30 de mai. de 2005

Conversa de bar

Mais uma vez fui ao JUCA (Jogos Universitários de Comunicação e Artes). Ao contrário do ano passado, não vou fazer o resumo dos acontecimentos mais legais e não tecerei nenhum comentário sobre os jogos e a beleza da camiseta da PUC.

Em razão da preguiça, cansaço e fadiga, deixo cá um trecho de uma conversa dos alunos da Metodista. Não sei explicar se tal fato ocorreu devido aos efeitos etílicos ou em detrimento da inteligência dos personagens. Enfim, esbaldem-se.


- Ano que vem eu não fico em alojamento, cara!
- Fresco. Por quê?
- Olha o meu tamanho! Durmo maior apertado, nem caibo nos colchonetes!
- Caibo?
- O que tem?
- É "caibo" que se fala? - (garota interrompendo)
- Lógico que não! Onde já se viu isso?
- E como se fala?
- Cabo!
- Ah, é mesmo...

24 de mai. de 2005

Lugares reservados

Andar de ônibus é uma maravilha. Cheio, então, nem se fala. São crianças berrando, meninas tricotando em voz alta, um rapaz que dorme ao seu lado e começa a usar o seu ombro de travesseiro... São muitas as histórias.

Ontem, por exemplo, aconteceu um fato deveras inusitado. Pego o famigerado Shopping Continental, em plena Avenida Paulista, com destino a minha casa. Hora do almoço, friozinho gostoso e, milagrosamente, o ônibus não está congestionado. Quando adentro tal meio de transporte e me deparo com algumas poltronas vazias, juro que felicidade maior não há. Passo pela catraca e sento na primeira vaga que acho, perto da porta. Começo a abrir a minha mala à procura de meus óculos. Noto uma sombra vindo em minha direção. Levantando suavemente o olhar, vejo um crachá e uma camisa xadrez a um palmo de meu nariz.

- Este lugar não foi feito para você! , ouço de uma voz rouca e impaciente.

Um pouco míope, fixo meus olhos no rosto do sujeito. Cabelo um pouco grisalho, ondulado e desarrumado, cavanhaque farto e também grisalho; óculos de armação de metal.

- Oi, perdão?

O tiozinho começa a jogar a sua saliência abdominal contra meu corpo.

- Um dia ainda vai chegar a sua vez, sabia?

Só agora noto que ele quer roubar o meu lugar. Olho para o fundo do ônibus e vejo que ele está mais vazio ainda! Reparo também que o meu assento tem o encosto pintado de amarelo, ou seja, ele é reservado para deficientes, grávidas, obesos e, logicamente, idosos. Antes da catraca, todos os assentos são destinados a tais características citadas. Passando pelo cobrador, umas quatro ou seis poltronas - e eu sentei em uma dessas.

Levanto-me, meio com vergonha, e ainda noto o senhor soltar uns impropérios para si mesmo, como se dissesse: "No meu tempo os jovens eram educados!". Mas, raios, se o ônibus está vazio, qual a razão do cara não sentar em outro lugar vago? Não, precisa dar show, impor a sua condição de "eu trabalhei a vida inteira por este país e o mínimo que eu mereço é um lugar reservado no ônibus". E ele era jovem, aparentava no máximo 55 anos - quase a idade de meus pais!

Olha, juro por minha falecida avó, que quando eu ficar velho não vou ser folgado. Lembro sempre de um episódio do Malcolm in the Middle para exemplificar o meu pensamento. Certa vez, numa liquidação em uma loja, a mãe do Malcolm pediu para ele e seus irmãos ficarem numa fila quilométrica apenas para irem ao vestuário. Quase uma hora e meia depois, os garotos finalmente iriam provar suas roupas. Mas, do nada, uma tiazinha de andador foi passando pela fila, como um carro folgado trafega pela pista do acostamento num congestionamento.

Os meninos brigaram com a tia. Sabe o que ela fez? Deu com a bengala na cabeça de cada um. Ela estava em seu direito, o que até concordo, mas coisa mais irritante que velho folgado não há. Ao menos que ele seja educado, peça licença e dê um sorriso. Não precisa vir desfilando, como se seus cabelos brancos e rugas fossem um atestado de "eu sou diferente e posso tudo". Só eu que não concordo com isso?

Agora, para finalizar minha raiva, alguns minutos depois o ônibus ficou lotado. Eu, sentado lá no fundão, mirava os olhos raivosos contra o tiozinho, desejando atirar uma flecha contra a sua nuca. E sabem o que foi irônico? Uma senhora, de 70 anos pra cima, estava de pé, ao seu lado. Ainda por cima, era obesa, estava com o pé enfaixado e carregava compras em seus braços. E, por acaso o tio do mal cedeu lugar para ela?

