24 de ago. de 2007

Estou ficando velho?

Está todo mundo falando desse tal de Twitter. O Ronald, antenado que é, diz que todo moderninho tem um. É o novo Second Life.

Fiquei curioso, fui ver o que é.

Vamos lá: é um diarinho virtual, ponto. Microblog o cacete, é um diarinho virtual. Parece que você tem de dizer, em textos de até 140 caracteres, o que você está fazendo naquele exato momento. "18h40: fui ao banheiro"; "20h: cortando as unhas do pé". Achei bem idiota, mais uma modinha. Parece que também dá para postar pelo celular e, tipo, você paga por isso (?).

"Uma maneira de deixar todo mundo conectado". Piff... Talvez eu esteja ficando velho, mas, para mim, Twitter é igual ao blog da Rosana Hermann.

OBS: Se jornalista ficou chateado por que a Luana Piovani parou de escrever no seu blog, uma boa notícia para quem quer caçar pauta idiota: o Twitter dela está prometendo.

18 de ago. de 2007

O primeiro playback a gente nunca esquece

Estava vendo na tevê algumas cenas do Criança Esperança, que aconteceu no final de semana passada. Pelo pouco que eu pude ver, destaco a participação do Natiruts. Primeiro, pelo espetáculo visual, já que a Globo criou para a apresentação da banda um efeito especial de gosto duvidoso: o público virou um mar, tipo daqueles que os carnavalescos adoram fazer, manja? Bizarro.

Depois eu destaco o playback tosco do vocalista Alexandre, que mal abriu a boca para fingir que estava cantando e, quando resolvia abri-la, cantava no tempo errado. Por final, cito o baterista. Gente, a maior sacanagem para um baterista é tocar playback. Para quem toca instrumento de corda, como guitarra ou contrabaixo, é só dedilhar, sei lá. Ninguém fica reparando e reclamando: "Ei, cadê o cabo ligado na caixa de som?".

Com o baterista, não. O cara tem de ficar em pé para tocar apenas uma caixa e um prato, que é o que acontece na maioria das vezes. É doloroso de se ver. No caso do batera do Natiruts, até que ele se saiu bem, dando uma reboladinha ao ritmo da música. Menos sorte teve Clééééston, percussionista do Detonautas, que teve de se virar com um mísero pandeiro meia-lua.

Apesar de eu não saber tocar nenhum instrumento musical, já tive de fazer playback uma vez na vida. Foi na sexta-série, em 1997, para algum trabalho especial de Educação Artística. A professora Berta (olha o nome) queria fazer uma brincadeira com nossos pais no final do ano. Era um esquema "vamos fazer uma apresentação no anfiteatro da escola e pagar um belo mico".

A turma foi separada em grupos pela professora e cada um deles tinha de pensar em algo que durasse até 10 minutos. Eu me ferrei na hora da divisão, pois cai com o moleque mais mala de todos: o Renan. O Renan era um gordinho metido a besta que se achava gostoso só porque tocava guitarra e tirava notas altas. Além do mais, ele se achava bom entendedor de futebol e Oasis, dois assuntos que eu também adorava.

No meu grupo só tinha menina paga pau dele. Por isso, quando ele veio com a idéia da gente dublar alguma música do Acústico MTV dos Titãs, o must da época, elas logo acharam o máximo e toparam. Do total de 10 pessoas, só eu votei contra. Para piorar, o Renan olhou para a minha cara e falou que eu seria o Sérgio Britto, justo o mais banana dos Titãs.

Ficou combinado que a gente iria "tocar" e "cantar" duas músicas: Televisão e Pra Dizer Adeus. Além do mais, todos teríamos de estar caracterizados. Eu, no caso, tive de comprar uma camiseta pólo listrada e usar um óculo escuro e um boné virado para trás. Resumindo: eu era o Joselito.

Ensaiamos alguns dias na escola mesmo. O meu teclado era a carteira, mas na hora do show o Renan garantiu que iria me trazer seu teclado. Sim, o Renan era foda e ia trazer dois microfones, um violão, um baixo, um teclado e um pandeiro meia-lua para o baterista (rá!).

