Amanhã é aniversário da namorada. Quando datas festivas chegam, como Dia dos Namorados, Natal, Aniversário de Namoro ou Dia das Crianças, eu penso: "Ok, tenho que pensar em um presente bem bacana". Olho a minha conta corrente, solto um muxoxo; abro a carteira e repito o ritual. "Algo barato e criativo". Começo a remexer a minha cuca, tendo flashbacks de momentos em que ela parou em frente à vitrine de alguma loja (o que é bem comum, diga-se de passagem) e deu um sorriso, olhando com aquele olhar de ternura para mim. Mas nada me vem à memória, nadica.
Presentes manuais, nem pensar. Sempre fui péssimo para desenhos ou algo que envolva recorte, papel, tesoura e cola. Certa vez, em uma aula de Educação Artística, a professora pediu para desenhar retas que se cruzassem, algo do tipo. Fiz uma suástica, porque tinha visto o símbolo em algum lugar. A velha, a professora, quase teve um treco e por pouco não fui parar no psicólogo do colégio. O telefone toca:
- Alô?
- Gu?
- Opa, mãe! Tudo nos conforme?
- Ahãm. Vem pra cá (Sorocaba) nesse final de semana?
- Pô, mãe! É aniversário da Irena. Esqueceu?
- Vixi! O que você comprou?
- Um DVD...
- Ai, que coisa de pobre! Só isso?
- Mas esse é especial... (Bicicletas de Belleville).
- Compra uma bolsa, ela não está trabalhando? Eu pago, é "nosso presente". Mas nada muito caro, ok?
Ah, obrigado mama. Dia seguinte vou ao Shopping Iguatemi, pólo de mauricinhos e patricinhas paulistanas, que não andam, desfilam. Bronzeadas, escova progressiva, iPod e bolsa Louis Vuitton. Fico avexado. Essas mulheres me dão medo. Tudo custa o olho da cara. Uma bolsa, menor que uma pochete, custa três dígitos. E homem, fazendo compras para uma mulher, só pode dar em problema. Bastava pôr a ponta do tênis em alguma loja, onde o hormônio estrógeno estava no ar, que eu já era medido com os olhos. Tentei ligar para a Erica ou a Bruna, pedindo ajuda feminina, mas elas estavam ocupadas. Nessas horas eu queria ter um amigo gay e desocupado, juro!
Achei o mimo em uma loja vazia, no fundão, com um preço mais em conta em relação às outras. Uma senhora, que estava comprando uma carteira, ajudava-me. "A verde não combina com qualquer coisa, escolha algo mais neutro". Ia até o fundo, achava qualquer bolsa bonitinha e, quando já estava indo ao caixa, era alertado. "Tua namorada é a Regina Casé, por acaso?". Acabei levando uma bonitona, toda chique, a cara dela - nada ostensivo, bem "de jovem", como me disse a vendedora.
Descobri que toda mulher, sem exceção, quando faz compras, tem que ir e parar em todas as lojas do mundo para pesquisar - e pechinchar - os preços. Tomei uma erguida daquelas da tiazona quando confidenciei que aquela havia sido a primeira loja em que eu entrara de verdade. "Homem não serve pra nada mesmo. Só para reclamar e fazer merda!". Enfim, sai todo pimpão, mas temeroso se a bem-amada acabasse odiando a tal bolsa. No final ela adorou, e já a exibe para cima e para baixo, lotando-a com milhares de tranqueiras femininas.
E, repetindo o ritual do último ano, peço ao leitor para darmos dar um salve, um abraço, um Feliz Aniversário para a Nenoca. Quem não os fizer, já sabe: bom sujeito não é.
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