Coisa nenhuma! Fingiu que estava olhando a bucólica paisagem da Avenida Rebouças.

21 de mai. de 2005

Feitos para brincar

Semana passada, eu achei, no banco traseiro do carro do Filippe, uma embalagem. De forma retangular, médio porte, envolta em plástico-bolha. Acendi a luz, puxei a proteção do embrulho e sorri timidamente. O pacote era um boneco, versão original da BAN-DAI, de um dos personagens dos Cavaleiros do Zodíaco. Estava lá, igualzinho aos que eu tinha e exibia com orgulho no alto de meus nove anos.

- O que isso está fazendo aqui?
- Meu irmão vai vender no Mercado Livre.
- Sério? Tem gente que ainda compra isso?
- Orra! Nesse aí ele conseguiu 60 reais!
- Caramba! E eu vendi os meus para o Guilhem por 10 reais cada um!
- Tonto...

É isso aí, meus amiguinhos. O que vocês acabaram de ler é algo corriqueiro nesses meus quase 20 anos de existência. Eu nunca fui de ter apego material e, quando decidi dar cabo em alguns brinquedos meus, geralmente eu os levava em alguma casa de doação, ou dava para os filhos de minha faxineira ou empregada, que quase nunca tiveram com o que brincar.

Somente na vez dos Cavaleiros do Zodíaco que eu vendi meus brinquedos (quase a coleção inteira). Precisava de algum dinheiro para viajar, e achei mais do que justo vendê-los para alguém que cuidasse bem deles - o Guilhem, um dos inúmeros amigos nerds que eu tenho. Nas outras vezes, nunca fui de ligar sobre o valor monetário de meus brinquedos de infância.

Eu sempre acreditei que um brinquedo foi fabricado para ser brincado, quebrado, consertado depois, passar de mão em mão. Ter um carrinho, na minha concepção, foi feito para andar pelas paredes e ser usado em apostas de corridas com os outros amiguinhos. Jamais para ficar numa prateleira, servindo como exibição. Uma bola nasceu para ser chutada, para perder os seus gomos conforme os vários bicos que ela levou. Qual a graça dela ficar guardada numa estante, como relíquia? Ela foi feita para ser jogada na praia, morrer nos gols de traves feitos com chinelos Havaianas. Quer coisa mais apreensiva do que deixar a bola cair na casa do vizinho e correr o risco dela voltar rasgada por uma faca?

Outro dia eu me toquei o quanto eu podia ter ganhado uma bela quantia com os meus brinquedos. Para começar, eu tive quase a coleção inteira dos bonecos do Star Wars. Assim que mudei para Sorocaba, pedi para minha dá-los a alguma criança. Tal destino foi o mesmo da minha coleção de gibis da Turma da Mônica - que, aliás, tinha os primeiros exemplares do Chico Bento e do Cebolinha. Segundo a cotação nerd, eu já podia ter faturado mais de 500 reais apenas com essas preciosidades.

Mas eu ainda guardo alguns objetos, só que estes, sim, não vendo de jeito maneira. Todos têm um valor sentimental. Quem quer o primeiro livro que eu ganhei? O As Aventuras do Ratinho? Ou um relógio dado pelo meu avô antes dele falecer? E as cartas da bem-amada, o que elas podem representar a outra pessoa a não ser eu?

Ah, meu nego. Esses aí de cima eu não dou mesmo. Estão muito bem guardados, numa caixa em meu armário, para ninguém mais, além de mim, poder contemplá-los com um pequeno sorriso no canto da boca.

18 de mai. de 2005

Problemas auriculares
Alguém sabe o que é ter o canal auditivo curto? Eu sei, o nome soa estranho, mas deixo cá um desenho explicativo. O marrento do canal auditivo é essa ligação entre a orelha externa e a orelha interna, que começa no tímpano, estão vendo?

Pois é, eu tenho o canal auditivo curto. Soube disso semana passada, ao conversar com a mama. Eu tenho uma baita facilidade para que coisas líquidas adentrem em meu ouvido. Água, então, nem se fala. Basta a primeira chuveirada para eu sentir uma gotinha mínima descendo pelo escorregador que leva o tímpano (como ele é curto, julgo a brincadeira ser um pouco rápida). O meu grande problema é que, bastou a água ficar, ela não sai de jeito nenhum, nem com reza brava. Dou uns tapas em minhas têmporas, chacoalho a massa encefálica... E nada da água dar o ar de sua graça.

