28 de nov. de 2008
Rádio táxi
Daí estava eu xeretando por vídeos da Lykke Li no YouTube, quando encontro um momento bizarro: ela cantando I'm Good I'm Gone dentro de um táxi londrino em movimento. Achei a idéia bem divertida e "descobri" que a parada não foi isolada, mas é de um projeto chamado Black Cab Sessions.
Idealizado por Chris Pattinson, o lance é assim: ele convida músicos do cenário independente para tocarem apenas uma música dentro de um táxi preto, enquanto esse roda por Londres. O resultado é bem legal porque as bandas realmente se sentem a vontade de tirar um som enquanto o carro dá voltas pelo quarteirão, por avenidas ou até mesmo na estrada. Na sacolejante jam do The New Pornographers, os músicos tiveram de tocar em uma estrada fuleira, bem esburacada.
São vários os artistas que toparam participar do projeto. Muitos deles eu nunca ouvi falar. Mas dá para encontrar ali nomes não tão alternativos assim, como Futureheads, The Kooks, Dead Cab for Cutie, The Raveonettes, Spoon, The National, Cold War Kids ou a adorável Emmy the Great. Até o beach boy Brian Wilson já deu o ar de sua graça no banco traseiro do táxi preto, em um dia pra lá de ensolarado.
Notei que as corridas de táxi têm sempre cerca de 3 minutos de duração. Nessa entrevista, Pattinson diz que planeja fazer um tour pelos EUA com o Black Cab Sessions e também soltar um documentário sobre o projeto no ano que vem.
São tantos vídeos que foi difícil selecionar outro para embedar por aqui. Acabei escolhendo uma "versão havaiana" de Creep, do Radiohead, na voz de Amanda Palmer (Dresden Dolls).
Dica: Para quem gostou dessa idéia de bandas tocando em ambientes inusitados, vale uma passada no brasileiro (e também muito bom) Música de Bolso.
27 de nov. de 2008
No Estadinhon
Os primos Lucas Tasso, de 13 anos, Carolina Matteuzzi, também de 13, e Júlia Matteuzzi, de 10, já sabem tocar instrumentos musicais. O primeiro, bateria e guitarra. Carol, piano. Já sua irmã caçula, teclado. Apesar de tudo conspirar a favor, eles não são uma banda. Quer dizer, quase. Eles até chegam a ensaiar juntos aos finais de semana... Mas é no videogame!
É assim: Júlia pega a guitarra de plástico, Lucas assume a bateria de mentirinha e Carolina empunha o microfone. Logo em seguida eles estão "tocando" a música Dani California, do Red Hot Chili Peppers, no jogo musical Rock Band. Rock Band é um game bem divertido. Ele não tem joystick, mas uma guitarra de plástico, uma bateria e um microfone. Ele não tem fases, mas disputas musicais, em que o jogador deverá tentar tocar várias músicas rock e pop bem famosas. Quanto mais craque você estiver, mais difícil o jogo pode ficar.
Rock Band é cria de Guitar Hero, outro game musical que virou febre. Os dois funcionam de maneira parecida (GH só tinha a guitarra) e além de serem muito divertidos e um baita entretenimento, estão ensinando um novo jeito de se ouvir e consumir música. E, ainda mais importante, estimulando a criançada a aprender a tocar um instrumento musical. "A procura aumentou muito graças aos jogos. Os alunos que entram por causa dos games querem tocar na guitarra de verdade a mesma música que sabem tocar na de brinquedo", explica Mônica Lima, diretora da Escola de Música e Tecnologia (EMT).
Nessa escola, há até uma sala exclusiva para os alunos jogarem Guitar Hero e Rock Band. "Isso ajudou muito algumas crianças que não se dedicavam aos estudos. Hoje elas se interessam muito mais por música. E esses games desenvolvem muito o ritmo e ninguém toca um instrumento se não tiver isso", diz Mônica. O trio de músicos mirins concorda. "Eu fiquei bem melhor e me dedico mais à música", admite Júlia. "Agora quero tocar bateria também", completa sua irmã Carolina. Já Lucas usa os games para atrair novos músicos. "Um dos meus melhores amigos agora faz aulas de guitarra comigo", sorri.
Músicos mirins testam Wii Music
O Nintendo Wii lança em dezembro Wii Music, o primeiro jogo musical que usa todo o potencial de seu divertido joystick, o Wiimote. Diferentemente de Guitar Hero e Rock Band, todos os instrumentos de Wii Music se concentram em um único controle. E são mais de 60: violão, baixo, bateria, guitarra, trompete, violino, saxofone, castanhola, piano, harpa... Para usar tudo isso é preciso empunhar o Wiimote, como se realmente estivesse tocando algo. E não é preciso seguir as notas para tocar. Pode-se (e deve-se) improvisar muito.
Como o Estadinho não é egoista, convidamos, para jogar o Wii Music, três alunos da escola de música Souza Lima. Victoria Cristina da Silva Eduardo, de 9 anos, Samuel Nunes Marques dos Santos, de 8, e Rafael Pescuma Rodrigues da Silva, de 7. No começo, cada um escolheu o instrumento que sabe tocar. Victoria pegou o piano e Samuel, a bateria. Já o flautista Rafael preferiu o violão. Tocaram Brilha Brilha Estrelinha várias vezes. "É bem legal, vai ajudar outras crianças a querer aprender música", comentou Victoria. "Dá para tocar vários ritmos, é viciante", concordou Rafael, todo suado.
