2 de jul. de 2004

Meet the parents

Todos, um dia, vão passar por tal experiência: jantar com os sogros. Senti-me no papel de Ben Stiller em Meet the Parents. A única diferença é que os pais eu já conheço bem, o papai da Irena não é ex-agente da CIA e nem me colocou sobre um detector de mentiras. Ah, ele também não tem nenhum gato que saber usar a privada. Ufa!

Chegamos no elevador e já ouvi um conselho da namorada:
- Meu pai não gosta de palavrões, portanto, evite.

Danou-se. Quem me conhece, sabe que é impossível eu não dizer uma sentença sem um "porra", "cacete" ou "merda". Subimos no elevador: eu, agregada e sogra (muito gente boa, adoro-a). Eram nove andares, então deu tempo de eu tentar forçar o meu cérebro a não produzir nenhuma palavra de baixo calão.

Adentramos ao apartamento e estava a família toda reunida. Família Doriana. Mais gente para eu tentar não pagar mico. Com a mãe e a irmã, eu me dou super bem, mas ainda não fiquei mais de um minuto conversando com o sogro. Óbvio que eu estava nervoso, óbvio que eu estava louco para me jogar varando abaixo e fugir de tal compromisso. Mas é nessas horas que eu preciso honrar a minha honra, o meu orgulho. Seria mesmo?

Avisto o alvo, quer dizer, o sogro. O cara, de longe, dá medo. Jogou basquete a vida inteira, ou seja, não é nada pequeno. Porém, é engraçado e adora dar umas tiradas irônicas. Digo um "oi" bem longe e após alguns minutos o grande momento chega: o jantar. Mal estou chegando e a sogra já diz:
-Toma vinho, Gustavo?

Será que a velha está querendo me embriagar. Não, ela é gente boníssima. Mas eu não bebo... Será que se eu não beber, serei mal educado? Tudo isso passou por minha cabeça durante três passos. Sentamos e chega a bóia. Um arroz com uns trecos estranhos (tinha tomate, isso eu sei), uma carne ao molho, peixe e, ufa, suco! Ponho um pouquinho de comida, pois sou caipira e acho que encher o prato é má educação.
- Vai se engasgar, hein, Gustavo! , brinca o sogrão.

Faço uma piadinha e consigo me safar. Silêncio na mesa. Tentando me mostrar comunicativo, digo aquilo que todos fazem num jantar quando não há assunto: elogio a comida.
- Muito bom esse arroz, principalmente o grão de bico, falo, com o maior carinho do mundo.

A resposta não vem tão carinhosa:

- Isso é champignon!! , exclamam os três.
- Agora eu sei porque alguém escolheu jornalismo... , ouço do sogrão.

Burro e burro! Como confundo um treco duro como grão-de-bico, com algo mole e sem graça como champignon? O melhor é dizer isso para um sogro que tem "apenas" um restaurante e deve manjar de comida pra cacete!

Parabéns, gugu...

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