comecei na área de comunicação e, com o tempo, acabei orientando algumas organizações em suas ações sociais. Durante o tempo em que trabalhei nesta ONG, fiz uma especialização em terceiro setor e outra em gestão de projetos. Depois fui para uma grande empresa farmacêutica. Foi aí que tive o diagnóstico de hipertensão pulmonar primária. Inicialmente fui licenciado e, depois, aposentado pelo INSS. Nos primeiros meses de licença médica, um amigo sugeriu que eu escrevesse um blog para me ocupar. Na hora em que decidi o tema, veio TV. Sempre gostei de televisão, desde moleque. Minha mãe conta que aprendi as primeiras letras e números com Vila Sésamo, no final dos anos 70.

Um blog que, hoje, é um trabalho
No começo era um hobby. Aliás, ainda é. É uma terapia ocupacional, não é um trabalho. O blog começou com poucos leitores, sobretudo amigos e parentes. Comentava notícias sobre TV que lia nos meios de comunicação, programas e séries que assistia. Com o tempo fui ganhando leitores, entre eles profissionais de TV ou jornalistas que cobrem o assunto. Aí veio o destaque, o crescimento da audiência, os furos, os prêmios e o livro (http://www.poltrona.tv/sobre/). O diagnóstico da hipertensão pulmonar ocorreu em dezembro de 2005.

Você atualiza o Poltrona apenas de casa? Sua doença exige repouso absoluto

Fui aposentado em janeiro de 2008. Nunca tive uma postura pró-ativa com o Poltrona. Sempre recebi propostas e convites. Isso inclui os furos. Recebo informações em primeira mão, por telefone, e-mail ou MSN. Outras notícias não são propriamente furos, mas acabam sendo publicadas primeiro pelo Poltrona. Tenho um escritório em casa com toda a estrutura necessária - computador, banda larga, TV por assinatura e DVD. Daqui acompanho cerca de 150 sites e blogs nacionais e internacionais, vejo TV e DVDs o dia inteiro, acompanho Twitter, converso com pessoas pelo MSN e telefone.

Deve ser difícil não pode ir a eventos e coletivas

Realmente vou pouco a eventos. Além de não estar em São Paulo, onde a maioria dos encontros, cabines e coletivas acontecem, há a questão da dificuldade de locomoção. Um dos sintomas da hipertensão pulmonar é o cansaço extremo em pequenos esforços. Um simples levantar do sofá, dependendo de meu estado de saúde, pode levar ao desmaio. No princípio era mais fácil ir a eventos. Morava em São Paulo e a mobilidade era maior. Hoje é mais difícil. A doença é crônica, ela avança mesmo com o uso de remédios. Não há cura. Seleciono alguns eventos para ir: se acordar em um bom dia, posso tentar ir. Para isso conto com a ajuda de familiares que me levam, pois não posso dirigir. Em alguns casos, uso cadeira de rodas. Se não acordo em um bom dia, me resta ficar em casa e poupar energia.

Quando você percebeu que estava se tornando uma referência na área? No primeiro furo?

Não foi propriamente um furo, mas a primeira notícia que repercutiu foi um áudio que postei no YouTube com a discussão entre um pastor do Fala que eu te Escuto e uma telespectadora que o criticava e o acusava de preconceito contra outras crenças e religiões. O post virou notícia na Folha Online, isso aconteceu em janeiro de 2007, dez meses após a criação do blog. Até ali, ele crescia bem vagarosamente. Em dezembro de 2006, tinha uma média de 250 visitantes por dia. No mesmo em que ganhei destaque na Folha Online, saltou para 450. No mês seguinte, atingi 900 visitantes e o número foi crescendo.

Ao fazer os publieditoriais, vulgo posts pagos, você não acredita que põe sua credibilidade em risco?
Primeiro, acho importante deixar claro quando um texto é pago. Para isso, uso um selo e os arquivo na categoria Publieditorial, sem o uso de tags, que no Poltrona servem para indicar os nomes das atrações. Acredito que se tomar esses cuidados, dificilmente o leitor se sentirá incomodado. Eu adoto algumas práticas: primeiro, tem que ser assunto relacionado à TV. Outra coisa diz respeito à abordagem. Se não vi a atração, não elogio. Faço um post informativo. Falo sobre o programa, elenco, história, horários de exibição, cito caminhos para mais informações... Até hoje, só opinei em um caso: True Blood. Sou fã da série, acompanho com a exibição norte-americana.

Você se considera um exemplo, pela maneira como lida com a vida?
Algumas pessoas dizem que sim. Talvez seja. Fico feliz com isso, mas não é meu objetivo. Boa parte do que aconteceu é fruto do acaso. Desde o diagnóstico da doença até a criação do blog e os motivos que o fizeram crescer. Só descobrimos a força que temos quando somos testados, colocados à prova. Acho que é instintivo. Sim, luto diariamente. Mas não há nada de especial nisso. Qualquer pessoa lutaria, todos nós queremos viver! Se alguém me falasse no começo de 2005 que em alguns meses eu teria o diagnóstico de uma doença rara, sem cura e fatal, eu provavelmente iria entrar em parafuso. Aliás, entrei. Os primeiros meses foram barra pesada... Mas, depois, o tempo torna as coisas mais serenas. Os desafios crescem, mas há sempre a questão da adaptação.

Você poderia explicar um pouco sobre o que é a hipertensão pulmonar primária? E qual o seu estágio hoje?

É um pouco abstrato, mas vamos lá: é uma doença rara, crônica, sem cura e potencialmente fatal. Não há estudos atuais, pois alguns remédios novos entraram no mercado, mas pesquisas da década de 90 indicam sobrevida de três anos após o diagnóstico. Em suma, há um um aumento progressivo na resistência vascular pulmonar levando à sobrecarga do ventrículo direito e, finalmente, à falência do ventrículo direito e morte prematura. Entre os sintomas estão falta de ar, cansaço em pequenos esforços, síncope (desmaio) ou quase síncope e edema (inchaço) periférico. Com o avanço, há aperto no peito e dor similar a angina, também presente no infarto.

Existem quatro classes funcionais. Estou no grau mais avançado, a Classe IV. Tenho inabilidade para realizar qualquer atividade física sem sintomas. Apresento falência do coração direito, além de dispnéia (falta de ar) e fadiga em repouso.

Você disse que o blog é sua terapia. Ele o permite criar planos futuros?

O blog é minha terapia. Além disso, é uma forma de contato com outras pessoas. Se eu ficasse vendo o tempo passar, certamente enlouqueceria. É uma forma de me ocupar e fazer planos. Tenho planos pessoais e para o blog. No momento, aguardo a decisão dos médicos para ingressar na fila de transplante pulmonar. O transplante é uma complicado, cheio de riscos imediatos e posteriores, mas certamente melhorará minha qualidade de vida. Por isso, faço planos desde os mais simples, como ir a encontros, coletivas e cabines para imprensa, como, quem sabe, conhecer estúdios nos EUA e participar de eventos por lá. Convite já há.

* Matéria publicada no Virgula

11 de dez. de 2009

Ceará e Marco Luque homenageiam Lombardi

Opa! Eu sei que estou publicando isso com atraso, mas na semana passada eu pedi para os comediantes Ceará, do Pânico na TV, e para o CQC Marco Luque, que eles fizessem um vídeo imitando o locutor Luiz Lombardi - os dois faziam imitações do dono da voz misteriosa do SBT.