Já Samuel aprontou uma para os seus pais. "Quanto custa? Quero de Natal".
Você vai virar fã do Kiss
Além de estimularem o aprendizado de um instrumento, os games musicais são uma verdadeira escola do rock'n'roll. Muitas das canções deles são clássicos roqueiros, cheios de riffs de guitarra e viradas de bateria. Isso não existe mais! Nunca que o Paramore ou o NX Zero farão um poderoso solo de guitarra de cinco minutos!
Então é bem comum, para quem brinca com esses games, virar fã de grupos "do tempo dos nossos pais". Lucas curtiu o Metallica após tocar a pedreira One, do Guitar Hero 3. "Para o professor de música é muito legal. As crianças antes não queriam mais aprender a tocar os clássicos do rock", explica Mônica Lima, da Escola de Música e Tecnologia.
Bandas ganham jogos exclusivos
Quando o primeiro Guitar Hero foi lançado, lá em 2005, para o videogame PlayStation 2, ele foi uma revolução. Todo mundo queria experimentar o game, que com um joystick no formato de guitarra permitia a qualquer pessoa virar uma estrela do rock. Afinal, era só apertar alguns botões para "tocar" I Wanna Be Sedated, do Ramones. As bandas ficaram atentas a esse sucesso e começaram a oferecer suas músicas originais para os jogos. Antes, os criadores do Guitar Hero as regravavam, como covers.Outra aposta foi a de vender canções bônus na internet. Os fãs, claro, adoraram! Assim, os músicos acharam um caminho bem legal para ganhar um dinheirinho extra, numa época em que já não se vende tanto CD porque muitos preferem baixar música de graça na web.
A nova moda é ganhar um game musical exclusivo. Nesse ano, o grupo Aerosmith, que surgiu lááá em 1970, ganhou um Guitar Hero com vários hits da banda, como Walk This Way. Mas é no ano que vem que virá o jogo pelo qual todos estão babando. Desenvolvido pelos criadores de Rock Band, 2009 promete um game musical dos Beatles! Imagine tocar Help no videogame? Nem o seu avô vai resistir!
E vem mais novidades por aí
Má notícia para os pais: neste Natal, dois novos jogos musicais disputam vaga na lista de presentes do Papai Noel. O primeiro é Guitar Hero World Tour. Assim como Rock Band, o jogo agora também tem microfone e bateria.Aliás, a bateria dele é show, pois tem dois timbaus, os pratos (de mentira, lógico!). Outro destaque é que agora dá para criar suas próprias músicas. Imagina só montar uma banda com seus amigos, sendo que ninguém toca um instrumento musical?! O jogo será lançado para o Wii, PlayStation 2 e 3 e Xbox 360.
Falando no Xbox 360, o console vai lançar Lips, seu game de karaokê. Ele pode ser conectado ao iPod, então vai dar para soltar o gogó no game em todas as músicas que você tiver no seu MP3 player. De babar!
*Fotos: SERGIO NEVES/AE e JONNE RORIZ/AE
25 de nov. de 2008
O canudo com gambiarra
Na época do cursinho, lá em 2003, havia uma menina muito legal que sentava na carteira atrás de mim: a Maura. Além de simpática e divertida, eu gostava da Maura porque ela era uma das poucas pessoas da sala que não queria prestar Engenharia, Medicina, Direito, Administração ou Arquitetura. Em suma, profissões típicas de estudantes de cursinho. Ela queria fazer Desenho Industrial.
Foi a primeira vez que ouvi sobre tal profissão. E toda vez que vejo a nova embalagem de um produto, como a horrível latinha modernete do Nescau, eu lembro da Maura.
Escrevo esse blog em homenagem a essa garota, pois hoje me deparei com uma obra-prima dos desenhistas industriais: o canudo da caixinha de 200 ml do chá verde Fell Good.
Sabe, desenhar um canudo esquema é difícil. Existem bebidas que simplesmente não funcionam com tal adereço. Quem toma H2O sabe: qualquer canudo que você enfiar lá vai afundar. A garrafa não foi desenhada para tal propósito. Outro clássico é o milkshake de Ovomaltine do Bob's. Foram anos desenvolvendo um canudo que desse conta de sugar aquela massaroca de sorvete com flocos de chocolate sem provocar um aneurisma cerebral. Até que um dia a rede de fast-food apresentou aquele canudo que é um verdadeiro cano de PVC. É horrível, grosso demais. Mas funciona!
Numa época em que todo mundo é freak por higiene, os canudos são cada vez mais necessários. Na latinha de refrigerante? Lá estão eles. Na garrafinha de água? Também (aliás, existe algo mais ridículo do que beber água de canudinho?). Até os próprios canudos de hoje são embalados individualmente. Culpa da síndrome da higiene.
