26 de jan. de 2010

A última parada de Lost

LOS ANGELES - Quando até o presidente dos EUA, Barack Obama, cancela um comunicado oficial televisivo para não atrapalhar a estreia da 6ª e última temporada de Lost, olha, é aí que dá para sentir a ansiedade em torno do retorno da série. A pressa é tanta que a AXN terá apenas uma semana de atraso em relação a exibição americana (lá começa em 2 de fevereiro, enquanto aqui, às 21 h do dia 9). O programa terá 16 episódios durante 16 semanas interruptas, tendo o primeiro e o último episódio duas horas de duração.

Era difícil acreditar que a produção de 2004, que teoricamente falava apenas sobre a vida de sobreviventes de um desastre aéreo no meio do Pacífico, tornaria-se fenômeno global. Lost virou ficção científica das boas, com ousadas formas de narrativa e de pioneira plataforma multimídia.

Mas o que acontecerá nos próximos 16 episódios? Dá para adiantar que o último ano de Lost amarrará vários dos nós largados, principalmente, na 1ª temporada. Sim, muitos dos mistérios serão explicados. Mas nem todos. Os produtores - e cabeças - da atração, Carlton Cuse e Damon Lindelof, prometem no season finale um "saudável coquetel de respostas, boas resoluções sobre os personagens e, claro, alguns mistérios finais".

Para fechar o círculo, vários personagens do passado estão de volta. "É uma preciosidade visitar lugares que não gravávamos desde a temporada 3", comenta Jorge Garcia, o Hurley, durante coletiva em Los Angeles da qual o Estado participou. "Eu vou chorar como um bebê no final. Parece o último ano da escola, em que tudo soa meio estranho na classe", completa Evangeline Lilly, a Kate.

Além dos roteiristas, apenas Matthew Fox (Jack) sabe como será a cena final de Lost, já que aparecerá nela. Curiosamente, ele não estava na coletiva. O elenco recebe os scripts dois dias antes das gravações e tem de picotá-los depois, para evitar que alguém fuce o lixo e vaze alguma informação. "Só soube que o Locke que eu fiz na 5ª temporada estava morto quando vi o episódio. Não sabia que eu era outra pessoa", admite Terry O’Quinn.

Ele revela como foi construir seu personagem no ano passado: dado como morto, ele "revive" após voltar à ilha. Mas, no último episódio, é revelado que o espírito de um misterioso homem de preto encarnou em seu corpo. Se você não assistiu, desencana, não vai entender. "No começo da 5ª temporada, eu disse para o diretor Jack Bender: ‘Vou apenas assumir que sou Locke e sou indestrutível.’ Isso foi fácil de fazer. Talvez eles estivessem só me aquecendo", brinca.

"Trabalhar em Lost acabou com qualquer ideia que tinha sobre preparação de atores. Mas é até melhor estar no escuro, pegar as descobertas ao poucos e não se queimar com tantos segredos", diz Michael Emerson, ganhador do último Emmy por seu Ben Linus.

"Como ator, o melhor desse show é que você é sempre desafiado a criar um novo personagem mesmo estando com o mesmo", concorda Evangeline. "Pois é. Você não sabe, mas eu é quem ando interpretando a Kate", brinca Daniel Dae Kim, o Jin, ainda sobre o twist final de Locke no ano passado.

Uma das novidades do 6º ano será, mais uma vez, a narrativa. Após os flashbacks e flashforwards, haverá duas realidades. Uma mostrará Sun e Richard no tempo em que o "falso Locke" pede para Ben matar Jacob. A outra, alternativa, mostrará as consequências da bomba que Juliet explode em 1977 - o que, na teoria, mudará o futuro. Ou seja, o avião da Oceanic não cai. "É fascinante que a narrativa seja mudada de novo. Mais uma vez Lost muda a maneira de fazer TV", elogia Kim.

Segundo os atores, as gravações no Havaí estão sendo realizadas em clima de nostalgia. "Meus momentos prediletos estão sendo agora: ver o elenco original trabalhando junto e se divertindo como nos velhos tempos", recorda Emilie de Ravin, a Claire (sim, ela voltou). "Vou me lembrar dos momentos ofegantes em salas pequenas", ri Emerson, dando munição para Garcia. "Correr do avião explodindo nunca sairá da minha cabeça. E quando o cometa atinge o Mr. Cluck’s: estava deitado e jogavam pedaços de frango em mim!"

Sobre o que será da vida de cada um após o fim da série, as opiniões são distintas. Josh Holloway, o Sawyer, diz que continuará com sua casa no Havaí. Para O’Quinn, meio mal-humorado, eles estarão desempregados. Já Evangeline só pensa em dormir. "As pessoas não têm ideia da intensidade das gravações. É exaustivo e a gente acabava, de fato, preso numa ilha. Acho que quando o show acabar, nós vamos hibernar um pouco."