Achei que a brincadeira ficou bem engraçada, até rendendo um bons acessos no site do Estadon. Vejam só:



10 de dez. de 2009

Top 5: Simonal no YouTube

'Meu limão, meu limoeiro'



Dueto com Sarah Vaughan



'Vem Balançar', com Elis Regina



Tributo a Martim Luther King



'Sá Marina' em festival português de 1979

Como é jogar Call of Duty: Modern Warfare 2, o maior game da história

No ano que os Beatles entraram de cabeça no mundo dos games, publicar um jogo que pudesse superar o fenômeno midiático do "Rock Band" dos quatro garotos de Liverpool parecia tarefa quase impossível. Parecia. Lançado há pouco menos de um mês no mundo, para Xbox 360, PS3 e PC, "Call of Duty: Modern Warfare 2" acabou se tornando em apenas uma semana o maior lançamento da história dos videogames. Na verdade, da indústria do entretenimento: foram US$ 310 milhões em apenas 24 horas. Mais especificamente, 4,7 milhões de cópias vendidas logo no primeiro dia.

Mas de nada adiantar citar números tão grandiosos se o jogo da produtora Infinity Ward e da distribuidora Activision Blizzard não fosse também um game no superlativo. E é. Sexto jogo da série "Call of Duty", ele é uma continuação de "Call of Duty 4: Modern Warfare", o primeiro título da franquia que não acontecia durante a 2ª Guerra Mundial. "Modern Warfare" 2 se passa cinco anos depois do game anterior, com Imran Zakhaev sendo morto e declarado um mártir e herói nacional pelos ultranacionalistas russos. O terrorista dessa vez atende pelo nome de Wladimir Makarov, que irá espalhar diversos atentados ao redor do mundo - inclusive nos Estados Unidos, que vê o seu império em declínio (o visual de Washington destruída é algo impressionante) e declara guerra contra os russos.

Ao longo dos combates, o jogador viverá diversos papéis em missões opostas. O grupo Task Force 141, capitaneado por "Soap" MacTavish (personagem principal do jogo anterior) e pelo General Shepherd, estará seguindo os rastros de Makarov para capturá-lo. Nessa parte do game, muito mais de estratégia e infiltração, somos o sargento Gary "Roach" Sanderson. Do outro lado estão os Rangers americanos, que entram em zonas de combate, no verdadeiro calor da batalha. Tem-se disponível aqui munição e armas verdadeiras do exército americano, como o Predator Drone, um míssil acionado por notebook. Nestas missões, somos o soldado James Ramirez.

MUITA AÇÃO E POLÊMICA

Para quem não jogou o primeiro "Modern Warfare", a história da continuação é bastante confusa em seu começo. Mas isso não chega a atrapalhar, já que as missões são envolventes e consistem, basicamente, em seguir aquilo que é explicado e sair atirando contra qualquer objeto que se mover. Das geleiras da Rússia a desertos insólitos do Afeganistão, "Call of Duty: Modern Warfare 2" não para um momento sequer.

Uma das grandes novidades são os momentos de invadir um local com reféns. Neste momento, a porta explode com C4 e entra-se em slow motion para se ter uma maior precisão na hora de atirar contra os bandidos e não matar os civis. Aliás, é justamente a questão de "atirar em inocentes" que está a grande polêmica do game. Em uma missão curta, que de tão chocante chega a ser opcional para o jogador, somos um agente infiltrado da CIA que acompanha os terroristas russos em um aeroporto. Makarov é um louco, que derruba aviões e explode lugares públicos, mas aqui ele chega ao limite de atirar contra uma multidão de civis. O jogador pode disparar também para não comprometer o disfarce, ou seja, é uma violência tão gratuita que vai deixar até o fã da série "GTA" (Grand Theft Auto) desconfortável.

TROPA DE ELITE DOS GAMES

Ufanismo de lado, o melhor momento de "Modern Warfare 2" são as duas fases que se passam em uma favela no Rio. O detalhismo da localidade impressiona (vide os momentos em que se têm de correr pelos telhados), já o mesmo não acontece na aparência do Cristo Redentor, que é muito grande em relação ao Corcovado. Estética à parte, a ideia de uma dessas missões é capturar um traficante que vende armas para Makarov - o cara chama Rojas, mais "brasileiro" impossível.

Para capturá-lo, é preciso subir o morro e encarar bandidos saindo por todos os lados, em janelas e vielas, enfim, um verdadeiro labirinto. Os traficantes falam em um bom português, com sotaque carioca, inclusive. "Tão atacando a gente pela esquerda, me deem cobertura", berra um meliante em certo momento. "Ele tomou um tiro, he's been shot", grita outro, mostrando que frequentou as aulinhas de inglês. Só não dá para entender qual é o propósito do visual dos traficantes cariocas: eles usam óculos do tipo Aviador e lenços na região abaixo do nariz. Nada a ver!
JÁ ACABOU?

As missões de "Modern Warfare 2" são curtas, mas podem ser melhor exploradas no modo "Special OPS", em que o gamer pode jogar sozinho ou em dupla para realizar as tarefas no menor tempo possível. Os modos online de "Call of Duty: Modern Warfare 2" são bastante robustos e chegam a comportar até 18 pessoas jogando ao mesmo tempo.

O game é um clássico, com gráficos de primeira e trilha sonora impecável, sob a batuta do ganhador do Oscar Hans Zimmer. As batalhas são épicas e viciantes, que de tão realistas criam a sensação de se estar dentro de um blockbuster hollywoodiano. O jogo exige o máximo do processamento gráfico do Xbox 360 e do PlayStation 3, e é uma pena que as missões não sejam abertas - não dá para conhecer o cenário e ir atrás de extras, já que é tudo muito regrado. Outro lado chato é que o modo "single player" é muito, mas muito curto, o que permite terminar o game em apenas sete, oito horas - em qualquer nível, diga-se.

Para fechar, "Call of Duty: Modern Warfare 2" é um senhor game, em que a ação é muito mais importante do que a história em si. E acredite: ele é realmente digno de todos os recordes que vêm batendo.

* Matéria publicada no Virgula

8 de dez. de 2009

O dia em que conversei com Deus (o do Twitter)


Dizem por aí que as pessoas não são mais apegadas à religião como antes. Que não conversam mais com Deus, que não leem mais à Bíblia... Bem, isso pode ser verdade. Mas, no Twitter, Deus goza de popularidade: tem mais de 130 mil seguidores e já abocanhou vários prêmios de melhor perfil da twittosfera brasileira.

Ao realizar comentários mundanos, misturando humor com religião, Deus, vulgo @OCriador, é um dos fakes mais divertidos da internet nacional. “Perto de Brasília, Sodoma era Disneylândia”, escreveu nesta semana, sobre os recentes casos de corrupção que atingiram a capital do Brasil. “Estou aguardando a chegada do Dinho para cobrar Meus 10% de todo esse Capital Inicial”, comentou há alguns dias, fazendo piada dos rumores sobre a morte do músico. “Este papo de orkut de ‘tenho um lado espiritual independente de religião’ não cola não, viu? Mando para o inferno!”, avisou aos seus seguidores na semana passada.

O perfil foi criado no final do ano passado, para promover o site SAC DIVINO, uma página de humor em que internautas deixam perguntas para o Todo Poderoso, que responde com um – desculpem o trocadilho – senhor sarcasmo. Existe todo um mistério por trás do autor de @OCriador. Para tentar descobrir, fiz duas entrevistas. Uma com Leo, o universitário de 24 anos que criou o personagem, e outra com o Deus do Twitter.

Entrevista com Leo

Como nasceu o perfil e qual sua relação com o SAC DIVINO?

