27 de jan. de 2009

O guia dos seriados online

As webseries, ou seriados feitos exclusivamente para a internet, são um tipo de produção audiovisual que não para de crescer. Seja pelas mãos de internautas amadores ou de grandes produtores de Hollywwod.

Os seriados online são uma mídia ainda nova e seu formato é muito discutido. O grande debate sobre esse tipo de produção é como deve funcionar o seu modelo de negócios, além de também se descobrir qual o seu poder midiático: uma websérie pode migrar também para a televisão ou deve somente ficar restrita ao universo virtual? Experiências a fim de responder essas perguntas é o que não faltam.

As séries de internet costumam ter episódios curtos, de mais ou menos cinco episódios de duração cada. Não existe uma regra se os vídeos devem ser semanais, diários ou até mensais. No caso das produções amadores, isso é evidente. O mesmo não acontece nos trabalhos desenvolvidos por emissoras de TV, produtoras profissionais ou por agências de publicidade. Aqui há um planejamento claro.

Abaixo, fiz um Top 10 webséries que já rodaram pela rede mundial de computadores.

1) Dr. Horribles's Sing Along Blog



Joss Whedon, o criador das séries Buffy e Angel, é o pai desse musical humorístico. Neil Patrick Harris, o ótimo Barney do seriado How I Met Your Mother, vive um cientista maluco que tem dois sonhos: virar um vilão e namorar a garota da lavanderia. Antes, ele terá de enfrentar o super-herói Captain Hammer (Nathan Fillion, de Desperate Housewives). De orçamento honesto, mas pra lá de criativa, a websérie de dez episódios fez um grande sucesso nos EUA.

2) Conversas de Elevador



A produção do ator Felipe Reis teve no final do ano passado o final de sua 2ª temporada. Reis interpreta Edgar Castilho, um jovem morador de um prédio cheio de vizinhos inusitados. A cada episódio (já são 57), o rapaz tromba no elevador com um condômino. No ano passado, a websérie teve alguns vídeos exibidos no programa Metrópolis, da TV Cultura.

3) Mina & Lisa



A novela do Núcleo Virgulino é outro exemplo de boa websérie brasileira. O diretor Hélio Ishii conta, com sensibilidade e bom humor, a história de duas nipônicas brasileiras à procura do primeiro amor (o mote é a perda da virgindade). A atriz Liana Naomi (Mina) está no elenco de Som e Fúria, futura minissérie da TV Globo dirigida por Fernando Meirelles. Duas temporadas já foram feitas.

4) Quarterlife



Dos mesmos criadores de Uma Vida de Cão, Quarterlife fala sobre a vida digital de jovens de 20 e poucos anos da cidade de Chicago. Produzida em 2007, inovou ao fazer o público interagir com a trama: o espectador podia publicar vídeos no site da atração e todos os personagens da história tinham blogs pessoais. A emissora americana NBC trouxe a websérie do MySpace para a TV, mas o que se viu aí foi um fracasso de audiência.

5) The Guild



Nerd até o último fio de cabelo ruivo da protagonista, a comédia The Guild traz as aventuras e os vícios de um grupo de jogadores online. Em formato de videocast, os amigos conversam enquanto jogam, é claro. A segunda temporada estreou em novembro e a websérie é tão cultuada que fã brasileiros criam legendas em português para ela e liberam o material no YouTube. Conta com o patrocínio da Microsoft e da Sprint.

6) Vida no Trânsito




A equipe do portal de vídeos Fiz TV fez um belo trabalho com essa websérie que é uma ótima crítica ao caótico trânsito paulistano. Em um futuro talvez não muito distante, os carros, parados no congestionamento, tornam-se residências, e os motoristas, vizinhos uns dos outros. A primeira temporada teve dez episódios.

7) In the Motherhood



Websérie patrocinada pela Sprint e pela Suave, em que três mães contam causos engraçados sobre gravidez, bebês, filhos adolescentes e etc. As histórias são sugeridas pelos próprios internautas e entram em votação. As melhores viram episódios. Com 21 milhões de espectadores online, a emissora ABC lança em março a versão da série para a TV, com Megan Mullally (Will & Grace) no elenco.