Uma bebida que eu aderi ao meu menu desde o ano passado foi o chá verde. Eu adoro o chá verde da Feel Good e desde então mantenho sempre uma caixa disso em minha geladeira. Porém, minha avó começou a encher o meu saco porque eu deixava o chá aberto por mais de três dias sem terminá-lo. Daí ela o jogava fora, alegando que estava estragado, e a gente brigava. A solução foi comprar a caixinha de 200 ml, que eu mato num só gole.
Quando vi esse produto com um canudinho plastificado em sua superfície, ri. Afinal, como beber o chá com um canudinho menor que sua embalagem? Na hora que eu enfiá-lo lá dentro ele vai afundar e já elvis.
Ah, mas é para isso que existem os desenhistas industriais. Os caras tiveram a manha de criar uma gambiarra, uma extensão que deixa o canudo bem maior. Observem.
Muito bom, né? Daí você pode enterrar o bichinho na embalagem sem medo de engoli-lo depois.
Realmente de aplaudir. Pena que tomar chá verde de canudinho é ridículo, convenhamos.
Foi a primeira vez que ouvi sobre tal profissão. E toda vez que vejo a nova embalagem de um produto, como a horrível latinha modernete do Nescau, eu lembro da Maura.
Escrevo esse blog em homenagem a essa garota, pois hoje me deparei com uma obra-prima dos desenhistas industriais: o canudo da caixinha de 200 ml do chá verde Fell Good.
Sabe, desenhar um canudo esquema é difícil. Existem bebidas que simplesmente não funcionam com tal adereço. Quem toma H2O sabe: qualquer canudo que você enfiar lá vai afundar. A garrafa não foi desenhada para tal propósito. Outro clássico é o milkshake de Ovomaltine do Bob's. Foram anos desenvolvendo um canudo que desse conta de sugar aquela massaroca de sorvete com flocos de chocolate sem provocar um aneurisma cerebral. Até que um dia a rede de fast-food apresentou aquele canudo que é um verdadeiro cano de PVC. É horrível, grosso demais. Mas funciona!
Numa época em que todo mundo é freak por higiene, os canudos são cada vez mais necessários. Na latinha de refrigerante? Lá estão eles. Na garrafinha de água? Também (aliás, existe algo mais ridículo do que beber água de canudinho?). Até os próprios canudos de hoje são embalados individualmente. Culpa da síndrome da higiene.
Uma bebida que eu aderi ao meu menu desde o ano passado foi o chá verde. Eu adoro o chá verde da Feel Good e desde então mantenho sempre uma caixa disso em minha geladeira. Porém, minha avó começou a encher o meu saco porque eu deixava o chá aberto por mais de três dias sem terminá-lo. Daí ela o jogava fora, alegando que estava estragado, e a gente brigava. A solução foi comprar a caixinha de 200 ml, que eu mato num só gole.
Quando vi esse produto com um canudinho plastificado em sua superfície, ri. Afinal, como beber o chá com um canudinho menor que sua embalagem? Na hora que eu enfiá-lo lá dentro ele vai afundar e já elvis.
Ah, mas é para isso que existem os desenhistas industriais. Os caras tiveram a manha de criar uma gambiarra, uma extensão que deixa o canudo bem maior. Observem.
Muito bom, né? Daí você pode enterrar o bichinho na embalagem sem medo de engoli-lo depois.
Realmente de aplaudir. Pena que tomar chá verde de canudinho é ridículo, convenhamos.
22 de nov. de 2008
Culinária de guerrilha
Apesar de mal saber fritar um hambúrguer (depois que descobri a linha Sadia Hot Pocket eu parei com isso), adoro ver quem sabe cozinhar. Por isso que sou um grande fã dos programas de culinária. Quem me levou para esse caminho foi a minha avó Antônia. Sempre assistia com ela a aqueles programas vespertinos da Ana Maria Braga, Cátia Fonseca e companhia limitada. Depois, na TV a cabo, fui eu quem apresentei para ela o Jamie Oliver e a Nigella. Mas vou admitir que a gente gostava mesmo era da Viviane Romanelli, do Shoptime, que errava todas receitas e pedia pro coitado do apresentador do programa de ginástica experimentá-las.
Por eu gostar desse formato de programa televisivo e, principalmente de humor trash, vou falar para vocês qual é o melhor programa de culinária da TV brasileira! Não, não é A Cozinha do Away, do Hermes & Renato (esse é o segundo he-he). O nome da criança é Larica Total, meus amiguinhos.
Apresentado por Paulo Tiefenthaler no Canal Brasil, o programete de 15 minutos vai ao ar todas às sextas-feiras de madrugada, à meia-noite em ponto. O show é um programa de culinária para os solteiros, que moram sozinho e têm de se virar com aquilo que existe em suas geladeiras. Ou seja, nada.
A sinopse da atração já é ótima por si própria. Mas o filé dela (pescou? pescou?) é o Paulo. O cara é um baita ator, que domina a câmera como ninguém e que solta geniais filosofias de bar enquanto mostra suas receitas, como a do "Frango Total Flex" ou do "Yakisobra". Aliás, as receitas são sempre simples e rápidas. Às vezes até demais - vide quando ele ensinou a "arte de flambar" apenas com uma das bocas do fogão.