O SAC DIVINO nasceu em outubro de 2008. E o perfil @OCriador em novembro de 2008, para divulgá-lo. É um hobby, uma diversão... Que tomou uma proporção legal e rendeu uns trocados...

Qual sua profissão real e onde mora? Sempre foi piadista?

Me formo em dezembro, em direito, pela Universidade Federal de Alagoas. Aprendi a fazer piada com o mercado jurídico...

De onde vem seu conhecimento para as citações bíblicas?

Por incrível que pareça, da Bíblia...

Fazer piada de religião já rendeu algum problema para você?

Alguns e-mails ofensivos, tentando me denegrir, que carinhosamente respondo com um "muito cristão da sua parte me julgar, não é? Nos veremos no inferno."

Por que os fakes do Twitter se tornaram tão populares?

Não são todos. Acho que alguns se tornam populares porque são minimamente interessantes, originais e divertidos.

Entrevista com o @ocriador

Notei que você fez uma tuitada paga, de uma marca de chicletes. Para que Deus precisa de dinheiro?

Para suprir a não quitação do dízimo de algumas almas incrédulas...

Inri Cristo, seu filho, tem blog, faz vídeos no YouTube, tem um site popular e vários perfis no Orkut. O gosto pela tecnologia então é de família?

Inri Cristo não é Meu filho reencarnado. Eu jamais deixaria Jesus regressar à Terra com a língua presa. Entretanto posso adiantar-lhe que o pessoal aqui no Céu se interessa muito por tecnologia. Eva, por exemplo, ontem acabou de chegar aqui com um Mac.

Em todas as competições que participa de melhor Twitter, o Senhor acaba ganhando. Não é covardia Deus entrar na disputa?

Filhos, quem são vocês para falar de covardia depois de terem amarrado, torturado, furado e pregado Meu filho em uma cruz?

O mundo vai acabar em 2012?

Amado filho, o Papai do Céu não libera spoiler. Em 2012, quem viver verá. OBS: ninguém.

A internet é algo divino?

Atualmente, apenas a internet em nuvem é divina. Nela dá para baixar santo via Torrent! Quando criei a internet, Meu objetivo era que nos finais de semana vocês ficassem em casa e, com isso, cometessem menos pecados. Até que veio a gestão opositora, presidida pelo Tinhoso, e lançou o Red Tube.

* Matéria publicada no Virgula


7 de dez. de 2009

'Serendipitosa do século 21'


Na semana passada, saiu uma entrevista que fiz com a Renata Simões, para o Estadon. Sempre quis conversar com a jornalista, puquiana como eu - para mim, seu Urbano é melhor programa da TV brasileira atualmente, pela inteligência de falar daquilo que não é lugar comum e por trazer, a cada edição, pautas novas, frescas, que sempre me mostram algo de novo.

Com ela, não tive uma entrevista, mas um bate-papo - algo raro de acontecer na profissão. Fico feliz que ela tenha sentido o mesmo.

***

Papa do jornalismo literário, Gay Talese criou um termo para aquele repórter que suja a sola do sapato e que vai de encontro à matéria: "serendipitoso" (de serendipity, que significa ter uma descoberta ao acaso). Em tempos em que para ser um "serendipitoso" basta passar os olhos pelo Twitter, a jornalista Renata Simões une a tradição de Talese com a de um repórter do novo século.

A bordo do Urbano, no Multishow (domingos, às 22h30), ela gasta o sapato pelas ruas de São Paulo com um notebook (para achar os pontos de Wi-Fi da cidade) e um celular invocado, que tira fotos com qualidade de câmera digital e grava vídeos igual a uma filmadora. O conteúdo colhido vai para o programa e suas diversas extensões: site, blog, microblog e álbum virtual de fotografias.

O Urbano encerra em dezembro seu 3º ano. Ele, que no início cobria a cultura de rua, hoje fala sobre cultura digital - o que, para Renata, que começou na TV como produtora e repórter do Vídeo Show, já é mesma coisa.

Por que essa transição?

É onde o programa vai agora. A partir do momento em que o meio digital vira uma extensão da vida da gente, ele já é a cultura em si, não mais o suporte. É muito natural. O Urbano fala de comportamento digital: não adianta fugir da tecnologia, ela não é uma grande novidade. O que muda é que você não anda mais com Guia Quatro Rodas na mão: usa GPS.

Então a internet faz hoje o papel do que um dia foi a rua?

Adorei essa definição! O foco do Urbano é descobrir novidades. Não falamos mais para nicho, aprendemos que não adianta mais falar da tecnologia pela tecnologia. Mas como sua vida está sendo alterada por ela. Assim converso com qualquer um.

A internet pauta o programa?

Processo de pauta é rua. O meu Twitter, o (Google) Reader, são uma extensão do que faço na rua. Falamos do que é novo, do lado B, a internet não é o lado A. Mas tem de saber o que é o seu umbigo e o que é interessante e relevante, entendeu? Acredito que programa de TV é feito em grupo por isso. Televisão legal é um monte de gente falando e propondo. Sou apenas o fio condutor daquela história.

O Urbano foi um dos primeiros programas a chamar o telespectador a participar das pautas, interagindo por meio de vídeos. Isso virou "regra" na TV, não?

Não é modismo, é que não tem como escapar! Essa é a primeira vez que a TV tem necessidade de receber um imput externo. As pessoas querem se ver, desde a senhora à criança. Minha enteada de 10 anos, e todas suas amigas, têm webshows. Então se as pessoas estão se vendo na web, vira algo natural. Por isso, temos de buscar novos formatos e modelos. Ainda não sabemos como, vejo pouco espaço para ousadia e experimentação (na TV). A internet força isso.

Você não fica estressada por ficar online o tempo todo?

Aprendi com o tempo pequenas leis internas: não poder se conectar antes de ter tomado, pelo menos, um copo d’água (risos). Fui fazer uma matéria numa pista de skate e estava um sol lindo. Entrei no Qik (serviço de faz transmissões ao vivo de vídeos pela web) e mostrei as manobras, fiz umas fotos artísticas para o Flickr...

O Urbano está em várias mídias. Todo programa precisa ser assim também?

Poucas pessoas serão transmídias naturalmente. Qualquer pessoa pode ser apresentador, mas poucos serão bons. É a mesma coisa. Virou moda fazer jornalismo, é o novo modelo-apresentador-michê. Todo mundo gosta de contar história, e a necessidade de comunicação encontrou sua melhor maneira de propagar nesses diferentes meios. Mas se reproduzir o que você falou da mesma maneira em vários lugares, será redundante, você estará contribuindo para o lixo informativo do universo da superinformação! O programa vai para o 4º ano e não caímos nessa ainda.

3 de dez. de 2009

1 de dez. de 2009

Ben Huh: "a internet é para besteirol e gatos!"


Ben Huh. É bem provável que você não conheça este nome. Mas com certeza conhece os seus trabalhos. Se alguém saí por aí dizendo "Fail" toda vez que presencia alguma trapalhada alheia ou logo associa a imagem de um gatinho fofo com alguma legenda surreal, a culpa é deste jornalista americano.

CEO da Pet Holdings Inc., Huh se diz um "connoisseur do conteúdo wébico" e define o seu trabalho da seguinte forma: "meu objetivo é fazer o mundo mais divertido por 5 minutos diários". E vem conseguindo. Sua compania é dona do Cheezburger Newtork, um conglomerado de 25 blogs que viraram febre na internet nos últimos anos e modismo até fora do ambiente virtual. Dois deles são mainstream: Fail Blog, dedicado a reunir os melhores vídeos e imagens de cenas de fiascos da internet, com um enorme carimbo de "FAIL", e I Can Has Cheeszburger?, cujo o mote são fotos de gatinhos com legendas engraçadinhas.

