Não quéio, não quéio!
Será que eu sou cabeça dura? Tenho esta leve impressão há certo tempo, e, hoje, ouvi tal afirmação saindo da boca de uma pessoa. "Gustavo, você é muito cabeça-dura!". Eu? Por quê? Ah, porque tenho certos hábitos, manias e pré-conceitos de garoto mimado. Tal alcunha - ser teimoso - é bem aplicada na hora de almoçar ou jantar.
Desde pequerrucho, sou enjoado. Qualquer coisa verde e gelada posta em meu prato era motivo pra ergh. "Come cenoura, querido. Faz bem pros zóio", dizia a minha nona caipira. Legumes e vegetais sempre me causaram certo enjôo. Ameaçavam-me muito, faziam profecias. Já era para eu ter morrido de anemia há muito tempo, segundo as previsões de Papaistradamus. Pizza? Massa com molho. Hambúrguer? Pão, carne e maionese. "Especial pra você", vinha escrito na caixinha do McDonald?s. É gostoso ser chamado de especial, ora bolas!
Não experimentava as comidas por birra mesmo. Nem aviãozinho funcionava.
Se não ia com a aparência daquilo exposto à minha a minha frente, eu não comia mesmo. Com o passar do tempo, melhorei um pouco, mas, por exemplo, ainda renego à comida japonesa. Não há santo que faça enfiar um treco daqueles pro meu estômago. Benfazejas ainda existem, como a Irena, por exemplo.
Toda mãe tem ciúmes da namorada do filhote. "Vai tomar o meu lugar, sua mocréia?", algumas filosofam. Também, quem pediu pra 15 anos mais tarde, uma garota, sentada na mesma mesa que a sua, pegar um tal de sashimi de salmão, molhar no shoyu e brincar de aviãozinho? Ainda por cima, solta a frase campeã: "Abre a boquinhaaaaaaa!". Rapaz, é quase impossível não materializar a sua genitora naquele momento. Faço berreiro, tal qual estivesse no chiqueirinho e visse uma colherada de sopinha de legumes plainando. "Não quéio, não quéio!".
Acabo experimentando, visto que as namoradas possuem maneiras de persuasão bem eficazes. Dou uma mastigada. Duas mastigadas. Passo o peixe cru para o outro canto da boca. Terceira mastigada. A expressão da patroa é impressionante. Dá aquele sorriso sincero e que diz com tanto orgulho: "esse é o meu garoto". Engulo o pedaço de salmão e fico quieto.
- Gu...
- Hummm.
- E aí?
- Que foi?
- Gostou?
- Do quê?
- Você sabe.
- Não sei de nada...
- Gostou. Sabia!
- É...
Fico sem palavras, sinto-me pusilânime (obrigado, Paulo Bonfá), e confesso: sim, gostei. Apesar de mole e estranho, até que é gostosinho. Já o sushi, não teve jeito: achei horrível. Mas outras experiências gastronômicas me aguardam pela frente. Devo fazer o mesmo com a namorada. Experimentará com toda a sua graça e pompa, um tradicionalíssimo churrasquinho de gato. Irá adorar.

Será que eu sou cabeça dura? Tenho esta leve impressão há certo tempo, e, hoje, ouvi tal afirmação saindo da boca de uma pessoa. "Gustavo, você é muito cabeça-dura!". Eu? Por quê? Ah, porque tenho certos hábitos, manias e pré-conceitos de garoto mimado. Tal alcunha - ser teimoso - é bem aplicada na hora de almoçar ou jantar.
Desde pequerrucho, sou enjoado. Qualquer coisa verde e gelada posta em meu prato era motivo pra ergh. "Come cenoura, querido. Faz bem pros zóio", dizia a minha nona caipira. Legumes e vegetais sempre me causaram certo enjôo. Ameaçavam-me muito, faziam profecias. Já era para eu ter morrido de anemia há muito tempo, segundo as previsões de Papaistradamus. Pizza? Massa com molho. Hambúrguer? Pão, carne e maionese. "Especial pra você", vinha escrito na caixinha do McDonald?s. É gostoso ser chamado de especial, ora bolas!
Não experimentava as comidas por birra mesmo. Nem aviãozinho funcionava.
Se não ia com a aparência daquilo exposto à minha a minha frente, eu não comia mesmo. Com o passar do tempo, melhorei um pouco, mas, por exemplo, ainda renego à comida japonesa. Não há santo que faça enfiar um treco daqueles pro meu estômago. Benfazejas ainda existem, como a Irena, por exemplo.
Toda mãe tem ciúmes da namorada do filhote. "Vai tomar o meu lugar, sua mocréia?", algumas filosofam. Também, quem pediu pra 15 anos mais tarde, uma garota, sentada na mesma mesa que a sua, pegar um tal de sashimi de salmão, molhar no shoyu e brincar de aviãozinho? Ainda por cima, solta a frase campeã: "Abre a boquinhaaaaaaa!". Rapaz, é quase impossível não materializar a sua genitora naquele momento. Faço berreiro, tal qual estivesse no chiqueirinho e visse uma colherada de sopinha de legumes plainando. "Não quéio, não quéio!".
Acabo experimentando, visto que as namoradas possuem maneiras de persuasão bem eficazes. Dou uma mastigada. Duas mastigadas. Passo o peixe cru para o outro canto da boca. Terceira mastigada. A expressão da patroa é impressionante. Dá aquele sorriso sincero e que diz com tanto orgulho: "esse é o meu garoto". Engulo o pedaço de salmão e fico quieto.
- Gu...
- Hummm.
- E aí?
- Que foi?
- Gostou?
- Do quê?
- Você sabe.
- Não sei de nada...
- Gostou. Sabia!
- É...
Fico sem palavras, sinto-me pusilânime (obrigado, Paulo Bonfá), e confesso: sim, gostei. Apesar de mole e estranho, até que é gostosinho. Já o sushi, não teve jeito: achei horrível. Mas outras experiências gastronômicas me aguardam pela frente. Devo fazer o mesmo com a namorada. Experimentará com toda a sua graça e pompa, um tradicionalíssimo churrasquinho de gato. Irá adorar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário