Confesso que sou uma pessoa promiscua quando o assunto é essas megastores que vendem livros, DVDs e CDs. No começo do século, eu era Saraiva Futebol Clube. Sempre que estava em São Paulo eu enchia a paciência de meus pais ou tios para me levarem até a unidade que fica no Morumbi Shopping. Era batata: sempre saia de lá com uma sacolinha amarela a tiracolo (CD, na maioria dos casos).
Quando a francesa Fnac veio ao Brasil e se instalou naquele prédio enorme de três andares em Pinheiros, que antigamente era o Ática Shopping Cultural, virei de casaca bonito. Mas desde que me mudei para São Paulo, em 2004, venho arrastando as minhas asinhas para a Livraria Cultura. E, depois do que aconteceu ontem, posso dizer que sou Cultura Futebol Clube desde criancinha.
A livraria de Pedro Hertz tem a fama de só ter funcionários craques. A Veja S.Paulo uma vez deu um ótimo exemplo disso: a megastore tem vendedores tão competentes que eles procuram no sistema um livro do Dostoievski sem precisar perguntar como é que é que escreve esse trem. Isso não é brincadeira.
Voltando ao começo do texto, ontem eu estava no Shopping Market Place junto da Bem-Amada. Ela ainda não sabia o que me dar de aniversário, então sugeri uma passada na Livraria Cultura do lugar. Lá dentro, tentei de todas as maneiras lembrar o nome de um livro que me chamou a atenção nessa semana que passou. Era um livro sobre a história do futebol, feita por um professor de História Medieval e escrito com um viés todo sociológico. Até aí, tudo bem – acontece que eu não sabia o nome do autor, do livro, e nem como a capa dele era. Só lembrava que tinha saído uma resenha dele no Estadão há alguns dias.
Toda essa "capacidade" fez eu ficar que nem uma barata tonta procurando a obra na seção de lançamentos ou de esportes. Nada. Xeretei nas araras, pilhas... Niente. Depois de quase meia-hora nesse tremendo esconde-esconde, a namorada falou: "Pergunta de uma vez para o vendedor, senão vamos ficar aqui até amanhã tentando achar esse maldito livro!".
Fiz uma piada. "Ah, falou! O cara vai me mandar tomar naquele lugar. Imagina o sujeito procurando no computador: 'livro-futebol-sociologia-história-medieval''. Ri sozinho, pois ela, para variar, não achou graça, e insistiu em sua sugestão.
Bem, não tinha nada a perder mesmo. Assim que avistei a primeira pessoa com aparência de vendedor, fui até ela. "Errr... Oi, tudo bem? Olha, não me mate. Eu estou atrás de um livro sobre futebol, mas eu acho que é de sociologia, escrito por um professor de História Medieval e que saiu essa semana no Estadão... Você tem?'.
O cara me interrompeu e respondeu na lata. "A Dança dos Deuses, de Hilário Franco Júnior? Pô, lógico que tenho! Comecei a ler agora, estou na página 110, é animal. Para você ter uma idéia, o livro fala que uma das possíveis origens do futebol foi há mil anos na China. Após as lutas, os guerreiros chutavam a cabeça de seus oponentes!".
Mal tive tempo de processar a informação e o sujeito já me aparece com um livro de capa verde embaixo dos braços. Não adianta: a Cultura é fo...
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