O resto é mais underground, como o Engrish Funny, que mostra placas e momentos em que a língua de Shakespeare é assassinada, Graph Jam, que traz gráficos de pesquisas e estudos estapafúrdios, e Loldog, uma versão canina do seu blog felino de grande sucesso. Isso sem falar do It Mad My Day, em que as pessoas postam pequenos textos sobre momentos "WIN" de suas vidas (mais um termo que virou moda graças a Huh) e do incrível There, I Fixet It, que exibe fotografias de grandes gambiarras da arquitetura moderna.

A receita do sucesso de Huh é produzir um humor simple, irônico e universal, que é copiado ao redor do mundo. "Meus blogs são simples e de fácil compreensão. É entretenimento de tiro curto. A comédia não é sempre universal, mas com certeza é divertimento dos bons", comenta Huh, em entrevista por e-mail ao Virgula.

O blogueiro está de férias no Rio e nesta semana vem a São Paulo para uma palestra no evento de cultura digital YouPix. "Em apenas uma semana aqui já percebi que vocês, brasileiros, adoram celebrar e compartilhar uma risada. Agora sei porque ler e assistir a coisas divertidas na internet é algo tão popular no Brasil", revela.


A Cheezburger Network completou em setembro dois anos de vida e atrai, por mês, 11 milhões de internautas. A empresa tem 26 funcionários e, segundo Huh, deu lucro mesmo neste ano horrível para a economia mundial. Sua fonte de renda são os anúncios, parcerias e merchandisings conseguidos por meio dos blogs. "Absolutamente", responde, quando perguntado se criou um novo modelo de negócios. "Acredito que o fato de muitas pessoas começarem a criar blogs de humor, baseados em fotos, seja uma prova clara de que criamos uma pequena indústria", continua.

Exemplo de uma das pessoas que melhor souberam trabalhar com as possibilidades da web 2.0, ele comenta que nunca pagou um centavo para os diversos colaboradores de seus sites, que enviam diariamente milhares de e-mails com imagens e vídeos engraçados. "As contribuições dos usuários são algo crítico para o nosso sucesso, porque 100% do nosso material vem dos nossos leitores. Eles não são pagos e não ligam para isso: trata-se de algo divertido e eles gostam de compartilhar o senso de humor próprio deles", ri.

Ele é categório ao afirmar que não existe uma fórmula para se criar um meme, uma modinha virtual de potencial viral. "Jamais tente criar um meme. Tente criar algo que as outras pessoas achem divertido e fascinante. Você não pode forçar um meme, mas pode criar uma boa comunidade em torno dele e deixar que ela tome conta dele depois disso."

Huh faz aquela linha japonês geek e piadista, que tira sarro de qualquer assunto. Questionado se a internet serve apenas para propagar pornografia e besteirol, ele se diverte. "Eu diria que a internet é para as coisas divertidas e gatos!"

* Matéria publicada no Virgula

28 de nov. de 2009

Zach Galifianakis, o Homem Samambaia

Não conhecia o trabalho do Zach Galifianakis até assistir a melhor comédia de 2009, "Se Beber, Não Case" ("The Hangover"). Também não vi ainda a série dele na HBO, "Bored th Death". Baixei, mas a deixei guardada em algum canto do meu HD.

Li há algumas semanas, na GQ americana, um perfil gigantesco dele. Achei-o meio Andy Kaufman wannabe (tipo de humor que eu detesto), mas adorei o seu jeito anti-Hollywwood de ser - bem, ele é gordo e não faz a barba. Na entrevista, o jornalista cita uma série de vídeos dele na internet, com o sugestivo nome de Between Two Ferns ("entre duas samambaias"). Fiquei de olhar e, bem, esqueci.
Ontem, numa visita ao Funny or Die, encontrei o talk show de sete episódios. E passei 30 minutos de uma sexta-feira rindo que nem um idiota. No papel de um apresentador ranzinza, que está se pouco lixando para quem está ali ao seu lado - tipo, é a Charlize Theron! -, Galifianakis brilha em (não) entrevistas de menos de 3 minutos. Ele é estúpido em alguns momentos (dá pena do Michael Cera) e tem aquele dom de fazer do mal-humor algo engraçado. Ele não grita, faz macaquices ou algo do tipo. O mais engraçado do programa são os momentos de silêncio.

A ideia do talk show é fazer de tudo um improviso, mas é claro que tem muita coisa ali combinada. É que os entrevistados são muito bons, como os atores Jon Hamm e, suspiros, Natalie Portman. Mas não se esqueçam que o momento mais genial de "Hangover" - quando o bebê "toca uma" - não estava no script: ele nasceu da cabeça de Galifianakis.














Melhores paródias de Matrix

Low Budget



Cinema Mudo



Super Bicha



Sex & The City



Lego

26 de nov. de 2009

Lie to Me: que tal brincar de polígrafo?

LOS ANGELES - Imagine conversar com uma pessoa que fica lhe encarando o tempo todo. Que presta atenção no jeito que você coça o nariz, pisca ou se ajeita na cadeira. E que lhe julga a partir desses gestos e de sua postura. É essa a sensação de se conversar com um fã de Lie to Me. A série da Fox, em que um especialista em micro-expressões e linguagem corporal detecta qualquer mentiroso, virou febre entre os seus seguidores. E você achava que escutar sua filha disparando aquelas expressões indianas de Caminho das Índias é que era irritante...

Basta assistir a alguns minutos da produção para querer imitar o Dr. Carl Lightman (Tim Roth). "Passei a observar e analisar expressões faciais e corporais. Se vejo um amigo dar uma puxadinha de lábio, já pergunto: ‘Tá me chamando de idiota?’, ri a turismóloga Monik Neves Paiva, de 24 anos. "Já peguei várias reações em desconhecidos, como fazer uma pergunta e ver alguém passar a mão no pescoço. Ou seja: está escondendo algo. Tá coçando o próprio braço na minha frente? Sinal de pessoa manipuladora", continua.

Lie to Me é baseado nos estudos do psicólogo Paul Ekman, uma referência no estudo criminológico e considerado uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, pela revista Time. Lightman é Ekman na ficção. O da vida real é muito envolvido com a produção: comenta em um blog os episódios e sempre vai às gravações, para o desespero dos atores.

"Ele é uma pessoa amável, mas sempre me sinto estranha perto dele. Você fica meio ‘ele pode ler o meu rosto ’. Nem precisa falar nada, ele sabe exatamente o que está rolando com você", diz a atriz Kelli Williams, durante entrevista à imprensa internacional de que o Estado participou, nos EUA.

Intérprete da Dra. Gillian Foster, ela vive uma personagem baseada em outro psicólogo da vida real, a professora Maureen O’Sullivan. Já Ria Torres (Monica Raymund), a policial que tem um dom natural para fazer o trabalho de Lightman, e Eli Loker (Brendan Hines), o funcionário "super sincero", são fictícios.

Curiosamente, o elenco também está viciado em flagrar as mentiras alheias. "No começo fui reticente, pois acho que deve existir um pouco de mistério no rosto humano. Mas, como atriz, sempre me interessei pelo comportamento humano", justifica Kelli. "Minha filha me testa o tempo todo, mas ela é péssima mentirosa!", ri.

