18 de abr. de 2004

Maria Rita


- Eca!
- Ah, nem!
- Ergh!

Estas foram as respostas dadas por meus amigos ao ouvirem de minha boca à seguinte pergunta: "Tá a fim de ir no show da Maria Rita?".

Não os culpo, até compreendo: sorocabano tem um tremendo mau gosto. Acostumados durante anos com o rodízio de bandas "Skank-Charlie Brown Jr-Capital Inicial-CPM 22", eles não sabem o que é um show de verdade, músicos de verdade, enfim, uma cantora de verdade. Vai ser carismática assim no inferno! Tímida e pequenina, entra no palco cabisbaixa. O público, em sua maioria de "tios" e "tias", aplaude e grita o nome da cantora. Um leve aceno, ergue a cabeça, pega o microfone com a mão esquerda e aproxima-o da boca. Sai a voz - afinadíssima. Alguns berram, outros aplaudem, e pessoas, como mamãe e papai, colocam a mão ao peito e sussuram: "Meu Deus, é a Elis!".

Fui criado ouvindo minha mãe cantarolar Elis Regina. "Filho, que cantora. Que cantora!". Obviamente, a grande maioria do pessoal que se dispôs a ir ao show, tinha em mente acompanhar a perfomance da "filha da Elis". Saudosos de sua musa, vi no rosto deles um leve sorriso, deixando serem levados pelos arranjos de Maria Rita - que não canta: brinca com a sua voz. Ostentando em seu corpo o final de uma gravidez, Maria Rita, por uma hora e quinze minutos, encantou. Voz, piano, bateria e contra-baixo: eis a fórmula. Um som agradável e gostoso. As letras de Marcelo Camelo, Lenine e Milton Nascimento caem como uma luva na voz de Maria Rita.

Produto da TV Globo? Famosa por ser filha da Elis? Papo de idiota. Ela honra o seu abençoado código genético. Talento e mais talento. Deixe a menina brincar, deixe a menina encantar. Deixe a menina cantar, dançar e rodopiar. Deixe a menina ser Maria Rita.

Aproveitemos.

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