4 de abr. de 2009

'Putz, eu estava ali'



Eu não vou mais ao cinema - baixo os filmes e os vejo em minha casa, em 720p, numa televisão plasma de 42 polegadas. Eu não compro mais CD - baixo-os novamente. Se possível, em 320 kpbs, para ter aquele som joia, mas me contento com os 128 de praxe.

Só não faço o download de shows ao vivo porque aí existe uma experiência que não pode ser ser copiada e compartilhada pela internet.

Eu achava isso.

Tô falando, com um certo atraso, é verdade, do projeto Rain Down, do web designer Andrews Ferreira Guidis. Ele tá pegando os vários vídeos do show do Radiohead que foram jogados no YouTube. Seleciona aqueles com os melhores takes, imagens e áudios, e vai colando um por um, até criar um efeito de transmissão multicâmera. O resultado é igual ao que o Beastie Boys fez no DVD de Awesome, I Fuckin' Shot That, após distribuirem 50 câmeras para algumas pessoas da plateia filmarem o show.

Andrew já editou os vídeos das músicas Paranoid Android, Karma Police, Videotape e Fake Plastic Trees.

(leia aqui a entrevista que fiz com ele, especialmente para o Virgula)

No show da banda, impressionou-me o número de câmeras e celulares ligados entre o público. Geralmente, nos grandes concertos musicais, vemos o artista chiando contra tal atitude e até tentando impedir, sem sucesso, que a galere leve seus gadgets para o show. Mas o Radiohead vai contra desse naipe, o que me deixa ainda mais fã dos caras.

O bacana dessa loucura do Andrews é que ele dá um gostinho daquela sensação de "putz, eu estava ali". Claro, ainda não é a mesma coisa de conferir uma apresentação in loco, mas convenhamos que termos o olhar do público, ouvindo seus aplausos, interjeições e onomatopeias (impossível não rir com o pessoal soltando um paran-pan-pan em Paranoid Android), é muito mais realista - e íntimo - do que aqueles planos aéreos e o escambau.





Não vejo a hora de ele montar o set list com as 25 músicas do show e lançar o tal DVD. Será uma bela maneira de eternizar um momento que, se fosse no século passado, estaria limitado apenas às nossas memórias afetivas.

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