No dia da tal apresentação, meus pais felizmente não compareceram, mas o anfiteatro estava lotaaaaado. Meu grupo seria o terceiro da tarde, antes de uma menina, cujo nome me fugiu agora, que faria o Xou da Xuxa. Estávamos lá, atrás do palco, e o Renan chegou com os instrumentos. Ele deu o teclado para mim e disse que já voltava, porque iria passar o esquema do jogo de luz para o tio que fazia a iluminação do palco (falei que ele se achava).

Todos nos posicionamos, cada um com seu instrumento. O Renan pegou um violão e um banquinho e sentou na frente de todos nós. Eu tinha sido jogado quase para trás da cortina. Ele pegou o microfone e anunciou para a platéia: "Olá, boa tarde! Eu vou cantar Ideologia, do Cazuza".

Ficamos pasmos. Um olhou para a cara do outro, sem saber o que significa aquilo. Aí o Renan ajeitou a viola contra sua barriga, tocou uns acordes e cantaralou: "Meu partido é um coração partido...". Assim mesmo. E nós nove, ali ao fundo, não sabíamos o que fazer. Daí eu levantei os ombros, como se falasse "foda-se", e comecei a espancar o teclado à la Little Richard. O resto quis "tocar" bonitinho e duas meninas até fingiam abrir a boca para simularem um backing vocal. Patético.

Depois ele tocou Pais e Filhos e em nenhum momento olhou para trás de seus ombros, como se nos ignorasse. A platéia não parecia se importar. Pais empunhavam suas filmadoras, as mães balançavam as cabeças e a professora Berta tinha os olhos brilhando. Tudo porque o Renan era foda.

O show acabou, a gente largou os instrumentos no palco e todo mundo - menos a gente - foi cumprimentá-lo. Lembro do irmão do Renan chegar e falar: "Onde você arranjou aquele tecladista?!".

No final tiramos nota 10, a melhor entre todos os grupos. Sabem por quê? Ora, porque o Renan era foda.

13 de ago. de 2007

O rock não acabou

Dessa nova safra de bandas brasileiras que vêm surgindo no cenário do rock alternativo, como Moptop, Los Porongas e Rockz, ninguém é atualmente melhor que os gaúchos do Superguidis. Após estrearem no ano passado com o disco "Superguidis", que já abria de cara com a ótima Malevolosidade e não deixava a peteca cair durante o CD inteiro, cheio de letras bem sacadas e riffs de guitarras bens inspiradas, a banda, com "A Amarga Sinfonia do Superstar", supera a famigerada crise do segundo disco facinho, facinho.

Peguei para escutar o novo trabalho há três semanas e confesso: está sendo difícil deixar de escutar a gauchada. É impressionante, não tem uma música ruim em todo o álbum. Parte Boa, faixa que abre o disco, é um ótimo tira-gosto. Com uma melodia que lembra muito o som de Ryan Adams em "Rock’n’Roll" e uma linha de baixo à la Joy Division, Parte Boa é a música mais legal que eu ouvi até agora nesse ano – em português.

Continuando a audição, outro fator que chama a atenção são as letras mais maduras. No primeiro trabalho deles ainda havia aquele ranço do típico humor gaúcho, cheio de brincadeirinhas internas, que não é todo mundo que digere. Para se ter uma idéia, olha essa rima de Coraçãozinho: "O meu manancial e paz cresceu/Muito mais que o PIB da China em 2003".

Parece até que eles não queriam ser levados a sério na época. Mas o que se vê agora são letras honestas para caramba, que captam muito bem o que passa pela cabeça da juventude que, como aparece em Os Erros Que Ainda Irei Cometer, são anos que voam sem parar. Veja só: "Pelas ruas podres de sujeira/Penso nos erros que ainda irei cometer/Uma lata de alumínio que aparece no caminho/É o bastante pra me lembrar dos tropeços que posso evitar".

O produtor Philipe Seabra (Plebe Rude) parece ter pego a molecada de jeito e deu as eles uma cara indie-pop inteligente, que não precisa de letras engraçadinhas para chamar a atenção. Por Entre as Mãos, umas das melhores do disco, diz: "O teu dom de esconder de mim/Só é menor que o meu de não te achar/Odeio não me irritar com as coisas que, eu sei, me irritam em você/Mas tudo escapa entre os dedos/Tudo escapa entre as mãos/Você é o meu melhor naufrágio".

