12 de mai. de 2008

No Estadon... e 'Entrevista de Sábado!'

A "Entrevista de Sábado" - que sai nessa segunda-feira, vejam só - é com a Mallu Magalhães. Como eu disse no blog há algum tempinho, conversei com a menina e foi um papo muito legal. Talvez, por tê-la tratada como uma simples adolescente de 15 anos, não como uma criança ou como uma pequena adulta.

Quem quiser ler "a versão oficial" da entrevista é só ler o Estadão de hoje. O texto está mais caprichado e tals. Abaixo, deixo quase toda a íntegra da minha conversa com a cantora-mirim. Quase, porque a transcrição da entrevista rendeu 5 páginas inteiras - ela fala pra cacete!

Você mudou de escola, Mallu?
Estudo no Lourenço Castanho. Eu mudei agora, estava no Santa Cruz.

Que é conhecido por ser mais liberal...
Naquelas que é liberal, né? O Lourenço tem muito mais gente com a cabeça aberta. Lógico, o Santa é um colégio muito bom, o espaço é fascinante, a biblioteca é gigantesca (isso eu sinto falta), tem várias árvores e, putz, é um espaço muito legal. Mas você acaba se adequando em novos lugares.

Por que você mudou de colégio. O pessoal estava te perseguindo?
O pessoal do colégio velho leu alguma coisa que eu falei – não devia ser o que eu queria dizer- e eles acharam que eu estava falando mal deles e os xingando. Começaram a me xingar de ridícula, inventaram um boato de que eu tinha quebrado a escola... Eu estudei lá por 8 anos e meu "suposto amigo" de lá, de 8 anos, virou a cara para mim. Um dia eu cheguei, o cumprimentei e ele: “Não falo com gente da sua laia”. Aí eu descobri que estavam me enxotando... Aí o diretor da escola ligou e falou que eu não devia chegar perto de lá. Isso foi nesse ano... Eu fiquei triste, tentei esclarecer as coisas e é incrível ver como as pessoas de lá "realmente têm a cabeça aberta", pois eles nunca foram pesquisar para realmente saber a verdade. Se eles quisessem mesmo ter uma opinião eles teriam me perguntado o que eu disse e, se eles realmente estivessem falando alguma verdade, eu pediria desculpas e esclareceria o que os tinha deixado chateados...

Tá gostando do Lourenço?
Tem brincadeiras no novo colégio, eu cantei no sarau de lá. É meio estranho, já até dei autógrafo na escola. Às vezes eu passo no corredor e ouço uns sussurros: "MTV, Jô Soares, MySpace, Altas Horas". Eu acho legal que têm umas pessoas muito curiosas. Tem de tudo: quem não me conhece e só sabe que eu sou a menina da TV e que canta. Isso é meio ruim. Mas tem quem me curte, que me ouviu na internet.

Já surgiram alguns papagaios de pirata na sua cola?
Tem muita gente assim. Na sala de inglês tem uma menina que eu conheço há muito tempo. Aí ela fala que toca piano, já fez não sei quantos receitais... Tipo, até parece, né? Sabe quando você percebe que as coisas não são verdadeiras por não se encaixarem? Aí eu ficava olhando, achava ela interessante para conversar de música e ela não sabia nada. Aí outro dia ela falou: "Ai, te vi na MTV. Você está precisando de pianista?". Às vezes eu falto ou saio mais cedo da escola e o pessoal pergunta a razão. Daí eu falo que estava gravando ou numa entrevista. Muitos não entendem. Para você ter noção, uma menina outro dia me perguntou se eu tinha licença para não fazer lição de casa. Quem me dera!