O programa é feito na própria casa do Paulo, tem fotografia bem amadora, e isso lhe dá uma identidade muito legal. Ali, meus amigos, é tudo roots, papo reto. Paulo pede para tocar e cheirar a comida, não tem frescura. É o dia-a-dia do brasileiro, a culinária de guerrilha. Não tem essa de comida light que não engorda. O esquema é encher a pança e se sentir nutrido.
Assim como o 15 Minutos, da MTV - mas sem todo o seu bafafá -, é na internet que o Larica Total faz sucesso mesmo. O programa tem um site muito legal, em que Paulo comenta os bastidores das receitas e pede para o público sugerir novos experimentos. Um fã da atração, o evaldofilho1982, disponibiliza no YouTube todas as edições que já foram ao ar, e o chef amador diz adorar essa interação.
Anotem: Larica Total terá ao todo 24 episódios em sua primeira temporada do Canal Brasil.
Abaixo, deixo a receita de Paulo que mais me instigou a copiá-la: o misto quente gratinado. Na verdade é um bom e velho croc monsieur - mas de macho, que não exige biquinho na hora de pronunciá-lo.
Por eu gostar desse formato de programa televisivo e, principalmente de humor trash, vou falar para vocês qual é o melhor programa de culinária da TV brasileira! Não, não é A Cozinha do Away, do Hermes & Renato (esse é o segundo he-he). O nome da criança é Larica Total, meus amiguinhos.
Apresentado por Paulo Tiefenthaler no Canal Brasil, o programete de 15 minutos vai ao ar todas às sextas-feiras de madrugada, à meia-noite em ponto. O show é um programa de culinária para os solteiros, que moram sozinho e têm de se virar com aquilo que existe em suas geladeiras. Ou seja, nada.
A sinopse da atração já é ótima por si própria. Mas o filé dela (pescou? pescou?) é o Paulo. O cara é um baita ator, que domina a câmera como ninguém e que solta geniais filosofias de bar enquanto mostra suas receitas, como a do "Frango Total Flex" ou do "Yakisobra". Aliás, as receitas são sempre simples e rápidas. Às vezes até demais - vide quando ele ensinou a "arte de flambar" apenas com uma das bocas do fogão.
O programa é feito na própria casa do Paulo, tem fotografia bem amadora, e isso lhe dá uma identidade muito legal. Ali, meus amigos, é tudo roots, papo reto. Paulo pede para tocar e cheirar a comida, não tem frescura. É o dia-a-dia do brasileiro, a culinária de guerrilha. Não tem essa de comida light que não engorda. O esquema é encher a pança e se sentir nutrido.
Assim como o 15 Minutos, da MTV - mas sem todo o seu bafafá -, é na internet que o Larica Total faz sucesso mesmo. O programa tem um site muito legal, em que Paulo comenta os bastidores das receitas e pede para o público sugerir novos experimentos. Um fã da atração, o evaldofilho1982, disponibiliza no YouTube todas as edições que já foram ao ar, e o chef amador diz adorar essa interação.
Anotem: Larica Total terá ao todo 24 episódios em sua primeira temporada do Canal Brasil.
Abaixo, deixo a receita de Paulo que mais me instigou a copiá-la: o misto quente gratinado. Na verdade é um bom e velho croc monsieur - mas de macho, que não exige biquinho na hora de pronunciá-lo.
14 de nov. de 2008
Você emprestaria o seu celular por 24 horas?
Você conseguiria ficar um dia inteiro sem o seu celular? Bem, quando o meu foi para a assistência técnica, há mais ou menos um mês, eu consegui passar duas semanas sem ele. E digo para vocês: não fez falta alguma.
No começo eu estranhei, lógico. Ficava passando a mão no bolso do jeans o tempo todo à procura dele, e também sentia falta de seu uso como relógio - talvez a função que meu celular mais tenha. Nos dois primeiros dias também foi estranho não passar pelo ritual de acordar, ligá-lo e checar se alguém havia me deixado alguma mensagem. Do resto, foi uma maravilha.
Tive uma sensação de liberdade. Do tipo "tô indo ali na esquina e não tô levando celular". Ninguém podia me achar e isso era ótimo. Óbvio que minha mãe ficou uma arara com essa brincadeira, assim como meus amigos, que não sabiam como me contactar para sairmos durante os finais de semana. Pior foi quando me atrasei para o plantão das eleições e ninguém sabia onde eu estava!
Os únicos momentos em que realmente senti falta de não ter um telefóne móvel por perto foram em "situações emergênciais": tipo estava com vontade de ligar para alguém e contar uma grande novidade ou estar na dúvida sobre algo e ligar para sicrano à procura de uma opinião qualquer.
Foi desintoxicante, admito.
Cometo esse nariz de cera para falar de A Day Without a Mobile Phone, uma curiosa instalação artística de luz e som que está sendo exibida até essa sexta-feira em São Paulo. A obra das estonianas Eve Arpo e Rinn Kranna-Rõõs funciona assim: elas construíram uma árvore na saída da estação de metrô São Bento. Quem passar por lá pode "emprestar" seu celular por 24 horas, para que elas o pendurem nos galhos da árvore. Quem passar pelo local poderá ligar para os números dos aparelhos e criar uma sinfonia de ringtones.