Já o som característico desses garotos de Guaíba se mantém. O ritmo vai oscilando, de repente fica mais animado, depois dá uma moleza... Aí o riff sobe, a bateria pega mais forte e o ótimo vocal de Andrio Maquenzi se destaca. Mais Do Que Isso talvez seja o grande exemplo dessa montanha-russa sonora – essa música, aliás, tem um refrão grudento pra caramba: "Eu quero fazer tudo que você faz/Mais do que isso eu sei que não sou capaz". Mais chiclete ainda é 6 Anos, que tem o bonitinho "Mas você me ganhou/Quando sorriu pra mim".

Ao todo são 11 ótimas faixas. Assim como no primeiro disco, "A Amarga Sinfonia do Superstar" é distribuído pela Senhor F. Fiquem atentos ao final de 6 anos, faixa que encerra o CD, pois nela há uma canção escondida: Riffs, justamente a primeira música que escutei da banda, quando eles ainda nem tinham lançado o primeiro álbum.

Se o Moptop fez sucesso com O Rock Acabou, o Superguidis dá o troco à altura com essa música escondida, que diz : "Por isso eu acredito nos riffs/ Eles me farão mais feliz".

Acreditemos.


*Escute "A Amarga Sinfonia do Superstar" aqui.


12 de ago. de 2007

Cultura Futebol Clube


Confesso que sou uma pessoa promiscua quando o assunto é essas megastores que vendem livros, DVDs e CDs. No começo do século, eu era Saraiva Futebol Clube. Sempre que estava em São Paulo eu enchia a paciência de meus pais ou tios para me levarem até a unidade que fica no Morumbi Shopping. Era batata: sempre saia de lá com uma sacolinha amarela a tiracolo (CD, na maioria dos casos).

Quando a francesa Fnac veio ao Brasil e se instalou naquele prédio enorme de três andares em Pinheiros, que antigamente era o Ática Shopping Cultural, virei de casaca bonito. Mas desde que me mudei para São Paulo, em 2004, venho arrastando as minhas asinhas para a Livraria Cultura. E, depois do que aconteceu ontem, posso dizer que sou Cultura Futebol Clube desde criancinha.

A livraria de Pedro Hertz tem a fama de só ter funcionários craques. A Veja S.Paulo uma vez deu um ótimo exemplo disso: a megastore tem vendedores tão competentes que eles procuram no sistema um livro do Dostoievski sem precisar perguntar como é que é que escreve esse trem. Isso não é brincadeira.

Voltando ao começo do texto, ontem eu estava no Shopping Market Place junto da Bem-Amada. Ela ainda não sabia o que me dar de aniversário, então sugeri uma passada na Livraria Cultura do lugar. Lá dentro, tentei de todas as maneiras lembrar o nome de um livro que me chamou a atenção nessa semana que passou. Era um livro sobre a história do futebol, feita por um professor de História Medieval e escrito com um viés todo sociológico. Até aí, tudo bem – acontece que eu não sabia o nome do autor, do livro, e nem como a capa dele era. Só lembrava que tinha saído uma resenha dele no Estadão há alguns dias.

Toda essa "capacidade" fez eu ficar que nem uma barata tonta procurando a obra na seção de lançamentos ou de esportes. Nada. Xeretei nas araras, pilhas... Niente. Depois de quase meia-hora nesse tremendo esconde-esconde, a namorada falou: "Pergunta de uma vez para o vendedor, senão vamos ficar aqui até amanhã tentando achar esse maldito livro!".

Fiz uma piada. "Ah, falou! O cara vai me mandar tomar naquele lugar. Imagina o sujeito procurando no computador: 'livro-futebol-sociologia-história-medieval''. Ri sozinho, pois ela, para variar, não achou graça, e insistiu em sua sugestão.