8) Web Therapy




Lisa Kudrow, a eterna Phoebe de Friends, vive Fiona, uma terapeuta amalucada que consulta seus pacientes apenas pela webcam. O formato é curioso e bem criativo: os vídeos mostram a tela dos dois computadores, como se o espectador fizesse parte das conversas. Patrocinada pela Lexus, o seriado teve ao todo 15 episódios.

9) O Que Que é Isso?



Websérie ou propaganda? Não importa: o seriado da Locaweb, com jeito de The Office, destacou-se no ano passado pela produção caprichada da 02 Filmes. Com roteiro de Adriana Falcão, a trama conta a história de uma empresa que passa por um processo de modernização. Teve duas temporadas e boa repercussão no YouTube.

10) Gemini Division



Essa série online de ficção científica fecha a lista para mostrar como produções exclusivas para a internet já têm um quê de blockbuster. O cenário do seriado é todo criado por computador e a protagonista é ninguém menos que Rosario Dawson (Sin City), que vive uma detetive de Nova York. A megaprodução terá 48 episódios ao todo e é exibida no site da NBC, apenas para os americanos.

PS: Essa lista foi criada para o IG.

24 de jan. de 2009

Conhece o WankBoy?


Adoro o vh1! Quando estou em casa, deixo a TV sintonizada no canal o tempo todo, nem que seja apenas para fazer barulho. Amo assistir aqueles especiais de 80 clipes apenas com MILFs, aqueles reality shows bizarros que geram trocentos filhotes... Sou amarradão até naqueles programas que mostram os maiores cafetões da história.

Daí, nessa semana, estava eu com o vh1 ligado, apenas para fazer barulho, enquanto eu baixava uma série usava meu notebook. E escuto o seguinte áudio vindo da televisão.

- The Adventures of WaaaaaaaaaaaankBoyyy!

Como? WankBoy? O "garoto bronha"? O "menino punheta"? Que porra é essa?, pensei, com o perdão do trocadilho.

Era um desenho em flash, no mesmo estilo da Drogaria MTV de Desenhos Animados. Na cena, uma velhinha olhava para o alto de uma árvore e clamava por ajuda - seu gatinho tinha ido parar lá em riba e não havia santo que o fizesse descer.

Nisso, surge um garoto branco, raquítico, de cabelos encaracolados e meio orelhudo. A cara do Marco Luque. O mano chega perto da árvore, puxa a capa de super-herói contra o seu ventre e, acreditem, toca uma!

É um 5 contra 1 ligeiro, com a mão esquerda, numa velocidade sincopada. Daí ele mira o bilau para cima e acerta um belo dum CUM SHOT no felino, que cai diretamente nos braços da velhinha.



Cara, eu fiquei horrorizado! Olha que gosto de humor trash, nonsense e preconceituoso! Mas esse tal de WankBoy me deixou catatônico! Fiquei olhando para a TV embasbacado, com a certeza de que a pessoa que criou isso não pode ter Jesus no coração!

Rapidamente entrei no Google e comecei a vascular sobre esse fedelho, que deixa o Capitão Presença no chinelo em termos de super-herói polêmico. O desenho é de uma tal Loko TV, um portal de vídeos espanhol que exibe animações cults e independentes feitos por internautas do mundo inteiro. Não sei quem é o SICK FUCK que criou a personagem, mas vi que ela já existe há dois anos.

Dá para achar na web vários episódios desse jovem punheteiro. Tem ele usando o seu mega-esperma contra um meteoro que está prestes a cair na Terra.



Construindo uma canoa de porra, a fim de salvar um cão se afogando num rio.



Ou pegando uma bala no ar e evitando um assalto a banco.



Doentio ou genial?

20 de jan. de 2009

No Estadinho

Cinema (quase) real

Você provavelmente não se lembra da época em que os filmes com efeito 3D faziam grande sucesso. Era divertido ir com os pais e amigos ao cinema, colocar aqueles óculos quadradão (com uma lente azul e a outra vermelha) e ver monstros e objetos saindo do telão e vindo em nossa direção. Aliás, que atire o primeiro balde de pipocas quem nunca esticou os braços e tentou agarrar um animal exibido em terceira dimensão.

