28 de nov. de 2005

Nada como flores

Estava lendo a Veja São Paulo da semana passada (estudante de Jornalismo que diz que lê Veja é um ser muito macho!), e dei uma olhadela naquela seção em que alguma celebridade é convidada para falar sobre o seu estilo - de se vestir, agir... E o escolhido desta edição da revista foi ninguém menos que Paulinho Vilhena.

Uma frase dele me deixou abismado. Perguntado pelo repórter se alguma vez ele já tinha dado flores a uma mulher, o ex-namorado da Sandy, Luana Piovani, Priscila Fantini e por aí vai, afirmou categoricamente que nunca tinha feito tal agrado a uma dama. Ainda tentou consertar a frase, dizendo que já tinha "roubado uma e dado na hora". Que triste!

Vinícius de Moraes, um grande entendedor do sexo feminino, disse que para viver um grande amor é necessário ter uma conta de crédito de rosas no florista. Alguém há de duvidar? Quem nunca deu um botão de rosas para a amada não sabe o que é bom na vida. E não precisa ser somente em datas festivas, como bodas e feriados. É mais gostoso dar do nada, escondido, de surpresa. O sorriso dela fica mais bonito do que nunca nesse dia.

Toda mulher gosta de flores. Já vi algumas negarem categoricamente. Preferem chocolates, livros, CDs. Mas nada representa tanto a feminilidade como um ramalhete de flores. Notem como o olhar delas fica após elas verem um lindo arranjo, quando o entregador da floricultura está carregando o presente para a residência da menina amada. "Que romântico", elas pensam. Azar se o namorado ou marido estiverem ao lado, pois no mínimo eles vão levar um beliscão daqueles.

Dia dos Namorados, no colégio, era muito engraçado. As comprometidas desciam correndo as escadas no primeiro toque do alarme que apontava o horário do intervalo. Elas se dirigiam até a entrada da portaria - lá tinha um corredor muito comprido, onde vasos de flores ou bichos de pelúcia ficavam alinhados um do lado do outro. Ouviam-se gritos histéricos, a maioria chorava, sacavam o celular do bolso e ligavam para o amado. "Ai, amor! Que surpresa!". Surpresa nada, elas nem dormiram na noite anterior, tamanha a aflição.

As solteiras passavam olhando e babavam de raiva. Tinha uma garota da minha classe que nem saía da sala. As mais invejosas ainda alfinetavam: "chocolate engorda e dá espinha, bicho de pelúcia é presente de criança". Mas ninguém ousava falar mal das flores.

Sábado, andando de ônibus pela cidade, lembrei da matéria com o Vilhena e citei para mim mesmo aquele bonito poema de Vinícius. Desci três pontos antes e comprei um bonito arranjo de lírios para ela. Se todo mundo fizesse isso às vezes, as pessoas seriam mais felizes.

22 de nov. de 2005

Estou virando...

Faz tempo que eu não dou às caras nesse espaço. Mas um fato, deveras inusitado, me faz voltar aqui para lhes contar uma historieta bem engraçada.

Sabem o Jay Vaquer, do post abaixo? Então, ele colou meu texto sobre ele em seu blog - porra, todo mundo tem blog hoje em dia! - malhando o que eu escrevi, chamando-me de jornalista de meia-tigela e coisas mais pesadas. Ele ainda quis ser espertalhão ao ponto de não querer citar meu nome e o endereço do Daqui pra Lá!, mas aconselha aos seus fiéis leitores que me procurem no Google. Porra, virei celebridade!

Faz mais de dois anos que escrevo nessa joça. Nunca fiz publicidade do DPL por aí, algo que o Ronald sempre me encheu o saco. Isso aqui raramente supera 30 ou 40 visitas diárias. E se continuo a postar aqui, é em razão de amigos que gostam e porque rabiscar algo na tela do computador me faz bem. E só!