Kelli diz que nota melhor as mentiras de desconhecidos - como a de garçons em restaurantes. "Quando pergunto se certo prato é bom, na hora percebo: ‘opa, tá mentindo’." Monica, por outro lado, já teve momentos de Dr. Ekman com conhecidos. "Encontrei uma amiga que não via há seis, sete anos. Pela mudança de voz e pelas rugas ao redor dos olhos, era como se ela dissesse ‘F... -se você’. Nossa amizade acabou ali", comenta a atriz, que revela ser fã de American Idol. "Adoro! E o Simon Cowell sempre coça o nariz (sinal de mentira)", brinca.

A atriz jura não ter estudado nada de Ekman. "Minha personagem não tinha nenhuma informação dessa ciência quando entrou no Lightman Group. Meu objetivo sempre foi aprender junto de Ria, pois, do contrário, não seria natural", diz.

INTENSIVÃO
O mesmo não acontece com os fãs, que são estimulados a testarem seus conhecimentos. Tanto no site de Ekman, quanto no da Fox, há vídeos que testam a capacidade do internauta de descobrir as micro-expressões. Ekman trabalha com seis universais, listadas nos anos 70: raiva, nojo, medo, felicidade, tristeza e surpresa. A partir da década de 90, ele selecionou outras, como prazer, orgulho e vergonha.

A série não aborda apenas os estudos do psicólogo, mas outros truques usados por especialistas. Exemplo: quer descobrir se alguém está contando uma história falaciosa? Peça para o autor mudar sua ordem, como iniciá-la da metade até o começo. "Fiz isso com um amigo, que estava se achando depois de uma balada. Deu certo", conta o estudante Guilherme Pavani, de 18 anos.

De tão fã da série, ele baixou o mesmo software que Lightman usa no seriado, um que exibe várias fotos de pessoas aleatórias. "Encontrar a expressão de raiva é fácil. O rosto se curva e sobrancelha abaixa", ensina. "Após Lie to Me, passei a reparar mais nas pessoas. Mas isso não é bom, é só ver que todos os personagens têm problemas pessoais em razão disso."

Já o estudante de Psicologia Diego Sanches, de 23 anos, começou a se interessar mais pelo estudo do Behaviorismo. "A fidelidade científica é o que me agrada", conta o universitário, que viu uma professora apresentar um episódio em aula. "Ele abordava a fidelidade do segredo entre as crianças."

O psiquiatra forense Breno Montanari, que tem 30 anos de experiência, concorda. "A série tem toques pertinentes, bem misturados com a ficção." Ele cita o mesmo episódio comentado por Sanches. "Dos 4 aos 7 anos, a criança não diferencia a realidade da fantasia, a verdade da mentira."

Outro exemplo que ele cita é o personagem Eli, que adere à Teoria da Verdade Radical. "Existe uma mentira social, que é impossível viver sem ela", explica. O ator Brendan Hines que o diga. Para viver Eli, ele testou falar por aí só o que lhe vinha à mente. "Descobri que você se mete em problemas se não tiver anos e anos de experiência e de estudo no assunto", diverte-se.

Entrevista Tim Roth: 'Só uso as habilidades com os meus filhos'
A presença de Tim Roth é o grande chamariz de Lie to Me. O ator britânico, cuja carreira foi construída no cinema americano (ele é um ator fetiche de Quentin Tarantino), é citado a todo momento pelo elenco da produção "Ele é muito exigente, mas de um jeito positivo. Nos faz ensaiar como se estivéssemos no teatro. Uma única cena pode levar uma hora", comenta Brendan Hines. "Teve uma vez que ele me fez chorar. Mas, sabe, é o Tim Roth, de Rob Roy, diz Monica Raymund, citando o filme que rendeu ao ator uma indicação ao Oscar. Roth falou ao Estado sobre ser Carl Lightman.

Tem como não aprender algo com o seu personagem?
Você não consegue fugir. Mas tento não ser influenciado. Só uso as habilidades com os meus filhos. Mas não consigo ler ninguém. Em particular, mulheres.

O Ekman está sempre nos sets?
Ele é um cara muito calmo, gentil e despretensioso. Mas fico desconfortável com a sua presença, porque ele realmente lhe sente. Como ator, senti-me exposto.

Você sempre fez personagens físicos, o oposto de Lightman, que é mais observador...
Sempre fui fã da atuação mais física, nunca daquilo mais "interno". Muito do que ele faz é olhar e observar. Isso é uma das coisas mais difíceis de se fazer. Mas eu não presto atenção na minha performance, apenas fico de olho no que estão fazendo ao meu redor.

Esse é o seu primeiro trabalho na TV dos EUA. Os papéis mais desafiadores estão na TV?
Cada vez mais atores dramáticos estão indo para a TV. Eles morderam essa isca, os roteiros e os escritores agora estão lá. Mas meu background é britânico e lá, as linhas entre fazer televisão e teatro não são claras. Não existe de se achar por fazer isso ou aquilo. TV americana é algo novo e excitante. Mas exaustivo.

O Lightman nunca vai errar?
Vamos ver momentos em que ele não terá certeza de algo e quero fazer episódios em que ele possa errar, mas que possamos entender por que os cometeu. O Paul Ekman diz que, na maioria das vezes, não se tem 100% de certeza de uma mentira.

Manter o sotaque britânico foi uma opção sua?
Disse logo no começo que não faria o sotaque americano. Fica um ruído diferente num programa de TV dos EUA. Mas meus filhos são americanos e eles não vieram de fábrica com o sotaque britânico. Não tem como pôr um chip desses neles.

Dá para ver filme por streaming oficialmente no Brasil?

Qual será o futuro das vídeolocadoras? Assim como as lojas de discos foram (quase) exterminadas pela internet, o amanhã das locadoras de bairro ou das grandes cadeias que alugam filmes é incerto. A aposta para a sobrevivência está no mesmo elemento que mudou o ritmo delas: a própria web. No Brasil, existe há alguns anos – e com sucesso – o mercado de aluguel por filmes pela internet. Escolhe-se o catálogo pela web, paga-se um valor mensal para poder ficar com quantos filmes quiser e se tem a comodidade de alguém vir entregar e buscar os discos em sua residência.

Recentemente, a Saraiva Digital lançou a compra por download. Internautas podem consumir de filmes a episódios de seriados pela rede. Não existe o físico, apenas o virtual. O conteúdo é baixado oficialmente, com ótima qualidade – mas com um valor bem caro, diga-se.

Nos EUA, pesquisas mostram que a solução para todos os problemas da indústria do cinema e da TV está no streaming. Sim, as pessoas não querem mais fazer o download - mas apenas clicar em um vídeo e assisti-lo rapidamente, enquanto ele carrega em tempo real. Sites de streaming estão em ascendência por lá e vão se mostrando uma solução viável contra a pirataria. Que o diga o Hulu, que tem parcerias com várias emissoras da TV aberta. Em se tratando de filmes, o mesmo acontece.
O NetFlix, maior cadeia de aluguel de filmes pela internet, tem 20% de sua clientela assistindo sua biblioteca digital por streaming. O acesso não se dá apenas pelo computador. O NetFlix tem parcerias com várias empresas e o streaming pode ser feito por videogames (Xbox 360 e PS3), televisores (modelos da Sony Bravia) e home theaters e tocadores de Blu-ray que sejam conectados à internet.

Para mostrar como está o mercado de streaming de filmes no Brasil, o Virgula testou os dois serviços que trabalham com essa plataforma: o NetMovies e o Terra TV. Confira o resultado.