Pois saiba que esses filmes estão de volta – e com tudo! Nesse ano, várias animações e longas-metragens chegarão aos cinemas em 3D. O desenho Bolt - Supercão foi o primeiro. Em fevereiro chega Coraline, que é todo em stop motion (o filme é fotografado quadro a quadro. E as imagens, colocadas em sequência, ganham vida). Em abril, será lançada a animação Monstros vs Alienígenas, da turma da DreamWorks. Em julho, teremos Era do Gelo 3!

Para os fãs dos meninos roqueiros do Jonas Brothers, a novidade de março é um show deles todo em terceira dimensão.

De olho nessa onda, São Paulo acaba de se tornar a primeira cidade brasileira a ganhar uma sala IMAX. Legal, né? Essa grande safra de títulos só é possível graças a nova tecnologia usada nos efeitos 3D. Tudo agora é digital e os óculos são invocados, com as lentes escuras – chamadas de polarizadas. Nos filmes antigos, exibidos em terceira dimensão, as imagens não eram nítidas, muito menos salas de cinema com tal tecnologia no Brasil –, é bem diferente (saiba mais, abaixo). Mas por que os filmes em terceira dimensão estão na moda?

É que perceberam que o 3D é um jeito de fazer as pessoas recriarem o hábito de ir ao cinema, uma diversão cara: a entrada custa quase R$ 20, e uma simples pipoca R$ 5!
Além do mais, a indústria do cinema perde bastante dinheiro com a pirataria: DVDs vendidos em banquinhas de camelô, por exemplo. Essa é a razão das salas de cinema estarem mais e mais caprichadas, com sons e imagens de alta qualidade. É uma experiência que não pode ser reproduzida em casa.

Até alguns anos atrás, assistir a algo em 3D, com aqueles óculos de papelão, era um convite para a dor de cabeça e enjoos. Com a tecnologia atual, ninguém mais passa mal!

Antes

A antiga tecnologia 3D funcionava assim: cada tira de filme recebia duas camadas de cor – uma vermelha e a outra azul (ou verde). Por isso que para assistir a filmes assim era necessário aqueles óculos com lentes coloridas. Essas lentes forçavam os nossos olhos a enxergar as seções vermelhas e azuis das imagens. Era um truque para o cérebro, que interpretava o que era exibido na tela como algo em terceira dimensão. Como assim? É que nós, humanos, temos visão binocular, ou seja, cada olho enxerga uma imagem diferente. O nosso cérebro é que as combina em uma só.

Depois

O 3D Digital também tem os seus truques para enganar a nossa visão. Em vez de cores, usa a polarização da luz. Não entendeu? Calma! Lentes polarizadas servem para filtrar as ondas de luz que são alinhadas em uma mesma direção. Com os óculos 3D, cada lente é polarizada de maneira diferente. É por isso que no 3D Digital são usados dois projetores: um para o olho esquerdo e o outro só para o direito. Quem tentar ver esse filme sem a lente especial, enxergará tudo embaçado. Ao pôr os óculos, nosso cérebro (sempre ele) lê essas informações como se fosse uma imagem tridimensional.

Você vai se sentir dentro do filme

Ignore tudo o que você já viu antes em cinemas 3D. Uma sala IMAX leva a experiência de enxergar uma imagem tridimensional a outro nível. A sensação que se tem é de entrar dentro da tela. Tela, aliás, que não é um mero telão, é um “telãozaço”. Na sala IMAX, inaugurada ontem no Shopping Bourbon Pompeia (em São Paulo), a tela tem 14 metros de altura por 21 m de largura. É impressionante, vai quase do chão ao teto! Dá para ver o filme bem de qualquer assento. Os mais baixinhos vão matar a curiosidade de como é ir a um cinema e sentar no fundão.

