Feitos para brincar
Semana passada, eu achei, no banco traseiro do carro do Filippe, uma embalagem. De forma retangular, médio porte, envolta em plástico-bolha. Acendi a luz, puxei a proteção do embrulho e sorri timidamente. O pacote era um boneco, versão original da BAN-DAI, de um dos personagens dos Cavaleiros do Zodíaco. Estava lá, igualzinho aos que eu tinha e exibia com orgulho no alto de meus nove anos.
- O que isso está fazendo aqui?
- Meu irmão vai vender no Mercado Livre.
- Sério? Tem gente que ainda compra isso?
- Orra! Nesse aí ele conseguiu 60 reais!
- Caramba! E eu vendi os meus para o Guilhem por 10 reais cada um!
- Tonto...
É isso aí, meus amiguinhos. O que vocês acabaram de ler é algo corriqueiro nesses meus quase 20 anos de existência. Eu nunca fui de ter apego material e, quando decidi dar cabo em alguns brinquedos meus, geralmente eu os levava em alguma casa de doação, ou dava para os filhos de minha faxineira ou empregada, que quase nunca tiveram com o que brincar.
Somente na vez dos Cavaleiros do Zodíaco que eu vendi meus brinquedos (quase a coleção inteira). Precisava de algum dinheiro para viajar, e achei mais do que justo vendê-los para alguém que cuidasse bem deles - o Guilhem, um dos inúmeros amigos nerds que eu tenho. Nas outras vezes, nunca fui de ligar sobre o valor monetário de meus brinquedos de infância.
Eu sempre acreditei que um brinquedo foi fabricado para ser brincado, quebrado, consertado depois, passar de mão em mão. Ter um carrinho, na minha concepção, foi feito para andar pelas paredes e ser usado em apostas de corridas com os outros amiguinhos. Jamais para ficar numa prateleira, servindo como exibição. Uma bola nasceu para ser chutada, para perder os seus gomos conforme os vários bicos que ela levou. Qual a graça dela ficar guardada numa estante, como relíquia? Ela foi feita para ser jogada na praia, morrer nos gols de traves feitos com chinelos Havaianas. Quer coisa mais apreensiva do que deixar a bola cair na casa do vizinho e correr o risco dela voltar rasgada por uma faca?
Outro dia eu me toquei o quanto eu podia ter ganhado uma bela quantia com os meus brinquedos. Para começar, eu tive quase a coleção inteira dos bonecos do Star Wars. Assim que mudei para Sorocaba, pedi para minha dá-los a alguma criança. Tal destino foi o mesmo da minha coleção de gibis da Turma da Mônica - que, aliás, tinha os primeiros exemplares do Chico Bento e do Cebolinha. Segundo a cotação nerd, eu já podia ter faturado mais de 500 reais apenas com essas preciosidades.
Mas eu ainda guardo alguns objetos, só que estes, sim, não vendo de jeito maneira. Todos têm um valor sentimental. Quem quer o primeiro livro que eu ganhei? O As Aventuras do Ratinho? Ou um relógio dado pelo meu avô antes dele falecer? E as cartas da bem-amada, o que elas podem representar a outra pessoa a não ser eu?
Ah, meu nego. Esses aí de cima eu não dou mesmo. Estão muito bem guardados, numa caixa em meu armário, para ninguém mais, além de mim, poder contemplá-los com um pequeno sorriso no canto da boca.
- O que isso está fazendo aqui?
- Meu irmão vai vender no Mercado Livre.
- Sério? Tem gente que ainda compra isso?
- Orra! Nesse aí ele conseguiu 60 reais!
- Caramba! E eu vendi os meus para o Guilhem por 10 reais cada um!
- Tonto...
É isso aí, meus amiguinhos. O que vocês acabaram de ler é algo corriqueiro nesses meus quase 20 anos de existência. Eu nunca fui de ter apego material e, quando decidi dar cabo em alguns brinquedos meus, geralmente eu os levava em alguma casa de doação, ou dava para os filhos de minha faxineira ou empregada, que quase nunca tiveram com o que brincar.
Somente na vez dos Cavaleiros do Zodíaco que eu vendi meus brinquedos (quase a coleção inteira). Precisava de algum dinheiro para viajar, e achei mais do que justo vendê-los para alguém que cuidasse bem deles - o Guilhem, um dos inúmeros amigos nerds que eu tenho. Nas outras vezes, nunca fui de ligar sobre o valor monetário de meus brinquedos de infância.
Eu sempre acreditei que um brinquedo foi fabricado para ser brincado, quebrado, consertado depois, passar de mão em mão. Ter um carrinho, na minha concepção, foi feito para andar pelas paredes e ser usado em apostas de corridas com os outros amiguinhos. Jamais para ficar numa prateleira, servindo como exibição. Uma bola nasceu para ser chutada, para perder os seus gomos conforme os vários bicos que ela levou. Qual a graça dela ficar guardada numa estante, como relíquia? Ela foi feita para ser jogada na praia, morrer nos gols de traves feitos com chinelos Havaianas. Quer coisa mais apreensiva do que deixar a bola cair na casa do vizinho e correr o risco dela voltar rasgada por uma faca?
Outro dia eu me toquei o quanto eu podia ter ganhado uma bela quantia com os meus brinquedos. Para começar, eu tive quase a coleção inteira dos bonecos do Star Wars. Assim que mudei para Sorocaba, pedi para minha dá-los a alguma criança. Tal destino foi o mesmo da minha coleção de gibis da Turma da Mônica - que, aliás, tinha os primeiros exemplares do Chico Bento e do Cebolinha. Segundo a cotação nerd, eu já podia ter faturado mais de 500 reais apenas com essas preciosidades.
Mas eu ainda guardo alguns objetos, só que estes, sim, não vendo de jeito maneira. Todos têm um valor sentimental. Quem quer o primeiro livro que eu ganhei? O As Aventuras do Ratinho? Ou um relógio dado pelo meu avô antes dele falecer? E as cartas da bem-amada, o que elas podem representar a outra pessoa a não ser eu?
Ah, meu nego. Esses aí de cima eu não dou mesmo. Estão muito bem guardados, numa caixa em meu armário, para ninguém mais, além de mim, poder contemplá-los com um pequeno sorriso no canto da boca.
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