APERTE O PLAY
Quando o assunto é conteúdo, o Terra TV é hoje o melhor portal brasileiro. São 280 mil vídeos, de acordo com a empresa. O grande filé são as séries, como "Lost" e "Grey’s Anatomy", que são disponibilizados no site minutos depois dos episódios irem ao ar na TV a cabo. Porém, o arquivo cinematográfico do Terra TV ainda é muito pequeno.

São cerca de 40 filmes para streaming. Muitos deles podem ser vistos facilmente na TV aberta ou nas intermináveis reprises dos canais de filmes da TV a cabo, como "Show Bar", "Horror em Amityville" e "Bater e Correr em Londres". Em média, o portal põe um filme novo por semana.
Um aspecto positivo é que as películas disponíveis têm versões dubladas e legendadas. Também é bacana que o Terra divida os filmes em 8 partes, uma ideia interessante para que o streaming não fique tão pesado. O porém é que não dá para adiantar o filme e ele carrega em tempo real. Uma solução bem bolada foi a ferramenta de “apagar a luz”, que permite escurecer tudo o que está ao redor do player. Assim, a visualização fica mais confortável.

Quem usa o navegador Firefox terá de baixar um plugin do Windows Media Player, já os usuários de Mac OS terão de fazer o download do Silverlight. Os vídeos trazem uma curta publicidade antes de começarem, o que não atrapalha.

A qualidade da imagem, infelizmente deixa a desejar. O Terra diz trabalhar com resolução de 480 x 360 pixels. Em tese, seria qualidade de DVD. Mas nos testes foi de VHS. Exibir o vídeo em uma televisão de alta definição não é uma boa idéia, o melhor é ver em telas de até 14 polegadas. As imagem ficaram pixelizadas e ler as legendas de certos filmes foi complicado.

SÓ PARA CINÉFILOS
O NetMovies, por outro lado, tem uma prateleira virtual considerável, que vai agradar em cheio os apaixonados por cinema. São 700 títulos disponíveis e o objetivo é chegar a 2.500 até o final do ano.

O conteúdo liberado para o streaming (é preciso se cadastrar para ter acesso), na seção "Free", remete a filmes cults, trashs e clássicos italianos e franceses de décadas e décadas atrás. Tem de "Metrópolis" até "A Noite dos Mortos Vivos". Para quem é realmente amante da sétima arte, é possível encontrar obras de "D. W. Griffith", pioneiro do cinema como conhecemos hoje. Hitchcock também é agraciado com alguns filmes raros e os aficionados por François Truffaut podem se deliciar com "Jules e Jim".

Para quem achou tudo isso muito cabeça, dá para ver vários filmes antigos de Jackie Chan, que remetem a sua fase pré-Hollywood, e alguns curtas independentes brasileiros, como "Feijão" e "Sobre Pão e Circo", ambos de 2008.

No NetMovies é só clicar e assistir. Algo muito bom é que o site estimulas seus clientes a verem os filmes na TV, o que dá um indício da boa qualidade do produto. Daí depende da cópia do filme. "Um Crime de Paixão" teve qualidade de DVD quando visto em um televisor plasma de 42 polegadas. A qualidade de "Farenheit 451", um filme de 1966, também surpreendeu. Já o material de Chan, que tem mais de três décadas de vida, foi sofrível para ser assistido até na tela do notebook.

Os filmes não são divididos em partes, mas colocados integralmente. Em alguns poucos momentos, isso fez os vídeos apresentarem rápidos “buffering”, mas foi muito pouco mesmo.

SINOPSE
A análise final foi positiva e provou que o streaming gratuito é algo muito interessante e de futuro promissor. Se um dia poderemos ver um filme disponível nessa plataforma em HD, isso dependerá primeiramente da qualidade da banda larga brasileira. Isso justifica a razão da qualidade similar ao VHS que o Terra TV oferece. Por ser um portal muito popular, o site tem de se adequar ao “povão”. Mas os avanços tecnológicos anos após ano são notáveis. O NetMovies também é uma boa opção e atende mais um mercado de nicho com o seu material para streaming, o que justifca o seu material com qualidade de imagem superior.

Fica a torcida para que nasçam mais serviços desse tipo no Brasil. Exemplos bem-sucedidos nós já temos.

24 de nov. de 2009

Chico Barney: 'o blogueiro dos sonhos do Interbarney é o Oscar Maroni'

Em tempos em que os blogs parecem perder espaço para sistesmas de comunicação mais instantâneos, como o onipresente Twitter, e se tornam mais uma ferramenta de republicação de conteúdo aleatório da internet, surge na rede brasileira um projeto vintage, old school, que busca trazer à tona a blogosfera dos seus tempos de glória.

Idealizado pelo redator e roteirista Chico Barney, o portal de blogs Interbarney, clara referência ao Interney, de Edney Souza, parecia uma brincadeira no começo, mas hoje cresce em ritmo impressionante. Em quase 4 meses de vida, já colaboram com o site 30 blogueiros dentro de 21 blogs. No começo, os autores eram de páginas que fizeram sucesso no começo desta década. Agora, os colaboradores são novos talentos da rede, como humoristas e desenhistas, além de jornalistas e escritores com certa relevância dentro e fora da web.

O cardápio das páginas ali hospedadas é variado. Tem lugar para falar de seriados, criticar o conteúdo da TV aberta brasileira ou até mesmo fofocar sobre ícones masculinos. Isso sem falar de blogs do passado que foram ressuscitados e da presença de Cersibon, autor das tirinhas mais nonsenses que a internet brasileira já presenciou.

Barney, com o humor ácido e irônico de sempre, conversou sobre o Interbarney. Seu filho de sucesso, que na semana passada inaugurou um novo servidor devido à média de 10 mil visitas que o portal vem registrando todos os dias.

Como sempre, a pergunta clássica: de onde veio a ideia de criar o Interbarney?
Nasceu de uma epifania. Daqui a algumas semanas, eu, Moskito, Ronald Rios, Rafael Capanema, Daniel Lima... Seremos todos blogueiros da década passada. Somos o passado do futuro e isso não poderia continuar assim, eu não quero ser ultrapassado pelas próximas gerações, nem pretendo voltar à moda apenas em 2030. Então o Interbarney surgiu como uma maneira de perpetuar nossa influência e amplificar nosso poder junto à juventude brasileira e às proximas gerações.

Como foi/ está sendo a seleção dos blogueiros e dos blogs?
Ou a gente coopta projetos campeões, como o Cersibon, e traz para nosso seio familiar, ou partimos de conceitos inovadores criados por nós mesmos e arranjamos blogueiros que tenham tudo a ver com essas propostas. É o caso do Papo Ereto, Bombril na Antena e NetGeo.

Como o Edney Souza, do Interney, reagiu ao portal?
Já estamos muito acima de qualquer pequena briga de "portais de blogs". Nossa briga é com a Brasil Telecom, que é dona do IG, que é quem hospeda o Interney.

Qual sua opinião sobre posts pagos, algo tão comum hoje? Já surgiram propostas de empresas que desejam anunciar dentro do portal?
Estão surgindo propostas interessantes. A grande jogada é que as agências estão nos vendo como uma parceira na criação de conteúdo, usando blogs patrocinados dentro do portal. Estamos em fase de negociações com três. Post pago é algo fora da nossa alçada, acreditamos é na elaboração de conteúdo diferenciado para empresas descoladas. Um adendo: o Interbarney vai muito além de um portal de blogs. É uma reunião de cabeças pensantes, uma nova era da Renascença. A empresa que apoia uma iniciativa como essa é praticamente um mecenas do século 21, e estamos felizes com as ofertas que estão nascendo para 2010.

