12 de out. de 2004

Legume dos infernos


Qualquer pessoa, em algum momento da vida, irá vivenciar um causo com pimenta. Uma história engraçada, que será passada de geração em geração. Pimenta malagueta, um vidro de Tabasco, pimenta do reino, pimenta calabresa... São muitas as opções; basta escolher a sua.

Meu velho tem uma legal: um amigo seu, fã da vermelhinha, certa dia quis porque quis comer pizza de alho. Pediu para o garçom caprichar na especiaria e ainda lascou ¼ de Tabasco na comida. Passou tão mal, que demorou dois dias para voltar a sentir a língua. Papai disse que o seu camarada transpirava alho.

Eu, neste final de semana que passou, entrei para o "Hall da fama dos causos ocasionados pelo abuso e excesso de pimenta". Alimento? Pizza. Do quê? Picante. O que tinha nela? Tais ingredientes: calabresa, mussarela, molho picante e pimenta calabresa. Uma bomba.

Ultimamente estou indo na onda de trecos spice. Dar aquela quentura no esqueleto, sabe? Mas é bom levar uma na cara (na língua, quer dizer) e aprender a deixar de ser trouxa. Na primeira mordida, a pizza estava legal. Bastaram dois segundos para eu sentir um calor em meu corpo. "Esquentou?", perguntei para Irena. "Não", foi à resposta. Não era culpa do tempo: era o efeito da "Pizza Picante".

No terceiro pedaço, não sentia minha boca. Ardia tanto, rapaz, mas tanto. Virei uma lata de Coca e nada. Fui ao banheiro e joguei água na língua. Bulhufas: até grudei papel higiênico na dita cuja. Para piorar, eu sou sovina. Decidi comer a pizza, porém, só a massa. Ainda havia resquícios de pimenta. Fumaça saía pelas orelhas. Via aqueles pontinhos pretos malditos e infernais por todos os lados. Senti-me o Homer naquele episódio em que ele devora as pimentas picantes do chefe Wiggun.

Só faltaram as alucinações que o pai de Bart teve após a refeição. Foi por pouco.

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