O que você xereta na internet?
Eu até tinha Orkut, mas não uso mais. Internet eu uso mais pelo lance da música, do MySpace, sabe? Eu também uso bastante sites de busca. Gosto de entrar em sites de bandas. No site dos Los Hermanos tem um radinho que toca várias músicas boas. Esses sites de casas de shows são muito bons, como o do Studio SP, onde eu sempre descubro gente nova. O Pure Volume também é legal. Eu gosto muito de descobrir e de pesquisar. Às vezes você passa muito tempo para pesquisar uma banda desconhecida por ela só ter material de internet. Nem adianta procurar CD. Eu, tipo, não tenho CD também. Imagina um dia alguém me achar na web e ir depois na Fnac: "Oi, bom-dia, tem o CD da Mallu Magalhães?". Por isso eu gosto tanto de internet, tem de tudo: é boa para quem tem CD, e para quem não tem.

E jornal, você lê?
Eu leio muito revista de música, lia até a Bizz. Jornal eu só gosto das páginas de cultura, de política, não. Às vezes você lê uma revista, vê um box de alguém interessante e pesquisa na internet depois. Na Rolling Stone sempre é assim.

Como que você acabou indo abrir o show do Vanguart no Clash (12/1), o seu primeiro show, que fez você virar uma estrela de um dia para o outro?
Um dia, perto do Natal eu estava na casa da avó do meu melhor amigo, o Mané. Era um jantar e eu passei pelo quarto dela e vi um violão jogado. Daí eu fui pegar para mexer e vi que ele era velho, precisava de cuidado. Daí eu perguntei para ela se podia consertá-lo. Daí, no jantar de Natal, eu mostrei que estava consertado e ela pediu para eu tocar um pouco. Quando comecei a tocar, uma amiga de uma moça chamada Indaiara falou: "Nossa, eu tenho uma amiga que trabalha com produção de show". Eu falei: "Putz, nunca toquei, mas tenho vontade". Antes eu já havia ligado para o Café Piu Piu e outros lugares e ninguém nunca me quis. Eu ia às casas de shows, olhavam para mim e diziam: "Não, obrigado. Não pode nem entrar menor de idade e você ainda acha que pode tocar."

Mallu, você fugiu da pergunta...
Calma! Aí, o que aconteceu? Essa mulher ligou para a Indaiara e passou meu telefone. Um dia ela me ligou e falou que era produtora de uma banda meio desconhecida, o Vanguart. Tipo, é a banda preferida minha e do Mané, meu amigo. Eu falei "Não, impossível!". Daí ela pediu para eu abrir o show deles e fiquei mó feliz. A minha sorte é que um monte de gente que tava no show, como o Rossatto (seu empresário), tem uma espécie de poder na mídia e eu acabei conhecendo o pessoal certo. Eu tinha acabado de colocar as músicas no MySpace. Um mês depois eu já estava abrindo shows. (risos)

Você não tem medo dos seus fãs, em sua maioria indies fervorosos, deixarem de te ouvir por você estar ficando mais pop?
Eu tenho um pouco de medo porque isso acontece muito comigo, sabe? De gostar de alguém que ninguém conhece. Tipo o Mika. Eu falava que tinha descoberto ele no MySpace, daí ele ficou mais pop, estourou. Eu continuo gostando, mas não tem mais aquele carinho, sabe? Intimidade?

E da superexposição? Tem muita gente que não agüenta mais ouvir falar de você...
Eu acho que tem coisas que fazem parte, né? Eu penso em três coisas: se isso está me fazendo bem, se estou atrapalhando os outros e se isso será bom para o meu futuro. Estou atrapalhando alguém? Não, até onde eu sei (risos). E estou muito feliz! A melhor coisa que existe no mundo é quando alguém te fala que a sua música lhe fez bem ou quando eu vejo alguém tocando ela. Meu, juro, até choro. Agora, se isso vai me fazer bem no futuro... A gente não sabe direito como é o futuro, né? Daí eu penso: "Putz, se eu não estou fazendo nada de muito arriscado, é só eu tomar cuidado que não vai me fazer mal". Eu penso nisso, é esse negócio de custo-benefício (risos). Tem coisas que às vezes você paga muito caro e daí você descobre que não era bem isso que você queria. Só que o problema da música – ou vantagem, não sei – é o vício, né? Quando você começa, não pára. Eu percebi que mais do que nunca eu achei quem eu sou e achei o meu mundo. É a melhor coisa do mundo você saber o que quer, porque você acaba vivendo para uma coisa, é muito bom. O lado negativo é que você percebe que sua vida não é só a escola e, por mais que você tente fazer a sua cabeça, você meio que acaba chutando ela (a escola).