Josh Holloway: "Ufa, ainda bem que eu não morri!"

Como estão sendo as gravações deste último ano?

Há muita magia no ar, como na 1ª temporada. Tudo foi uma grande experiência, mas essa sensação de camaradagem e nostalgia que nos cerca agora é fabulosa.

Como é ter no elenco novamente vários atores que saíram da série?

É uma diversão! Viramos amigos próximos, e era muito duro emocionalmente quando alguém tinha de sair. Essa reunião está sendo muito gostosa. A gente sai, ri, toma uns Mai Thai e descansa na praia.

Você pode adiantar algo da última temporada?

O 1º episódio é como um final de temporada. Nessa escala.

Sawyer virou um romântico, um idealista e até um apaziguador, graças ao relacionamento com Juliet. Com a (possível) morte dela, ele voltará a ser o egoísta e golpista de antes?

Ele definitivamente está com o "tempero" de novo! Ele está emocionalmente destruído e não liga mais para a vida. Mesmo assim, as lições que ele aprendeu na ilha e a humanidade que foi forçado a descobrir dentro de si, assim como a maturidade que conseguiu, também estarão presentes. E irão guiá-lo. Foi um relacionamento difícil de trazer à tona e espero que o público tenha gostado de nós juntos. Tivemos uma química tão incrível que a cena final arrancou o meu coração.

Você acreditava que ele fosse se tornar, hoje, o principal personagem de Lost?

Sério? Quando li o piloto, fiquei meio "esse cara é um c... Preciso descobrir como me manter vivo" (risos). Lembro de falar à minha mulher: "Não se livre dessas caixas (de mudança), ele será morto rapidinho." Penso o tempo todo: "Uau, ainda bem que não morri!" Vem sendo uma grande jornada, e é muito interessante interpretar o mesmo personagem, mas com duas perspectivas diferentes. Foi uma validação como ator: não sinto mais vergonha de dizer às pessoas que sou um ator (risos).

Terry O’Quinn disse que não espera fazer convenções sobre Lost daqui 20 anos. E você?

Quero estar aposentado e só fazer convenções (risos).

Qual apelido você daria para o Sawyer?

Não sei! Um apelido para ele? Ai, deixa eu pensar... Olha, essa é uma boa pergunta!

* Matéria publicada no Estadão

Novo ICQ busca renascer como rede social

Lembra do ICQ, aquele programa de mensagens instantâneas, cujo ícone era uma florzinha, e que apitava “óou” quando alguém lhe enviava uma nova mensagem? Pois ele está de volta.

Na verdade, nunca deixou de existir. Febre no Brasil entre o final da década de 90 e o começo dos anos 2000, o software acaba de ganhar uma nova versão, que o integra a várias redes sociais. É uma tentativa da AOL, dona do serviço após comprá-lo da empresa israelense Mirabilis há 12 anos, de popularizar o serviço novamente. Por aqui, ele foi engolido pelo MSN Messenger, mas 42 milhões de pessoas ainda o utilizam ao redor do mundo, principalmente em países como Alemanha e Rússia.

A versão 7 pode ser baixada no site www.icq.com. Feito o download, um desafio surgirá: lembrar o número de sua conta pessoal. O ICQ tinha um tal de UIN, um número de identificação, que é o único jeito de acesso ao serviço. Não lembrou? Crie uma nova conta – eu, milagrosamente, lembrei de meu código e, inclusive, da senha. A conta era tão antiga que meu e-mail cadastrado era do Zipmail e meu nickname fazia menção à minha classe da escola de nove anos atrás. Bem divertido!

Dos meus 162 amigos cadastrados, nenhum estava online. Se a sua situação for semelhante, o ICQ tem aquela ferramenta de buscar em suas contas de e-mail ou Facebook os contatos que estejam cadastrados no serviço. Para o meu espanto, três amigos criaram contas novas ali dentro - um até ficou conectado depois.

O novo ICQ está bem bacana e cheio de novidades. Na seção de bate-papo, por exemplo, há vários tipos de smiles, um botão de enviar arquivos, um corretor ortográfico (sem o idioma português, no momento) e até um item que dá acesso ao dicionário online Babylon. A troca de mensagens pode ser feita por texto, áudio ou vídeo. Bastante multimídia, existe até uma simples central de jogos para convidar os amigos a participarem de jogos de cartas e afins. Para residentes do Afeganistão, Alemanha, Estados Unidos e outros países, há um box para o envio de SMS.

