Dessa nova safra de cantoras brasileiras que surgiu nos últimos tempos, como Roberta Sá, Mariana Aydar e Marina de La Riva, foi de Céu o trabalho que mais me chamou a atenção. Seu CD de estréia caiu em minhas mãos na metade do ano passado e logo na primeira audição vi que ali tinha coisa boa. O som não era somente aquela combinação de bossa-nova com eletrônico, e tinha uma pitada bacana de elementos, que iam do jazz ao ragga. Sua voz aveludada, soul, e levemente rouca também é um charme. Fora seu nome que, vamos admitir, é muito legal.
E quando na semana passada soube que ela iria fazer uma apresentação no Tom Jazz, casa pequenina de shows em São Paulo com espaço para 200 lugares, não pensei duas vezes: levei a Bem-Amada a tiracolo e fui conferir como era Céu ao vivo, com as maiores expectativas do mundo.
Cai da cadeira.
Tudo bem que ela por si só já aparenta ser arrogante, com seu narizinho arrebitado e traços finos de uma burguesinha da elite paulistana. Como diria Christian Pior, “carinha de papai paga FAAP”. Isso eu já suspeitava ao ver suas fotos e vídeos, mas ali, há 3 metros da minha fuça, incomodou demais.
Sua postura era fake, forçada, e sua expressão corporal atende a todos os clichês que uma cantora metida a diva pode ter. Seja nas quebradinhas de cadeira que dava quando a levada de sua banda puxava mais para o samba ou ao cruzar aos braços em direção ao peito toda santa vez que se dizia estar emocionada de estar cantando ali naquele palco. Mas o que mais me irritou foi quando ela subia a nota no final das canções e afastava o rosto do microfone e jogava a cabeça para trás. Argh!
Tudo isso eu relevo se o som fosse bom. E a banda dela realmente é boa. São apenas cinco músicos que a acompanham: um baterista, um tecladista, um percussionista, um cara que toca guitarra e contrabaixo e um DJ. Ah, o DJ.
Sei que colocar um disque jóquei hoje como integrante de banda é moderno. O cara faz uns barulhinhos ali, um scratch ordinário de vez em quando, é bacana. Mas com Céu é um desastre.
Explico: já viram backing vocals invisíveis? No show da Céu tem – em quase todas as músicas. Ou um violonista e um trompetista, também invisíveis, que tocam durante “Lenda” e "Rainha" ? No show da Céu tem isso também.
O DJ tem a manha de usar quase todas as bases e harmonias do CD. É sério. O resultado final é um playback somado a uma apresentação ao vivo. Diga: você também não se sentiria trapaceado ao ver um show que é igual ao CD? Fazia tempo que eu não me sentia frustrado com um show musical. Adoro ver apresentações ao vivo porque esse é o único jeito de se conferir realmente como é o trabalho de um artista, de Bidê ou Balde a Gotan Project.
Céu ainda tem muito a melhorar. A primeira dica é parar de ser mão de vaca e contratar mais músicos para a sua banda, e não usar dessa artimanha pilantra de usar um DJ como músico polvo, que toca violão, metais e faz backing vocal. A menina só precisa baixar a bola, pois o seu som é muito bom, ela tem talento e sabe com quem trabalha (ela dá o ar de sua graça no CD do produtor bam-bam-bam Apollo 9). Além do mais, é queridinha de jornalista (o que não quer dizer nada, mas tudo bem).
Se Céu estiver na sua cidade, vai lá, vale a pena conhecer. Só fujam se o show for no Tom Jazz. Porção de mini-pastéis por R$ 18 e caipirinha custando quase 20 pila é de doer o bolso.
*Ouça as músicas do CD de estréia de Céu aqui.
4 comentários:
Gustavo, primeiro parabéns pela iniciativa em "modernizar" o blog. E espero mesmo muuitos textos por aqui..
Sobre a Céu, acho o trabalho dela fantástico, e passei muita vontade de ver esse show.
Bom, sua crítica é válida sim, mas como só ouvi seu cd e ponto, quero ver com meus próprios olhos.
Até breve!!
bjs!!
Pq os comentários assim?
Numa outra janela é bem melhor.
(minha opinião...)
LONG! EBA! Vc voltou! :)
E continua com o loguinho que eu fiz pra ti... EBA!
Beijoca.
É verdade, Thais. Vou tentar mudar essa caixa de comentário.
E, Bruna, seu logo é o máximo. Agora vc tb precisa voltar a blogar!
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