Outro dia a Irena pôs um pouco de álcool, e a minha tia já quis colocar óleo (?) para ajudarem com o meu infortúnio. Para variar, as tentativas falharam. Quando começa a doer e, acreditem, dói mesmo, corro para o meu otorrinolaringologista predileto, o Dr. Mauro. Lá ele enfia aquele aparelho engraçado, acende a luz no fim do túnel e diz em tom jocoso: "Alagou aqui de novo!".

Quando entra água do mar é pior, porque daí dá fungo e a Otite, que é pior que siso arrancado. Nesses casos ele dá uma lavada, metendo um jato Corona de água quente canal auditivo adentro. Eu adoro! Alguns odeiam, mas eu amo. O Dr. Mauro disse que eu devia usar uns pedaços de algodão e tapar meus ouvidos quando eu fosse cortar o cabelo. Por incrível que pareça, a cada lavada ele acha uns tecos de minhas madeixas por lá. Segundo ele, isso é culpa do canal auditivo curto - não confundam com cerume!

Problemas com ouvido são parte de uma tradição familiar. Quando criança, um tio meu resolveu usar o telefone numa bela noite de temporal. Caiu um raio perto da casa de minha vó, que meio que conduzido pelo telefone, dando um estouro no ouvido esquerdo de titio. Meu pai diz que saia um pouco de fumaça da orelha de se irmão, mas nada de grave aconteceu - fora que ele morre de medo de chuva.

Pior, só o meu grande irmão. Certa vez ele acordou todos da casa aos berros, em plena madrugada. "Tem um avião dentro do meu ouvido! Tem um avião dentro do meu ouvido!", berrava o machão de quase dois metros de altura. Após longo trabalho e com a ajuda de uma pinça, um enorme pernilongo foi retirado de dentro de sua orelha. Ele é traumatizado por isso até hoje. Quando ele dorme, cobre-se com o lençol até a cabeça, deixando um clima meio muçulmano em seu quarto.

Mas eu ainda acho que é muito chato ter o tal do canal auditivo curto. Pior que levar um raio ou ter um avião dentro do ouvido!

13 de mai. de 2005

Ernest é rei!

Eu não gosto de Star Wars. Pronto, falei. Que venham os milhares de xingos e macumbas para riba de mim. Mas eu não gosto mesmo, diacho! Uma montoeira de personagens que ficam num episódio crianças, depois ficam com 50 anos, daí viram crianças de novo e depois estão jovens... Fico perdido com aquele monte de gente com nome estranho, com todos aqueles cenários artificiais que "explodem" aos meus olhos e deixam tudo numa sensação de algo muito falso.

O George Lucas deve ser um tiozinho pra lá de estranho. Tudo o que ele fez na vida foi um filme, se levarmos em conta sua produção (sim, eu sei dos cults THX 1138 e American Grafitti). Ele também produziu e escreveu os três Indiana Jones, dirá outra pessoa. Sim, eu sei novamente. Aliás, parece que ele quer fazer um quarto filme da série. Bem, se tem algo que Lucas deveria aprender, e não errar com um quarto Indiana, é que o número exato para fazer seqüências é três.

Podem ver, foram assim com algumas bacanudas trilogias: O Poderoso Chefão, De Volta Para o Futuro, A Vingança dos Nerds, Matrix e, inclusive, Indiana Jones. Passou da terceira película já fica algo pretensioso demais, soa como se o roteirista não tivesse imaginação, que ficou preso a uma história. Veja só como a minha teoria funciona: quais são os melhores Rocky ou Loucademia de Polícia? Os três primeiros, lógico!

Mas o pior do Star Wars não é nem o seu criador, mas os seus fãs. De boa, há algo mais chato que os seguidores do Guerra nas Estrelas? O João Ximenes Braga, do O Globo, fez em sua coluna uma lista de coisas boas - que realmente são demais - mas ficam um saco pelos atos estéricos de seus fãs. Exemplo? Chico Buarque, João Gilberto, qualquer mpbista... E do Star Wars eu só gostei dos três primeiros (olha ele aí de novo!), porque o resto me deu um sono dos diabos - cheguei a cochilar, em pleno cinema, na exibição do Episódio I.

E, como cada exceção tem a sua regra, digo que somente um filme conseguiu a proeza de fazer uma porrada de seqüências sem deixar a peteca cair. Alguém se recorda das comédias do Ernest? O ator Jim Varney deu vida, em mais de dez filmes, ao Ernest, um grandão atrapalhado que vivia se metendo em confusões, seja quando ele foi para a escola, para a África, prisão ou à fazenda. É muito bom quando passa algo do Ernest nas reprises vespertinas da TV Globo.

Os filmes do Ernest são clássicos. Recomendadíssimo!