TUDO INTEGRADO

Também é de deve elogiar a maneira como ele se integra a outras redes sociais, como o Twitter, Facebook, YouTube e Flickr. O ICQ tem um leitor de feeds próprios, cujo layout reproduz com muita similaridade os serviços aos quais se integra. Outra característica interessante é que cada conta tem agora um perfil com jeitão de Facebook, em um URL pessoal no modelo www.icq.com/people/seunumero.

As informações ali concentradas imitam o layout da rede social de Mark Zuckerberg, com o feed de notícias na parte inferior esquerda e a lista de contatos, assim como o álbum de fotografias pessoais, no canto esquerdo. Tem até uma ferramenta de publicação instantânea, cujo slogan é “O que há de novo?”. Apesar de tanto material novo, o ICQ não esqueceu suas raízes. Os cultuados avisos sonoros continuam os mesmos: ao fazer o login, surge o apito da chaminé de um navio; quando alguém está online, ouve-se o barulho de alguém batendo na porta. Por eu ter apenas um contato online na minha lista, não pude saber se o aviso de aniversário ainda é aquele riff de “Parabéns Pra Você”.

Em um simples resumo, o novo ICQ está bastante interessante, e suas novas funcionalidades o deixam no mesmo patamar dos rivais mais populares. Além do mais, o aspecto nostálgico em torno dele conta muitos pontos, e temos aqui um produto bastante carismático. Mas de nada adianta tudo isso se utilizá-lo for uma experiência fantasma, que é o que acontece entre os brasileiros. Independente do número de aplicativos que possua, uma rede social precisa ser popular. Só isso. E voltar aos tempos de glória, no Brasil, será uma tarefa quase impossível para o ICQ.

* Matéria publicada no Virgula

23 de jan. de 2010

New Super Mario Bros. Wii é remix dos grandes jogos da série


Enquanto os fãs aguardam ansiosos pela sequência de Super Mario Galaxy para 2010, a Nintendo resolveu não perder tempo e pôs nas prateleiras do mundo todo, no final do ano passado, New Super Mario Bros. Wii (NSMBW). O game é uma grande homenagem da empresa japonesa aos antigos jogos de sucesso do encanador bigodudo mais famoso da história. É praticamente um remake tridimensional, cujo grande diferencial é a novíssima possibilidade se poder jogá-lo com até quatro pessoas ao mesmo tempo.

O público respondeu bem ao lançamento, no final de 2009. Em sua primeira semana, o jogo vendeu 940 mil unidades, recorde absoluto do Nintendo Wii (por aqui, ele custa R$ 250). Mas isso não significa que estejamos diante de uma obra de arte. Antes do review, vamos direto ao assunto: para quem é um saudosista de primeira, NSMBW é um excelente passatempo. Já para quem busca desafios e inovações, trata-se de um produto decepcionante. Entenda abaixo as razões que levam a essas duas visões.

SAUDOSISMO PURO
Sabe todos os elementos que fizeram de Super Mario Bros. a série mais icônica dos games? Estão todos em New Super Mario Bros. Wii. A jogabilidade é a mesma das versões anteriores, principalmente daquelas presentes no NES. A plataforma 2D é a mesma, com o personagem andando e pulando lateralmente, mas os gráficos são em 3D. O próprio jeito de jogá-lo é vintage, devendo-se segurar o Wii Mote na horizontal, com as duas mãos. A sensação é de estar na década de 90!

Os cenários e os objetivos são um remix de várias fases marcantes da série. Mesmo assim existem novos elementos, como uma roupa de hélice que faz o encanador voar (não é tão adorável como a fantasia de abelha de Mario Galaxy), um poder que serve para congelar os inimigos e um certo Mario Pinguim, especial para as fases de gelo.

Ao mesmo tempo em que a nostalgia bate forte, a cobrança em torno do game também é grande. A Nintendo prometeu para NSMBW uma verdadeira revolução, o que não acontece. A diversão, presente em todos as imensas variações dos jogos do "Bigode", estão presentes aqui. Mas não existe nenhuma inovação: a própria música de fundo remete a sintetizadores ultrapassados.

Quem teve a oportunidade de jogar Super Mario Galaxy sabe de todo o potencial do Wii. Os gráficos ali são belíssimos, a trilha sonora, orquestrada, chega a tirar lágrimas de qualquer marmanjo. Fora a jogabilidade revolucionária, que sabe trabalhar de forma primorosa com o Wii Mote e o Nunchunck, algo que foi completamente ignorado em New Super Mario Bros. Wii.

O visual de NSMBW é pobre, feito sem capricho (a tela fica em widescreen, algo que já tira muito da experiência gamer). Para piorar, chegam a ser ridículos os poucos momentos em que se usa o sensor de movimentos do joystick do console: para rodopiar o personagem, deve-se sacudir o Wii Mote para cima, por exemplo, enquanto se aperta um botão. Totalmente desconfortável.

