26 de mai. de 2004

Festinha de criança me irrita

Buffet infantil é um pé nos grãos. Eita! Odeio. Crianças mimadas, chatas e esbanjando adrenalina. Lindo. Correm pelas mesas, chutam à sua canela, roubam os brigadeiros da mesa antes de cantar parabéns... Raça dos infernos. Adoro crianças, mas não quando elas estão juntas. Alcatéia.

Buffet infantil me deixa com fome. Miniaturas de coxinhas, kibes e bolinhas de queijo são gostosas, mas não forram o estomago. Detalhe: sempre esquecem de servir a minha mesa. Os garçons negam a minha existência, é impressionante. Chamo-os. Nada. Levanto a mão, indicando o fura-bolos ao teto. Nada novamente. Levanto emburrado e me dirijo até a cozinha.

- Tio, tô pedindo pra você me atender há um tempão. Dá pra fazer esse favor?

Sou muito educado. Minha paciência vai pro Cingapura quando o garçom vem com aqueles copinhos plásticos entupidos de refrigerantes.

- Coca ou Guaraná? , pergunta.
- Tem alguma coisa light ou diet? , pergunto.

Deixo claro que não sou fresco e nem estou de regime. Desde pequeno fui orientado a não beber refrigerantes normais, ou seja, estou acostumado com Coca-Cola sabor xarope. Aliás, nas minhas festas de criança, sempre rolou uma democracia. Tinha refrigerante normal e dietético. Por que raios é tão difícil encontrar bebida light? Acho que os garçons os escondem debaixo da mesa do aniversariante só para me deixar nervoso. Tenho certeza.

Buffet infantil não deveria existir. Esta moda surgiu nos anos 90. Meus priminhos adoravam ter suas festas num buffet. Escolhia-se como tema o último desenho da Disney e pronto! Depois um sujeito contrato fica filmando a cara de cu do pessoal durante três horas. Vem com aquele holofote em sua direção e implorava para dizer algo simpático ao aniversariante. Minha resposta não mudava:

- Parabéns...

Festas boas são as da minha infância. Era sempre na minha casa, não contratavam profissionais. Vovó fazia o bolo, minha tia os salgadinhos e os cachorros-quentes. A vizinhança participava, era uma reunião sensacional. Quem quisesse comer ou beber algo, só precisava pedir pra alguém ou ir à cozinha. Não tinha esse papo de garçom. Não tinha essa história de mesa reservada, que serve mais pra separar o pessoal do que reunir. O tema era do Jaspion, Jiraya e Os Simpsons. As crianças dormiam nos colos dos pais, ou o mais legal: juntavam duas cadeiras e faziam delas a sua cama particular.

Tenho tudo guardado no meu álbum de fotografias. É muito mais gostoso do que ter sua vida gravada num DVD.

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