Os óculos (de lentes polarizadas) utilizados parecem uma máscara de mergulho, o que casa bem com o filme que está em cartaz: o documentário biológico Fundo do Mar 3D.

O resultado é um barato. Uma moderna câmera subaquática filma peixes, tubarões e polvos gigantes com uma excelente qualidade. O espectador se sente debaixo do oceano mesmo, com os peixinhos nadando na frente de seu nariz e peixões flutuando acima de sua cabeça.

Há momentos bonitos, como a dança das água-vivas no escuro e o “momento limpeza” das barracudas com “peixes faxineiros”. Lógico que também há imagens (um pouco) assustadoras. Tem uma cena em que uma lula dá uma mordida na câmera. Daí é difícil não apertar o braço da pessoa sentada ao seu lado (eu fui um alvo). O som também é muito legal!

A primeira sala IMAX brasileira é um ótimo passeio para quem estiver em São Paulo. Uma entrada inteira custa R$ 30. Caro, é verdade. Mas a experiência realmente vale tudo isso.

19 de jan. de 2009

No Estadon

- True Blood estreia neste domingo
(Anna Paquin, melhor atriz do último Globo de Ouro, estrela a série vampiresca da HBO)

- Lançamentos DVD: O tiro atinge o próprio pé
(Trovão Tropical tira sarro de si mesmo ao parodiar os típicos clichês de Hollywood)

+ Coluna TV sem TV: A evolução da dança, o retorno
(Dono de um dos vídeos mais vistos da história da internet, Judson Laipply está de volta)

17 de jan. de 2009

10 Discos de 2008: 4) Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro


Reviravolta no último minuto. A 4ª posição foi por muito tempo de Lykke Li, uma linda sueca de voz aveludada que lançou o ótimo The Youth Novels. Mãããs... sabe como é. Fico ensebando para soltar essa lista e começo a mudar de opinião. E foi isso que aconteceu ao pegar a estrada na semana passada, ao som de Artista Igual Pedreiro, do Macaco Bong.

Antes, vamos as apresentações: a banda é um power trio de Cuiabá que faz rock instrumental. Sim, não há vocais, e esse é o grande desafio de se encarar o Macaco Bong. Não é som fácil de digerir de primeira. Mas bastam audições futuras, em etapas, para sacar a idiossincrasia dos caras.

É rock porradeiro, lapidado sem pressa, construído tijolo por tijolo. O nome do disco já diz tudo: "é o suor do operário, que renuncia sua ambição ao reconhecimento em função de uma causa maior", cravou o site + Soma.

São dez faixas longas e densas (como a incrível Amendoim, que abre o álbum, ou a cacetada Fuck You Lady, que deixa qualquer fã de Rush com um sorriso no rosto). Fui ouvindo Artista Igual Pedreiro à noite, numa rodovia, com as caixas de som do carro quase estourando. Com o perdão do trocadilho, foi uma grande viagem - ao ponto de, 90 km depois, ter tido a sensação de viver os 50 minutos mais rápidos de minha vida.

Artista Igual Pedreiro não é um simples disco de rock, que caminha por suas variações de hard rock e rock alternativo. Mas é uma obra de jazz, experimentalismo, psicodelia...

Discaço! Que, por toda a sua ousadia, não podia ficar de fora MESMO dessa lista de melhores do ano passado.

PS: Para baixar o CD dos caras via Trama Virtual, só clicar aqui. Faça isso: além de você ouvir um belo CD, ainda fará os músicos ganharem um troco com o seu singelo download.



14 de jan. de 2009

Frase da semana

Não pago por jogo de computador, vou pagar por mulher?

- Felipe Navas, o Jamanta, comentando sobre garotas de programa - e, ao mesmo tempo, revelando o que realmente é importante em sua vida

13 de jan. de 2009

No Estadon


Exige-se diploma
(Alvo predileto de seu próprio público, Big Brother Brasil ganha nona edição na Globo na terça, com participantes da terceira idade e vários graduados)

11 de jan. de 2009

A GQ de Botucatu

Daí que eu estava num barzinho de Sorocaba, no último final de semana, e vi uma pilha de revistas perto do caixa. Viciado, sabe como é. Dei uma esticada de pescoço e não acreditei:

- Meu, os caras dão a GQ para a clientela ler!