Por outro lado, deve-se elogiar a dificuldade das fases, que são cheias de obstáculos e itens extras que praticamente anulam aquela brincadeira de passar de fase correndo e pulando o tempo todo. Para compensar as "mortes" corriqueiras, as fases estão cheias de itens de sobrevida de difícil acesso. Uma novidade, aliás, é que agora dá para armazenar tudo o que for coletado desse tipo, para que depois se possam utilizá-los antes de entrar em alguma nova missão complicada, com o propósito de facilitar a sua passagem.

CAÇA-NÍQUEL?
Os momentos mais divertidos de New Super Mario Bros. Wii acontecem no modo multiplayer. É bastante divertido revisitar as fases na companhia dos amigos, que podem ser até quatro (sempre com o Mario, Luigi e mais dois Toad) ao mesmo. Pode-se optar por realizar missões cooperativas ou por fazer uma grande confusão sem nenhum compromisso, armando armadilhas para sacanear seus colegas ou mesmo roubando os itens colecionados por eles. É isso que acaba rolando depois de certo tempo. Outras opções no modo multiplayer incluem fases livres e outras que envolvem a disputa de coleção de moedas.

Resumindo? NSMBW é um bom jogo, de diversão garantida, que se sai muito bem por justamente copiar uma fórmula de sucesso que a Nintendo criou há mais de 20 anos. Mas, ao mesmo tempo, soa como um produto caça-níqueis - o que vai descontentar quem estiver em busca de uma experiência semelhante a de Super Mario Galaxy.

* Matéria publicada no Virgula

20 de jan. de 2010

Simpsons Arcade: clássico dos fliperamas revive no iPhone

O iPhone ou o iPod Touch viraram uma ótima opção para os saudosistas de games do passado. Além de Sonic 1, Pac Man e Space Invaders, os aparelhos da Apple agora tem dentro da App Store mais um novo ótimo game que ressuscitou dentro da plataforma. Trata-se de The Simpsons Arcade, que saiu nos EUA no final de dezembro.

Lançado em 1991 para PC, mas popular mesmo nos fliperamas, o antigo game da Konami recebeu uma roupagem nova pelas mãos da Electronic Arts. Os gráficos estão incríveis, com todo o colorido moderno do desenho de Matt Groening. A jogabilidade também é bem interessante.

No game de quase 20 anos atrás, a história girava em torno do bebê Maggie, que engolia um diamante poderoso. Toda a Springfield corria atrás dela e cabia ao jogador escolher Homer, Bart, Lisa ou Margie para defendê-la. Agora, o roteiro mudou um bocado: desta vez, as figuras mais poderosas da cidade conseguiram um modo de roubar o dinheiro de toda a população.

A informação, armazenada em um pen drive, é escondida numa rosquinha. É claro que ela acaba parando nas mãos de Homer. Porém, aqueles mesmos poderosos a tomam de volta, o que provoca a fúria interior do patriarca da família Simpson, que irá enfrentar seguranças do prefeito e vários agentes para ter de volta a guloseima.

Os controles do jogo simulam os botões de uma máquina de fliperama. Do lado esquerdo da tela touch screen fica o direcional, movimentando o Homer apenas para cima e para baixo da tela, igual alguns games de antigamente, como Double Dragon. Na parte direita estão dois: um verde, para pular, e um vermelho que serve para chutar, socar, dar cabeçadas e segurar objetos como caixas, tacos de baseball e barras radioativas. Todos esses item, é claro, servem para o quebra-pau.

Uma pena que no game só seja possível brincar com o Homer, ao contrário da versão original. Em poucos momentos dá para se chamar os outros personagens. Bart sobe no pescoço do pai e atira pedras com um estilingue, enquanto Lisa acerta todos enquanto pula corda. Maggie, no colo da mãe, dá umas cacetadas no coco de Homer, que sai batendo em todo mundo. Nesse momento é preciso usar o acelerômetro do iPhone/iPod Touch, para ajudar a direcionar o personagem.

Simpsons Arcade é curtíssimo e muito simples. São seis missões ao todo que correspondem a cerca de 20 fases. É muito fácil socar os agentes e os únicos momentos desafiadores estão as lutas contra os chefões.

Trata-se de um game divertido, com excelente resolução de vídeo e interessante jogabilidade. Consome bateria demais, basta 1h de jogo para sentir seu intenso consumo de energia. Ele tem um tamanho de 50.9 MB e custa US$ 4,99. Infelizmente, só está disponível para quem tem conta nos EUA, mas é possível baixá-lo de graça na internet. Para isso é preciso instalar programas que “destravam” os dois gadgets, o que fica por conta e risco do leitor.

