It's a kind of magic
Já que hoje é o Dia Internacional Do Rock, por que não falemos da maior banda de todos os tempos, hein? Seriam os Beatles? Não! Virgulóides? Erraram. Estou me referindo ao Queen, meus queridos.
No início dos anos 90, as férias de julho eram na casa da vovó de São Paulo. Guloseimas, shopping, futebol e, porque não, rock'and'roll. Sim, na casa da velha rolava um som todas as tardes. Não da parte da nona, que só cantarola Agnaldo Raiol até hoje. Minha tia, sim, era fã de música boa. Enquanto corrigia provas ou fazia faxina no quarto, um fundo musical ecoava de seu quarto. Entrava sem bater e roubava umas Balas 7 Belo que ela tanto adorava. Enquanto os restinhos da bala ficavam presos em meus dentes, perguntava todo pimpão:
- O que é isso que tá tocando?
- Isso, disse minha tia, é Queen.
- Põe de novo aquelas músicas que estava tocando? , pedia, roubando outras balinhas.
"Radio Ga Ga" e "We Will Rock You" faziam a minha festa. Balbuciava as letras, batucava na mesa imitando a fabulosa percussão de Roger Taylor. Era uma farra. Gostava tanto daquele disco, que certa vez ao pedi-lo emprestado, tive a capacidade de jamais devolvê-lo. Exibo com o maior orgulho, ao canto esquerdo de meu porta-cds, aquele "Live Wembley 86". Talvez esteja riscado, de tanto que já o escutei. Os solos de Bryan May e a cantoria eterna de Freddie Mercury ainda arrepiam.
Lembro quando o líder do Queen morreu. Vi no Fantástico um bigodudo de peruca, num clipe musical, bancando a faxineira - com direito a passar aspirador e tudo. Nunca tinha visto a imagem daqueles rapazes, e tomei um belo susto ao perceber tal visual. Achei demais, mas o que me conquistou, antes de tudo, foi o som. Mercury podia ser um anão, igual ao Tatoo, que mesmo assim eu seria fã.
Dizem que o rock morreu, a sua essência foi embora. Credencio está culpa à MTV. Hoje são poucos aqueles que se apaixonam com os ouvidos, choram com belas letras, sobem na cama e pulam ao ritmo da bateria de "We Will Rock You". A imagem ficou cada vez mais importante; mostrar os peitos pra vender CDs, beijar outra cantora para divulgar o álbum a ser lançado, dar uma cabeçada em outro músico para ter a atenção da mídia.
Jet, The Darkness, Ryan Adams, The White Stripes e Los Hermanos são, hoje, os meus favoritos. Todos são ótimos, mas posso garantir: ninguém chega aos pés do meu Queen. Nenhum deles faz eu batucar na mesa do computador ou tocar um hair guitar sem vergonha alguma. Eles não têm gosto de 7 Belo.
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