Agora, ficar se preocupando com crítica de internet é coisa pra lá de ridícula, seu Vaquer! Valha-me Deus! Insinuando que gosto da fruta e mandando às favas minha querida mama? Coisa baixa! Lembrou-me muito a Glória Perez e o Dado Dolabella, que ficam perseguindo pela internet quem fale algo deles que não seja elogios. Até na minha página do Orkut ele foi fuçar!

Pois é, vou ficar popular. Isso aqui vai encher de comentários difamando minha pessoa, minha namorada e até meu cachorro. Se eu fosse alguém famoso, crítico musical, de alguma magazine, um formador de opinião, vá lá! Daqui a pouco ele entra com um processo contra minha pessoa...

E, Vaquer, sua música é ruim mesmo. Os vídeo-clipes são até bem feitinhos - gostava daquele "A Miragem", mas só. Mas que você acabou se revelando um escrotinho, ah, isso se revelou. Vá se preocupar com coisas mais importantes, por favor! Ninguém dá muita bola para meu blog, não precisa me ajudar a ganhar leitores assíduos. Não quero ser um Diogo Mainardi, apenas falo daquilo que considero uma merda. E só.

Ridículo, ridículo, ridículo.

OBS: Leiam o blog dele, recomendo. O que ele quer é provocar polêmica e detonar com quem tira um sarrinho de sua cara.

16 de nov. de 2005

Costumo dizer que há dois tipos de japoneses: os primeiros são os bem nerds, de corte de cabelo franjinha e ultrapassado, que usam óculos de aro grosso e são franzinos. Os outros são os kamikazes, excêntricos, populares entre todos, que não estudam nada e são os maiores figuras das salas de aula. E eu estudei com um cara que preenchia esse segundo perfil, o Rafael.

Assim que me mudei para Sorocaba, em 1993, meus pais me colocaram para jogar tênis. Treinava de manhã, o que era um saco, pois sempre odiei acordar cedo para fazer qualquer coisa. Mas eu me divertia nessas manhãs, principalmente em razão do Rafael, que era um ano mais velho do que eu. Ele era uma figurinha. Ele jogava todo estranho, tinha um sotaque engraçado e um cabelo à la Jackie Chan. Ambos vivíamos perdendo para o Tiago, que era melhor jogador que nós. À cada derrota, eu ficava bravo e resmungava com Deus e o mundo, mas o Rafael nem ligava. Dava risada sozinho e ficava batendo bola na parede, como se nada estivesse acontecido. Esse trio durou pouco mais de um ano.

Alguns anos mais tarde eu reencontrei o Rafael. Estávamos na sétima série - a anta tinha repetido esse ano. Ele continuava da mesma forma: pateta, lerdo de raciocínio, falando ainda mais engraçado e mantinha o mesmo cabelo de outrora. Usava uns shorts curtos que faziam sucesso entre as meninas da sala (as mais atiradas ficavam pegando em suas coxas). Ele costumava vestir sempre o mesmo moleton, um da Hard Rock Cafe, cinza, que já estava todo desgastado na gola. Pior só o seu New Balance moído, todo rabiscado de canetas hidrocores.

Talvez eu fosse um dos únicos dali que tinha paciência com o rapaz. Logo fiz um grupo de amizade: eu, ele e o Guilherme. Morávamos perto um do outro, e passávamos às tardes após as aulas jogando futebol e basquete no meu quintal, ou disputando fervorosas partidas de 007 Goldeneye no Nintendo 64. Isso foi durante um ano inteiro. Ele vinha pedalando sua montain-bike estilosa e a largava em um canto qualquer de minha casa, sempre pedindo para a empregada prender o cachorro, pois ele morria de medo de ser mordido. Justificava-se dando uma gargalhada sensacional, e balbuciando palavras que só pertenciam ao seu universo.

No ano seguinte eu mudei de escola. Soube que ele começou a namorar a Alessandra, a garota mais bonita da sétima série. Fiquei anos sem ter alguma notícia dele. Às vezes o encontrava em shows ou festas. Trocávamos apertos de mãos e conversávamos pouco. Em poucos segundos cada um ia para o seu lado. Acho que isso foi fruto daquele tipo de amizade que só temos com colegas de escola. São curtas, e basta o primeiro afastamento para só restar a saudade.