Achei bem legal a proposta e bati um papo com a Eve na última quinta-feira, horas antes da performance da dupla começar.
Como funciona a instalação de vocês?
Nós construímos a árvore e deixamos que o público espalhe as informações. Quem for ver a instalação poderá dar os seus celulares para serem pendurados nos galhos por 24 horas. É claro que nós vamos pegar os contatos dessas pessoas, seus aparelhos estarão seguros. No dia seguinte é só voltar ao local e pegá-lo de volta. Nós vamos pôr placas que exibirão os números dos telefones pendurados. Daí quem passar pelo local poderá fazer quantas ligações quiser para esses aparelhos. O resultado é uma verdadeira sinfonia! (risos)
Por quantos países a instalação já passou? Há diferenças de reações por parte do público?
O Brasil é o terceiro país. Antes passamos pelo Canadá e pela própria Estônia. Cada lugar tem uma reação própria, mas a sensação que existe é a mesma: as pessoas não sabem viver sem os seus celulares. Na Estônia a resposta foi incrível, tivemos mais de 50 celulares pendurados. Já no Canadá nós construímos uma rede. Cidades são um ótimo playground.
Qual a reflexão que vocês querem trazer com A Day Without a Mobile Phone?
Nós usamos celulares há mais de uma década e hoje eles se tornaram parte da sociedade. Foi uma mudança enorme! Ainda mais agora, quando se pode navegar na internet e ler e-mails nele. Nós não queremos mostrar que ficar um dia sem celular seja bom ou ruim. Queremos estimular uma discussão, que as pessoas realmente sintam essa mudança.
E é possível passar um dia celular?
Eu já passei vários, inclusive nos países por onde a instalação passou. Agora mesmo eu estou sem!
10 de nov. de 2008
O burguer perfeito
Sou um apaixonado por sanduíches. Daqueles que passaria o resto da vida comendo lanche no almoço e na janta. Hambúrguer, então, nem se fala. Sou um fã incondicional do bom e velho X-salada. Fiquei ainda mais viciado por esse tipo de culinária após me mudar para São Paulo e descobrir suas infinitas variações e combinações. É o sundae do Joakin's. O molho de tomate do Seu Osvaldo. Os bolinhos de arroz do Ritz. O pão francês redondo da Lanchonete da Cidade. A simplicidade do Hobby's. A maionese temperada (ou verdinha) do Fiftie's. A torta de maçã à la Vovó Donalda do Saint Louis.
Por isso fiquei bem empolgado quando soube da chegada do PJ Clarke's à cidade. Para os desavisados, essa é a casa daquele que dizem ser o melhor hambúrguer de Nova York. Um restaurante-bar centenário, icônico, do qual Frank Sinatra tinha uma mesa cativa. A filial brasileira (primeira que existe fora de Manhattan) chegou a São Paulo na sexta-feira. E não esperei dois dias para passar por lá.
O lugar é muito bonito. Apesar de nunca ter ido ao PJ de NY, dizem que a versão paulistana tem o layout idêntico. Estão lá a construção de tijolos vermelhos, os lustres antigos, a iluminação amarelada, as toalhas quadriculadas, o piso de madeira "original", os retratos de grandes estrelas de Hollywood e músicos e esportistas americanos espalhados pelas paredes... O teto tem uns detalhes em gesso bem bonitos também.
Repito: jamais fui ao restaurante lá da gringa, mas creio que ao adentrar nele você se sente parte da história. Aqui no Brasil, não. A sensação é de estar em uma lanchonete temática. Algo que já existe de montão em São Paulo, diga-se.
Mas vamos ao que interessa: comida. Como não podia deixar de ser, fui de X-Salada, com queijo emental. O hambúrguer chegou à mesa e logo percebi que a carne é realmente farta. O lanche é alto, mas não chega a ser grande. Como todo sanduíche bem-diagramado, não se deve comê-lo com garfo e faca. Cabe fácil na mão e tampouco precisa arregaçar a mandíbula para dá-lo uma bela mordida. Ignorei as fatias de cebola crua que estavam escondidas abaixo dele, assim como a tira de picles que servia de enfeite. E nhac!
Análise: o hambúrguer é bom, muito bom. A carne é suculenta, bem temperada; você a sente derreter na língua. O pão é fofinho, leve. Dá para dar aquele apertão gostoso nele com os dedos numa nice. A salada também não é exagerada, vide o tomate discreto. Ali é tudo muito bem distribuído, harmonioso. Infelizmente não achei no menu a opção de pedi-lo com maionese, algo que os americanos odeiam. Por isso o achei meio seco.
Realmente é um grande burguer. Mas não é o melhor que já comi. Ele não me fez suspirar ou sentir a gula de pedir outro. Além do mais, é caro. O básico pão e carne sai por R$ 19,90.
Vivo atrás do hambúrguer perfeito. Igual ao que comi em 1996, aos 10 anos de idade, em Miami. Ia rolar um jantar chique em Coconut Grove e eu, muito enjoado que era, pedi para minha mãe comprar um lanche. Ela parou numa humilde lanchonete hispânica e pediu um simples pão e carne. Sinto até hoje o gosto daquela carne cheia de salsa - um tempero que continua inigualável ao meu paladar. Infelizmente eu o devorei num ônibus e não pude voltar para trás, senão pediria mais um dois. Sem exageros, ele era impressionante.