* Matéria publicada no Virgula

19 de jan. de 2010

"Não tenho saudades do Rá-Tim-Bum"

Os óculos vermelhos indicam um olhar para o passado. Mas não, não será dessa vez que o ligeiro repórter fictício Ernesto Varela sairá do baú. Um dos grandes responsáveis pela formação da “geração Rá-Tim-Bum”, Marcelo Tas está de volta ao universo infantil, com um novo programa no Cartoon Network. Plantão do Tas estreou no dia 31 e virou um noticiário diário com as
notícias mais absurdas do mundo (sempre às 19h).

Tas, que em 2009 teve mais exposição na mídia que Ivete Sangalo (ela teve um filho, por isso o 2º lugar), falou sobre como será conversar com as crianças conectadas de hoje, 13 anos depois do Professor Tibúrcio e do Telekid. E aproveitou para criticar a TV Cultura e explicar como o CQC virou a maior vidraça de sua carreira.

Era um desejo antigo ter um programa para as crianças?

Vem de muito tempo, há cinco anos converso com o Cartoon. A gente só não conseguia encaixar. Foi muito legal o jeito que aconteceu: em 2007, fui convidado para dirigir umas vinhetinhas para o canal. Elas iriam para toda a América Latina e a do Brasil não tinha ficado muito boa. A produtora era a Cuatro Cabezas (do CQC). Então me aproximei tanto da produtora quanto do
canal.

E como será o Plantão do Tas?
É um plantão de notícias de última hora. Estou em um estúdio muito realista, parece até de jornal da Globo. Só que as notícias são totalmente absurdas, então, a forma é muito realista, mas o conteúdo não. Essa é a graça. Sou o âncora e há dois repórteres crianças, que sempre chamo em algum lugar ao vivo. O bordão é dar as “notícias da hora”.

Há alguma diferença entre a criançada da época do Professor Tibúrcio para a de hoje?
Ao contrário de adulto, criança não muda muito. É sempre um público difícil, de características parecidas, que só se interessa por coisas que são importantes. Adulto que dá importância a um monte de besteira. Elas só param de fazer um negócio “memo” quando vale a pena. Nesse sentido, não mudou muito. O que mudou foi a velocidade, as crianças têm uma capacidade para
assimilar linguagem que acho incrível. O jornal é bem ousado em termos de formato, assim como era o Rá-Tim-Bum. A gente via ele ficando pronto e falava “nossa”. Diziam que as crianças não iam entendê-lo...

Não era aquela coisa de adulto querendo falar como criança.
Exatamente! Adulto querendo dizer o que é bom. O segredo é não falar para criança com linguagem de criança; ela tem horror desse tipo. Falo normalmente, nunca saiu da minha boca a palavra “galera” na hora de falar com o jovem.

Isso é uma crítica ao programa do Robertos Justus no SBT?
(Risos) Pode ser! Não dá, não é assim. Minha linguagem no CQC é a mesma do blog e, inclusive, do Plantão do Tas. O que muda é o conteúdo. Um projeto de criança que busca falar como criança será um fracasso. “Você aí sentadinho...” Isso não existe. Tanto que muita criança assiste ao CQC, apesar de eu não recomendar.

Os canais fechados infantis têm, hoje, o papel da TV Cultura dos anos 1980 e 90?
A Cultura perdeu várias chances, ela era referência de TV infantil no Brasil e no mundo. Perdeu-se a chance de dar continuidade a uma escola de roteiristas, atores, bonequeiros, figurinistas... Isso vale ouro! Minha visão é que ela tentou reinventar a roda três vezes. O Rá-Tim-Bum, um projeto extremamente ousado e bem-sucedido, foi abandonado para virar o Castelo, que também foi muito bem. Não precisava parar! Arriscou, tudo bem. Daí, em vez de ter continuidade, inventaram a Ilha, que fracassou. O Vila Sésamo está há décadas sendo produzido.

Evolução não é exclusão...
Claro que não. É uma mentalidade de prefeito de interior: um vai lá e faz uma ponte, daí vem um novo que faz uma caixa d’água nela só para poder pôr o nome na obra. A Cultura perdeu a mão em uma área em que era líder, abrindo espaço para as emissoras de cabo. Hoje não vejo ninguém deixando os filhos vendo programação infantil de TV aberta.

Além dos dois programas, você também faz palestras e eventos publicitários pelo Brasil, tem blog e Twitter muito ativos... Qual é o seu grau de comprometimento com as atrações?
Eu prometo que nesse ano serei mais discreto (risos). Olha, diria que é total, por incrível que pareça. Uma coisa legal dessa minha atual fase profissional é que tenho a possibilidade de articular equipes muito competentes. Conheço os roteiristas do CQC há anos e tenho um grau de
intimidade e rapidez com eles que me permite fazer um CQC a distância muitas vezes. Um deles eu trouxe do Saca-Rolha e ele agora está no Plantão do Tas.

