Mallu (quase) mulher
Então, após dar uma leve cacetada na menina há dez posts abaixo, hoje eu entrevistei a Mallu Magalhães. Fui até a casa dela, uma bela mansão de três andares no Morumbi, para uma matéria que sairá daqui duas semanas.
Confesso que estava com uns pré-conceitos em relação à garota. Depois de assistir as suas entrevistas no Altas Horas e no Programa do Jô, achei-a infantil demais, com uns trejeitos meio forçados e parecendo querer chamar a atenção muito mais para a sua figura "de excepcional", do tipo que dá nomes a instrumentos musicais, do que para a sua música.
Quando Mallu atendeu o porteiro eletrônico e ouvi aquela voz infantil, pensei: "Ai, lá vem". Mas bastou ela abrir a porta e dizer um "oi" apressado para os poucos ir tirando a imagem preconceituosa que eu tinha de sua pessoa.
Mallu parece ter saído de um roteiro da Diablo Cody e talvez por isso ela pareça ser meio "estranha". Ela te abraça forte como se o conhecesse há décadas, olha a sua camiseta e realmente demonstra interesse pela estampa dela e pergunta onde você comprou o seu All Stars sem cadarço. Aí, num gesto ligeiro, pede para pôr os seus óculos e diz que, apesar não ser míope, gosta de usá-los, pois com eles vê o mundo de outra maneira, como se ele ganhasse uma moldura.
- Você tirou isso do Janela da Alma, hein!
- É, esse documentário não é o máximo?
O grande problema que eu vejo nas entrevistas feitas com ela é que a tratam como um geniozinho, um fenômeno. Os entrevistados falam como se ela tivesse 5 anos. Aí ela parece se comportar mesmo como tal. Mas se você tirar toda a aura que a envolve e todo esse burburinho exagerado, ela aos poucos se solta e conversa de igual a igual para você. Mallu é uma menina muito legal e que fala muito abertamente das coisas – e tem uma cabeça diferenciada, é fato.
Ela não se acha um geniozinho, apenas acha que assusta os outros de sua classe por já saber o que quer de sua vida: trabalhar com música. E a coitada tá tomando bordoada muito cedo. Já mudou de escola porque o pessoal a perseguia, perdeu amizades, conheceu um monte de papagaios de pirata... Porra, ela só tem 15 anos. Isso é que é foda.
Sim, ela é carismática para caramba e, sim, ela meio que vive no seu mundinho da lua. Sem querer ser maldoso (mas já sendo), ela é um pouco Forrest Gump, do tipo que conta uma história imensa, cheia de digressões, e um tiquinho de Rain Man. Ela conversa enquanto afina o violão, desenha... Sempre de cabeça baixa. Às vezes também é exagerada demais, mas isso me parece ser afetação de adolescente, nada demais.
Ela é meio que aquela menina feinha e boa de papo da classe que todo garoto já teve e nunca deu muita bola. Aquela menina que nunca foi popular porque não se encaixava nos padrões, afinal, é magrela, se veste estranhamente e tem cabelo meio de menino.
Fiquei feliz de tê-la conhecido. Fiquei com a impressão que ela tem a cabeça no lugar e os pés no chão, assim como os pais dela, que não a impedem de fazer suas vontades, mas que impõem os seus limites. Ela não faz shows durante a semana para não atrapalhar os estudos e, na semana que vem, não falará com a mídia porque terá provas todos os dias.
Espero que ela não vire um mero sucesso de verão e que sua fama não vá embora tão rapidamente como chegou. Talento musical ela tem e espero que Mallu veja que, no fundo, é isso que importa mesmo.
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