Mas sou esperançoso. Um dia vou dar uma mordida num X-Salada e ter a sensação de parar no tempo e voltar ao passado. Igual a que o crítico gastronômico Anton Ego, da animação Ratatouille, teve ao provar o prato que o lembrava de sua querida infância.
Por isso fiquei bem empolgado quando soube da chegada do PJ Clarke's à cidade. Para os desavisados, essa é a casa daquele que dizem ser o melhor hambúrguer de Nova York. Um restaurante-bar centenário, icônico, do qual Frank Sinatra tinha uma mesa cativa. A filial brasileira (primeira que existe fora de Manhattan) chegou a São Paulo na sexta-feira. E não esperei dois dias para passar por lá.
O lugar é muito bonito. Apesar de nunca ter ido ao PJ de NY, dizem que a versão paulistana tem o layout idêntico. Estão lá a construção de tijolos vermelhos, os lustres antigos, a iluminação amarelada, as toalhas quadriculadas, o piso de madeira "original", os retratos de grandes estrelas de Hollywood e músicos e esportistas americanos espalhados pelas paredes... O teto tem uns detalhes em gesso bem bonitos também.
Repito: jamais fui ao restaurante lá da gringa, mas creio que ao adentrar nele você se sente parte da história. Aqui no Brasil, não. A sensação é de estar em uma lanchonete temática. Algo que já existe de montão em São Paulo, diga-se.
Mas vamos ao que interessa: comida. Como não podia deixar de ser, fui de X-Salada, com queijo emental. O hambúrguer chegou à mesa e logo percebi que a carne é realmente farta. O lanche é alto, mas não chega a ser grande. Como todo sanduíche bem-diagramado, não se deve comê-lo com garfo e faca. Cabe fácil na mão e tampouco precisa arregaçar a mandíbula para dá-lo uma bela mordida. Ignorei as fatias de cebola crua que estavam escondidas abaixo dele, assim como a tira de picles que servia de enfeite. E nhac!
Análise: o hambúrguer é bom, muito bom. A carne é suculenta, bem temperada; você a sente derreter na língua. O pão é fofinho, leve. Dá para dar aquele apertão gostoso nele com os dedos numa nice. A salada também não é exagerada, vide o tomate discreto. Ali é tudo muito bem distribuído, harmonioso. Infelizmente não achei no menu a opção de pedi-lo com maionese, algo que os americanos odeiam. Por isso o achei meio seco.
Realmente é um grande burguer. Mas não é o melhor que já comi. Ele não me fez suspirar ou sentir a gula de pedir outro. Além do mais, é caro. O básico pão e carne sai por R$ 19,90.
Vivo atrás do hambúrguer perfeito. Igual ao que comi em 1996, aos 10 anos de idade, em Miami. Ia rolar um jantar chique em Coconut Grove e eu, muito enjoado que era, pedi para minha mãe comprar um lanche. Ela parou numa humilde lanchonete hispânica e pediu um simples pão e carne. Sinto até hoje o gosto daquela carne cheia de salsa - um tempero que continua inigualável ao meu paladar. Infelizmente eu o devorei num ônibus e não pude voltar para trás, senão pediria mais um dois. Sem exageros, ele era impressionante.
Mas sou esperançoso. Um dia vou dar uma mordida num X-Salada e ter a sensação de parar no tempo e voltar ao passado. Igual a que o crítico gastronômico Anton Ego, da animação Ratatouille, teve ao provar o prato que o lembrava de sua querida infância.
4 de nov. de 2008
No Estadon
Tá de bobeira? Faz um reality
(Com parente de artista ou protagonista de vídeo pornô, gênero procria entre famosos ou quase)
(Com parente de artista ou protagonista de vídeo pornô, gênero procria entre famosos ou quase)
- Entrevista com Pamela Anderson
+ Coluna TV sem TV
1 de nov. de 2008
'Apenas fazemos legendas'
Na matéria que eu fiz abaixo, minha grande fonte foi a Tata, a administradora do site Legendas.TV, o principal portal brasileiro de legendas de internet para seriados e filmes. Tata também toca o Psicopatas, grupo de legendagem que rendeu um post bem comentado há algumas semanas.
A conversa que eu tive com essa carioca de 33 anos foi tão boa que durou um bocado de horas. Pena que o espaço no jornal é muito enxuto e não pude mostrar todo o conhecimento da moça. Por isso a escolhi para ser a "Entrevista de Sábado" desta vez.
Então Tata, fala um pouco do grupo. Qual seu cargo, quanto tempo ele tem...