Tem algum ex-programa seu que você considera ter sido injustiçado?

Televisão é que nem cachorro: cada ano vale sete (risos). O Saca-Rolha ficou dois anos no ar, mas com certeza poderia ter ido para uma audiência nacional. Ele ficou restrito ao público local. Fiz um piloto para a Globo, o Fora do Ar, que não acho que injustiçado seja a palavra, mas ele antecipava o CQC. Ele entrevistava políticos, fazia humor e tinha uma edição sofisticada. O pessoal do CQC argentino viu o Fora do Ar antes de me chamar. Amaram! Não choro sobre leite derramado, não tenho saudades do Rá-Tim-Bum. Sou ligado no presente.

O CQC recebeu neste ano suas primeiras vaias. Como isso repercutiu entre os integrantes?
No primeiro ano tinha aquela simpatia do público por sermos pequenos. Aqui as pessoas adoram os perdedores e têm problema com o sucesso. Esse ano o CQC esteve cheio de patrocinadores, reclamaram disso, mas sem eles não dá para pagar uma equipe com qualidade, de 40 pessoas. O CQC é a maior vidraça da minha carreira. Fico uma 1h40 ao vivo. Gosto que peguem no meu pé. É o melhor jeito de aprender.

O CQC é importado da Argentina. Isso não deixou o formato dele engessado após dois anos?
Não é verdade. O cara que inventou o CQC, o Diego Guebel, me mostrou a curva de amadurecimento do CQC brasileiro: conseguimos em um ano e meio o que as versões dos outros países, incluindo a Argentina, tiveram em seis anos. A avaliação dele é que o CQC brasileiro tem originalidade. O (quadro) Controle de Qualidade não existia, o concurso da nova integrante é nosso. É quebra de formato total! Estamos virando um “case” de sucesso para os outros CQC.

* Matéria publicada no Estadão
no final de dezembro

18 de jan. de 2010

Vitória de Avatar e Glee no Globo de Ouro é vitória da indústria



O Globo de Ouro acabou agora pouco. Enquanto lavava a louça - pois é - refletindo sobre as vitórias de Glee como melhor série cômica/musical, e de Avatar como melhor filme de drama (duas das maiores surpresas da noite), vi que tanto o seriado quanto a película têm algo muito interessante em comum. Além de ambos serem da Fox, eles representam uma nova forma de entretenimento.

Entendam:

quando o piloto de Glee foi lançado, eu comentei por aqui que se tratava da série do ano. Não, eu não sou a Mãe Dinah, mas eu fiquei todo empolgado por estar diante de um produto diferenciado. O mesmo aconteceu em relação ao longa de James Cameron. O primeiro episódio de Glee foi lançado meses antes do segundo, e durante esse tempo o programa teve uma de suas músicas como a mais baixada do iTunes. Já existem dois CDs com os musicais da 1ª temporada e os atores irão fazer uma pequena tour pelos Estados Unidos neste ano.

Veja o dinheiro que a série está arrecando. É um puta produto, que estimula o espectador a consumi-lo em diferentes mídias. Com Avatar, o segundo filme de maior bilheteria da história, acontece o mesmo. Cameron fez as pessoas irem novamente ao cinema e pagarem caro para ver o mundo de Pandora em 3D. Não adianta baixar o filme ou adquirir o DVD pirata, não será a mesma coisa (todos seus amigos lhe dirão isso). É um puta produto, que estimula o espectador a consumi-lo em uma só mídia.

De certa forma, ambos representam a salvação da indústria do entretenimento. Durante a Comic-Con do ano passado eu senti algo importante surgindo ali: para assistir a 20 minutos de Avatar, um monte de gente dormiu na grama para guardar um lugar na fila; para ver 20 minutos do 2º episódio de Glee, o auditório do Hilton San Diego tinha gente no chão.

Veja, a TV aberta americana não sabe o que fazer para não perder mais audiência. Os dramas mais complexos migraram todos para a TV a cabo, que não tem mais apenas a HBO como referência. Nem os talk-shows, patrimônio cultura yankee, anda dando certo por lá. O cinema passa pela mesma crise, adaptando a exaustão HQs de sucesso, criando franquias de filmes de ação ou procurando a cada ano um novo Pequena Miss Sunshine, aquele filme de baixa produção que estourará na bilheteria e ninguém-sabe-a-razão (caso de Se Beber, Não Case, que foi considerada a melhor comédia do Globo de Ouro).

