Gosto muito dos textos do Walcyr Carrasco, principalmente de suas crônicas. Há quatro anos ganhei de aniversário um ótimo livro que era uma coletânea de suas crônicas quinzenais publicadas na Vejinha. Lembro que li o livro todo na fila do alistamento do exército.
Admiro o jeito simples que ele escreve, como se estivesse narrando uma história para alguém ao seu lado. Isso me inspirou muito na hora de tentar encontrar o meu estilo de escrever, se é que tenho um.
Para "piorar", as novelas dele das 6h são ótimas. Né, Mirrrrrrrrrrrrrnaaaa!?
Porém, estou levantando toda essa bola do Walcyr para logo dar uma cortada. Soube agora pouco que ele acaba de lançar o livro Anjo de Quatro Patas, que conta a história de Uno, seu cachorro husky siberiano que morreu no ano passado.
Lembro bem desse caso: quando Uno estava bem doente e já nas últimas, o jornalista escreveu uma crônica sobre isso na Veja SP. O texto emotivo bateu recordes de cartas e e-mails de leitores enviados à redação.
Não dúvido que o livro seja interessante. Eu leria fácil, como apaixonado por cães que sou. Mas me incomoda o fato da obra ser muito, mas muito parecida, com a do best-seller Marley & Eu. Até é semelhante o lance do jornalista americano John Crogan ter escrito na sua coluna de jornal a história de seu labrador doente e no bico do corvo. Foram tantos os recados enviados por leitores emocionados que Crogan resolveu, veja só, escrever um livro sobre o caso.
Todo mundo que teve/tem cachorro já passou por essa situação de Carrasco e Crogan. É horrível quando o cão, já velhinho, fica muito doente e sofre demais com isso. Daí cabe ao dono a pior decisão do mundo: sacrificá-lo ou não. Eu poderia muito bem contar a história do Veludo, meu pastor alemão que morreu em 2001 num caso assim.
Nem preciso de livro não, é só montar um blog. E olha que tem ação de primeira, como quando ele arrancou um pedaço da minha orelha.
Não há nada de muito criativo e único na trama de Marley & Eu, veja bem, mas Crogan é o pai da criança, ele que teve essa "sacada". Não quero condenar aqui o livro de Carrasco, por favor, pois não consigo vê-lo como charlatão.
Mas que Anjo de Quatro Patas soa um pouco oportunista, ah, isso não tem jeito.
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