24 de set. de 2004

Virando hominho II


Imagine receber uma oferta de trabalho, em plena faculdade, tendo que aceitar uma entrevista marcada em cima da hora? Resumo da ópera: correria. Camiseta laranja, bermuda de surfista até a canela, cabelo desgrenhado. Um candidato forte, digamos.

Casa da patroa, tirar oleosidade da pele. Preciso fazer a "barba". Gilete? Uso o dela mesmo. Ok, ela o usa para depilar as pernas, mas dane-se. Não é hora de nojo ou preconceito, Gustavo! Vai esse mesmo. Falta gel de barbear. Roubo o do sogro. Não tem espuma, que droga! Imprimir o maldito currículo. Está incompleto, raios! Senta da poltrona e digita o que falta. Nem revisa o texto. Falta um acento aqui e uma vírgula acolá. Foda-se! Correria para sair do apartamento à entrevista em poucos minutos.

É muito estranho - e ao mesmo tempo legal - dar uma olhada para um ano atrás e compará-lo com o presente. Eu, há 365 dias, estava estressado com manuais de vestibulares e só sabia de dormir nas aulas de Química. Agora: faculdade, trabalhos e, inclusive, procura por trampo. "O trabalho dignifica o homem", já diria o barbudo socialista.

A primeira coisa a ser feita é elaborar um currículo. Chega a ser engraçado, pelo motivo de eu, simplesmente, não ter nada de bacanudo a acrescentar no bichinho. Conhecimentos de informática em níveis básico, intermediário e avançado. Tratando-se de aparatos tecnológicos, sou uma anta. Se ICQ, Kazaa ou Orkut servissem para um CV, certamente eles estariam como avançado. Do resto, não entendo bulhufas. Deixo tudo no "básico".

Entrevista é o mais engraçado. Sabe aquela idéia de: "A primeira aparência vale tudo". Então, eu a levo como uma cartilha. Tento domar os bem recentes cachos vermelho-acaju, com cera e um mousse de ostras que eu tenho (presente da mama dermatologista). Também me disfarço dos pelinhos em minha face. Taco um perfume, uso uma roupa "esporte-social" e simbora, nego! Seja o que Deus quiser.
Neste caso, o Senhor é o tio atrás da outra mesa. Oremos.

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