11 de mai. de 2009

De volta aos 11 anos de idade

Quando eu tinha lá os meus 11, 12 anos, viciei numa banda. Parei de compras figurinhas e gibis da Mônica, e usei toda a mesada de dois meses para comprar todos os 3 CDs dela no Mappin do shopping. Passava o dia lendo os encartes de cada disco. Decorava as letras de cada música. Sempre com o dicionário Inglês/Português ao lado, pois ainda não existia Google. Levava o Diskman para a escola e fazia minhas redações e maluquices da aula de Educação Artística ao som deles. Nem imagino quantas pilhas eles já me fizeram comprar.

Era fã mesmo. Comprei uma jaqueta da Adidas e fechava seu zíper até o pescoço, para imitar o estilo dos caras. Comprei um pandeiro meia-lua vermelho porque o vocalista da banda tinha um. E, nos meus sonhos, quando eu tivesse a minha própria banda de rock seria marrento que nem ele. E todos os meus shows abririam com Rock'N'Roll Star.

Foi ao ver o set list da atual turnê do Oasis que decidi ir no show deles aqui em São Paulo. Não estava muito empolgado. Em 1998, quando eles vieram pela primeira vez, diziam que eu era muito pequeno para sair de Sorocaba e pegar um ônibus até a capital para ver sozinho um show de rock no Sambódromo. No Rock In Rio de 2001 não tinha nenhum amigo corajoso ao ponto de se aventurar comingo na capital fluminense. Já em 2006 eu dei vacilo: deixei tudo para a última semana e os ingressos esgotaram. Fiz essa besteira de birra, porque sabia que eles não tocariam Supersonic...

(Mas me ferrei depois, já que os Gallagher, durante toda a turnê de Don't Believe the Truth, SÓ tocaram ela em São Paulo)

Porém, a lista desta vez estava matadora, tão boa quanto a última vezes deles no Brasil, e novamente dando um grande destaque para os clássicos Definetely Maybe (1994) e (What's The Story) Morning Glory?, de 1995. Supersonic com certeza seria tocada. Morning Glory idem. Cigarretes & Alcohol também, assim como o trio de ferro Wonderwall, Don't Look Back in Anger e Champagne Supernova. Até Slide Away estava prevista. Live Forever ficou de fora, tudo bem. Sua ausência ficaria compensada pela música de abertura (de abertura!). Ela mesma: Rock'N'Roll Star.

Pois é. R$ 180 mais pobre e lá estava eu, numa típica noite-fria-com-garoa de São Paulo. Fazia tempo que não ficava tão ansioso para um show. Ainda bem que nem deu tempo para mais nervosismo. Foi só passar as catracas do Anhembi para escutar a clássica introdução playback de Fuck in the Bushes. Foi preciso andar muito rápido e sair trombando em todo mundo para chegar a tempo de escolher um lugar, respirar e apreciar a distorcida guitarra de Noel, que serve de prelúdio para o riff de Rock'N'Roll Star.

No show da minha banda imaginária, nesse momento o palco estaria escuro, com as cortinas fechadas. O público estaria alucinado, berrando como um louco. Daí o baterista faria a contagem do 1, 2, 3 com as baquetas e uma explosão de luzes invadiria o estádio do Morumbi (sempre fui megalomaníaco). Eu estaria numa pose blasé, com meu pandeiro meia-lua vermelho, vendo as pessoas pularem num esquema "os animaizinhos subiram de dois em dois".

Confesso: assistir ao Oasis ao vivo não foi o melhor show da minha vida. Som baixo, público desanimado... E eu estava bem longe do palco - algo cada vez mais comum, já que não tenho salário de Vip para ficar naquele chiqueirinho de bacanas. Mas valeu muito. (What's The Story) Morning Glory? é o CD da minha vida. Durante um ano inteiro ele foi o disco que me acordava, que eu cantava no chuveiro, que punha no som do carro dos meus pais a cada viagem até a casa de meus avôs...

A cada faixa tocada deste disco eu me sentia de novo com 11 anos de idade. E foi nessa que, timidamente, eu olhei para os lados e fechei o zíper da minha jaqueta até o pescoço, cruzei os braços para trás do corpo e fiquei balançandinho a mão direita contra a minha perna, tocando o meu pandeiro meia-lua (vermelho) imaginário.

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