A ideia de criar blogs em que as pessoas geram conteúdo, em vez de apenas republicar algo que encontram na web, como essa nova geração blogueira, é algo obrigatório para quem deseja entrar no Interbarney?
Estamos nadando contra a corrente, sempre. Essa pratica de "chupinhamento cultural" é muito anterior à blogosfera, vem desde o Silvio Santos. O que nos interessa é criar material novo, mas que também tenha interesse popular. Um exemplo é o sucesso do Cersibon, 100% original, e tão encaminhado por aí quanto qualquer besteira de "you'll shit bricks".

Está sendo difícil trazer para o portal escritores que já ganham a vida escrevendo, como jornalistas e roteiristas?
Os medalhões acham importante ter uma vitrine como o Interbarney, pois podem acabar conseguindo uma vaga de redator na Globo ou um programa na MTV. Isso tem acontecido muito! (Explicação para a piada: Arnaldo Branco recentemente virou roteirista do Casseta & Planeta, e a dupla Ronald Rios e Erik Gustavo, da Badalhoca, terão um programa semanal na music television a partir do ano que vem).

Você recebe muitos e-mails de pessoas querendo participar do Interbarney?
Temos uns 30 autores, todos especialistas em três ou quatro vertentes do conhecimento humano, passando desde os erros de gravação nas novelas da Record até a pós-parapsicologia comentada. Recebo pedidos de adesão praticamente todo dia. Os que são defenestrados eu mando pro Bobagento publicar, ele funciona como nosso coirmão sem qualidade.

Quais as novidades que você pode adiantar para a gente?
Nas próximas semanas, devemos ter algumas novidades na área de esporte, sempre muito cobrada, e também de videogame, que a criançada curte muito. Sempre com o viés Interbarney da coisa. O que me dá mais orgulho é ver que, uma galera que já tinha amizade, agora tá sendo vista como realmente um grupo. Ver os leitores nos vendo como uma marca de qualidade, de pioneiros. E de estarmos associados à personalidades tão díspares, quanto Arnaldo Branco e Lucas Celebridade, e ainda assim tudo fazer sentido. Somos, com certeza, um portal bem humorado, mas não exclusivamente de humor. Gosto de pensar que estamos todos "à vontade". Tanto o Genérico, do Daniel Lima, quanto a fase racional do Rafael Madeira (Cersibon), demonstram nossa pluralidade.

Quem é blogueiro dos sonhos para o Interbarney?
Blogueiro dos sonhos é o Oscar Maroni. O cara tem muita história pra contar e possui o melhor blog em atividade. Sem contar os lugares onde conseguiríamos entrar de graça!

23 de nov. de 2009

'Heloooooooo, bola!'

Quem o escuta pela primeira na TV, jura que a voz é de um americano exibido. O "maiãmi" é pronunciado como "miémi", e as exclamações lembram aqueles comentaristas gringos que fazem graça quando um atleta enterra uma bola de basquete. Mas não. A voz das transmissões de futebol americano e beisebol da ESPN Brasil é de um brasileiro: Paulo Antunes.

"Pessoal acha que quero aparecer, mas o inglês é quase a minha primeira língua, fui para os EUA com 7 anos e vivi por lá mais 17", justifica Paulo, que cresceu vendo as transmissões esportivas americanas. "É muito fácil se empolgar com futebol americano: tem trombadas, cara que perde o capacete e mostra um cabelão engraçado, o gordo que corre e não sabe o que fazer com a bola...", ri.

Há três anos na emissora, Paulo entrou na ESPN quase sem querer. Ele voltou ao Brasil em 2002, para trabalhar como repórter e apresentador da VTV, afiliada da RedeTV! de Santos. De férias nos EUA, ligou para a ESPN Brasil sugerindo um frila. Virou locutor. "Queria um bombom e ganhei um filé mignon".

Em 2009, vive seu melhor momento e, pela primeira vez, cobriu um jogo in loco: o Super Bowl, a grande final midiática do futebol americano. Tal cobertura rendeu a ele e Everaldo Marques, locutor que está sempre ao seu lado, 15 mil comentários no blog do programa da dupla, o The Book is On the Table - um recorde no site.

"Brasileiro gosta de interação e a gente interage com o fã do esporte, o que não acontecia quando os jogos eram transmitidos dos EUA. Isso faz uma grande diferença."

Na internet, aliás, está o maior exemplo de como Paulo virou hit entre aqueles que gostam de esportes americanos. Suas gírias em inglês e formas de pronunciar nomes de atletas são idolatrados no Orkut e no YouTube. Em especial, um certo latido que solta no ar. "Um dia teve um e-mail comentando que eu latia! Hoje o nome da minha empresa é Paulo Antunes Comunicações e Latidos", diverte-se.

* Matéria publicada no Estadão

13 de nov. de 2009

Uma delícia chamada Pomplamoose

Eu me amarro nesses músicos talentosos que fazem releituras de hits no YouTube. Meu mais recente vício é o Pomplamoose. Apesar do nome que exige um certo biquinho ao ser pronunciado (significa toranja em francês), a banda - dupla, na verdade - é um casal californiano, que desde o verão americano do ano passado faz seus videozinhos para a rede.

Além do som ser ótimo (até as composições originais deles são boas), o que me encantou no Pomplamoose é que eles entendem de edição de vídeo e hoje fazem um tipo de trabalho audiovisual que tem a cara do YouTube. Não tenho certeza disso, já que eles podem estar ali apenas fazendo playback, mas acredito que eles devam se filmar durante todo a gravação de uma nova faixa. Eles captam o momento de cantar, de tocar instrumento X, Y e Z.

Depois, na montagem final, eles sincronizam cada um desses pedacinhos com o som de cada instrumento. A imagem de Jack batendo no prato da bateria, por exemplo, entra no exato momento em que esta parte da música entra. Os vários momentos de cantoria de Nataly Daw (para fazer os backing vocals) têm o mesmo procedimento.

Esses vídeos entram em pequenas janelas, como pop-ups. É um barato de se ver e ouvir.





12 de nov. de 2009

Fifa 10 brilha muito sobre o novo Pro Evolution Soccer



Brasileiro é apaixonado por futebol. Virtual. Todo final de ano a história se repete: os gamers ficam alvoroçados à espera daqueles que, para muita gente, são o único motivo de se comprar um videogame: as novas edições de Fifa e de Pro Evolution Soccer (ou o eterno Winning Eleven).

Os jogos da Electronic Arts e da Konami, respectivamente, travam um duelo há mais de uma década pelo título de melhor simulador de futebol dos consoles. Desde o Playstation 1, para ser exato. Durante grande parte deste tempo, PES sempre esteve na frente, apesar dos vários nomes que teve durante todos esses anos – tudo começou com International Superstar Soccer, lembram?

A disputa ficou mais acirrada nos últimos anos, em razão de videogames de última geração, como Playstation 3 e Xbox 360. Neste novo cenário, a EA se saiu melhor e no ano passado o seu Fifa 9 foi (quase) uma unanimidade ao ser considerado o melhor game de futebol de 2008.

Mas e agora, a história vai se repetir? É isso que vou mostrar abaixo, com um comparativo entre Fifa 10 e Pro Evolution Soccer 2010, que acabam de chegar às lojas brasileiras, em versões para PC, Xbox 360, PS2, PSP e PS3, além do Nintendo Wii. Os preços variam de R$ 99,90 a R$ 229,90.