Voltei a vê-lo e saber como ele estava graças ao Orkut. Estava mais fortinho, tinha a cara de bobo de sempre, com o mesmo cabelo estranho jogado no rosto. Sua descrição era um sarro, pois não tinha como entender o que ele queria dizer com aquilo. No fundo, acho que ninguém nunca soube compreender o que ele queria dizer. Às vezes eu xeretava o profile dele, só para saber como estava sua vida. Mas não chegamos a trocar mensagens, acho. Apenas um adicionou o outro. Acho que nem precisávamos ter o que falar do outro.

Nesse final de semana eu soube que o Rafael morreu, há um mês. Morte besta, algo típico dele. Bêbado e com a perna quebrada, foi atropelado enquanto atravessava a pista de uma estrada fuleira, saindo trôpego de uma festa. Fiquei embasbacado com o fato. Nessas horas você vê como o tempo é estranho, pois me recordo direitinho de quanto tínhamos 12 e 13 anos. Parece que foi ontem aquelas tardes de quarta-feira sem fazer nada, onde um ficava amolando o outro; dos trabalhos de Biologia que minha mãe fazia e nós levávamos crédito por isso; de quando eu chutei a bola na casa do vizinho e ele pulou o muro para pegá-la, capotando feio de cima de uma bananeira; do campeonato interno de futsal da sétima série, em que bati um lateral com efeito e ele, correndo, pegou de primeira e fez um golaço (fui o artilheiro do time nessa competição, algo que nunca se repetiu na minha vida).

O Rafael foi um dos caras mais engraçados que eu já conheci.

10 de nov. de 2005

Dicotomia

Os dois lados de "Atoladinha", música de pancadão entoada por Tati Quebra-Barraco e Mc Bola de Fogo:

O lado engraçado

Ônibus lotado, volta para casa. Silêncio, pessoal se acotovelando, todo mundo olhando para o trânsito parado do outro lado da rua. "Piririm piririm piririm alguém ligou pra mim! Piririm piririm piririm alguém ligou pra mim!".
Todos começam a rir. No fundo do ônibus, sentada e com o rosto vermelho, a dona da música se agacha para atender ao celular.

O lado triste

Saída da faculdade, hora do recreio (ok, intervalo!). Enquanto eu e a Irena esperamos para atravessar a rua, uma van, com um monte de crianças a bordo, cantarolam algo. O automóvel passa rápido, mas mesmo assim conseguimos ouvir uma garota cantar: "Vai me enterrar na areia?". E um coro de vozes masculinas juvenis respondia: "Não, vou atolar!". A garota repetia mais uma vez a sua frase, assim como os garotos, que pareciam não ter mais que oito anos.

Esboço um sorriso, assim como a namorada. Ela comenta:

- Meu, nessa idade eu ficava cantando no ônibus escolar "O fulano roubou pão na casa do João".

7 de nov. de 2005

As 100 mais gostosas do mundo?

Que fazer lista é uma coisa que gera quebra-pau, isso é batata. Opiniões diferentes, todo mundo gosta de dar bedelho, as primeiras posições são super contestadas... É sempre o mesmo rolo. Eu, que adoro fazer até um top-list de "Cinco maiores golaços que fiz em minha vida", sou um grande crítico de listas feitas por outras pessoas. Fico cri-cri com parada musical (vide o post abaixo) e mais ainda com lista quentinha soltada pela revista VIP sobre as 100 mulheres mais gostosas do universo.

