17 de jan. de 2010

Seth Green: ‘Tirar sarro do Obama é algo muito duro’

LOS ANGELES - O pequenino Seth Green é daqueles atores cujo rosto todo mundo recorda, mas ninguém lembra de onde. Coadjuvante de filmes como Uma Saída de Mestre, Austin Powers e de diversas comédias adolescentes, ele é um dos grandes nomes do humor americano. Além de estar há nove anos no cast de dubladores do desenho Uma Família da Pesada (Family Guy) – FX e Globo –, Green é um dos criadores do incorreto Frango Robô (Robot Chicken), uma animação em stop motion que sacaneia ícones da cultura pop. O programa, que durante anos podia ser visto na faixa Adult Swim, do Cartoon Network, hoje está escondido no canal fechado I-Sat.

Animação é coisa de adulto?
Sabe, eu sempre senti que desenho é algo para os adultos: eles só estavam em uma mídia mais receptiva às crianças. Pegue o Pernalonga e o Tom & Jerry: tem temas e piadas ali que vão além da compreensão infantil. Ben 10 não faz piadas sobre o Holocausto, mas o conteúdo hoje está mais maduro, por isso que os desenhos são exibidos à noite ou de madrugada. Sou velho o suficiente para lembrar o quanto fiquei chocado ao ouvir a palavra “puta” pela primeira vez na TV. Agora o South Park faz um episódio em que dizem “merda” 117 vezes – com um contador no alto da tela – só porque eles podem dizer isso na televisão.

Como você lida com as comparações entre Family Guy e South Park?
É um tipo diferente de grosseria. Tem até um episódio de South Park em que comentam suas diferenças com Family Guy, o que achei muito divertido! Vejo South Park como um show que tem várias piadas específicas, que fazem sentido em um certo episódio. Já Family Guy tem uma série de piadas avulsas dentro de uma história. É uma diferença enorme. Amo South Park, comprei todos os seus DVDs. Mas também amo Family Guy e, bem, peguei de graça todos os DVDs dele. (risos)

Foi inesperada a indicação de Family Guy a melhor comédia no último Emmy?
Foi um grande choque! Concorrer com The Office e 30 Rock só fez perceber que não tínhamos chance de ganhar. Mas é uma emoção você ir ao Emmy e raspar o cotovelo na Tina Fey. Eu pressionei o Kevin Bacon uma hora: falei algo como “ei, olha onde você anda, cara!” Foi incrível!

Quando irão começar as piadas sobre Obama?

É muito duro tirar sarro dele. Piadas políticas têm um prazo de validade, é duro calcular o que será lembrado quando o programa estiver sendo exibido, devido à demora da produção de um desenho. Por isso sempre tratamos o George W. Bush como uma criança de 5 anos petulante e Bill Clinton como aquele cara festivo que você quer ter ao lado para curtir algo irresponsável.

Os fãs pedem para que você recrie as piadas de Family Guy?
Minha atuação é bem isolada, às vezes gravo cinco episódios em uma única vez. Raramente faço uma cena inteira, apenas leio a frase, então não entendo o contexto daquele diálogo. Depois eu vejo o programa sem ter a mínima ideia do que está rolando ali. É legal, eu simplesmente rio como um fã.

* Matéria publicada no Estadão

Nenhum comentário: