2 de fev. de 2005

Pois é, rapaziada! Finalmente uma cara nova para este pequeno ser. Com a ajuda milagrosa da Bruna, e com os maravilhosos pitacos do entendedor de html, Ronald Rios, o Daqui pra Lá! está com cara nova. Ficou bonitão, né?
Vou postar meus contos "tarantinescos", à la "Kill Bill". Escrevi dois volumes para a saga envolvendo os meus sisos.

No primeiro volume há muito diálogo e romantismo, tal qual "Kill Bill 2"". Já o segundo volume da história tem sangue para todos os lados, e muita ação - Kill Bill 1".

Simbora!


Quatro sisos e um paciente - Vol. I



Sorocaba, julho de 2004.

Tudo começou há seis meses. Ao fazer uma rápida limpeza nos meus dentes (tirar tártaro, passar flúor...), meu dentista, ao cutucar a minha gengiva, deu um muxoxo:
- Hummm...
Tocava-a novamente e dava um sorriso sarcástico. Aflito, perguntei:
- Que foi, Jango?
Ele deu risada.
- Suas gengivas estão grávidas!
Não entendi.
- Hein?
Riu novamente.
- Teus sisos estão para nascer.

Alerta de pânico, gota de suor descendo da nuca, passando pelas costas, arrepio gostoso - morra de inveja, Maryeva. Passo a língua no fundo de minhas gengivas; não acho nenhum sinal delas estarem prenhas. Medo. Odeio anestesia, sangue, poltrona de dentista, aquele sugador de baba que faz um barulho estranho. Fito-o. Ele pergunta:
- Então, quando vamos tirar os rapazes?

Para que, meu deus, tirar os "rapazes". Estão tão bem em minha boca, num lugar escondido e quentinho. Por que incomodá-los? Abrir a gengiva, extraí-los, deixar um rombo em minha boca, ficar com a cara toda inchada, tal qual o Rocky após levar uma sova do Apollo.

Em suma, tiro uma tal de radiografia panorâmica. Resultado? Meus dentes estão, como disse meu pai, "encavalados". Os sisos empurram os dentes conforme eles vão nascendo. Sabe aquela idéia de dominó? Empurra a ultima fileira, que vai derrubando um por um? Então, digamos que os meus sisos são os da última fileira. Estão batendo contra meus dentes, diminuindo os espaços deles. Ou seja, ficarão tortos. Arranco os "rapazes" ou decido ficar igual o cantor do Molejo. Andrézinho, sabe a brincadeira que eu mais gosto?. Ai...

Sorocaba, dezembro de 2004.

- Aí, Jango! Trouxe a tal da radiografia panorâmica.
- Você só tirou ela agora?
- Não, dã! Tirei assim que você pediu.
- Mas por que não me trouxe em julho?
- Ah, esqueci...
- Esqueceu?
- Não quero tirar os sisos...
- Tá bom!
- Sério?
- Fica com a boca torta, fica!
- Ah, tá bom...
- Então, tiremos?
- ...
- Então, tiremos?
- Calma, pô! Estou pensando!
- Pensando no que, filho de Deus?
- No cantor do Molejão, o da "Dança da Vassoura".
- Por quê?
- Nada não...
- Posso marcar pra janeiro?
- Pode, vai...
- Que tal dia 20?
- Cai quando?
- Numa quinta.
- Beleza...
- Ok, nos vemos no dia 20. Vá preparando o psicológico!

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