4 de dez. de 2007

O presente

Uma das coisas que mais me irritam quando eu vou assistir a um filme brasileiro, é ter de ver na tela todos os milhares de patrocinadores da película. Lei do Audiovisual, Ancine (Agência Nacional do Cinema), Petrobras, alguma operadora de celular... Quando eu vi Tropa de Elite no cinema (pois é, no cinema), sem sacanagem: acho que foram mais de 5 minutos apenas com esse merchandising. Um cara lá do fundão até soltou um "Porra!", o que fez todo mundo cair na risada antes do pára-pá-pára-pá-páran-pan-pan.

Mas, enfim. Ontem eu assisti O Passado, e confesso que fazia tempo que eu não saia tão irritado do cinema. Não foi nem pelo filme – história legal, mas roteiro confuso - que eu fiquei bravo. Foi porque antes do filme começar, adivinhem só o que apareceu no telão? Pois é, isso mesmo que vocês estão pensando. Depois, em letras garrafais, surgiu "esse filme foi escolhido pelo Programa Petrobras Cultural".

Legal, beleza, nada contra. Tirando o fato que o filme é em espanhol e rodado em Buenos Aires (eles fazem questão de dizer que é uma produção brasileira e dos hermanos). Mas... não tem nada de brasileiro nele? É... tem sim. O diretor argentino Héctor Babenco é naturalizado brasileiro. O.K. Ah, Paulo Autran também faz uma pequena participação, mas falando francês! Certo. O único momento de algo tupiniquim meeeesmo é quando o tradutor interpretado por Gael García Bernal vem a São Paulo. Tipo, a cena não demora nem dois minutos, e um vendedor ambulante o ensina, em bom português, como comprar um óculos escuro paraguaio. Fino. Não acrescenta nada a história.

Se você for entrar no site do Petrobras Cultural, Ancine, Ancinav e o caramba a quatro, você vai achar tudo de um ufanismo absurdo. Tudo é feito para "contemplar a cultura brasileira em toda a sua diversidade étnica e regional". Ah, foi mal! Agora entendi porque O Passado entrou nessa história: Buenos Aires é hoje o que foi a Disney para os brasileiros há 10 anos. Está muito barato ir para lá, baita cidade legal e cultural. Melhor roteiro que o Nordeste, dizem alguns.

É dose...

Olha, desde que o grupo canadense Cirque de Soleil conseguiu incentivos fiscais para se apresentar no País, via Lei Rounanet (realmente, esse circo não tem grana e não se sustenta sozinho) achei que nada poderia ser mais tão cara de pau.

Achei.

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