Dou o braço a torcer com a primeira posição: Angelina Jolie. Merecido mesmo. Alguém discorda frente a uma boca daquelas? Ela é hour-concour e pronto! O meu pitaco seria o de não selecionar mulheres internacionais, porque a cada semana qualquer publicação mundial libera a sua listinha. O que representa à Angelina ser eleita pela VIP, enquanto ela já ganha na People, em tablóides e em revista do Sri-Lanka. Só deixaria as brazucas porque o nosso querido país tem competência para tanto. Vamos às polêmicas:

Para começar, como pode que algumas garotas não constem entre as 100 mais, como Luana Piovanni, Gisele Bündchen, Fernanda Lima e, pasmem, Daniella Cicarelli! Daí você pensa: "Uau! O pessoal foi rígido dessa vez". Foram nada. Por votação pela Internet, pipocaram garotas que nem sei de que planeta são. Exemplos: Ana Carolina Gequelim (95ª posição e grande modelo de lingerie); Calyne Di Loreto (hostess da Club Chocolate, loja hype e caríssima na Oscar Freire) e Yamila Diaz-Rahi (modelo argentina).

Muitas mulheres da lista são ícones de nerds. A modelo argentina citada tem várias fotos besuntadas de óleo espalhadas pela rede; Emanuelle Béart (25ª) é aquela atriz do filme pornô-soft Natalie X. E tem gente lá que deve ter tido fã clube especial para votar. Muitas modelos magérrimas e sem renome, estrelas internacionais batidas e poucas ex-dançarinas de grupos de axé.

Agora, as quinze primeiras posições é que geram polêmica. Bianca Rinaldi, Yasmin Brunet (credo!), Julianne Moore (bonita, mas não é gostosa), Adriana Bom Bom, Sarah Michelle Gellar (fruto da votação dos nerds apaixonados por Buffy, A Caça Vampiros)... Na linha de frente, Ana Hickmann em segundo e Alinne Moraes em terceiro não geram muitas discussões. São bonitas mesmo e pronto.

Agora, levar a sério uma votação que põe a Glória Maria em décimo-terceiro lugar é dose! O pessoal do Judão já tinha levantado a bola contra isso. Como alguém me elege a Glória Maria numa lista das 100 mulheres mais sexy do mundo e ainda terem a pachorra de colocá-la em 13º lugar? Concordo que a coroa tá bombada e enxuta, mas como isso?

Isso é brincadeira arrumada. Só pode.

3 de nov. de 2005

Femônemo

O maior fenômeno da música brasileira tem nome: Jay Vaquer. Cantor e ator (não sabia disso, vi em sua comunidade do Orkut), o rapazote estava em primeiro lugar no Disk MTV de ontem. Uma façanha, digamos. O cara deve ser bastante popular, suas músicas não devem parar de tocar nas rádios, shows seus devem ser disputados com batalhas sangrentas pelos seus fãs. O cara é foda.

Mas faço aqui o desafio: alguém conhece alguém que goste do Jay Vaquer? Um amigo, parente, conhecido ou inimigo que tenha chegado para você em uma segunda-feira e tenha lhe falado, pondo a mão em seu ombro: "Cara, vi o show do Jay Vaquer ontem, e que beleza, rapaz!". O Jay Vaquer já tocou no Faustão? Suas músicas já viraram ring tune? Ele já foi atração de alguma promoção da Jovem Pan? A Danni Carlos já regravou algo dele? Resposta: não.

Então me expliquem, por favor. Da onde surgiu esse homem, que só aparece na MTV? Não é a primeira vez que ele lidera o programa das seis horas da tarde. Isso já aconteceu com outros três clipes feitos por ele - em um intervalo de uns três anos, acho. E ele também é figurinha do RockGol, aquela peleja organizada pelo canal para os músicos chutarem uma gorduchinha. Ele é famoso pelo "drible do Vaquer".

Sua comunidade do Orkut tem pouco mais de 1000 membros - até o Arcade Fire tem mais. Quem lidera o Disk MTV geralmente é a Pitty, CPM 22, essas coisas. E todo mundo conhece algo deles e suas respectivas imagens. Alguém já viu uma Capricho com o Jay Vaquer na capa?

Digam-me, ele não é o maior fenômeno da indústria musical tupiniquim? Se é fruto de jabá ou coisa que o valha, já é outro assunto.