Pior que o Justus
Faz mais ou menos um ano que eu comecei a ser entrevistado para ofertas de estágios. Já vi de tudo um pouco. Situações engraçadas, como as famigeradas "dinâmicas em grupo", até uma mulher que ficou criticando a postura da minha faculdade antes de eu meu apresentar e sentar na cadeira!
Esse último acontecimento, na verdade, foi disparado o mais bizarro. O lugar era uma assessoria de imprensa, cujos principais clientes se resumiam a decoradores e gastrônomos. A empresa era uma casinha na Vila Olímpia. Chego lá, só mulheres no recinto - e bonitas! "Sente-se, Gustavo, que a sicrana já vai lhe atender". Esperei. Nisso, um cachorro Dachshund, o famoso "salsichinha", começa a pular na minha perna, pedindo carinho. "Deve ser parte do processo, só falta", matuto comigo mesmo. Dei umas três passadas de mão no pelo do bichano e voltei a ler uma revista.
E aí, tal como um filme pastelão, o danado começou a me encoxar. Aquele treco de meio metro começou a se engraçar com a barra da minha calça. Olhei para os lados, vi que ninguém estava olhando, e dei um "Pedala, Robinho" no salsicha. E não é que ele ficou com mais vigor ainda? Batia com o jornal nele, sacudia a minha perna... Nada. Raivoso, empurrei-o para longe. Como o piso era frio, o Dachshund saiu rodopiando e escorregando, indo bater sua bunda grande na porta ao final do corredor.
Após o estrondo, a porta abre.
- Mon Cherry! Como você veio parar aqui?
"Que nome horrível e de viado!", minha mente gritou. A dona do "au-au", uma socialite, aproveitou o incidente para pedir que eu entrasse na sala. Chegando lá, a mulher começou a fazer perguntas deveras estranhas.
- Então, onde você milita?, perguntou
- Eu? Em lugar nenhum... , respondi assustado
- Sério mesmo? Nem no MST?
- Tipo, marchar não é algo que eu aprecie...
- Porque eu já entrevistei quatro garotas da PUC, e todas elas são militantes.
- Sério? Hummm... é... Bom pra elas! Eu acho.
- Você também não gosta da Veja?
- Oi?
- Da revista!
- Ah... Ela manipula algumas coisas, tem as suas visões políticas descaradas e camufladas, mas há muitas matérias interessantes.
- Então você também deve gostar do Hugo Chaves?
Juro, foi pior que sentar na frente do Roberto Justus. Só digo que eu não fiquei com a vaga, e saí de lá o mais rápido possível.
Faz mais ou menos um ano que eu comecei a ser entrevistado para ofertas de estágios. Já vi de tudo um pouco. Situações engraçadas, como as famigeradas "dinâmicas em grupo", até uma mulher que ficou criticando a postura da minha faculdade antes de eu meu apresentar e sentar na cadeira!
Esse último acontecimento, na verdade, foi disparado o mais bizarro. O lugar era uma assessoria de imprensa, cujos principais clientes se resumiam a decoradores e gastrônomos. A empresa era uma casinha na Vila Olímpia. Chego lá, só mulheres no recinto - e bonitas! "Sente-se, Gustavo, que a sicrana já vai lhe atender". Esperei. Nisso, um cachorro Dachshund, o famoso "salsichinha", começa a pular na minha perna, pedindo carinho. "Deve ser parte do processo, só falta", matuto comigo mesmo. Dei umas três passadas de mão no pelo do bichano e voltei a ler uma revista.
E aí, tal como um filme pastelão, o danado começou a me encoxar. Aquele treco de meio metro começou a se engraçar com a barra da minha calça. Olhei para os lados, vi que ninguém estava olhando, e dei um "Pedala, Robinho" no salsicha. E não é que ele ficou com mais vigor ainda? Batia com o jornal nele, sacudia a minha perna... Nada. Raivoso, empurrei-o para longe. Como o piso era frio, o Dachshund saiu rodopiando e escorregando, indo bater sua bunda grande na porta ao final do corredor.
Após o estrondo, a porta abre.
- Mon Cherry! Como você veio parar aqui?
"Que nome horrível e de viado!", minha mente gritou. A dona do "au-au", uma socialite, aproveitou o incidente para pedir que eu entrasse na sala. Chegando lá, a mulher começou a fazer perguntas deveras estranhas.
- Então, onde você milita?, perguntou
- Eu? Em lugar nenhum... , respondi assustado
- Sério mesmo? Nem no MST?
- Tipo, marchar não é algo que eu aprecie...
- Porque eu já entrevistei quatro garotas da PUC, e todas elas são militantes.
- Sério? Hummm... é... Bom pra elas! Eu acho.
- Você também não gosta da Veja?
- Oi?
- Da revista!
- Ah... Ela manipula algumas coisas, tem as suas visões políticas descaradas e camufladas, mas há muitas matérias interessantes.
- Então você também deve gostar do Hugo Chaves?
Juro, foi pior que sentar na frente do Roberto Justus. Só digo que eu não fiquei com a vaga, e saí de lá o mais rápido possível.
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