Érrr... não exatamente. Os caras dão a QG para a clientela ler!

É a revista Quartel General, de Botucatu. Segue a descrição da magazine:

A Revista QG está há 5 anos em circulação, trazendo informação e entretenimento aos leitores de Botucatu e da região. É uma Revista jovem, inovadora, criativa composta por uma equipe de profissionais qualificados e dedicados que levam informação com conteúdo e qualidade até você. Nossa tiragem é de 5.000 exemplares ao mês, além de 2.000 assinantes distribuídos em toda nossa região, tornando-se líder em seu segmento. Temos como missão transmitir informações aos nossos leitores com qualidade e eficiência.

PS: Gostei do "criativa", e vocês?

10 de jan. de 2009

O fim da humanidade


Um vício meu nessas últimas duas semanas é entrar no Orkut e ler o que está rolando no fórum da comunidade O Fim da Blogosfera. Basicamente, ali é um espaço onde blogueiros "das antigas", que surgiram entre 2000 e 2004, descem o sarrafo nos blogueiros "da atualidade". A questão principal abordada nesse espaço é o tal post pago: quando uma empresa procura o blogueiro e oferece uma grana (irrisória, muitas vezes), para que ele publique um texto. Pode ser para divulgar um produto ou uma ação.

A crítica que rola ali é a ética da turma que adere ao tal post pago. Não interessa se o blogueiro avisa ao seu leitor que aquilo ali está acontecendo ou não, mas como isso aflinge o seu leitor. Eu já passei horas e dias debatendo sobre esse assunto e, no passado, na matéria especial que fiz sobre os 10 anos de blogs no Brasil, ouvi todos os lados possíveis. E respeito cada um deles, vá!

Mas o que está acontecendo nesse final de semana é vergonhoso. Um fabricante de celulares convidou 18 donos de blogs muito populares para passarem dois dias no resort luxuoso que o Silvio Santos construiu no Guarujá. Cada blogueiro recebeu o mais novo telefone móvel da marca e tem de testá-lo durante a hospedagem.

Aliás, essa mesma empresa, ao lançar um outro celular, fez blogueiros andarem de helicóptero, verem jogo do São Paulo num camarote do Morumbi e tomarem uma breja no Bar Brahma. E deu o mimo para eles, claro. Não vi um texto mais tarde que não fosse apenas de elogios ao aparelho. Curiosamente, o que esses "formadores de opinião" não fizeram foi justamente avaliar o produto, mas apenas contar como foi a incrível experiência que viveram naquele dia.

Estou sentindo isso novamente ao ler os comentários publicados por esses 18 blogueiros no Twitter. Não li nada que falasse sobre o software do aparelho, a resolução da câmera, se o Wi-Fi era firmeza... Mas só algo assim: "#tag do nome do celular# estamos na piscina"; "#tag do nome do celular# o churrasco está pronto"; "#tag do nome do celular# recebendo massagem"; "#tag do nome do celular# tomando mojito debaixo do coqueiro"; "#tag do nome do celular# indo para o show do Jota Quest, vai ser mara!"

É sério!

Olha, eu sei que esses comentários vão repercutir apenas dentro da umbigosfera. Essas opiniões também nem são lá muito relevantes, veja bem. Quem são essas pessoas na night, né? Não culpo também a estratégia de marketing de tal empresa*, afinal, a publicidade brasileira ainda não aprendeu como trabalhar com a internet.

Fico puto da vida com os comentários desses blogueiros (vasculhem na web pelos textos), porque posso dizer, fácil, o que é você fazer o review de um produto com imparcialidade. E sei que, ao escrever umas pouco palavras, negativas ou positivas, estarei influenciando fortemente alguém. Não importa se são cinco leitores ou um milhão, entende? Existe aí uma responsabilidade.