PRIMEIRO TEMPO

A primeira coisa que vamos analisar são os gráficos. E, mais uma vez, Fifa sai na frente. Na versão testada para o PS3, os gráficos foram de babar. A torcida tem movimentos reais e não parece mais um display de papelão. O uso de luzes e sombras também é de se elogiar, algo aprimorado no novo PES, mas ainda inferior ao concorrente. Em relação ao cenário, Fifa dá de goleada. A própria grama tem camadas, ao contrário de PES, que mostra um grande bloco verde, que parece pintado com giz de cera.

Em seguida, o mais importante: a jogabilidade. Pro Evolution Soccer continua mais intuitivo, algo que sempre agradou aos brasileiros. Não é preciso de comandos específicos para driblar, passar o pé na bola, rodopiar ou controlar a cadência do jogo. Basta habilidade no joystick para conseguir isso. Por outro lado, na nova versão a Konami deixou as partidas mais retranqueiras. Está mais difícil correr com a bola sem deixá-la escapulir. Depende muito da habilidade de cada jogador, como Messi e Cristiano Ronaldo. O mesmo se repete na hora de matar a gorduchinha – ela quica que é um horror. A velocidade de PES 2010 deixa a desejar, pois ficou muito lenta. O mesmo acontece com a troca de passes, que ficou bem estranha nesta versão.

Os goleiros continuam uma mãe. Fazer gols de fora da área ainda são uma moleza, caso você tenha um time que possua um atleta que saiba bater bem na pelota. Outra novidade é que os chuveirinhos estão cada vez mais necessários para se vencer uma defesa bem postada. Está muito fácil fazer gols pelo alto, é só escolher uma equipe que tenha um atacante cabeceador lá na frente.

Já Fifa tem na movimentação dos atletas o seu grande diferencial. Eles correm de maneira individual, todos têm movimentos únicos. Ao contrário de PES, em que todos se movimentam da mesma forma e parecem correr travados, como robôs. Em Fifa, há pequenos detalhes que fazem muita diferença para os fãs mais xiitas. As defesas dos goleiros estão mais plásticas, os jogadores batem na bola de 3 dedos, noutras até acertam lançamentos de letra. Isso não acontece no jogo da Konami. Parece besteira, mas até o juiz do Fifa é superior. A bola respinga nele e ele até chega a pular para que a pelota não o atinja. A maneira como os jogadores matam a bola e a controlam também são de encher os olhos.

A série Fifa tem uma jogabilidade que não costuma agradar aos fãs de PES. Mas basta meia dúzia de partidas para sentir a diferença e começar a pegar o jeito. Realizar jogadas de efeitos, como chutes de cobertura e lançamentos de longa distância, exigem certos comandos que atrapalham no começo, mas depois de muito suor acontecem naturalmente. É bem mais difícil que o rival, mas ao mesmo tempo é desafiador. A nova tecnologia “360º Dribbling” não faz muita diferença, mas dá para ver a evolução da mecânica da série. Principalmente quando se fala da inteligência artificial: os jogadores se adaptam automaticamente ao seu tipo de jogo. Incrível!

O porém do Fifa fica na hora de tentar fazer gols de bola parada. Escanteios e faltas não são nada naturais. O mesmo acontece na hora de realizar cruzamentos pelo alto. Nesses quesitos, Pro Evolution Soccer ainda é matador.

SEGUNDO TEMPO

O número de times licenciados em Fifa 10 é muito superior à PES 2010. Para nós, brasileiros, existe um problema. Ao contrário do resto do mundo, onde o acerto é realizado com a liga de futebol de cada país, por aqui o acordo é fechado individualmente com cada equipe. 20 times brasileiros estão inclusos no jogo da EA, como São Paulo, Palmeiras, Flamengo e até o Barueri. Mas Corinthians, Santos, Grêmio e Fluminense, não.

Quer dizer, eles estão no jogo. Os gritos da torcida e as escalações são oficiais. Mas os uniformes e os nomes dos clubes são “alternativos”. Ronaldo agora brilha muito no C. São Paulo, por exemplo. No jogo da Konami, um vexame: só existe o Inter de Porto Alegre por lá. Não é por acaso que o sucesso de Pro Evolution Soccer no Brasil tenha acontecido, principalmente, com as versões piratas dos jogos. Por quê? Por trazerem os times brasileiros.

Para resumir, Fifa 10 bate Pro Evolution Soccer facilmente. Não chega a ser uma goleada, é claro, mas é uma prova da clara evolução da franquia, que soube trabalhar com as imensas possibilidades dos videogames de última geração, dando aos jogadores gráficos de primeira e uma enorme gama de possibilidades de modos online.

* Matéria publicada no Virgula

10 de nov. de 2009

'Também me sinto muito confuso'

SAN DIEGO - Foi com muito bom humor – algo raríssimo, dizem –, que o ator Joshua Jackson acalmou o jornalista do Estado, com dificuldades para formular uma pergunta em que ele pudesse comentar como foi descobrir, ao final da 1ª temporada de Fringe, que seu personagem tinha morrido na vida real, mas estava vivo no universo paralelo: “Olha, também me sinto muito confuso na hora de falar sobre o show”, disse.

A série, cuja 2ª temporada estreou há duas semanas no Brasil, pelo Warner Channel (toda terça-feira, às 23h), fez muito fã pular do sofá no último episódio de seu ano nº1. Foi assim: o mundo possui uma realidade alternativa e a agente Olivia Dunham (Anna Torv) conhece este outro lado – em que o World Trade Center continua intacto, por exemplo. Também foi revelado que o Peter Bishop (Joshua Jackson) que conhecemos é o do universo paralelo – o do mundo real morreu quando criança, um segredo de seu pai, o cientista Walter Bishop.

Como os primeiros episódios da 2ª temporada não revelam nada do season finale, as perguntas direcionadas a Jackson e Torv foram, basicamente, sobre o futuro do novo ano. Mas eles foram mais misteriosos do que a trama em que atuam. “Não sei nada que a audiência não saiba”, despista Anna, que só responde às perguntas sobre as curiosidades envolvendo a série – como qual é a sensação de ficar dentro daquele tanque d’água que, com um pouco de LSD, faz Olivia se conectar com a memória de defuntos. “A água é quente e não há sal para eu flutuar: eu que balanço os braços! Além de relaxante, é um exercício”, ri.

Jackson prefere comentar a relação entre Peter e Walter. O cientista passou 17 anos no manicômio, sem contato algum com o filho. “A dinâmica entre os dois nesta nova temporada está mais interessante, pois é totalmente o oposto da anterior. Peter, após muito tempo, conseguiu confiar em Walter. Não sei como será a partir do momento que ele descobrir que seu pai mentiu durante todo este tempo”, diz. “O que mais amo em Fringe é como esta relação foi posta dentro de uma história de ficção científica. Ao tirar esse lado bizarro (do universo paralelo), você vai observar como a dinâmica deles é algo muito real.”

Anna lamenta não atuar mais ao lado do marido, o ator Mark Valley, que conheceu na gravação do piloto de Fringe. Ele viveu o agente John Scott, que morre logo no primeiro episódio. Tirando um ou outro momento em que os dois contracenavam juntos (no caso, nas memórias de Olivia), ele passava o tempo todo deitado em uma espécie de incubadora! “Esse programa mudou minha vida pessoal e profissional”, brinca a atriz australiana, que teve em Fringe seu primeiro papel na TV americana

Jackson, por outro lado, é experiente no mundo dos seriados e durante anos foi o Pacey de Dawson’s Creek. Perguntado se os fãs o chamam mais de Pacey ou de Peter nas ruas, o ator brincou. “Depende de quem me chama!” Realmente, ele estava de bom humor.

* Matéria publicada no Estadão