A equipe tem quase dois anos. Começamos a legendar Dexter, após o site Lost Brasil ter problemas com a ADEPI (Associação de Defesa da Propriedade IntelectuaL). Nos reunimos em uma comunidade no Orkut. Nesse tempo, muita gente passou pela equipe, mas hoje ela tem basicamente seis membros fixos. Legendamos Lost, Dexter e Frango Robô. Dizem que eu sou a "chefe" porque organizo quem vai ajudar em cada episódio, faço a "chamada" para ver quem vai legendar o próximo episódio, organizo os trabalhos durante a legenda. Além disso, traduzo, ajusto sincronia e faço a revisão. No legendas.tv é regra que não exista duas equipes legendando a mesma série. Falando como administradora do site, todas as equipes têm a mesma importância, porque todas as séries têm fãs. Não podemos fazer distinção de uma equipe que traduz monstros de downloads, como Lost e Heroes, da equipe que traduz uma série com 30 downloads. Não é justo para quem traduz, pois o trabalho em legendar é exatamente o mesmo.
E como você avalia a importância do trabalho de vocês?
A maioria das pessoas que faz uso das nossas legendas não conseguiria acompanhar a série sem legendas em português. Através do nosso trabalho a gente proporciona que um grande número de pessoas possa assistir a série ao mesmo tempo que é exibida nos States. Além disso, acredito que as pessoas confiam realmente no que está escrito, porque com o tempo e com todo o trabalho que temos, ganhamos respeito e credibilidade por quem assiste a série e também na própria scene de legenders. A gente se diverte um bocado fazendo as legendas, mesmo sendo MUITO estressante pela cobrança em postar cada vez mais com rapidez.
E você considera suas legendas melhores do que as oficiais?
Considero melhor, sim. As duas têm erros, mas, por exemplo: Lost é postada em média cinco horas depois da exibição nos States e Dexter em média 36 horas após a exibição. Fazemos a sincronia do zero, começamos a traduzir do áudio e muitas vezes somente após o lançamento que é feita a revisão com legendas em inglês (no caso de Lost). Quem faz legenda "profissional/oficial", além de ter formação específica possui um tempo infinitamente superior para fazer as legendas. A obrigação da legenda dita oficial seria a perfeição, o que para nós, embora seja um objetivo, sabemos que sempre haverá algum detalhe que acaba passando pela revisão.
A legenda de vocês é mais fiel é ao roteiro original? Pegando como caso a Deb, de Dexter: vocês realmente devem ter trabalho na hora de traduzir os palavrões dela, assim como as piadas cheias de referências culturais do Sawyer (Lost)
Acredito que sim, porque não precisamos censurar e medir o que está sendo escrito como acontece na TV. O intuito é ser fiel ao personagem e não descaracterizar o mesmo. A Debra é desbocada e isso faz parte da personagem que ela interpreta. Editar o que ela diz para que crianças possam assistir não é nosso objetivo. Nosso objetivo é ser fiel o máximo que der, mesmo quando precisamos adaptar alguma piada ou termo para o português. O Sawyer também é complicado de legendar, primeiro pelo sotaque do sul e segundo pelos inúmeros apelidos e piadinhas que ele faz. Mas acredito que, também com esse personagem, alcançamos o objetivo de ser fiel ao que é dito.
Uma curiosidade que eu vejo bastante em legendas de internet. Às vezes um personagem fala: "Quero tomar um bloody marry", daí vocês colocam do lado do nome do drink um "suco de tomate". Por que fazem isso?
Sempre que é possível trazer para o português, fazemos a adaptação. Nesse último episódio de Dexter, o Miguel Prado o convida para comer um medianoche. Colocar isso na legenda é deixar um vácuo para que as pessoas não entendessem que, na verdade, medianoche é um sanduíche típico cubano, similar ao nosso misto quente. Ao mesmo tempo, na legenda do primeiro episódio dessa temporada a Debra pede um suco de cranberry, que embora possua tradução no Brasil (oxicoco), preferimos deixar o termo original por ser mais difundido e de mais fácil assimilação.
E como é tomada essa decisão? Vide o impagável "bocetuda" de Dexter
A decisão é feita entre os revisores do que seria mais fiel ao que realmente é dito procurando adaptar sem distorcer o significado concreto. O bocetuda foi uma brincadeira da Tieli que surgiu durante a revisão e que acabamos por concordar em deixar na legenda por caber tão bem no diálogo entre os personagens.
Pergunta clássica: você considera pirataria o trabalho de vocês?
Pessoalmente, acredito que não. É difícil falar sobre isso, porque não sei realmente se as legendas amadoras prejudicam os canais originais, canais fechados no Brasil e quem vende os DVDs originais. Sei que nossa intenção não é prejudicar ninguém, muito pelo contrário. Além disso, tem lugar pra todo mundo. Não é porque alguém faz download de legendas que deixará de assinar um canal pago. E hoje em dia só compra DVD e CD quem é MUITO fã, principalmente por causa do preço. A única certeza que tenho é: ninguém da scene e do legendas.tv ganha R$ 1 com as legendas que são feitas. Não comercializamos DVDs. Apenas fazemos as legendas.
A conversa que eu tive com essa carioca de 33 anos foi tão boa que durou um bocado de horas. Pena que o espaço no jornal é muito enxuto e não pude mostrar todo o conhecimento da moça. Por isso a escolhi para ser a "Entrevista de Sábado" desta vez.
Então Tata, fala um pouco do grupo. Qual seu cargo, quanto tempo ele tem...