Trabalhei dois anos e meio com jornalismo de tecnologia e editava a seção de gadgets do meu caderno. Vi várias pessoas sendo "compradas" perto de mim. Era viagem paga aqui, um produto enviado diretamente para a casa do fulano acolá... Mas também vi muita gente que não se deixava cair nessa. E que me ensinaram, ainda estagiário, o que é ser respeitado pelos colegas de profissão e ter uma ótima palavrinha associada ao seu nome: credibilidade.

Não estou querendo ir aqui para o maniqueísmo clássico de blogueiros x jornalistas. Ética eu não aprendi em quatro anos de faculdade. Ética serve para a sua vida, não para o seu ambiente de trabalho ou para seu site pessoal que tem mil page views diários - sendo grande parte deles paraquedistas vindos do Google.

Eu tento pensar na máxima manobrowniana "cada um, cada um", juro mesmo, mas ao ler essas "opiniões" - abertas e na caruda, ainda por cima - senti nojo dessa máfia que vai às Campus Party da vida e faz palestras dizendo que blog é uma grande ferramenta de negócio e yada-yada-yada.

Tava relendo esses dias uma entrevista que fiz com o Alexandre Inagaki. Uma declaração dele resume bem o que tento manifestar neste post. Eu perguntei sobre o troca-troca de links entre blogueiros. Antes, era uma forma de mostrar que você realmente gostava de ler aquela página e a indicava para seus leitores. Hoje, é apenas um jogo de interesse: se fulano tem muito acesso, vou linkar o blog dele e ganharei mais visitas.

A resposta do japa:

"Isso é meio retrato de uma geração. As pessoas estão sem ideologia e são individualistas. Muitos blogueiros não linkam alguém sem um interesse por trás. Importa se ele vai me render mais visitas, não se ele é interessante. Isso é totalmente de uma geração que prefere votar nulo e tem orgulho de dizer que não se interessa por politica."

PS: Dica de leitura - O blog Imprensa Marrom mostra porque não acreditar no hype da Campus Party.

*Update: Mudei de opinião sobre não culpar a estratégia de marketing da empresa. Dizem que o sucesso da ação será medido pelo número de reações na rede, independente do conteúdo. O que irá contar é a mobilização. Ou seja, quantidade é melhor que qualidade!! Nossa geração realmente está perdida...


6 de jan. de 2009

O primeiro pagode a gente nunca esquece


Vou ser mais tolerante em 2009. Esse é um dos meus mantras para esse novo ano. Chega de pré-conceitos e idéias pré-fabricadas. A parada é ir para a rua, sujar a solo do sapato e experimentar. Para ter uma opinião embasada. Certo?

Como parte desse experimento, na semana passada fui a um pagode. Sim, pagode. Não era samba, não tinha mesa de ferro, gente batendo os dedos numa caixa de fósforos, tia passando com a tupperware cheia de polenta frita. Era pagodinho da moda. Ponto.

Quem me arrastou a uma casa de pagode foram três amigos. Era um sábado à tarde bonito, ensolarado, típico dia bacana para ficar em casa estatelado no sofá, com o ventilador do teto apontado para a fuça. Mas, não, eu fui prum pagode.

A primeira coisa que reparei foi o visual da galera. A parada é bem United Colors of Benetton, o que é ótimo, para começar. Já as roupas... As mulheres são preparadas. Todas usam salto alto, calças justas ou saias provocativas. As blusas são decotadas, quase sempre com as costas de fora. Para os olhos é uma delícia, aviso. Os homens variam muito. Alguns usam camisetas de clube de futebol, mas um must é a camisa grudadinha ou a regata colada ao corpo. De cores berrantes, diga-se.

Pink is the new black

Indispensáveis são o bermudão florido, o Nike Shox no pé e o Oakley na cabeça. Sim, ninguém põe os óculos escuros nos olhos. O negócio fica na testa à la Salgadinho.

O pessoal é animado. Melhor do que qualquer balada que já vi. Quem dança, toca o terror mesmo. Já quem não tem samba no pé, fica assistindo, batucando na perna ou no peito. Para essas pessoas é regra ter um copo de cerveja ou de qualquer outra bebida em uma das mãos. É um jeito de socializar.

