26 de abr. de 2004

O cachorro da professora


Já falei pra vocês do Billy, meu adorável cachorro? Ah, ele é uma figura, um mimo. Mamãe fica louca quando digo que é dele de quem mais sinto saudade quando estou fora. Ora, fazer o quê? O animal é minha cópia: come e dorme o dia inteiro. Meu companheiro até na hora da soneca. E como sou um dono-coruja, faço de tudo para mimá-lo. Dizem que os labradores são ótimos nadadores, mas como poderia comprovar tal afirmação? Eis que a mama compra uma daquelas piscinas de plástico de mil litros. Juro, o Billy é o único animal do universo a ter uma piscina própria. Nem os cães da Vera Loyola têm tamanha mordomia.

Perto do apê de Sampa, existe um shopping de animais. Achei que era gozação, só que existe mesmo. Lembra um Wall Mart. A diferença é poder andar com o seu animal de estimação dentro do lugar. É uma beleza; doberman querendo cruzar com poodle, papagaio fugindo de gato, alguns animais mal acostumados batizando as colunas das prateleiras... Hype ao cúmulo o recinto.

Enquanto olhava uma prateleira, passa por perto de mim um dos cachorros mais feios existentes. Lembram do Men in Black 2? É a raça do Frank, só que este não cantava “I Will Survive”. Custa uma fortuna o bicho. A dona deste ‘treco’ deve ser uma baita coroa solitária, ironizo mentalmente. Opa! Conheço essa voz. Olho à dona e dou um contido grito sarcástico:

- Eita! É a minha professora de artes!

E era mesmo. Uma senhora já passada da meia idade, com um cabelo totalmente irregular – o lado esquerdo é maior que o direito. Sempre brinco que o cabeleireiro dela é o Edward – Mãos de Tesoura. Um tremendo canhão, resumindo. Aliás, estou pra conhecer até hoje uma professora de artes ou de literatura que seja gostosa. Não pega homem e dá nisso?

Mas o fato que escreverei a seguir é o real motivo de eu estar usando este espaço. A professora, de repente, diz com aquela voz de fumante pigarrenta.

- Filha, vem ver o que eu achei...

Filha? Saiu uma pessoa “disso”? Saiu, e que pessoa, meus amiguinhos. Pele morena clara, olhos esverdeados, cabelos lisos, barriguinha à mostra e falando ao celular. Em suma: paty. Mas que patricinha! Ela desfilava por aquele corredor cheio de mijo; cheia de graça, exibindo aquele jeitinho menina de ser. Ai, ai.

Com uma mãe daquelas, o pai deve ser gostoso pra caramba. Só pode.

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