Este Oscar já começou com o pé esquerdo no dia das indicações. Comecemos por uma das minhas categorias prediletas: melhor canção. Gente, é um estupro não aparecer "Blower's Daughter" do Damien Rice, tema de Perto Demais. Impossível não escutar tal música e ficar com os olhos marejados. Primeira cagada do pessoal da Academia.
A segunda, e principal, é ter deixado de fora o melhor filme do ano passado: Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças. Baita sacanagem! Em um ano, onde o óbvio predomina, esquecer de uma película original e que foge do comum, foi demais. Ao menos, Charlie Kaufman está no páreo de roteiro original - além de Kate Winslet, como melhor atriz. Mesmo assim é muito pouco para o filme de Michel Gondry.
O que me motiva é a torcida por Menina de Ouro. Filmaço; sensível e tocante. Após o também tocante Sobre Meninos e Lobos, tio Clint se superou. Tudo no filme é bonito - desde a fotografia à música. Os atores estão no auge da interpretação, Hilary Swank - que eu não gosto muito - está formidável, interpretando uma Macabéa do século 21 (créditos a Irena), que luta a vida inteira à procura de seu momento.
Lutar, aliás, é o que define Maggie Fitzgerald (Swank). Como disse o seu pai, a menina nasceu para ser uma lutadora. Nada na vida dela é fácil: desde o nascimento prematuro até a conquista de seu sonho. Parece utópico uma garçonete, que se alimenta de restos de alimentos deixado pelos clientes, conseguir o seu lugar ao sol. Clint Eastwood joga na tela, de forma sutil, as cicatrizes do passado de cada personagem (o seu rosto, quando iluminado em um fundo escuro, chega a ser uma analogia). Morgan Freeman também está intocável.
É um filme de ouro, como já cheguei a ler por aí.
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