O pessoal também não me pareceu muito fresco. Vi dasluzetes chafurdando os dedos em batatas-fritas, linguiças (ai, trema querida!), e outros finger foods do tipo. Na hora de beber, nada de diferente da playboyzada que frequenta (ai, trema querida 2!) as melhores baladas. É uísque com energético pra lá, vodca com qualquer coisa pra cá (até Yakult!). Uns negões malandros, querendo pagar de bling-bling, acendiam charutos e agiam como se estivessem num clipe do Hype Williams.

Incomodou-me bastante a mania do povo cantar as músicas - todas iguais, num maldito "lêlêlêlêlê, eu vou lhe dar carinho", "lêlêlêlêlê você é meu amorzinho". Parecia show do Los Hermanos! Ah, só reconheci Parabéns pra Você (era aniversário de umas 20 pessoas) e Dança do Quadrado.

Falando em dança, chamou-me a atenção uma dança característica. OK, tinha gente sambando e até resgatando a lambada por lá, mas existe um passinho que é batata. Quando tocava uma música bem famosa, o público abria os braços, olhava para o teto e berrava. Igualzinho àquela turma que desfila em escola de samba, a pé, andando pela avenida com a camiseta da agremiação.

Fiquei umas quatro horas no pagode, mas já estava cansado após 1h30. Sei lá, não sou animado para essas coisas. Gosto de dançar do meu jeito, like no one's watching, e lá não dava para fazer isso. Com certeza eu seria humilhado por uma morena cavala, que rebolava mais que uma máquina de lavar e que fazia graça para esse blogueiro aqui (e pra torcida do Flamengo também) o tempo todo.

Oi?

Em relação às músicas... Achei bem ruins. Cara, não sou preconceituoso e, atenção!, gosto de pagode. Negritude Jr, Art Popular, Só Pra Contrariar e Molejo (tchan!) são, para mim, grupos de pagodeiros, ora! Gosto do som dessa turma porque eles são aquele pagode com amor à camisa, fazem o pagode arte, aquele pagode moleque que joga com dois pontas avançados. Já essa turma de hoje é burocrática, joga pelo resultado na retranca, no 3-5-2. Essas canções mela cueca, que vêm desde os tempos de Karametade, Katinguelê e Belo, não são para dançar. Não é porque tem alguém ali rodando um pandeiro que isso seja motivo para sair por aí sambando. E o problema desses pagodes atuais, tipo Sorriso Maroto e Revelação*, é justamente isso.

Não tirei uma foto para mostrar a minha cara de mau humor, mas a do meu amigo DJ Edu Vieira, vulgo Cidão, sintetiza bem o meu sentimento. Ele foi arrastado para lá por sua namorada.

Não foi só o cavaco que chorou

*Update: Três pessoas já me falaram que Sorriso Maroto e Revelação são coisas totalmente diferentes. Deixo então a errata de meu amigo - e pagodeiro - Filippe. "É a mesma coisa que falar que Panic! At the Disco é igual The Killers. Sorriso Maroto é beeeem popular e simples. Revelação é uma coisa, digamos, com mais esmero, é quase um samba."


3 de jan. de 2009

10 Discos de 2008: 5) Girl Talk - Feed the Animals


Mashup é aquela velha história: você odeia ou você ama. Por muito tempo fiz parte do primeiro time. Ouvia aquela colagem entre duas músicas, soltava um muxoxo e imaginava qual a graça naquilo. Daí fui apresentado ao 2 Many DJs, mudei de opinião e percebi que não é apenas pegar dois hits e juntar o refrão de um com a melodia do outro, a fim de criar algo engraçadinho. Dá realmente para pegar esses elementos e tirar um caldo novo daí. Não é um mero control c + control v.

