12 de abr. de 2004
Karaokê é engraçado. Que atire o microfone quem nunca foi flagrado cantando numa casa dessas por aí, ou, simplesmente, cantando “Meu Erro” no videokê da festinha do primo pirralho. Karaokê tem uma energia positiva, ninguém fica de mau humor. Aqueles que cantam bem recebem aplausos ao final da música. E quem canta mal? Ora, recebem aplausos e alguns gritinhos. Não há jogo ruim em Karaokê.
O meu último aniversário foi num karokê. “Louco”, “brega” e “japonês enrustido” foram alguns dos adjetivos que ouvi quando declarei o lugar o lugar pretendido para a celebração. No final, todos se divertiram e pediram bis. A senhorita Erica Hans cantara algo de Mariah Carey e, eu, bem... fui de ... Backstreet Boys.
- Ok, Gustavo! Taí o motivo que eu aguardava para parar de ler esse treco!
Calma, nego! Para me explicar, uso a artimanha que nós, cantores de meia tigela, usamos. Vejam um exemplo: bandas e cantoras pop. Eles mais dublam que cantam, não é mesmo? Suas performances sempre são chamativas - não pela voz - mas pela dança e afins. No karaokê, quem não canta nada, faz palhaçada e paga um mico daqueles. Eu - com minha voz lânguida - jamais me darei a cantarolar músicas calminhas e românticas. Faço algo que compense isso: palhaçadas, com coreografias ridículas e tudo. A tática é fazer o pessoal rir e não prestar atenção em sua voz.
- Ok, entendi. Continue, por favor...
Alem de “Meu Erro”, sempre existem as pessoas que amam cantar os temas de “Titanic” e “O Guarda Costas”. São sempre aquelas gordinhas solteiras, podem reparar. Outro clássico é os tiozinhos, saudosos dos tempos de jovem, sempre emendando algo de Creedence Clearwater Revival e Roberto Carlos. Existem as tias-porra-louca, que logo de cara cantam Ivete Sangalo ou Shania Twain. São aplaudidíssimas. Cantar Elis Regina e Chico Buarque é proibido em karaokê, assim como Queen. Tem que ter muita manha para imitar esses deuses. Geralmente quem se atreve apanha fácil. A galera finge que não escuta e poucos aplaudem.
Há os latin-lovers, figuras clássicas. Certa vez, vi um italian-lover. O sujeito era o clone do Cidão; usava camisa verde-escura, calças escuras e um colete preto por cima, lembrando o uniforme dos atendentes do Habib’s. Suas três musicas cantadas, em italiano, foram dignas de gargalhadas. Ele não cantava do palco, mas, sim, ao nosso lado! Rodava de mesa em mesa, cantarolando com um jeito Wando de ser. Não ganhou nenhuma calcinha, mas depois pude vê-lo se atracando com uma garota num sofá perto do banheiro.
Na próxima vez, já tenho o meu repertório definido: Wando hits.
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