Caso de internação
Estou começando a me considerar uma pessoa hipocondríaca. Estranho, pois fui criado num lar, cuja matriarca era médica. Bastava um resfriado, uma dor de cabeça, qualquer sinal de anormalidade, para consultarmos à "farmácia". A "farmácia" era uma caixa de madeira, entupida de caixa de comprimidos. Devia ter te tudo lá, inclusive alguns famigerados "tarjas pretas". Bons tempos.
O pessoal da faculdade, e da casa de vovó, ficam impressionados com a minha facilidade para enfiar um comprimido goela abaixo. Na minha mochila, há uma mini-filial da "farmácia". "Este é caso eu tenha dor de garganta, aquele outro é a vitamina, aquela caixinha é o meu Sorine...". Olhos assustados, e demorei a entender o porquê da repulsa por minha pessoa: sou hipocondríaco.
Fico assustado e neurótico com alguma dor muscular. Penso em correr à prateleira e logo tomar um Dorflex. Resfriado - algo comum se tratando de São Paulo - chega a ser uma tentação. São tantas as opções, que o vício piora. Loranil D, Claritin, Alegra, Biofenac, Viox, Daisy... Sei até a potência de cada! "Este é bom pra inflamação na garganta, já aquele tira o mal estar do corpo...". Gente, alguém me ajuda!
Até o momento, estou me automedicando (a coisa me persegue). Parei com tudo, apenas continuo com a vitamina. Decidi viver no século 18. Bebo um chá quente, durmo bastante, tomo um caldinho de feijão. Qualquer coisa para estar longe dos comprimidos. São uma droga aquelas pílulas malditas, e vicia mesmo! O Sorine vem sendo o pior. Como resistir ao maldito ar da paulicéia? Descolei um inalador com a vovó e caso eu pare de respirar, é só pegar aquele aparelho e enfiar o nariz na máscara. Daqui a pouco vicio nisso também...
Tinha um sujeito que estudava comigo, e ele era hipocondríaco de carteirinha. Na própria formatura o danado não foi, alegando estar com uma bola da garganta. Outra vez - dizem as más línguas - ele levou a travessa de água de seu cachorro para o professor de Biologia. Reza a lenda que ele havia achado um mosquito estranho na água, e logo supôs ser um caso de dengue. A travessa era para ser examinada no laboratório da escola!
Pense positivo, Gustavo. Você ainda tem esperanças. Só fique longe da travessa do cachorro, só isso.
O pessoal da faculdade, e da casa de vovó, ficam impressionados com a minha facilidade para enfiar um comprimido goela abaixo. Na minha mochila, há uma mini-filial da "farmácia". "Este é caso eu tenha dor de garganta, aquele outro é a vitamina, aquela caixinha é o meu Sorine...". Olhos assustados, e demorei a entender o porquê da repulsa por minha pessoa: sou hipocondríaco.
Fico assustado e neurótico com alguma dor muscular. Penso em correr à prateleira e logo tomar um Dorflex. Resfriado - algo comum se tratando de São Paulo - chega a ser uma tentação. São tantas as opções, que o vício piora. Loranil D, Claritin, Alegra, Biofenac, Viox, Daisy... Sei até a potência de cada! "Este é bom pra inflamação na garganta, já aquele tira o mal estar do corpo...". Gente, alguém me ajuda!
Até o momento, estou me automedicando (a coisa me persegue). Parei com tudo, apenas continuo com a vitamina. Decidi viver no século 18. Bebo um chá quente, durmo bastante, tomo um caldinho de feijão. Qualquer coisa para estar longe dos comprimidos. São uma droga aquelas pílulas malditas, e vicia mesmo! O Sorine vem sendo o pior. Como resistir ao maldito ar da paulicéia? Descolei um inalador com a vovó e caso eu pare de respirar, é só pegar aquele aparelho e enfiar o nariz na máscara. Daqui a pouco vicio nisso também...
Tinha um sujeito que estudava comigo, e ele era hipocondríaco de carteirinha. Na própria formatura o danado não foi, alegando estar com uma bola da garganta. Outra vez - dizem as más línguas - ele levou a travessa de água de seu cachorro para o professor de Biologia. Reza a lenda que ele havia achado um mosquito estranho na água, e logo supôs ser um caso de dengue. A travessa era para ser examinada no laboratório da escola!
Pense positivo, Gustavo. Você ainda tem esperanças. Só fique longe da travessa do cachorro, só isso.
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