4 de out. de 2004

***Mais uma crônica, do sujeito que aqui escreve, foi publicada no jornal Contraponto (Jornal Laboratório de Jornalismo da PUC). Resolvi, desta vez, falar de ninguém menos que Chico Buarque; uma unanimidade entre as garotas do meu curso.

O mais legal foi o fato de não terem mudado uma vírgula do texto. Está igualzinho. Muito bacanudo, não?

Devia ter dedicado esta crônica a todas às mamães e vovós. Elas iriam adorar


O que será que será?
Será Chico divino, uma estrela? Por que Chico continua a entrar em nossas vidas?

Eu quero ser o Chico Buarque. Amado pelas mulheres, invejado pelos homens, idolatrado pela mídia. Sério, alguém reparou como 2004 foi - e é - o ano do Chico? O cantor-escritor-intelectual-compositor e sex symbol está em todos os outdoors e listas de rodapé. O tio Chico está com tudo. Seu último livro é sucesso de critica, Benjamin foi adaptado com sucesso às telinhas do cinema, um espetáculo escrito pelo próprio há décadas vendeu horrores na paulicéia. Se já não bastasse tanta pompa, o seu aniversário de 60 anos rendeu tanta capa de revista, que colocou o primeiro parabéns da Sasha no chinelo.

Digam, queridos leitores: não seria bacana, ao menos por um dia, ser Chico Buarque? Abrir um jornal e ler elogios até cansar, saber que todas as gurias do sexo feminino fariam de tudo por você? Duvido. Eu, pelo menos, toparia sem reclamar. Gustavo Buarque de Hollanda. O que será, seria: um artista brasileiro.

Chico dá esperança aos feios ou, como diria Xico Sá, os "mal- diagramados". Por favor, leitoras, sejam sinceras: o Chico não é lá grande coisa fisicamente. Tem duas varetas, o cabelo é ruim e, ainda por cima, é magricelo. "Ai, mas ele é o Chico Buarque!", exclamaria a saudosa fã de laquê no cabelo. Pois é, rapaziada, ele é Chico Buarque. Talvez o responsável pela minha existência e a de vocês. Há uma grande hipótese de nossos papais terem cantarolado algo do rapaz de pai paulista e avô pernambucano, apenas para impressionar as nossas mamas. Chico foi o Barry White tupiniquim!

O danado é esperto, tem aquele sorriso de malandro carioca, tal qual o personagem de seu musical. Escreve bem, é intelectualóide, toca violão e ainda possui um par de olhos de arrebentar a Sapucaia. Qual é, deixa um pouco pra gente, tio Chico! Na minha classe, por exemplo, Chico é apontado como unanimidade entre as gurias. As garotas piram no sexagenário. "Se ele cantarolasse algo bem baixinho no meu ouvido, nem sei o que faria", denunciou uma delas. Tenho uma professora que sonha dar aulas baseadas nas letras de Chico. Pode? Ele pode.

Chico parece não estar nem aí para tanta prosa e confete. Não fala com jornalistas, desdenha a rapaziada de microfone e bloco de anotações em punho. Gosta de ficar em casa, à toa na vida, vendo a banda passar. Deve estar cansado de ver, e ler, o seu nome usado em vão. Dia sim, dia não, alguma novidade de Chico é publicada. Um futuro álbum? Um livro a ser lançado? Ninguém sabe, somente Chico tem a resposta. Chico vende sem precisar dizer uma palavra, já perceberam? Basta o seu nome aparecer em negrito, num periódico qualquer, para esgotarem as publicações.

De Chico Buarque não tenho nada. Não sei fazer poesia (o Chorão idem) e apesar de meus olhos serem claros, eles estão longe de chegarem à ardósia. Se não tenho coordenação motora para dançar, o que diria tocar uma viola? Escrever sobre o amor, então: uma tristeza. Sou pior que o Oswaldo Montenegro.

Ao menos, de Chico, ostento uma leve semelhança: os nossos belos gambitos. Isso ninguém me tira.

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