Não vou tirar os méritos das vitórias da dupla e dizer que elas aconteceram apenas por isso. São ótimos programas de entretenimento, veja, apesar de seus vários defeitos. Glee tem sérios buracos no roteiro, os episódios não são interligados e trata-se uma dramédia adolescente cuja história já foi filmada por diversas vezes. Avatar tem a típica história de blockbuster, bem mastigadinha, do excluído que vira o escolhido - e também já vimos isso no cinema trocentas vezes. O diferencial dos dois é a maneira como são apresentados: um é um musical, o outro exige um óculos especial para ser assistido.

Quando entrevistei Ryan Murphy, o criador de Glee, ele me disse que seu objetivo era fazer um show em que as pessoas, por 40 minutos, esquecessem de suas vidas e saíssem felizes após o seu término. As músicas, danças e afins cuidariam dessa imersão, algo raro para um público que fala pelo Skype e tuita enquanto vê TV. Avatar, com seus gráficos tridimensionais, faz o mesmo durante suas três horas - vi o filme e não olhei para o meu celular um segundo sequer.

É por essas novas experiências que tanto Avatar quanto Glee merecem os prêmios.

17 de jan. de 2010

Seth Green: ‘Tirar sarro do Obama é algo muito duro’

LOS ANGELES - O pequenino Seth Green é daqueles atores cujo rosto todo mundo recorda, mas ninguém lembra de onde. Coadjuvante de filmes como Uma Saída de Mestre, Austin Powers e de diversas comédias adolescentes, ele é um dos grandes nomes do humor americano. Além de estar há nove anos no cast de dubladores do desenho Uma Família da Pesada (Family Guy) – FX e Globo –, Green é um dos criadores do incorreto Frango Robô (Robot Chicken), uma animação em stop motion que sacaneia ícones da cultura pop. O programa, que durante anos podia ser visto na faixa Adult Swim, do Cartoon Network, hoje está escondido no canal fechado I-Sat.

Animação é coisa de adulto?
Sabe, eu sempre senti que desenho é algo para os adultos: eles só estavam em uma mídia mais receptiva às crianças. Pegue o Pernalonga e o Tom & Jerry: tem temas e piadas ali que vão além da compreensão infantil. Ben 10 não faz piadas sobre o Holocausto, mas o conteúdo hoje está mais maduro, por isso que os desenhos são exibidos à noite ou de madrugada. Sou velho o suficiente para lembrar o quanto fiquei chocado ao ouvir a palavra “puta” pela primeira vez na TV. Agora o South Park faz um episódio em que dizem “merda” 117 vezes – com um contador no alto da tela – só porque eles podem dizer isso na televisão.

Como você lida com as comparações entre Family Guy e South Park?
É um tipo diferente de grosseria. Tem até um episódio de South Park em que comentam suas diferenças com Family Guy, o que achei muito divertido! Vejo South Park como um show que tem várias piadas específicas, que fazem sentido em um certo episódio. Já Family Guy tem uma série de piadas avulsas dentro de uma história. É uma diferença enorme. Amo South Park, comprei todos os seus DVDs. Mas também amo Family Guy e, bem, peguei de graça todos os DVDs dele. (risos)

Foi inesperada a indicação de Family Guy a melhor comédia no último Emmy?
Foi um grande choque! Concorrer com The Office e 30 Rock só fez perceber que não tínhamos chance de ganhar. Mas é uma emoção você ir ao Emmy e raspar o cotovelo na Tina Fey. Eu pressionei o Kevin Bacon uma hora: falei algo como “ei, olha onde você anda, cara!” Foi incrível!

Quando irão começar as piadas sobre Obama?

É muito duro tirar sarro dele. Piadas políticas têm um prazo de validade, é duro calcular o que será lembrado quando o programa estiver sendo exibido, devido à demora da produção de um desenho. Por isso sempre tratamos o George W. Bush como uma criança de 5 anos petulante e Bill Clinton como aquele cara festivo que você quer ter ao lado para curtir algo irresponsável.

Os fãs pedem para que você recrie as piadas de Family Guy?
Minha atuação é bem isolada, às vezes gravo cinco episódios em uma única vez. Raramente faço uma cena inteira, apenas leio a frase, então não entendo o contexto daquele diálogo. Depois eu vejo o programa sem ter a mínima ideia do que está rolando ali. É legal, eu simplesmente rio como um fã.

* Matéria publicada no Estadão

Review: As Orkuteiras e Twittando e Transando

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Com visual oldschool, Milestone é o melhor Android já lançado


Deixamos para o final do ano o teste daquele que é considerado, justamente, o melhor celular de 2009 - na verdade, a revista Time o declarou o melhor gadget, ou seja, o supra-sumo dos aparelhos eletrônicos. Estamos falando do Motorola Droid, que no Brasil foi batizado de Milestone. Lançado no País há algumas semanas, o telefone é o primeiro do mundo a vir com o sistema operacional Android 2.0, do Google.


