2 de mar. de 2005

Eu adoro, mas não tenho jeito pra coisa (Parte 1)


Um dos esportes que eu mais gosto é o basquete. O que me chateia é a minha péssima capacidade de praticar o jogo. Falta-me habilidade para conduzir a bola, precisão em minhas mãos ao realizar um arremesso. Ou seja: sou uma droga (mas eu continuo a gostar do jogo).

Na escola, eu sempre fui um dos primeiros a ser chamado para os times. O pessoal via aquele magrelo alto e desajeitado e, apontando para mim, diziam: "Ô, grandão, chega aqui!". Eu ia esperançoso, e alguns amigos na platéia já previam a minha atuação. Eu jogava discreto, só distribuía o jogo, procurava não fazer firulas e era um baita reboteiro (a altura novamente).

Porém, bastava eu ganhar confiança para jogar tudo por água abaixo. No primeiro contra-ataque, eu disparava pela ponta. O armador me via livre e sem marcação e, quando menos esperava, lá estava eu, na linha de três pontos, com a chance de fazer uma cesta grandiosa. Inspirava e expirava, tal qual a Hortência, tirava o pé direito de cima da linha, tomava impulso e arremessava a bola com o maior estilo possível. E ela ia rodando, rodopiando, até que, com a falta de força, nem a encostar no aro chegava. Pior, ia direto pro gol que ficava debaixo da tabela. As pessoas que acompanhavam ao jogo não perdoavam. Golaço! , gritavam os sádicos.

A Irena é fã do esporte, graças a seu pai, ex-jogador de basquete. O meu sogro acompanha tudo envolvendo o bola ao cesto. Não sei se a paixão dele me inspirou, mas estou, nos últimos meses, jogando basquete toda as semanas - sozinho. Ao invés de ficar na academia puxando ferro e me olhando no espelho, prefiro pegar uma bola e praticar um pouco na quadra de esportes. Sinto-me um Denis Rodman, lutando bravamente no garrafão, um Kobe Bryant a cada finta no adversário invisível, um Steve Nash a cada corrida pela quadra, conduzindo a bola e arquitetando uma jogada inexistente. Pareço uma criança batendo bola em seu quintal.

Segunda-feira, enquanto jogava basquete sozinho, o segurança da academia foi ligar os refletores da quadra - o que nem percebi. Comecei a brincar,e vendo-me na linha de três, visualizei o aro da tabela e arremessei com uma baita pose. A bola novamente rodopiou e rodou, entrando, desta vez, num magnífico "chuá". O segurança exclamou da arquibancada: "Caramba, hein! Você joga demais!".

Dei um sorriso tímido e corri atrás da bola. Senti-me um Oscar naquela tarde.

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