9 de mai. de 2005

Como vinho


Existem álbuns que ficam melhores com o tempo. Acontece muito, às vezes o estilo proposto pelo artista não é adequado a um momento de sua vida ou, simplesmente, você tinha tantas esperanças naquele CD, que era elogiadíssimo ou bombardeado pelos críticos, que você já o foi ouvindo cheio de pré-conceitos. É, acontece.

Isso aconteceu quando os Strokes viraram moda. Ganhei o disco dos rapazes em um amigo-secreto, e recordo-me que escutei o álbum correndo, achando tudo gravado nas coxas e não entendia patavina do que o Julian Casablanca cantava. Demorou um ano para eu "descobrir" o porquê da veneração pelos caras. Com algumas teias e pó no encarte, desenterrei o som do Strokes e fiquei semanas sem largar o maldito CD. É, acontece.

Com o Seu Jorge foi da mesma maneira. Ao lançar seu segundo disco, Cru, fiquei com o pé atrás. O negão resolveu ficar cult, largou o samba malandro de Samba Esporte Fino, deixou para trás o suingue de Jorge Benjor e Trio Mocotó, indo mergulhar nas fontes da bossa-nova. Ah, Jorjão! Pára de ser pretensioso, querendo misturar viola com italiano e cuíca com inglês! Por isso, acabei por deixar o álbum num canto de minha prateleira, sem dar muita razão a sua existência.

Mas eis, que ontem, em mais uma madrugada de insônia, resolvo dar uma chance para o Cru. E o CD é do caramba, meninada! A voz gostosa e calma de Seu Jorge sai fino em qualquer estilo. Dane-se que o cara mudou todo seu repertório - quem disse que variar não pode ser bom? Como o próprio nome do álbum diz, o cantor quis deixar tudo na simplicidade, ficando apenas a dedilhar a sua viola e a tocar o seu pandeiro bem de leve, baixinho, só para ditar o ritmo. Ah, e tem o seu belíssimo vozeirão, por sinal.

Como se já não bastasse tamanha categoria, o ex-líder do Farofa Carioca tem em seu repertório umas das músicas mais bonitas feitas nesses últimos dois anos. "Bola de Meia" é linda, tem um refrão que gruda, cantiga feita para cantar baixinho, no ouvido da bem-amada. "Fui eu que te dei, o primeiro beijo, o primeiro toque, a primeira canção/ Se realmente quer ficar comigo, não faz bola de meia, com o meu coração...".

7 de mai. de 2005

Para fechar com chave de ouro a semana...

A frase mais engraçada do mundo

"O Jô Soares solta o anel!"

Dizer filosófico pichado no muro do cemitério do Araçá, entre a Av. Dr. Arnaldo e a Rua Cardoso de Almeida.

3 de mai. de 2005

Sai, Grazi!


Poxa! As revistas masculinas (aquelas em que as mulheres famosas saem peladas e os garotos escondem debaixo da cama) não têm mais imaginação? A Lívia Lemos já saiu em pelo de novo, após o enorme intervalo de um ano e um mês sem mostrar a perseguida. Aliás, foi-se o tempo em que a Sexy mostrava mulher gostosa, que rebolava no Gugu e tinha cara de biscate. Ela modificou seu estilo, ficou uma mistura de Playboy com Vip, mas as mulheres...

A minha impressão é que sempre sobra o bagaço para o pessoal da Sexy. Vejam o Big Brother, por exemplo. As mais bonitinhas logo assim contrato com o coelhinho (demorou, Grazi!) e o resto fica com a Sexy mesmo ? eles pagam mais, aliás. Outro costume deles é reciclar antigas capas da sua concorrente. Lívia Lemos, Lívia Andrade, Mulher Samambaia...

E, pelo que parece, a Playboy sacou isso e resolveu aderir ao sarcasmo - ou sadismo, se preferirem. Primeiro que aquela tia que fazia Chiquititas vai aparecer no próximo mês. De boa, eu assistia alguns episódios da série e nunca tive algum tesão pela professorinha, nenhum! E eu tinha lá os meus 14 anos, veja só! A Playboy acerta bastante, e dificilmente desagrada aos seus leitores. Às vezes o editor toma um porre e decide tirar fotos da Hortência, mas isso não vem ao caso. Mas, caramba: a professora da Chiquititas?! Isso que na edição de abril quem foi capa era aquela Natália (saída de onde?), que mais parecia a Índia Aigo.

E se tal sarcasmo já não fosse suficiente (ou sadismo, repito), parece que a Playboy está sondando ninguém menos que a Daiane dos Santos. De boa, só espero que ela não exiba a "dita cuja" numas posições, digamos, acrobáticas...