O primeiro destaque do Milestone é o seu visual. Ao contrário da concorrência, que aposta em bordas arredondadas, materiais recicláveis e acabamentos em black piano, o smartphone da Motorola é da velha-guarda: todo preto, com detalhes dourados e até emborrachado na parte traseira - além de ser grande, quadradão e pesado (165 gramas). Mas não se deixe levar pela sua aparência: ele tem uma tela sensível ao toque enorme, de 3,7 polegadas, com um teclado físico QWERTY abaixo dela - curiosamente, mesmo assim o aparelho é apenas 1mm mais fino que o iPhone 3Gs. Ele também possui conexões Wi-Fi e 3G, além de GPS, cartão de memória de 8GB e processador de 550MHz. Tem entrada para fone de ouvidos de 3,5mm e sua câmera é de 5 megapixels, com flash.


Assim como o Samsung Galaxy e o próprio Motorola Dext, o Milestone se integra facilmente a redes sociais, como o Twitter - apesar de não ter o MotoBlur, um programa da Motorola que dá acesso rápido a esse tipo de site. Isso deixou suas janelas mais sóbrias e menos caóticas, mas também mais intuitivas. Para quem usa bastante o Gmail e o Facebook, a ferramenta de importação de contatos desses dois serviços é bem interessante. Ela pega os dados de seus amigos nesses sites e os exporta para a agenda do celular.


PRO JOVEM E PRO TIOZÃO
Porém, o Milestone vai além do público jovem e conectado e se mostra também um ótimo aparelho para o uso corporativo. Ele pode ser integrado com o Microsoft Exchange, algo ótimo para quem quiser sincronizar o e-mail e a agenda da empresa, características importantes e cruciais de um bom smartphone. Nos testes, o Milestone se mostrou o melhor celular com Android já lançado. Para começar, a sua rapidez é impressionante. As páginas abrem facilmente, assim como o acelerômetro não engasga na hora de trocar a posição do celular. A navegação é bastante agradável, e nisso a tela ajuda demais, pois ela, além de ser enorme, tem uma excelente resolução de 854 x 480 pixel. Fora que o navegador acessa a páginas em HTML 5 e com Flash.

O teclado é macio, apesar das teclas serem muito próximas uma das outras (o espaço podia ser melhor aproveitado). Uma pena que elas também não tenham um relevo. O cursor colocado ali ajuda a quem não quiser ficar apenas no touch screen da tela, o que é bastante útil.

O celular vem com uma dock station, que o transforma em uma central de mídia digital, para visualizar fotos e ter acesso à músicas e vídeos. Para quem gostou desse plus, não usar o programa Phone Portal é um desperdício. O software conecta o smartphone ao desktop via rede Wi-Fi, o que permite editar contatos, selecionar ringtones, fazer backup, enfim, fazer todo tipo de serviço sem a necessidade de um cabo USB. Fora que o computador vira um grande monitor do Milestone - bem bacana para quem deseja exibir imagens e filmetes armazenados dentro dele.

APLICATIVOS NA FAIXA
A área de aplicativos do Android Market ainda não chega aos pés da App Store, mas é bastante generosa. Por ter a versão 2.0 do Android, o Milestone acessa qualquer tipo de aplicativo - são mais de 20 mil. O melhor que é que tudo de graça.

O GPS se mostrou muito rápido nos testes. Para aqueles que forem comprar o celular, vale dizer que se ganha um acesso gratuito por 60 dias ao MotoNav, um software de navegação que o transforma em GPS automotivo. Ao expirar a data, será preciso - para aqueles que quiserem, lógico - pagar por uma licença de um ano. Por todos esses atrativos, o telefone da Motorola consome muita bateria, o que exige o seu carregador sempre por perto.

O Milestone, ao combinar um hardware poderoso com as facilidades do Android 2.0, de fato é o melhor smartphone já lançado com o sistema operacional do Google. Ele pode não ter todos aqueles chamarizes sociais (e visuais) dos concorrentes, mas é, de fato, um competente computador de bolso. O melhor é que ele não tem um preço tão abusivo. Ele também está sendo lançado pela Tim, e sua versão desbloqueada custa R$ 1.999. Mas, na Vivo, ele sai por R$ 599 em um plano de 200 minutos, com 500 MB de dados. Em planos de 100 minutos, com 50MB de dados, seu preço salta para aproximadamente R$ 800. Vale pesquisar.

* Matéria publicada no Virgula

Desculpem a ausência

Povo, perdão por todo esse tempo sem atualizações.

Tive folga de fim de ano, logo emendada com uma viagem a trabalho para os EUA, enfim, tá dureza.

Mas já estamos voltando...