O DJ Gregg Gillis, a.k.a Girl Talk, é o grande mestre desse recorta e cola. Para mim, seus trabalhos são obras de arte, sem exagero. Com Feed the Animals, ele segue a fórmula vencedora de Night Ripper (2006). Tendo sempre como base o vocal de rappers ou cantores de soul e R&B, o disque-jóquei nos leva para uma viagem com tudo o que varreu a música pop nas últimas décadas. Ele não vai apenas nos singles radiofônicos (fiquei pasmo quando ele colocou Toby Lightman), mas escarafuncha o seu HD - o maquinário e o afetivo. Em faixas de cerca de três minutos, chega a disparar techos de mais de 15 canções!

É uma gigantesca colcha de retalhos que resulta num som único. Que, ironicamente, ninguém consegue copiar (assista aqui ao processo criativo do rapaz). Dá um bizú nas parcerias arquitetadas em Feed the Animals: Rihanna faz o backing vocal do Queen, Busta Rhymes rima com The Police, Faith no More tabela com The Fugees, Avril Lavigne solta o pancadão com Alphex Twin...

Detalhe: Gillis nunca reaproveita uma mesma música. Nem trechos diferentes. Se ele usa o refrão de Toxic, da Britney, acabou e pronto. Ele não vai aproveitar algo dessa faixa novamente, meu amigo! Nem no mesmo disco nem em outro.

Foda.

Discaço. Bom para dançar, correr (foi o grande companheiro, e incentivador de minhas corridas semanais no Parque Villa Lobos) e, lógico, pra memória. Sempre que cai um novo trabalho do Girl Talk, pego uma caneta e começo a (tentar) anotar num papel as músicas que reconheço. Acertar mais de 70% de uma simples faixa é uma tarefa impossível, já adianto.

PS: Feed the Animals pode ser baixado " de grátis". Mas, numa estratégia à la Radiohead, pode-se pagar pelo download. Você decide.



No Estadon


(Coluna TV Sem TV especial - melhores vídeos do ano passado)

2 de jan. de 2009

10 Discos de 2008: 6) The Ting Tings - We Started Nothing


Sim, eu acreditei no hype. Quando comentei com algumas pessoas que no meu Top 10 entraria o The Ting Things, muitas torceram o nariz. "Mas o CD inteiro?", ouvi. Sim, o CD inteiro, que foi justamente o disco que mais escutei no ano passado. Além do mais, adoro bandas que, na verdade, são uma dupla. Admito.

We Started Nothing é um grande disco pop. Com ótimos hits para escutar na pista ou enquanto você estiver fazendo faxina em casa (eu garanto). As músicas são simples, dançantes e muito, muito pegajosas. A receita desse prato é básica: Jules de Martino lança uma batida grudenta que abre a faixa. Daí entra uma guitarra que segue o ritmo, junto de uns efeitos de sintetizadores. A voz da lourinha Katie White, puro estilo garota riot da Daslu, só acompanha, cheia de gritinhos "Wow" e "Hey". Mas funciona, e o resultado é uma delícia de synthpop.

Great DJ, que abre o disco, já conquista logo de cara com o refrão: "Imagine all the girls ah-ah-ah-ah. And the boys a-ha-ha-ha. And the strings ih-ih-ih-h" Faz um algum sentido? Nenhum. That's Not My Name, que vem em seguida, é ainda melhor e é o grande single de 2008. Com uma batida que lembra demais Soul Bossa Nova, de Quincy Jones, a canção não deixa ninguém parado. E faz sucesso no YouTube, no MySpace, em mashups, na rádio, na balada, na novela das nove...

Em seguida vem uma seleção musical que mantém o álbum lá no alto. Shut Up and Let Me Go é mais um ouro para as mãos dos DJs. Be the One e Traffic Light são as baladinhas agridoces. We Walk, com uma introdução cafona de piano, parece apontar para outra direção, mas logo estamos de volta à fórmula "batida pegajosa + gritinhos de Katie + refrão repetitivo e grudento". É assim até o final, com We Started Nothing.

Aliás, o nome do disco reflete bem a essência do The Ting Tings. Eles não querem inventar nada, criar arranjos complicados ou escreverem algo "cabeça". Eles sabem que são ótimos em produzir um tipo de música X para dançar e se jogam nessa direção sem medo.

E não há nada de ruim nisso. Muito pelo contrário.