Mais dois anos
Sentem-se, pois vou lhes contar uma historinha:
Há mais ou menos dois anos, eu estava sentado neste mesmo quarto, olhando para outro computador que ocupava esta mesma mesa. Lembro que, após uns cinco minutos perplexos sem parar de fitar ao monitor, exclamei em direção ao corredor: "Pai, mãe! Entrei na PUC".
Alguns meses antes disso, ainda no cursinho, lembro que escolhi quatro faculdades para prestar Jornalismo: USP, Cásper Líbero, PUC-SP e PUC-CAMP - essa última por ser relativamente fácil de entrar e eu não faria mais um ano de cursinho nem a pau (e eu passei nela super tranqüilo, de fato). Na verdade, eu não me importava com qual faculdade fazer, mas sim em que cidade ela estaria: São Paulo. Então, quando notei que voltaria a morar na paulicéia, já estava feliz da vida.
Quando a gente ainda está no colégio, os professores dizem que na faculdade é onde realmente decidimos o que seremos da vida, que a universidade é o local que nos fará crescer intelectualmente... E eu fui nessa onda. Quando pus os pés na PUC, achei que aprenderia tudo sobre jornalismo, que amaria as aulas, que todos os anos de tortura à base de cálculos geométricos e fórmulas estequiométricas seriam recompensados em quatros anos de faculdade. Ledo engano.
Professores picaretas, matérias sem pé nem cabeça. Tudo o que eu ouvi foram chiados e xurumelas. "Falta isso, falta aquilo, ninguém me paga...". E os alunos pagando o pato. Na escola, eu sempre torci para não ter aula, pois logo pegava uma bola e ia jogar futebol na quadra. Na faculdade, eu torço para ter aula. Para ouvir algo de interessante que me prenda à carteira, e não me faça sair da sala de aula de vinte e vinte minutos por pura falta de saco para agüentar tanta lorota.
Se todas as aulas foram ruins? Não, óbvio que não. Algumas foram bem bacanas - pena que elas mal chegam a contar nos dedos de uma mão só. As aulas práticas, como Laboratório de Jornalismo e Técnicas de Reportagem, foram horrorosas. Preferia ficar no Orkut bisbilhotando a vida alheia a ter que ouvir um professor falar mal toda santa aula da "imprensa burguesa brasileira".
Olha, cansei da faculdade. Tenho ótimos amigos lá, a rosca de brigadeiro da cantina ainda é uma delícia, e adoro minhas idas à biblioteca. Mas fora isso, eu não tenho mais tesão por aquilo. As minhas aulas começariam dia 13, segunda-feira (elas foram adiadas para o dia 2 de março). Eu já me via acordando às seis horas da manhã para chegar naquele prédio e ler um pedaço de papel colado na porta da sala: "O professor fulano de tal não comparecerá hoje por motivos de saúde".
"Faculdade de Jornalismo podia ser feita em dois anos", certa vez disse o jornalista Leonardo Sakamoto. "O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende, sendo que ele só está lá esperando pelo seu diploma", continuou.
Olha, desculpem-me, mas não vejo o momento em que terei o meu diploma nas mãos.
Sentem-se, pois vou lhes contar uma historinha:
Há mais ou menos dois anos, eu estava sentado neste mesmo quarto, olhando para outro computador que ocupava esta mesma mesa. Lembro que, após uns cinco minutos perplexos sem parar de fitar ao monitor, exclamei em direção ao corredor: "Pai, mãe! Entrei na PUC".
Alguns meses antes disso, ainda no cursinho, lembro que escolhi quatro faculdades para prestar Jornalismo: USP, Cásper Líbero, PUC-SP e PUC-CAMP - essa última por ser relativamente fácil de entrar e eu não faria mais um ano de cursinho nem a pau (e eu passei nela super tranqüilo, de fato). Na verdade, eu não me importava com qual faculdade fazer, mas sim em que cidade ela estaria: São Paulo. Então, quando notei que voltaria a morar na paulicéia, já estava feliz da vida.
Quando a gente ainda está no colégio, os professores dizem que na faculdade é onde realmente decidimos o que seremos da vida, que a universidade é o local que nos fará crescer intelectualmente... E eu fui nessa onda. Quando pus os pés na PUC, achei que aprenderia tudo sobre jornalismo, que amaria as aulas, que todos os anos de tortura à base de cálculos geométricos e fórmulas estequiométricas seriam recompensados em quatros anos de faculdade. Ledo engano.
Professores picaretas, matérias sem pé nem cabeça. Tudo o que eu ouvi foram chiados e xurumelas. "Falta isso, falta aquilo, ninguém me paga...". E os alunos pagando o pato. Na escola, eu sempre torci para não ter aula, pois logo pegava uma bola e ia jogar futebol na quadra. Na faculdade, eu torço para ter aula. Para ouvir algo de interessante que me prenda à carteira, e não me faça sair da sala de aula de vinte e vinte minutos por pura falta de saco para agüentar tanta lorota.
Se todas as aulas foram ruins? Não, óbvio que não. Algumas foram bem bacanas - pena que elas mal chegam a contar nos dedos de uma mão só. As aulas práticas, como Laboratório de Jornalismo e Técnicas de Reportagem, foram horrorosas. Preferia ficar no Orkut bisbilhotando a vida alheia a ter que ouvir um professor falar mal toda santa aula da "imprensa burguesa brasileira".
Olha, cansei da faculdade. Tenho ótimos amigos lá, a rosca de brigadeiro da cantina ainda é uma delícia, e adoro minhas idas à biblioteca. Mas fora isso, eu não tenho mais tesão por aquilo. As minhas aulas começariam dia 13, segunda-feira (elas foram adiadas para o dia 2 de março). Eu já me via acordando às seis horas da manhã para chegar naquele prédio e ler um pedaço de papel colado na porta da sala: "O professor fulano de tal não comparecerá hoje por motivos de saúde".
"Faculdade de Jornalismo podia ser feita em dois anos", certa vez disse o jornalista Leonardo Sakamoto. "O professor finge que ensina e o aluno finge que aprende, sendo que ele só está lá esperando pelo seu diploma", continuou.
Olha, desculpem-me, mas não vejo o momento em que terei o meu diploma nas mãos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário