31 de mar. de 2005

Mania de ladrão

Por que é tão comum esse impulso em roubar? Calma, não estou a dizer em sair por aí, com uma faca de cozinha na mão e render o primeiro garoto de boné Von Ducth que se encontrar. Quando escrevo roubar é no sentido de afanar algum objeto, irrelevante e não essencial, mas afaná-lo apenas pela sensação de ter roubado algo, sabe? Espírito de se ter infringido a lei, algo assim.

Quem me conhece, sabe que sou louco para ter um daqueles bonecos da Nestlè em meu quarto. Aquele azul, com um sapatão branco, que tem em todo supermercado ou sorveteria, sabe? Não consigo explicar tal desejo, apenas quero o maldito boneco da Nestlè! Assim como um dia eu quis uma placa de "Proibido Estacionar" pendurada na porta de meus aposentos.

Tudo começa quando você é criança. Meu irmão, assim como muitos, foi craque em pegar o lanche de seus coleguinhas do primário. O gordinho saía na maior maciota, abria a lancheira do pessoal e xeterava o que havia de gostoso para comer. Se no filme 60 Segundos o personagem do Nicholas Cage sonha em roubar um Mustang GT 500, a Eleonora, o meu mano queria porque queria achar um Danoninho alheio. O iogurte da Danone era a Eleonora do Fernando.

Tesão por cone de trânsito (ui!) eu nunca tive. Dizem que é rápido e fácil, geralmente é o primeiro furto do futuro meliante. Basta encostar o carro, olhar se não tem algum guarda por perto e zás! As mulheres, menos audaciosas, contentam-se com xampus e até cinzeiros de hotéis. "É para a recordação", escusam-se. Eu acreditava nessa resposta, até o dia em que vi a minha mãe sair com uma pantufa do Renaissance embaixo do braço.

De todos esses exemplos, nenhum chega aos pés do Guilhem, um amigo meu. Esse já levou de tudo, desde um relógio de parede da escola até um azeite de um bar. Azeite? Isso mesmo. É por essas e outras que eu não fiquei assustado quando o vi todo pimpão, escondendo debaixo da camiseta o retrovisor de um Monza anos 80.

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