Bem, não tinha nada a perder mesmo. Assim que avistei a primeira pessoa com aparência de vendedor, fui até ela. "Errr... Oi, tudo bem? Olha, não me mate. Eu estou atrás de um livro sobre futebol, mas eu acho que é de sociologia, escrito por um professor de História Medieval e que saiu essa semana no Estadão... Você tem?'.

O cara me interrompeu e respondeu na lata. "A Dança dos Deuses, de Hilário Franco Júnior? Pô, lógico que tenho! Comecei a ler agora, estou na página 110, é animal. Para você ter uma idéia, o livro fala que uma das possíveis origens do futebol foi há mil anos na China. Após as lutas, os guerreiros chutavam a cabeça de seus oponentes!".

Mal tive tempo de processar a informação e o sujeito já me aparece com um livro de capa verde embaixo dos braços. Não adianta: a Cultura é fo...

9 de ago. de 2007

Um fondue de fondê

Para o caro leitor que um dia estiver nas redondezas de Sorocaba, cidade carinhosamente apelidada de "a Manchester Paulista", o DPL recomenda uma passada no restaurante Crocodilo, um misto de pizzaria com bar e restaurante.

O lugar é muito bonito e o lanche de lá é bem gostoso, mas, como vocês podem ver abaixo, a especialidade deles é o fondue.


OBS: O Kibe Loco vai gostar dessa.

2 de ago. de 2007

Sawyer com extra anchova

Não sei se contei por aqui, mas estou no último semestre da faculdade. O meu projeto de Tese Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é um livro sobre a História do Videoclipe no Brasil. Quando as pessoas ouvem o meu tema, logo pensam que meu trabalho é moleza, pois devo ficar vendo vídeos musicais o tempo todo e analisando-os.

Não que fazer esse treco esteja sendo um tesão, mas eu realmente adoro videoclipes. E, mesmo nas horas vagas, fico na internet à procura de clipes novos ou mesmo antigos, para relembrar dos bons tempos de MTV.

Um dos meus clipes prediletos é a trilogia feita pelo Aerosmith para as músicas Crazy, Crying e Amazing. Essas três faixas do CD Get a Grip (93) são ótimas, e ficaram famosas mesmo pelos seus videoclipes, que revelaram ao mundo uma atriz chamada Alicia Silverstone.

De todos, o meu predileto é Crazy, que conta com Liv Tyler ao lado Alicia, ambas adolescentes rebeldes que resolvem fugir da escola para embarcarem numa aventura meio Thelma & Louise.

Assistindo a Crying nessa semana, fiquei de olho em um rapaz (epa!) com pinta de modelo, cabelo loiro e todo músculoso, que aparece em determinado momento do clipe. Sua cena é curta, não tem 30 segundos: ele apenas rouba a bolsa de Alicia e depois é capturado com uma voadora, dada por ela mesmo. Algo que acontece todo dia, não é mesmo?

Congelando a imagem no sujeito, percebi que o conhecia de algum lugar. Parei e voltei a imagem, vi de novo e soltei: "Caramba, é o Sawyer!" (sim, me rendi à Lost, e até já terminei de ver a última temporada, conforme prometi há seis posts atrás).

Fui correndo contar minha descoberta à Bem-Amada, pois ela ama o barbudo charmosão com pinta de vilão. Mas eis que ela acaba com minha descoberta, revelando-me algo mais sensacional ainda. "E você não sabe o que eu descobri ontem ao ver uma reprise de Loverboy na TV. Sabe quem faz o entregador de pizzas? O Dr. McDreamy ((Patrick Dempsey), de Grey’s Anatomy!".

Pô, por essa eu não esperava. Loverboy, Garoto de Programa (1989) é um dos filmes mais legais de minha infância. Quem não se lembra de quando ele reprisava no SBT, durante alguma sessão da tarde? A história da película é idiota e divertidíssima: um entregador de pizzas ganha fama de garanhão na cidade ao passar a vara em todas as coroas que pediam uma pizza com anchova extra.

"Extra anchova" era seu código de gigolô, e somente clientes especiais a pediam.

Veja abaixo o clipe de Crying, com Sawyer!

Já de Loverboy, eu só achei um trailer em um site de cinema. Para matar a saudade, cliquem aqui.