A vida simples (I)
Nada melhor do que tirar uns dias de isolação do mundo. Chega de internet, televisão, jornais e notícias. Não quero saber de mais nada, não ter a obrigação de entender o que está acontecendo ao meu redor. Chega! Juntei os meus trapos e fui até Piquete, uma cidadezinha situada entre a Serra da Mantiqueira e o Vale do Paraíba, usando como pretexto para papai e mamãe que iria participar do JUCA (Jogos Universitários de Comunicação e Artes), realizado na cidade vizinha, Cruzeiro.
Maravilhosa essa tal de Piquete, viu! Parece um local cinematográfico: ruas de pedras, carros antigos, bares antigos, tudo parado no tempo. Pessoas andando de bicicletas, não se preocupando com moda, cuja maior diversão é pegar as cadeiras e colocar na calçada em frente as suas casas, a fim de bater um papo com o vizinho e olhar para o céu estrelado. São gentes humildes, que parecem não ver distinção de classes. Te tratam como um velho amigo.
Ao chegar na cidade, munido de duas pesadas malas, tive a sensação de estar num episódio de The Simple Life. Eu e meus seis amigos éramos Paris Hilton e Nicole Richie vivendo por quase uma semana no meio do nada. Aquelas sete pessoas da capital foram motivo de curiosidade. Cabeças saiam das janelas e nos olhavam com curiosidade. Big Brother Piquete!
Incrível como uma distância de um pouco mais de 200 km faz nascer dois mundos distintos. Sabem quanto custa um sanduíche em Piquete? De dois a três reais (isso porque dizem que é muito caro!). Caminhar 15 minutos para o pessoal da cidade é muita coisa! Poder andar numa cidade sem se preocupar em ser assaltado, ouvir um "boa-tarde" de cada indivíduo que te encontrar. Parece até as histórias que vovô contava de sua época.
Por cinco dias, a minha infância surgia constantemente em minha memória. Tudo era motivo de comparações com Tupã (onde vivi quatro anos). Por alguns minutos, eu tive desejo de sair de São Paulo, daquela correria, da poluição. Alugar uma pequena casa, com uma rede na porta de entrada e ficar lá o dia inteiro, tirando uma gostosa soneca.
Mas ainda prefiro a velha pauleira cotidiana. Só não consigo explicar o porquê. Talvez seja bom ter essa vidinha nas férias. Depois deve perder um pouco a graça.
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