21 de jun. de 2008

Go, Gu, Go!

Eu não entendo muito de carros. Isso é algo que afeta um pouco a minha masculinidade, acredito. Não manjo nada, sério. Só nos últimos meses, após adquirir meu primeiro automóvel, é que passei a me interessar um pouco mais sobre o assunto. Hoje eu brado aos sete ventos que sei para que serve o tal Protetor de Carter, apesar de ser preciso que eu vá até o Google para saber como escreve isso.

Há mais ou menos um mês, recebi um convite para dirigir em Interlagos. Era um evento de automobilismo, cheio de máquinas possantes em exibição. Para os jornalistas, dizia o convite, haveria a possibilidade de dar umas voltas na pista.

Fiquei animado, afinal, não é todo dia que isso acontece. Dei um migué no fechamento do jornal e fui até a casa do caralho, digo, Interlagos, para conferir o que iria acontecer por lá.

Antes de tudo, um breve colchete:

[Uma coisa que eu acho engraçado nesses eventos de automobilismo é aqueles grupinhos de homens em volta de um carro. Os caras ficam em torno do veículo, tiram foto ao lado dele, abrem o capô e ficam babando se o treco é VX ou VY. Eu acho isso muito estranho, principalmente porque sempre ao lado do veículo há uma máquina bem melhor: uma gostosona.

No tal evento era assim, com um monte de modelos fornidas, de macacões grudados que marcavam suas calcinhas, andando soltinhas e desinibidas por entre os stands. Enquanto isso ocoria, o pessoal babava por um carro de Fórmula 1... Não entendo, juro.]

Logo que cheguei, procurei pela área do test-drive. Após passar pelo camarote da Contigo! e trombar com dois integrantes do KLB, uma repórter do Amaury Jr. e cinco ex-BBBs, achei o local. Para a minha grata surpresa, descobri que eu realmente poderia dirigir o carro. Eu achava que ficaria no banco do passageiro, enquanto um piloto dirigiria uma Ferrari a 300 km/h. E só.

Na última edição do evento, há dois anos, foi assim. Teve até um idiota que moeu uma Ferrari 360 Modena de US$ 830 mil na entrada dos boxes.

Fiquei com as pernas bambas após a descoberta, mas decidi seguir em frente. Tive de assinar um documento, onde eu expliquei qual era meu plano de saúde, meu tipo sanguíneo e para quem ligar caso algo errado acontecesse comigo. Assustador! Logo depois fiz um curso de 30 minutos "como dirigir em um autódromo for dummies".

Sou meio disléxico, então só decorei que o limite de velocidade era 130 km/h e que, caso avistasse um cone branco, isso significa que deveria frear rapidamente.

Chegando aos boxes, coloquei a balaclava (só ficou meu narigão de fora, como vocês podem reparar na foto) e recebi um capacete. Tinha um monte de japonês na minha frente - todos estudantes da Poli, acho. Eles falavam para o instrutor quais carros queriam dirigir.

- Eu quero o Audi XXXYZZVH19, disse um
- Eu quero o Stilo motor &%$*@@@V4, completou outro

Na minha vez, olhei para o instrutor e falei, humildemente:

- Ah, me dá um esportivo que tá bom...

O cara olhou feio para mim e apontou para eu ir até o final dos boxes. Avistei três carros: uma Ferrari verde, uma Lamborghini amarela e um outro prata, que mais tarde descobri ser um tal de Bugatti. Os carros eram assustadores, impressionantes. Não acreditei que poderia dirigir algo assim e escolhi pelo Bugatti, que era animal.

Eu já estava pegando a chave no pára-brisa do automóvel quando alguém gritou e deu um pedala no meu capacete.

- Ei, moleque! Tá louco? Esse aí é só para as (sic) celebridade!

Esse alguém foi me empurrando em direção a uma perua. Eu olhei para ele e resmunguei.

- Ah, não! Eu não vou dirigir um carro de madame!
- Madame???!!! Esse é um Touareg, meu filho!!, respondeu o alguém

Eu nem sei o que é esse Touareg, e o cara percebeu que eu não falava a sua língua. Daí ele perguntou se o Passat era de meu agrado...

(Fim da primeira parte)

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