Você curte que tipo de tecnologia?
Eu ouço LP e baixo MP3, gosto de ampliar. Eu estou economizando para comprar um iMac. Gosto de tecnologias que facilitem a vida, filmadora, bateria recarregável (eu amo!), câmera... Altas tecnologias tipo aqueles milhões de softwares eu não entendo. Nunca tive iPod, porque eu acho ele muito caro. Sempre tive celular só com o Snake. Aí um dia minha mãe ganhou um celular com musiquinha, com fone de ouvido. Era um Sony-Ericsson. Quando eu ouvi o som eu o achei muito bom, a câmera legal, várias funções... Mas eu nunca fiz questão.

E música, você baixa bastante?
Tem coisas que você não acha na internet, você só acha em porões. Tipo obra do Tom Zé. Eu curto esse negócio da arte da capinha. Internet é o primeiro passo. Eu baixo uma música, outra e, quando percebo que eu acho que ela tem o mérito para eu comprar o seu CD, eu compro. Eu ocupo muita memória do computador dos meus pais. Eu elaborei uma tática: depois de chegar às 13 mil músicas, eu não baixo mais nada e excluo o que eu já tenho em CD. Eu tinha todos os discos do Dylan em PC e deletei todos após comprá-lo. Às vezes eu importo CDs pela Amazon. Meus pais não curtem a idéia de eu comprar pela internet, então peço para alguma amiga (risos).

Você vai gravar um CD em julho? Para você, que tem a cara da internet, assim como seus fãs, é realmente necessário ter um trabalho físico?
Putz, eu acho que, na verdade, nada é necessário. Porque a partir do momento que você não tem um objetivo de estado maior, você não tem o necessário. Entendeu? Eu quero trabalhar com música. Como? Eu não sei. Eu acho que tenho de fazer aquilo que é bom para a minha formação de músico, e o CD físico contribui para isso. Mas eu nunca vou abandonar a internet principalmente porque eu acredito nela. Eu acho que tem de usar todos os meios, têm gente que curte os outros meios também.

Você está mais solta hoje, Mallu. Nas entrevistas da TV você é meio travada, ri de tudo. Muita gente diz que você até parece mais infantil, com roupas estranhas, como se estivesse inventando uma personagem...
Eu rio de boba, é o meu jeito. O problema, que pode ser positivo também, da televisão, é o negócio de você juntar tudo o que está pensando com o seu jeito de agir. Então você fica meio com medo. Todo mundo tem dias que está mais assim ou mais assado e, às vezes, por insegurança, a gente tenta ser sempre a mesma pessoa. É medo de escorregar e não mostrar quem você é, porque aquilo vai ficar. Eu me visto assim mesmo, eu me visto como estou me sentindo.

O que você já comprou com o dinheiro que vem ganhando? Ainda recebe mesada?
Eu nunca ganhei mesada, eu sempre tentei ao máximo ganhar o meu próprio dinheiro. Agora está mais legal: comprei o chapéu que eu queria, CDs... Fiz uma malandragem também: teve uma vez que eu precisava faltar na aula para dar uma entrevista e contei isso para meu pai. Aí ele proibiu. Mas daí, outra vez, eu queria filmar um programa e tinha prova no dia. Lógico que ele não ia deixar, né? Daí tive de pagar a substitutiva. Já comprei três exames assim. Mas esse assunto vai morrer aqui, né?

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