A equipe tem quase dois anos. Começamos a legendar Dexter, após o site Lost Brasil ter problemas com a ADEPI (Associação de Defesa da Propriedade IntelectuaL). Nos reunimos em uma comunidade no Orkut. Nesse tempo, muita gente passou pela equipe, mas hoje ela tem basicamente seis membros fixos. Legendamos Lost, Dexter e Frango Robô. Dizem que eu sou a "chefe" porque organizo quem vai ajudar em cada episódio, faço a "chamada" para ver quem vai legendar o próximo episódio, organizo os trabalhos durante a legenda. Além disso, traduzo, ajusto sincronia e faço a revisão. No legendas.tv é regra que não exista duas equipes legendando a mesma série. Falando como administradora do site, todas as equipes têm a mesma importância, porque todas as séries têm fãs. Não podemos fazer distinção de uma equipe que traduz monstros de downloads, como Lost e Heroes, da equipe que traduz uma série com 30 downloads. Não é justo para quem traduz, pois o trabalho em legendar é exatamente o mesmo.
E como você avalia a importância do trabalho de vocês?
A maioria das pessoas que faz uso das nossas legendas não conseguiria acompanhar a série sem legendas em português. Através do nosso trabalho a gente proporciona que um grande número de pessoas possa assistir a série ao mesmo tempo que é exibida nos States. Além disso, acredito que as pessoas confiam realmente no que está escrito, porque com o tempo e com todo o trabalho que temos, ganhamos respeito e credibilidade por quem assiste a série e também na própria scene de legenders. A gente se diverte um bocado fazendo as legendas, mesmo sendo MUITO estressante pela cobrança em postar cada vez mais com rapidez.
E você considera suas legendas melhores do que as oficiais?
Considero melhor, sim. As duas têm erros, mas, por exemplo: Lost é postada em média cinco horas depois da exibição nos States e Dexter em média 36 horas após a exibição. Fazemos a sincronia do zero, começamos a traduzir do áudio e muitas vezes somente após o lançamento que é feita a revisão com legendas em inglês (no caso de Lost). Quem faz legenda "profissional/oficial", além de ter formação específica possui um tempo infinitamente superior para fazer as legendas. A obrigação da legenda dita oficial seria a perfeição, o que para nós, embora seja um objetivo, sabemos que sempre haverá algum detalhe que acaba passando pela revisão.
A legenda de vocês é mais fiel é ao roteiro original? Pegando como caso a Deb, de Dexter: vocês realmente devem ter trabalho na hora de traduzir os palavrões dela, assim como as piadas cheias de referências culturais do Sawyer (Lost)
Acredito que sim, porque não precisamos censurar e medir o que está sendo escrito como acontece na TV. O intuito é ser fiel ao personagem e não descaracterizar o mesmo. A Debra é desbocada e isso faz parte da personagem que ela interpreta. Editar o que ela diz para que crianças possam assistir não é nosso objetivo. Nosso objetivo é ser fiel o máximo que der, mesmo quando precisamos adaptar alguma piada ou termo para o português. O Sawyer também é complicado de legendar, primeiro pelo sotaque do sul e segundo pelos inúmeros apelidos e piadinhas que ele faz. Mas acredito que, também com esse personagem, alcançamos o objetivo de ser fiel ao que é dito.
Uma curiosidade que eu vejo bastante em legendas de internet. Às vezes um personagem fala: "Quero tomar um bloody marry", daí vocês colocam do lado do nome do drink um "suco de tomate". Por que fazem isso?
Sempre que é possível trazer para o português, fazemos a adaptação. Nesse último episódio de Dexter, o Miguel Prado o convida para comer um medianoche. Colocar isso na legenda é deixar um vácuo para que as pessoas não entendessem que, na verdade, medianoche é um sanduíche típico cubano, similar ao nosso misto quente. Ao mesmo tempo, na legenda do primeiro episódio dessa temporada a Debra pede um suco de cranberry, que embora possua tradução no Brasil (oxicoco), preferimos deixar o termo original por ser mais difundido e de mais fácil assimilação.
E como é tomada essa decisão? Vide o impagável "bocetuda" de Dexter
A decisão é feita entre os revisores do que seria mais fiel ao que realmente é dito procurando adaptar sem distorcer o significado concreto. O bocetuda foi uma brincadeira da Tieli que surgiu durante a revisão e que acabamos por concordar em deixar na legenda por caber tão bem no diálogo entre os personagens.
Pergunta clássica: você considera pirataria o trabalho de vocês?
Pessoalmente, acredito que não. É difícil falar sobre isso, porque não sei realmente se as legendas amadoras prejudicam os canais originais, canais fechados no Brasil e quem vende os DVDs originais. Sei que nossa intenção não é prejudicar ninguém, muito pelo contrário. Além disso, tem lugar pra todo mundo. Não é porque alguém faz download de legendas que deixará de assinar um canal pago. E hoje em dia só compra DVD e CD quem é MUITO fã, principalmente por causa do preço. A única certeza que tenho é: ninguém da scene e do legendas.tv ganha R$ 1 com as legendas que são feitas. Não comercializamos DVDs. Apenas fazemos as legendas.
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