6 de ago. de 2008

'Se o programa tivesse uma hora ele não teria esse potencial viral'


Finalmente deixo com vocês a entrevista que eu fiz com a equipe toda do 15 Minutos, da MTV. Passei algumas horas acompanhando a gravação do programa, e escrevi no último domingo um making-of, contando com detalhes exclusivos os bastidores da atração comandada por Marcelo Adnet e Kiabbo.

Para ler a matéria, segue o link: "Invadimos o quarto do Adnet"

Agora, o ping-pong que só tem aqui no DPL!, rapá:

Eu estava acompanhando as gravações e olhando o roteiro e vi que você não segue quase nada dele. É tudo improviso?
ADNET - Sim, sim. O legal do programa é você pirar, poder fazer o que quer. Quando eu abro espaço para o Kiabbo é praticamente para ele falar o que quiser, não há nada roteirizado para ele. O programa tem muito teor de improviso. Eu falo que do roteiro do Théo Poppovic eu o transformo de 20 a 80%. Eu nunca faço totalmente o que está escrito nem ignoro totalmente. Esse fator surpresa é um dos nossos trunfos, né, rapaz?

KIABBO - A gente flui bem quando começa a improvisar.

O programa é mesmo todo pautado pelas idéias dos internautas?
A -Tem muita idéia de e-mail que a gente lê e pensa em pauta. Às vezes não é uma proposta direta, é uma coisa assim: "Eu gosto muito de andar nu". Daí a gente faz um programa sobre naturismo. O e-mail puxa uma idéia. Ou a gente mesmo propõe. Tem de ser um assunto em que eu mesmo sinta a vontade de falar, como um programa sobre cultura islandesa.

K -Mas a gente já fez um sobre a Bósnia...

A - Porque eu tô ligado na Bósnia! (risos)

RENATA (a produtora) - E a partir do momento que definimos um tema, fazemos o processo contrário. A gente vai nos e-mails e vê o que pode ser jogado no programa. A caixa postal lota todo dia e às vezes não recebemos nada.

O programa de vocês pega mesmo na internet, principalmente as modinhas. No YouTube tem um cara que põe TODOS os programas de vocês.

A - Eu acho ótimo, gosto muito disso, desse retorno. Acho esse assédio muito saudável, é um reconhecimento. Tem uma música que eu fiz há muito tempo para sacanear playboy, chamada Furfles Feelings. A gente cantou no programa uma vez, sem dar nada, e o pessoal enlouqueceu com a música. Aí um cara no YouTube pirou em cima dela e fez uma batida, efeito de voz... O mini-hang loose eu fiz no segundo programa. Nunca pensamos em fazer nada para pegar.

O programa curtinho, que funciona na TV e na web, é um caminho para o futuro da televisão?
K - Cara, é um caminho que vai acabar rolando naturalmente nas outras emissoras: programas mais curtos que pegam o público da internet, que está acostumado a ficar menos tempo em frente da TV e mais em frente ao do computador. A MTV foi pioneira. Acredito que daqui um tempo haverão mais programas nesse formato.

FÁBIO (o diretor) - O grande diferencial nosso é o tempo mesmo. O YouTube tem um limite de tempo de 10 minutos e essa restrição de tempo nos ajudou muito. Se o programa tivesse uma hora ele não teria esse potencial viral.

Como o cenário do quarto foi pensado? Ninguém limpa o cenário? No programa gravado há duas horas o Adnet jogou um dicionário no Kiabbo. No programa gravado agora o dicionário continuava lá no chão!

F - O pessoal na hora de montar o cenário faz tudo bonitinho e a gente vai lá e suja, joga umas coisas no chão. O cartaz "Ó o Auê Aí Ó" [é exemplo de coisas que foram sendo agregadas com o passar do tempo. No começo, o programa só tinha esses papéis de temática russa. Na primeira semana a gente fez essa gíria de carioca que não tem consoantes e todo mundo entende. Já o cartaz do "O Uanhenga é o cara" é para um garoto do Paraná com esse sobrenome que nos mandou um e-mail. A gente acabou fazendo um programa sobre nomes estranhos! (risos) Aquilo lá atrás é uma placa da China que diz que não pode cuspir. É aquela coisa desarrumada de quarto de menino. Tudo o que a gente vai trazendo vai ficando. O surdo, por exemplo, veio emprestado e ficou.

A - O Uanhenga ficou muito famoso na cidade dele e um amigo dele até pediu para a gente não citá-lo mais que ele estava se sentindo muito. (risos)

O celular do Adnet tocou algumas vezes no programa. É dele mesmo ou também faz parte do cenário?

F- É dele, e toca de verdade mesmo. Mas às vezes eu ou o Théo (roteirista) ligamos a cobrar para zoar.

*fotos: J.F.DIORIO/AE

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