22 de abr. de 2004
Feriado em plena quarta-feira? Eba! Dia de paulistano sair da toca e ir ao shopping! Ah, que maravilha. Congestionamentos, filas e mais filas. “Mãe, quero ir ao banheiro!”. “Ok, filho. Pegue a senha com aquela moça ali”. Não adianta, praia de paulistano é shopping.
Meu irmão, como todo brasileiro, como todo ser humano; resolve deixar tudo para a última hora. O burro de carga que vos escreve, decide ir, em pleno feriado, até um dos shoppings mais movimentados da paulicéia para comprar alguns ingressos para seu mano e agregados.
Mal saí de casa e a famigerada garoa paulistana surge. Chove em São Paulo e já vejo o Datena xingando a dona Marta e mostrando enchentes na Zona Leste. “Cidade maravilhosa, cheia de enchentes mil”. Filas e mais filas. No shopping Morumbi, tinha carro estacionado na rampa do estacionamento! O pessoal saía do carro e desviava dos carros para não ser atropelado. Alguém lembra daquele jogo em que uma galinha atravessa uma rua cheia de automóveis? Estava bem parecido.
Após vinte minutos procurando uma vaga, meu tio estaciona o carro – no último andar, descampado e longe pra caramba. São Pedro dá uma castigada. Cena maravilhosa: corro segurando a calça para não ela não cair (quem manda usar calça à Mano’s Street Wear).
Havia fila até para descer a escada rolante, sensacional! Vejo uma aglomeração de clubbers perto da Saraiva Megastore. Jesus do passa-quatro, exclamo mentalmente. Nunca vi tamanha fila em minha vida. Batia qualquer compra para ingresso de final de jogo de futebol. Só perdia para fila de aposentadoria e concurso público. Impressionante! Se não suporto fila de restaurante self-service, nem me imagino ficando horas e horas para comprar ingressos de um festival de música eletrônica.
Admiro quem consegue pegar o primeiro lugar numa fila. Eu nunca consegui tal feito, graças à minha preguiça. Sempre tento contar com a sorte, encontrar alguém conhecido na fila ou, simplesmente, furar a fila. Ultimamente, prefiro nem ficar numa fila; já caio fora logo. Tem que ser algo de extrema importância para eu permanecer na maldita. Levo água, barra de cereais e um livro. Ajuda a passar o tempo. Gostoso é pegar alguém bom de prosa ao lado. Papo de futebol, música e mulher. Bem bacana.
Há muitos anos, na Disney, os brasileiros furavam fila em todos os brinquedos. Ouvíamos alguns americanos xingando, exclamando. Nem ligávamos; furávamos mesmo. Como era criança e não entendia inglês, nem imagino do que fui chamado. Deve ter rolado um cucaracha básico.
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